Você está na página 1de 57

1

FISIOLOGIA DO MÚSCULO
ESQUELÉTICO
ANATOMOFISIOLOGIA I
LICENCIATURA EM DESPORTO | 1º ANO
2022/2023
2
SUMÁRIO

•Fibra muscular
•Contração muscular
•Processos energéticos
•Interação dos diferentes processos em
diferentes tipos de esforço
3

FIBRA MUSCULAR
TECIDO MUSCULAR 4

CARACTERÍSTICAS

•Constituído por células alongadas


- FIBRAS MUSCULARES
•Três tipos:
- MÚSCULO LISO
- MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO
- MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO
TECIDO MUSCULAR 5

MÚSCULO ESQUELÉTICO

M.O. M.E.
TECIDO MUSCULAR 6

MÚSCULO ESQUELÉTICO
TECIDO MUSCULAR 7

O TECIDO CONJUNTIVO NO MÚSCULO ESQUELÉTICO

Epimísio – membrana conjuntiva mais superficial, reveste


exteriormente todo o ventre muscular e está em continuidade
com o tendão e a sua membrana conjuntiva;
Perimísio – delimita fascículos musculares, no interior do ventre
muscular;
Endomísio – envolve individualmente as fibras musculares.
TECIDO MUSCULAR 8

O TECIDO CONJUNTIVO NO MÚSCULO ESQUELÉTICO

O tecido conjuntivo forma assim um verdadeiro esqueleto fibroso,


mantendo as fibras musculares unidas entre si, permitindo que a
força de contração gerada por cada fibra atue sobre todo o
músculo.
A rede de capilares, disposta entre as fibras musculares, permite-
lhes um bom aporte sanguíneo.
TECIDO MUSCULAR 9

A FIBRA MUSCULAR

Células multinucleadas,
morfologicamente adaptadas
ao desenvolvimento da força;
Orientação longitudinal
- diâmetro 10-100µm
- comprimento 1mm-20cm
TECIDO MUSCULAR 10

A FIBRA MUSCULAR
Membrana celular (sarcolema) tem
capacidade de gerar e propagar
potenciais de ação;
Tubos T (transversais) são invaginações
do sarcolema até à porção central da
fibra; estão estruturalmente associados
ao
Retículo sarcoplasmático, rede de
membranas dispostas ao longo do
sarcoplasma e em torno das
miofibrilhas; o ponto de contacto com o
sarcolema designa-se tríade.
TECIDO MUSCULAR 11

A FIBRA MUSCULAR

Sarcoplasma
Ø Mitocôndrias (sarcossomas)
Ø Glicogénio
Ø Mioglobina
Ø Miofibrilhas
Núcleos
Células satélite
TECIDO MUSCULAR 12

A FIBRA MUSCULAR

Sarcómero: unidade funcional


TECIDO MUSCULAR 13

A FIBRA MUSCULAR

Miofilamentos
- filamentos finos: actina, troponina
(subunidades T, C e I) e tropomiosina
- filamentos grossos: miosina.
TECIDO MUSCULAR 14

A FIBRA MUSCULAR
15

CONTRAÇÃO MUSCULAR
CONTRAÇÃO MUSCULAR 16

ENERGIA QUÍMICA
ENERGIA MECÂNICA

Proteínas contráteis
CONTRAÇÃO MUSCULAR 17

PONTES CRUZADAS (HUXLEY)

Deslizamento dos
miofilamentos entre si, com
encurtamento do sarcómero
CONTRAÇÃO MUSCULAR 18

EXCITAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR


-Chegada do impulso nervoso à placa
motora (junção neuro-muscular);
-Libertação de neurotransmissor
(acetilcolina) na fenda sinática;
-Ligação aos receptores, abertura
dos canais de Na+ e início da
despolarização da membrana celular;
- Propagação do potencial de ação ao
longo do restante sarcolema;
CONTRAÇÃO MUSCULAR 19

ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO / CONTRAÇÃO

-Condução do potencial de ação


pelo sistema de tubos T até às
regiões mais interiores da fibra
muscular;
-Libertação do cálcio das cisternas
do retículo sarcoplasmático;
-Interação com o mecanismo
regulador do ciclo das pontes
cruzadas;
CONTRAÇÃO MUSCULAR 20

PONTES CRUZADAS MUSCLES • Basic Science 1


Biochemical Mechanics of Muscle Contraction
-Em repouso - bloqueio dos locais de ligação
Actin Troponin Tropomyosin Z band
pelo complexo troponina-tropomiosina;
Myosin
head
group
Thin filament

ATP binds to myosin head groups protruding from


-Ligação do cálcio à TnC, com alteração da
Thick filament
(myosin)
thick filaments, forming charged myosin-ATP
intermediates, not yet attached to thin filaments.
Note: reactions shown occurring at only one cross
sua configuração espacial;
bridge, but same process takes place at all or most
cross bridges.

-‘Ponte cruzada’ entre a cabeça de miosina e


a actina; ativação ATPase;
Ca++ Ca++

Ca++ released from sarcoplasmic reticulum in


response to electric impluse binds to troponin,
which then permits charged intermediates to form
-Alteração da curvatura da cabeça de
active complexes with actin of thin filaments.
miosina, empurrando o filamento de actina,
promovendo o deslizamento entre ambos.
ADP+Pi
ATP cleaved into ADP and Pi by ATPase of active complexes,
ATPase and its chemical energy thus converted to mechanical energy.
Cross bridges (myosin head groups) flex into rigor position
and thus slide thin filaments along thick filaments. This
“rowing” process is repeated over and over, producing
muscle contraction.
CONTRAÇÃO MUSCULAR 21

RELAXAMENTO MUSCULAR

O relaxamento muscular (desfazer das pontes cruzadas)


dá-se quando:
- uma nova molécula de ATP se une à cabeça de
miosina,
- ocorre a recuperação do cálcio para o interior do
retículo sarcoplamático pela ação da bomba de cálcio
(transporte ativo).
CONTRAÇÃO MUSCULAR 22

ANIMAÇÃO

https://www.youtube.com/watch?v=-Mfo3Af5E3c
CONTRAÇÃO MUSCULAR 23

Força
ENERGIA ENERGIA
Movimento MECÂNICA TÉRMICA

Proteínas contráteis
Membranas celulares
CONTRAÇÃO
Cálcio MUSCULAR
ATP
TIPOS DE FIBRAS 24

CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL

TIPO II, brancas ou TIPO I, vermelhas ou


rápidas lentas
TIPOS DE FIBRAS 25

FIBRAS DO TIPO I (SLOW OXIDATIVE)


•Baixa velocidade de contração;
•Produção de energia pela via aeróbia (oxidativas):
mais e maiores mitocôndrias,
maior atividade enzimática do ciclo de Krebs, cadeia respiratória
e ß- oxidação;
•Maior concentração de mioglobina (semelhante à hemoglobina,
para facilitar o transporte intracelular de O2).
TIPOS DE FIBRAS 26

FIBRAS DO TIPO I (SLOW OXIDATIVE)

•Vascularização rica (necessidade de aporte constante de substrato


e de O2);
•Motoneurónios de condução lenta;
•Fibras de contração repetida durante tempo prolongado,
resistentes à fadiga, utilizadas nos esforços sub-máximos de longa
duração.
TIPOS DE FIBRAS 27

FIBRAS DO TIPO II
•Contração rápida ou glicolíticas;
•Equipamento enzimático da glicólise muito desenvolvido;
•Ricas em glicogénio;
•Fibras grossas;
•Circulação capilar moderada (eliminação de lactato);
•Motoneurónios rápidos;
•Contrações musculares instantâneas, intensas e de curta duração;
•Atingem a fadiga muito rapidamente , pela rápida acumulação de
lactato.
TIPOS DE FIBRAS 28

FIBRAS DO TIPO II - SUBTIPOS


•FIBRAS IIa, de características intermédias entre os tipos I e II, com
elevada capacidade aeróbia, velocidade de contração rápida,
execução de atividades aeróbias e anaeróbias (fast oxidative
glicolytic);
•FIBRAS IIb, protótipo da fibra tipo II, utilizadas nas atividades mais
explosivas (fast glicolytic);
•FIBRAS IIc, raras e indiferenciadas (função?).
TIPOS DE FIBRAS 29

RECRUTAMENTO DAS UNIDADES MOTORAS


•A UNIDADE MOTORA: motoneurónio + fibras musculares
•ATIVAÇÃO SEQUENCIAL, coordenada pelo SNC:
- à medida que a intensidade do esforço aumenta, vão sendo
recrutadas sequencialmente as fibras I – IIa -IIb
TIPOS DE FIBRAS 30

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL
•SEDENTÁRIOS – aproximadamente a mesma quantidade de
fibras I e II
•ATLETAS DE ELITE – distribuição percentual depende da
modalidade
- Sprinter: 25% tipo I / 75% tipo II
- Fundista: 80-90% tipo I / 10-20% tipo II
•Determinação genética: a distribuição é a mesma em toda a
musculatura e não apenas nos músculos treinados.
TIPOS DE FIBRAS 31

CONVERSÃO DAS FIBRAS


O fator genético é o mais importante; o trabalho intenso altera a
distribuição percentual de modo pouco significativo;
Com a idade é maior a perda das fibras tipo II (¯velocidade antes
de ¯resistência aeróbia);
O treino aeróbio regular aumenta mais a percentagem das do tipo
I que o anaeróbio aumenta as do tipo II.
32

PROCESSOS ENERGÉTICOS
PROCESSOS ENERGÉTICOS 33

ENERGIA PARA A CONTRAÇÃO MUSCULAR

ENERGIA ENERGIA
Força, MECÂNICA TÉRMICA
movimento

Proteínas contráteis
Membranas celulares
Cálcio CONTRAÇÃO
MUSCULAR
ATP
PROCESSOS ENERGÉTICOS 34

ENERGIA PARA A CONTRAÇÃO MUSCULAR

ATP (Adenosina – Trifosfato)


•A única forma de energia usada
•Energia Química:
ATP => ADP + Pi + ENERGIA
PROCESSOS ENERGÉTICOS 35

ENERGIA PARA A CONTRAÇÃO MUSCULAR


ENERGIA ENERGIA
Força, MECÂNICA TÉRMICA
movimento

Proteínas contráteis
Membranas celulares CONTRAÇÃO
Cálcio MUSCULAR
ATP
Glicose
Vias metabólicas Ácidos Gordos
de síntese
Aminoácidos
PROCESSOS ENERGÉTICOS 36

CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS ENERGÉTICOS


•POTÊNCIA
Quantidade máxima de energia disponível por unidade de tempo.
•CAPACIDADE
Quantidade total de energia disponibilizada por um sistema;
Tempo durante o qual a potência pode ser posta à disposição do
músculo.
PROCESSOS ENERGÉTICOS 37

VIAS METABÓLICAS DE SÍNTESE


Potência Capacidade

•Hidrólise da fosfocreatina
(metabolismo anaeróbio aláctico)
•Glicólise anaeróbia com produção de
lactato (metabolismo anaeróbio
láctico)
•Fosforilação oxidativa dos glúcidos e
lípidos (metabolismo aeróbio)
PROCESSOS ENERGÉTICOS 38

VIAS METABÓLICAS DE SÍNTESE


PROCESSOS ENERGÉTICOS 39

VIAS METABÓLICAS DE SÍNTESE


PROCESSOS ENERGÉTICOS 40

METABOLISMO ANAERÓBIO ALÁTICO

1. UTILIZAÇÃO DAS RESERVAS DE ATP


INTRACELULAR
as reservas musculares de ATP permitem 2’’ de contrações
no exercício máximo;
ATP ativação da
ADP hidrólise da PCr
PROCESSOS ENERGÉTICOS 41

METABOLISMO ANAERÓBIO ALÁTICO

2. HIDRÓLISE DA FOSFOCREATINA
•Fonte rápida de regeneração de ATP, disponível apenas
no sarcoplasma;
•Principal fornecedor de energia em provas de dispêndio
súbito de energia de curta duração (ex. salto em altura);
•Importante nos segundos iniciais do exercício
- pico máximo 2’’
- ativa durante 7-8’’;
PROCESSOS ENERGÉTICOS 42

METABOLISMO ANAERÓBIO ALÁTICO

2. HIDRÓLISE DA FOSFOCREATINA
• Substrato: CREATINA
Ø Síntese endógena (fígado e pâncreas, a partir da
glicina e arginina)
Ø Aporte exógeno (carne)
CP + ADP creatina + ATP
PROCESSOS ENERGÉTICOS 43

METABOLISMO ANAERÓBIO LÁTICO

GLICÓLISE ANAERÓBIA com formação de lactato


•Produção rápida de ATP
•Eficiência energética reduzida
- 2 ATP/ mol. glicose
•Aumento rápido dos níveis de ácido lático
– fadiga por acidose (inibição da contração)
PROCESSOS ENERGÉTICOS 44

METABOLISMO ANAERÓBIO LÁTICO

GLICÓLISE ANAERÓBIA com formação de lactato


•Ativação instantânea no início do exercício;
•Função de permitir a manutenção do exercício intenso,
enquanto não é ativada a via aeróbia;
•Pico máximo 5’’ contração, mantendo-se ativa durante mais
2-4’
PROCESSOS ENERGÉTICOS 45

METABOLISMO AERÓBIO

FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA DE GLÚCIDOS, LÍPIDOS E


PROTEÍNAS, com produção de ATP
•Particularmente necessária em esforços de duração superior
a 1’ e na recuperação após esforços máximos
PROCESSOS ENERGÉTICOS 46

METABOLISMO AERÓBIO
PROCESSOS ENERGÉTICOS 47

METABOLISMO AERÓBIO
PROCESSOS ENERGÉTICOS 48

METABOLISMO AERÓBIO

OXIDAÇÃO DA GLICOSE
•Fonte menos rápida de regeneração de ATP
•Não produz acidose
•Maior rendimento energético
- 36-40 ATP/ molécula de glicose
- [glicose + O2 -> 36 ATP + CO2 + H2O]
PROCESSOS ENERGÉTICOS 49

METABOLISMO AERÓBIO

OXIDAÇÃO DOS ÁCIDOS GORDOS (ß-oxidação)


•Fonte ainda menos rápida de regeneração de ATP
O substrato energético necessita de atravessar várias
barreiras antes da oxidação na célula muscular
•Maior rendimento energético
- 129 ATP/ ácido gordo, mas
•Mecanismo não económico: por cada caloria obtida, gasta-se
muito mais oxigénio que a partir dos glúcidos.
PROCESSOS ENERGÉTICOS 50

METABOLISMO AERÓBIO

OXIDAÇÃO DOS ÁCIDOS GORDOS (ß-oxidação)


•Fonte ainda menos rápida de regeneração de ATP
O substrato energético necessita de atravessar várias
barreiras antes da oxidação na célula muscular
•Maior rendimento energético
- 129 ATP/ ácido gordo, mas
•Mecanismo não económico: por cada caloria obtida, gasta-se
muito mais oxigénio que a partir dos glúcidos.
PROCESSOS ENERGÉTICOS 51

METABOLISMO AERÓBIO

OXIDAÇÃO DAS PROTEÍNAS


•Função sobretudo estrutural (elaboração e reparação
tecidular);
•Contribuição reduzida no total energético de um dado
trabalho muscular:
- proteólise muscular ocorre em exercícios físicos muito
prolongados
PROCESSOS ENERGÉTICOS 52

METABOLISMO AERÓBIO
PROCESSOS ENERGÉTICOS 53

METABOLISMO AERÓBIO

Proveniência da glicose utilizada


1.Reservas de GLICOGÉNIO MUSCULAR
2.Reservas de GLICOGÉNIO HEPÁTICO (glicogenólise)
3.NEOGLICOGÉNESE (síntese a partir de percussores não
glucídicos: glicerol, lactato, piruvato, aminoácidos)
4.GLICOSE INGERIDA durante a atividade física.
54
BIBLIOGRAFIA
55
LIGAÇÕES

https://www.youtube.com/watch?v=-Mfo3Af5E3c
FISIOLOGIA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO 56

ANATOMOFISIOLOGIA I

Carlos Martinho
cjmartinho@sapo.pt
57

Você também pode gostar