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- As faixas clara (faixa I) é composta unicamente por actina, já as faixas escuras (faixa A) contém os filamentos de miosina e as extremidades
dos filamentos de actina -> responsáveis pela aparência estriada do músculo esquelético e cardíaco;
- Pontes cruzadas – pequenas projeções laterais dos filamentos de miosina, que interagem com actina, gerando as contrações musculares;
- Disco Z – disco composto por proteína filamentosa diferente dos filamentos de actina e miosina, que cruza transversalmente toda a
miofibrila, conectando as miofibrilas por toda fibra muscular;
- Sarcômero – segmento da miofibrila situado entre dos discos Z sucessivos – durante a contração apresenta comprimento de 2 micrômeros
(filamentos de actina se sobrepõem aos filamentos de miosina e as pontas de actina quase se sobrepõem – comprimento em que o músculo é
capaz de gerar sua força máxima de contração);
Titina
- Grande molécula de proteína filamentar flexível que mantém o posicionamento lado a lado da miosina e da actina, mesmo com a maquinaria contrátil em ação;
- Apresenta uma extremidade elástica fixada ao disco Z, que atua como mola pois varia seu comprimento conforme o estado de contração do sarcômero, e outra
extremidade ancorada nos filamentos grossos de miosina;
- Sarcoplasma – líquido intracelular com grande quantidade de potássio, magnésio, fosfato, enzimas protéicas e mitocôndrias, que preenche o
espaço entre as miofibrilas deixando-as em suspensão;
- Retículo Sarcoplasmático – retículo endoplasmático com organização própria para regular a contração muscular a partir do armazenamento,
da liberação e da recaptação de cálcio;
**as fibra musculares com contração muito rápida apresentam retículos sarcoplasmáticos muito extensos**
2. MECANISMO GERAL DA CONTRAÇÃO MUSCULAR – ETAPAS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR
- 1ª: 0s potenciais de ação cursam pelo nervo motor até suas terminações nas fibras musculares;
- 2ª: O nervo secreta acetilcolina em cada terminação;
- 3ª: A acetilcolina age em área local da membrana da fibra muscular, que apresenta canais de cátion regulados pela acetilcolina, abrindo-os;
- 4ª: A abertura dos canais de cátion regulados pela acetilcolina permite a difusão de grande quantidade de íons sódio para o lado interno das
fibras musculares, de modo a gerar uma despolarização local que acarreta a abertura de canais de sódio dependentes de voltagem;
- 5ª: A abertura desses canais desencadeia o potencial de ação na membrana que se propaga pela membrana da fibra muscular;
- 6ª: Ao despolarizar a membrana muscular a eletricidade do potencial de ação flui pelo centro da fibra muscular, fazendo com que o retículo
sarcoplasmático libere os íons de cálcio que armazena;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
- 7ª: Os íons de cálcio liberados pelo retículo sarcoplasmático ativam as forças atrativas entre os filamentos de miosina e actina, causando o
processo contrátil pelo deslizamento desses;
- 8ª: Após a fração de segundos os íons cálcio são bombeados de volta para o retículo sarcoplasmático pela bomba de Ca++ da membrana
(contração muscular cessa), de modo a serem armazenados até um novo potencial de ação muscular iniciar;
3. MECANISMO MOLECULAR DA CONTRAÇÃO MUSCULAR
- Estado relaxado – as extremidades dos filamentos de actina que se estendem de dois
discos Z sucessivos mal se sobrepõem;
- Mecanismo de Deslizamento dos Filamentos na Contração Muscular – os filamentos de
actina são tracionados por entre os filamentos de miosina, devido às forças de interação
das pontes cruzadas presentes nos filamentos de miosina com os filamentos de actina,
sendo essas ativadas pelos íons cálcio liberados pelo retículo sarcoplasmático durante a
passagem do potencial de ação pela fibra muscular, de modo a gerar a sobreposição dos
filamentos de actina um sobre os outros e tracionando os discos Z até as extremidades dos
filamentos de miosina;
**para a contração iniciada pelos íons cálcio continuar degrada-se ATP para liberar
energia**
a. MIOSINA
Molécula de Miosina
- Constituída por seis cadeias polipeptídicas, sendo essas 2 pesadas e 4 leves;
- Cadeias pesadas – espiralam-se uma com a outra, formando a cauda/haste, que forma em
sua extremidade duas cabeças da miosina (ponta de cada uma dessas cadeias dobrada para
um dos lados);
- Cadeias leves – fazem parte da composição das cabeças da miosina, sendo 2 para cada
cabeça, de modo a ajudar a regular o seu funcionamento durante a contração muscular;
- Cabeça da Miosina – apresenta função como a de uma ATPase, clivando o ATP e
permitindo utilizar a energia originada desse processo para a contração;
Filamento de Miosina
- Composição: 200 ou + moléculas individuais de miosina;
- Corpo do filamento – formado pelo agrupamento em feixes das caudas das moléculas de miosina;
- Pontes cruzadas – cabeças das moléculas de miosina que se projetam para fora nos lados do corpo (participam do processo da contração) +
braços móveis (partes do corpo de cada molécula de miosina que se penduram nas partes laterais, estendendo a cabeça para fora do corpo, ou
seja, afastando-as do corpo do filamento de miosina);
**dobradiças – 2 locais em que a ponte cruzada é flexível, sendo um na junção entre o braço e o corpo do filamento de miosina e o outro no
ponto de ligação da cabeça ao braço**
- O filamento de miosina é retorcido possibilitando que cada par sucessivo de pontes cruzadas seja axialmente deslocado do par anterior por
120°, de modo a assegurar a extensão das pontes cruzadas em todas as direções em torno de um filamento;
b. ACTINA
- A base do seu filamento se insere nos discos Z, projetando suas extremidades em ambas
as direções para ficarem nos espaços entre as moléculas de miosina;
- Viga mestre do filamento de actina – filamento duplo de duas moléculas de proteína F
actina (compostas por moléculas de actina G polimerizadas), que se enroscam em hélice;
- Locais ativos – ponto em que se encontra a molécula de ADP ligada a cada molécula de actina G, sendo esse o local em que ocorre a
interação com as pontes cruzadas dos filamentos de miosina para produzir a contração muscular – ocorrem de forma alternada nos dois
filamentos da dupla hélice de actina F, de modo que haja locais ativos por todo o filamento de actina;
- Tropomiosina – proteína espiralada presente nos sulcos da dupla hélice da actina F, recobrindo os locais ativos durante o repouso, de modo a
impedir a atração entre os filamentos de actina e miosina;
- Troponina – complexo proteico formado pela troponina I (tem forte afinidade com a actina), troponina T (tem forte afinidade com a
tropomiosina) e a troponina C (tem forte afinidade com os íons cálcio – evento que desencadeia o processo de contração), que se liga
intermitentemente ao lado das moléculas de troponiosina, de modo a ligá-la com a actina;
- Complexo troponina-tropomiosina – responsável por inibir ou recobrir os locais ativos do filamento de actina durante o repouso, uma vez
que quando presentes no filamento de actina impedem a união deste com a miosina;
**na ausência do complexo troponina-tropomiosina (na presença de íons magnésio e ATP) o filamento puro de actina se liga instantaneamente
às cabeças das moléculas de miosina, gerando a contração**
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
- Baseia-se no fato de que as pontes cruzadas das cabeças, atuando de forma independente
das demais, inclinam-se para frente e para trás ao longo do filamento de actina, em um
ciclo continuo e repetitivo, puxando as extremidades livres de dois filamentos sucessivos de
actina em direção ao centro do filamento de miosina;
- Power Stroke / Força de Deslocamento - após a ativação dos filamentos de actina pelos íons cálcio, os locais ativos do filamento de actina
atraem os filamentos de miosina, de modo que as cabeças de suas pontes cruzadas se ligam ao local ativo da actina, provocando profundas
alterações nas forças intramoleculares entre a cabeça e o braço dessas pontes cruzadas, que faz com que a cabeça se incline em direção ao
braço e leve com ela o filamento de actina;
- Após a inclinação, a cabeça se separa do local ativo e retorna para sua direção estendida, de modo a se combinar com o novo local ativo do
filamento de actina (presente mais adiante no filamento de actina), voltando a efetuar nova força de deslocamento e assim possibilitando que
o filamento de actina mova outro passo;
**quanto maior o número de pontes cruzadas ligadas ao filamento de actina a qualquer tempo, maior será a força de contração**
Eventos Químicos na Movimentação das Cabeças de Miosina – Sequência do Efeito Fenn
- Efeito Fenn - quanto maior a quantidade de trabalho realizada pelo músculo, maior a quantidade de ATP degradada;
- As pontes cruzadas das cabeças de miosina se ligam ao ATP e exercem sua atividade ATPase, clivando o ATP e permanecendo com o ADP e o
íon fosfato ainda ligados a ela, em seguida a cabeça se estende em direção ao filamento de actina;
- O complexo troponina-tropomiosina se liga aos íons cálcio, descobrindo os locais ativos do filamento de actina e permitindo a ligação das
cabeças de miosina;
- Movimento de Força - quando a ponte cruzada da cabeça se liga ao local ativo da actina ocorre uma alteração conformacional da cabeça, que
faz com que essa se incline em direção ao braço da ponte cruzado, gerando o movimento que puxa o filamento de actina – a energia que ativa
o movimento é a armazenada da quebra do ATP;
- Com a inclinação da ponte cruzada, o ADP e o íon fosfato são liberados, de modo a se formar novo ATP e assim gerar o desligamento da
cabeça pela actina;
- Com o desligamento da cabeça e sua volta a posição perpendicular, nova molécula de ATP é clivada para gerar um novo ciclo de movimento
de força;
- A sequência de Fenn ocorre sucessivamente sendo interrompida quando os filamentos de actina puxam a membrana Z contra as
extremidades dos filamentos de miosina ou quando a carga sobre os músculos fica demasiadamente forte para que haja mais tração;
d. GRAU DE TENSÃO DO MÚSCULO CONTRAÍDO
- O aumento da tensão ocorre de forma progressiva a medida que o sarcômero encurta e os filamentos de actina começam a se sobrepor aos
filamentos de miosina;
- O aumento da tensão ocorre até o comprimento do sarcômero atingir 2,2 micrômetros, ou seja, quando os filamentos de actina estão
sobrepostos a todas as pontes cruzadas dos filamentos de miosina, mas ainda não alcançaram o centro do filamento de miosina – momento
de tensão máxima;
- Mesmo com encurtamento adicional, o sarcômero mantém tensão máxima atingida aos 2,2 micrômetros;
**ao atingir 2 micrômetros as extremidades dos dois filamentos de actina começam a se sobrepor além da sobreposição dos filamentos de
miosina**
**ao atingir 1,65 micrômetros os dois discos Z do sarcômero entram em contato com as extremidades do filamento de miosina, de modo que
com o prosseguimento das contrações os filamentos de miosina são enrugados, fazendo com que o sarcômero esteja contraído em seu menor
comprimento - a força de contração é reduzida rapidamente ao atingir 1,65 micrômetros, aproximando-se do zero**
Comprimento Muscular Durante a Contração
**os sarcômeros das diferentes partes do músculo nem sempre se
contraem no mesmo grau**
- Comprimento Normal de Repouso – comprimento do sarcômero
de 2 micrômetros;
- Tensão Ativa – aumento da tensão que ocorre durante a
contração ativada pela força de contração máxima;
- A tensão diminui com o estiramento do músculo além do seu
comprimento normal (comprimento do sarcômero maior que 2,2
micrômetros)
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
- A partir da adição e perca de sarcômeros os músculos são continuamente remodelados para que possam ter o tamanho apropriado para a
contração muscular adequada;
- O estiramento do músculo além do comprimento normal gerado pela adição de sarcômeros às extremidades das fibras musculares (onde são
ligados os tendões) - é um tipo de hipertrofia;
- Quando o músculo permanece mais curto do que seu tamanho normal, os sarcômeros das extremidades das fibras musculares desaparecem;
d. HIPERPLASIA DAS FIBRAS MUSCULARES
- Aumento do número real de fibras musculares a partir da divisão linear das fibras previamente aumentadas;
- Ocorre de forma independente do processo de hipertrofia;
e. RIGOR MORTIS / RGIDEZ CADAVÉRICA
- Estado de contratura e rigidez dos músculos do corpo após a morte, gerado pela perda de todo o ATP que é necessário para a separação das
pontes cruzadas dos filamentos de actina durante o processo de relaxamento;
- Permanece em torno de 15 a 25 horas, até que as proteínas musculares degenerem-se a partir da autólise causada pelas enzimas liberadas
pelos lisossomos;
f. DISTROFIA MUSCULAR
- Doenças hereditárias que causam fraqueza e degeneração progressiva das fibras musculares, fazendo com que essas sejam substituídas por
tecido graxo e colágeno;
Distrofia Muscular de Duchenne (DMD)
- É transmitido como um traço recessivo ligado ao cromossomo X, afetando apenas homens;
- É provocada pela mutação de um gene que codifica a proteína distrofina;
- Proteína Distrofina – é responsável por unir as actinas às proteínas da membrana das células musculares, formando uma interface entre o
aparelho contrátil intracelular e a matriz conjuntiva extracelular – a falta de distrofina ou suas formas mutadas provocam a desestabilização da
membrana das células musculares, ativando vários processos fisiopatológicos;
- Efeitos da Distrofina Anômala – reparação alterada da membrana após um dano e manipulação alterada do cálcio intracelular, com aumento
da permeabilidade ao cálcio da membrana, permitindo que os íons cálcio extracelulares entrem na fibra muscular e iniciem alterações nas
enzimas intracelulares que conduzam a proteólise e a ruptura das fibras musculares;
- Sintomas – fraqueza muscular que começa na primeira infância e avança rapidamente, podendo levar o paciente à cadeira de rodas e a morte
por insuficiência respiratória (geralmente antes dos 30 anos);
- Não existe tratamento eficaz;
**Distrofia Muscular de Becker (DMB) – mutação do gene que codifica a distrofina, gerando uma distrofia de inicio mais tardio e índices de
sobrevivência mais elevados, mas também sem tratamento eficaz**
7. JUNÇÃO NEUROMUSCULAR
- Junção entre a terminação nervosa com a fibra muscular, em sua porção média, sendo que a maioria das fibras musculares apresenta apenas
uma junção neuromuscular (exceção de 2% das fibras);
- Neurônios motores dos cornos anteriores da medula espinal -> fibras nervosas mielinizadas -> ao penetrar no feixe muscular, forma ramos
que estimulam as fibras musculares esqueléticas a partir do sinal nervoso, gerando um potencial de ação que se dissemina em ambas as
direções até as extremidades da fibra muscular;
a. PLACA MOTORA
- Estrutura formada pelos terminais nervosos ramificados da fibra
nervosa que se invaginam na goteira/caneleta sináptica, sendo
recoberta por células de Schwann, isolando-a dos líquidos
circunjacentes;
**espaço sináptico/fenda sináptica – espaço entre o terminal e a
membrana da fibra**
- Goteira/Caneleta Sináptica - membrana invaginada da superfície
extracelular da fibra muscular, que apresenta em seu fundo
inúmeras fendas subneurais, sendo essas dobras da membrana
muscular que aumentam a área da superfície para ação do
transmissor sináptico;
- Efeito Autorregenerativo - o aumento súbito do potencial da membrana nervosa inicia a abertura de mais e mais canais de sódio, permitindo
que mais íons sódio fluam para o interior da fibra, de modo a iniciar um potencial de ação que se propaga ao longo da membrana da fibra
muscular, causando a contração muscular;
**o potencial de ação no músculo esquelético dura de 1 a 5 milissegundos**
**velocidade de condução do potencial de ação ao longo da fibra muscular -> 1 a 5 m/s**
- Alto Fator de Segurança da Junção Neuromuscular – os impulsos que chegam à junção neuromuscular provocam potencial de placa motora
de amplitude três vezes maior que o necessário para estimular a fibra muscular;
Toxina Botulínica
- Diminui a quantidade de acetilcolina liberada pelos terminais nervosos, gerando uma baixa amplitude do potencial da placa motora;
- O potencial de ação quando ocorre em um túbulo T adjacente aos túbulos vesiculares do retículo sarcoplasmático provoca o fluxo de
corrente para as cisternas do retículo sarcoplasmático, de modo que à medida que o potencial de ação progride pelo túbulo T a variação de
voltagem é detectada pelos receptores di-iodropiridina ligados aos canais de liberação de cálcio (receptores de canal de rianodina) nas
cisternas adjacentes do retículo sarcoplasmático, desencadeando a abertura dos canais de liberação de íons cálcio das cisternas e dos túbulos
longitudinais por poucos milissegundos, assim ocorre a liberação de íons cálcio para o sarcoplasma que banha as miofibrilas;
- Com a liberação e difusão dos íons cálcio em quantidade suficiente nos espaços entre as miofibrilas (aumenta em 500 vezes a concentração
de cálcio) ocorre a contração muscular, que permanece enquanto a concentração de cálcio continuar elevada;
**o pulso de cálcio da fibra muscular esquelética dura cerca de 1/20 segundo, podendo ser maior ou menor em algumas fibras**
**para a contração persistir sem interrupção por longos intervalos, uma série de pulsos de cálcio deve ser iniciada por uma série contínua de
potenciais de ação repetitivos**
c. REMOÇÃO DOS ÍONS CÁLCIO APÓS A CONTRAÇÃO
- Ocorre por meio da bomba de cálcio presente nas paredes do retículo sarcoplasmático que permanece continuamente ativada, de modo a
bombear os íons cálcio de volta para os túbulos sarcoplasmáticos, concentrando-os dentro dos túbulos e reduzindo sua concentração no
sarcoplasma;
**Calsequestrina – proteína que quela o cálcio, possibilitando o acúmulo do íon em grande quantidade**
9. MIASTENIA GRAVIS
- Doença autoimune da porção pós-sináptica da junção neuromuscular que gera um distúrbio neuromuscular caracterizado por fraqueza
flutuante e fatigabilidade dos músculos esqueléticos;
a. EPIDEMIOLOGIA
- Prevalência – 2 a 7 em 10.000 – mulheres afetadas em uma proporção de 3:2;
- Picos de Incidência – mulheres na 3ª e 4ª décadas de vida e homens da 6ª e 7ª décadas;
- Tem baixo índice de mortalidas, equivalendo a 1,7 por milhão da população geral;
b. FISIOPATOLOGIA
- Doença causada por anticorpos patogênicos do tipo IgG, dependentes de células T;
- A forma do início e da manutenção da resposta autoimune não é totalmente compreendido, porém sabe-se que o timo participa desse
processo, uma vez que ele é anormal em cerca de 75% dos pacientes com miastenia gravis positiva para anticorpos anti-AChR e hiperplásico,
com centros germinativos ativos em cerca de 65% desses e com tumores do timo em cerca de 10%;
**as células mioides (semelhantes às musculares) do interior do timo expressam AChR na superfície, podendo servir como fonte de
autoantígeno e desencadear a reação autoimune dentro do timo**
- Apresenta alterações anatômicas como o aumento do tamanho da junção neuromuscular, a diminuição do comprimento e a simplificação
com achatamento da membrana pós-sináptica;
Anticorpos Anti-AChR
- Causada pelo ataque autoimune mediado por anticorpos anti-
AChR específicos que reduzem os receptores nicotínicos de
acetilcolina (AChRs) disponíveis na membrana pós-sináptica da
junção neuromuscular, gerando a incapacidade das junções
neuromusculares transmitirem sinais suficientes das fibras
nervosas para as fibras musculares, mesmo com a terminação
nervosa normal e a liberação normal de acetilcolina;
- Essas alterações fazem com que os potencias da placa motora
que ocorrem nas fibras musculares sejam muito fracos/pequenos
impossibilitando o início da abertura dos canais de sódio
regulados pela voltagem e, assim, impedindo a despolarização da
fibra muscular e gerando fraqueza da contração muscular;
- Fadiga Miastênica – causada pela ativação de um número cada vez menor de fibras musculares por impulsos nervosos sucessos devido à
reduzida eficiência da transmissão neuromuscular + à exaustão normal;
Mecanismos de Redução dos Receptores de Acetilcolina (AChRs) pelos Anticorpos Anti-AChR
- Renovação acelerada dos AChRs por meio de mecanismos de entrecruzamento e rápida endocitose dos receptores;;
- Lesão da membrana muscular pós-sináptica por anticorpos em colaboração com o complemento;
- Bloqueio do sítio ativo do AChR (local onde o ACh liga-se);
Anticorpos Anti-MuSK
- Causada pelo ataque autoimune mediado por anticorpos anti-MuSk que geram uma resposta imune à quinase específica do músculo (MuSK),
sendo esta uma proteína envolvida no agrupamento dos AChRs nas junções neuromusculares, resultando na redução destes receptores;
- Ocorrem em 40% dos pacientes sem anticorpos anti-AChR;
- Raramente apresentam-se em pacientes com títulos positivos de anticorpos anti-AChR ou em pacientes com miastenia limitadas aos
músculos oculares;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
Anticorpos Anti-Irp4
- Causada pelo ataque autoimune mediado por anticorpos anti-Irp4 que geram uma resposta imune à proteína 4 relacionada ao receptor de
lipoproteína de baixa densidade (Irp4), sendo esta uma proteína da junção neuromuscular importante para o agrupamento de AChRs;
- Ocorrem em uma pequena proporção dos pacientes que não apresentam anticorpos anti-AChR e anti-MuSk;
c. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Manifestações Clínicas
- Apresenta evolução variável;
- Nos primeiros anos após o início da doença podem ocorrer exacerbações e remissões, sendo estas raramente completas ou permanentes;
- Os reflexos tendíneos profundos e a sensibilidade são preservados;
- Fadiga – piora com a atividade repetitiva e melhora com o repouso;
- Complicações clínica mais relevantes: tetraparesia e crise miastênica;
Fraqueza Miastênica
- Principal manifestação clínica;
- Padrão Típico da Distribuição (sequência de acometimento conforme a evolução) – músculos cranianos (principalmente pálpebra e
extraoculares, gerando diplopia e ptose palpebral, visão borrada – presente em 90% dos casos) -> músculos da face (gera fraqueza facial,
gerando expressão de rosnar ao tentar sorrir) -> músculos mastigatórios (gera fraqueza na mastigação, sendo mais perceptível sobre esforço
prolongado – pode causar emagrecimento) -> palato (gera fala com timbre nasal ou com característica mole disártrica em razão da fraqueza da
língua - disartria) -> palato + língua + faringe (dificuldade na deglutição, levando à regurgitação nasal ou aspiração de líquidos ou alimentos -
disfagia) -> fraqueza generalizada/membros (acomete principalmente o pescoço a parte proximal dos membros de forma assimétrica – ocorre
em 85% dos pacientes);
**Miastenia Gravis Ocular - quando a fraqueza permanece restrita aos músculos extraoculares por três anos, de modo que provavelmente não
generalize**
- Fatores de melhora – repouso ou sono;
- Fatores de piora – uso repetitivo, exercício, infecções, menstruação, ansiedade, estresse emocional e gravidez;
Crise Miastênica
- Agravamento da fraqueza de forma suficiente para por em risco a vida do paciente;
- Quando a fraqueza muscular grave age intensamente sobre os músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais), gerando
dispnéia/insuficiência respiratória que pode conduzir o paciente ao óbito, se não houver assistência respiratória;
- Pode apresentar visão borrada, dispnéia, aumento de secreções, disartria e fraqueza generalizada;
- Raramente ocorrem em pacientes acompanhados de maneira apropriada;
- Possíveis Causas – doses excessivas de anticolinesterásicos (crise colinérgica) ou infecção intercorrente;
d. DIAGNÓSTICO
- Deve ser confirmado antes do início do tratamento, devido à semelhança que a miastenia pode apresentar com outros distúrbios tratáveis e
aos efeitos colaterais potencialmente adversos do seu tratamento;
- Deve confirmar a normoreflexia e a normosensibilidade;
Anamnse
- Busca a história detalhada dos sintomas de fraqueza e fadigabilidade, com sua progressão sintomática;
- Investiga fatores associados as manifestações clínicas da doença, sendo eles: diplopia, ptose, disartria, disfagia, dispnéia, fraqueza com
distribuição característica (segmento proximal dos membros, músculos extensores do pescoço e generalizada), flutuação e fadiga (piora com
atividade repetitiva e melhora com repouso);
- Resultados de tratamentos anteriores;
Exame Físico
- Ptose, diplopia -> pede-se ao paciente para que olhe para cima de forma sustentada ou abra e feche os olhos repetidamente, podendo gerar
uma oftalmoplegia completa e nistagmo;
- Fraqueza facial -> pede-se ao paciente que feche os olhos contra a resistência e avalia o sorriso, que pode ter aspecto de rosnar, devido à
falência da musculatura do canto da boca e à retração labial;
- Pesquisa de força motora – exame quantitativo de força muscular;
- Tempo de abdução dos braços para frente – objetivo 5 min;
- Medição da capacidade visual;
- Ausência de outros sinais neurológicos – sensibilidade e reflexos normais;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
- Anormalidades respiratórias -> pede-se ao paciente para contar em voz alta até 20 após uma inspiração máxima, sendo que quando há
incapacidade de realizar a tarefa sem interromper para respirar novamente a capacidade vital forçada pode ser estimada em menos de 1 litro;
Classificação de Osserman e Genkins
Exames Laboratoriais
Anticorpos para AChR, MuSK ou Ipr4
- Anticorpos anti-AChR – detectáveis no plasma de 85% dos pacientes miastênicos generalizados e 50% nos miastênicos oculares – se
detectados no radioimunoensaio o diagnóstico é definitivo, porém se negativo não exclui o diagnóstica de miastenia gravis;
**o nível de anticorpos anti-AChR não reflete adequadamente a gravidade da miastenia gravis em pacientes diferentes, porém após o início do
tratamento em um paciente a queda nos níveis de anticorpos mantém correlação com a melhora clínica, enquanto o aumento com as
exacerbações**
- Anticorpos anti-MuSK – presentes em 40% dos pacientes com miastenia generalizada sem anticorpos anti-AChR;
Anticorpos anti-Irp4 – não existe testes para sua detecção;
Agrina – proteína derivada dos nervos motores que se liga à Irp4, podendo interferir na aglomeração de AChRs na junção neuromuscular –
pode ser encontrada em pacientes com miastenia;
Teste Eletrodiagnóstico
- Teste diagnóstico mais resolutivo;
- Estimulação nervosa repetitiva com choques elétricos fornecidos na frequência de 2 a 3/segundo aos nervos, buscando registrar os
potenciais de ação dos músculos para avaliar os músculos fracos ou os grupos musculares proximais;
- Resultado em indivíduos normais -> a amplitude dos potenciais de ação musculares evocados não se modificam nas freqüências de
estimulação;
- Resultado em indivíduos miastênicos -> rápida redução na amplitude das respostas evocadas, entre 10 e 15% em 3 Hz, torna a miastênia
altamente provável;
**a medicação anti-AChE deve ser interrompida de 6 a 24 horas antes do teste**
Teste de Anticolinesterase
**reservado para pacientes com achados clínicos sugestivos de miastenia gravis, mas com resultados negativos nos títulos de anticorpos e
testes eletrodiagnósticos**
- Utiliza medicamentos que inibem a enzima AChE, de modo a permitir que o ACh interaja com o número limitado de AChRs na miastenia, de
modo a melhorar a força dos músculos;
- Costuma-se aplicar o edofrônio (dose inicial de 2 mg e caso não haja melhora mais 8 mg intravenosa – dose administrada em duas partes
devido aos possíveis efeitos colaterais desagradáveis como náusea, diarréia, salivação, fasciculações, síncope e bradicardia, que caso presentes
deve receber pronta administração intravenosa de atropina 0,6 mg), que começa a agir em 30 segundos e dura apenas por 5 minutos,
voltando a evidenciar um desfecho objetivo avaliado inicialmente e durante a ação do medicamento, como a fraqueza dos músculos oculares,
o comprometimento da fala ou o período em que o paciente consegue manter os braços em abdução para frente;
**podem gerar resultados falsos positivos em pacientes com outros distúrbios neurológicos, como a esclerose lateral amiotrófica**
**outra opção de fármaco é a neostigmina (15 mg) que apresenta ação mais prolongada, permitindo maior tempo para avaliação detalhada da
força muscular**
Distúrbios Associados
**exames laboratoriais ou procedimentos recomendados – TC ou RM do tórax, exames para lúpus eritematoso, fator antinuculear, fator
reumatóide, anticorpos antireoidianos, provas de função tireoidiana, teste PPD, medição da glicemia em jejum, hemoglobina A1c, provas de
função pulmonar, densiometria óssea**
- Distúrbios de Timo (timoma e hiperplasia) – ocorrem em 75% dos pacientes com anticorpos anti-AChR – diagnóstico: em caso de timoma
(alteração neoplasia) a tomografia pode detectar aumento no mediastino anterior ou sombra tímica;
- Hipertireoidismo – ocorre em 3 a 8% dos pacientes com miastenia gravis, agravando a fraqueza miastênica;
- Distúrbios autoimunes (tireoidite de Hashimoto, doença de Graves, artrite reumatóide, lúpus eritematoso, distúrbios cutâneos) – devem ser
pesquisados;
- Distúrbios ou circunstâncias que exacerbam a miastenia gravis – hipertireoidismo, hipotireoidismo, infecção oculta, tratamento
farmacológico de outros distúrbios;
- Distúrbios que podem interferir no tratamento – tuberculose, diabetes melito, úlcera péptica, hemorragia digestiva, doença renal,
hipertensão arterial, asma, osteoporose e obesidade.
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
Diagnóstico Diferencial
- Deve ser realizado com as síndromes miastênicas congênitas (SMC), miastenia induzida por fármacos, síndrome miastênica de Lambert-Eaton
(SMLE), neurastenia, hipertireoidismo (doença de Graves), botulismo, lesões expansivas cranianas, distrofia oculofaríngea, miopatia
mitocondrial (síndrome de Kearns-Sayre, oftalmoplegia externa progressiva);
Síndromes Miastênicas Congênitas/Hereditárias (SMC)
- Grupo heterogêneo de distúrbios da junção neuromuscular que
não são autoimunes, mas decorrem de mutações genéticas que
podem alterar qualquer componente da junção neuromuscular,
alterando a função da terminação nervosa pré-sináptica ou as
várias subunidades do AChR (principalmente a subunidade epsilon
– 75% dos casos) ou da AChE;
- Apresentam muitas das manifestações clínicas da miastenia
gravis autoimune, como a fraqueza e a fatigabilidade dos
músculos esqueléticos, podendo ter o mesmo padrão de
progressão e distribuição desses sintomas, porém esses se iniciam
na lactância ou na segunda infância;
- Possui pesquisa de anticorpos anti-AChR negativa;
- Para determinar o defeito congênito com precisão deve-se
realizar uma análise molecular;
Miastenia Induzida por Fármacos
- Penicilamina – medicamento usado no tratamento da esclerodermia ou da artrite reumatóide que pode resultar em miastenia gravis
autoimune verdadeira, com fraqueza leve – recupera-se em semanas ou meses após a suspensão do medicamento;
- Antibióticos Aminoglicosídeos ou Procainamida – exacerbam a fraqueza em pacientes miastênicos e em pacientes normais, quando em doses
muito altas, podem gerar fraqueza neuromuscular;
**também pode ser causada por curare, quininas e aminoglicosídeos**
Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton (SMLE)
- Distúrbio pré-sináptico da junção neuromuscular causado por autoanticorpos dirigidos contra os canais de cálcio tipo P/Q nas terminações
nervosas motoras, de modo a reduzir a liberação de ACh a partir das terminações nervosas – detectados por radioimunoensaios;
- Afeta principalmente os músculos proximais dos membros inferiores e os nervos cranianos (em 70% dos pacientes -> ptose palpebral e
diplopia), podendo causar fraqueza semelhante à da miastenia gravis;
- Geralmente esses pacientes apresentam tumor associado, sendo o câncer de pulmão de pequenas células o mais comum -> desencadeia a
resposta autoimune;
**o diagnóstico da SMLE permite o diagnóstico e remoção precoce do tumor**
Diagnóstico diferencial -> os pacientes com SMLE têm reflexos diminuídos ou abolidos e alterações autonômicas, como boca seca e
impotência;
teste eletrodiagnóstico – em baixas frequências de estimulação repetida gera-se resposta inicial de baixa amplitude com respostas
decrescentes (semelhante a miastenia gravis), porém em altas frequências ou após a realização de exercícios ocorrem respostas incrementais;
- Tratamento – plasmaférese + imunossupressão;
Botulismo
- Causa – toxinas bacterianas potentes produzidas por cepas da Clostridium botulinum presentes em alimentos inadequadamente preparados,
que clivam enzimaticamente proteínas específicas essenciais para a liberação de ACh da terminação nervosa motora, de modo a interferir na
transmissão neuromuscular;
- Sintomas nos lactentes – fraqueza muscular (pode se disseminar pra os membros), fraqueza bulbar (semelhante à miastenia), diplopia,
disartria, disgafia, ausência de sinais e sintomas sensoriais, possível insuficiência respiratória, diminuição dos reflexos com o progredir da
doença, íleo paralítico, constipação, retenção urinária, pupilas dilatadas ou pouco reativas, boca seca;
Diagnóstico diferencial -> demonstração da toxina no soro por bioensaio;
teste eletrodiagnóstico – revela bloqueio neuromuscular pré-sináptico com redução dos potenciais de ação musculares compostos (PAMC),
que aumenta de amplitude após estimulação repetitiva de alta frequência;
- Tratamento – suporte ventilatório, nutrição, profilaxia para trombose venosa profunda, administração de antitoxina;
Neuroastenia
- Síndrome de fadiga semelhante à miastenia, porém sem origem orgânica;
- Manifestações – sintomas subjetivos de fraqueza e fadiga(significa cansaço ou apatia e não redução da força muscular com esforço
repetitivo), teste muscular revela liberação brusca ou fraqueza voluntária típicas dos distúrbios não orgânicos;
- Causas – anormalidades da função tireoidiana, como hipotireoidismo e hipertireoidismo;
- Diagnóstico diferencial – provas de função tireoidiana;
Lesão Expansiva Intracraniana
- Pode comprimir os nervos, gerando diplopia que simule os sintomas da miastenia gravis;
- Diagnóstico diferencial – ressonância magnética de crânio e órbitas;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes
e. TRATAMENTO
Azatioprina
- Apesar de ser um agente imunossupressor muito utilizado na miastenia gravis, cerca de 10% dos pacientes são incapazes de tolerá-lo devido
às reações idiossincrásicas (sintomas gripais, febre, mal-estar, supressão da medula óssea ou anormalidades da função hepática);
- Dose: inicialmente inicia-se com uma dose teste de 50 mg/dia (busca visualizar possíveis efeitos colaterais), posteriormente a aumenta
gradualmente para 2 a 3 mg/kg ou até que a contagem de leucócitos caia para 3.000 a 4.000/Ul;
- A melhora clínica pode ser demorada levando de 3 a 6 meses para iniciar e um tempo superior para atingir seu pico;
- Seu efeito terapêutico pode ser adicional aos glicocorticóides ou permitir a redução de sua dose;
**não deve ser conciliado ao alopurinol (trata hiperuricemia), uma vez que esses compartilham a via de degradação, podendo gerar uma
supressão grave da medula óssea em função do aumento dos efeitos da azatioprina**
Inibidores da Calcineurina, Cliclosporina e Tacrolimo (FK506)
- Apresentam efeito benéfico mais rápido que a azatioprina;
- Pode ser usado isoladamente ou empregado como adjuvante dos glicocorticóides para permitir a redução da dose do esteróide;
- Dose ciclosporina – 4 a 5 mg/kg/dia em duas doses iguais;
- Dose tacrolimo – 0,07 a 0,1 mg/kg/dia em duas doses iguais;
- Efeitos colaterais – hipertensão arterial e nefrotoxicidade;
Rituximabe
- Anticorpo monoclonal que se liga à molécula CD20 sobre os linfócitos B;
- Efetivo no tratamento de doenças autoimunes (inclusive na miastenia gravis, com anticorpos anti-MuSK) e de linfomas de células B;
- Dose – 375 mg/m² administrado por via intravenosa em 4 infusões semanais ou 1 g por via intravenosa em duas ocasiões com 2 semanas de
intervalo;
Ciclofosfamida
- Indicação – paciente com miastenia gravis refratária ao tratamento ideal com agente imunossupressores convencionais;
- Em altas doses pode induzir um benefício prolongado por reiniciação do sistema imune, pois elimina os linfócitos maduros, porém preserva
os precursores hematopoiéticos;
- Para manter o efeito benéfico há a necessidade de imunoterapia de manutenção;
Timectomia
Remoção Cirúrgica do Timoma
- É necessária devido à possibilidade de disseminação local do tumor;
Timectomia Como Tratamento para Miastenia Gravis
- Em até 85% dos pacientes ocorre melhora da miastenia (ocorre em meses ou anos), podendo conduzir a remissão livre de medicação em 35%
desses;
- Oferece benefício a longo prazo ao reduzir ou eliminar a necessidade de tratamento clínico contínuo;
- Possível indicação devido aos baixos riscos e aos benefícios potenciais - pacientes com miastenia generalizada, entre a puberdade e os 55
anos de idade;
**pacientes com crianças, com mais de 55 anos, com fraqueza limitada aos músculos oculares e com anticorpos anti-MuSK não respondem tão
bem à timectomia**
**Hipóteses sobre o mecanismo pelo qual a timectomia gera a melhora clínica: remove os antígenos do receptor de acetilcolina (pois o timo
possui células mióides muito semelhantes às dos músculos voluntários), remove a produção de anticorpos anti-AChRs, remove células T
auxiliares sensibilizadas (essas facilitam a produção de anticorpos pelos linfócitos periféricos do sistema imune), remove células T matadoras
que atuam diretamente contra a placa motora e/ou removem um provável fator tímico que atua diretamente na placa motora ou na ativação
do sistema complemento**
Plasmaférese
- Separa o plasma que contém os anticorpos patogênicos das células sanguíneas, devolvendo estas ao paciente;
- Mecanismo – realiza-se um ciclo de 5 trocas (3 a 4 litros por troca) durante 10 a 14 dias;
- Reduz a curto prazo os anticorpos anti-AChR, gerando melhora clínica;
- Indicação – pacientes em estado grave ou para melhorar o estado do paciente antes de alguma cirurgia;
Imunoterapia – Imunoglobulina Intravenosa (IgIV)
- É dirigida contra as células B produtoras de anticorpos ou contra as células T auxiliares, porém seu mecanismo de ação é desconhecido;
**não tem efeito consistente sobre a quantidade mensurável de anticorpos anti-AChR circulantes*
- Indicação – pacientes em período difícil de fraqueza miastênica ou para melhorar o estado do paciente antes de alguma cirurgia;
**raras vezes deve ser usada como tratamento a longo prazo no lugar da terapia imunossupressora planejada, uma vez que a imunoterapia
produz benefício apenas intermitente e não reduz a resposta autoimune subjacente**
- Dose – 2 g/kg durante 5 dias (400mg/kgdia), podendo ser administrada em 3 a 4 dias;
- Resposta – gera melhora em 70% dos pacientes durante o tratamento ou no prazo de 1 semana , permanecendo por semanas ou meses;
- Efeitos colaterais – cefaléia, sobrecarga hídrica, meningite asséptica (rara) ou insuficiência renal;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes