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1. Introdução e Definição.............................................. 3
2. Epidemiologia............................................................... 5
3. Etiologia ......................................................................... 6
4. Fisiopatologia............................................................... 9
5. Quadro Clínico............................................................13
6. Diagnóstico.................................................................15
7. Tratamento..................................................................19
Referências Bibliográficas .........................................22
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SAIBA MAIS!
Em 2017, a cantora Lady Gaga entristeceu muitos fãs ao cancelar sua apresentação no Rock
in Rio. Portadora de fibromialgia, ela teve uma crise durante a qual sofreu fortíssimas dores
que impossibilitaram sua apresentação.
À época, a cantora divulgou no Instagram que “estava devastada” de não poder participar do
Rock in Rio, mas que precisava cuidar da sua saúde.
Muitos fãs se revoltaram, mas poucos conseguem compreender a redução da capacidade
funcional e o quadro intenso de sor a fibromialgia pode ocasionar. Vamos entender agora o
que é e como se manifesta essa doença que, além de prejudicar a funcionalidade de uma das
maiores cantoras pop da atualidade, afeta a vida de 2% da população brasileira.
Fonte: https://www.instagram.com/p/BZCB3XIArnF/?utm_source=ig_embed
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> 3 meses
Bilateral
Grande impacto na
Dor difusa crônica
qualidade de vida
Fibromialgia
Uma das doenças
Não-inflamatória reumatológicas mais
comuns
Não-autoimune
2% da população
brasileira
Coexistência comum
Afeta mais mulheres Epidemiologia de outras enfermidades
reumatológicas
Osteoartrite
Artrite reumatóide
Faixa etária: 35-50 anos
LES
Espondilite anquilosante
Preocupação exagerada
TOC Depressão Ansiedade Catastrofização
Aspectos psicológicos
Polimorfismos na catecol-O-
metiltransferase
Genes associados ao
processamento da dor no SNC
Padrão do sono
Gatilhos
alterado
Infecções
Traumas
Estresse
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Figura 1. Fonte: Schmidt-Wilcke, T., Clauw, D. Fibromyalgia: from pathophysiology to therapy. Nat Rev Rheuma-
tol 7, 518–527 (2011). https://doi.org/10.1038/nrrheum.2011.98
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sono, ansiedade e irritabilidade nes- por ondas delta (<4Hz). É a fase IV,
ses pacientes. formada pelas ondas delta, a respon-
Com relação às alterações do sono, sável pelo sono reparador e recupe-
um aspecto importante do sono des- rador da energia física.
ses indivíduos é a presença de sono Em pacientes com fibromialgia, há
alfa-delta. Mas o que seria isso? redução da eficiência do sono, com
O sono não-REM possui quatro fases. pequenos despertares noturnos fre-
À medida que essas fases progridem quentes, diminuição da duração de
e o sono mais profundo é alcançado, sono de ondas lentas e intrusão de
a frequência das ondas cerebrais di- ondas alfa nas fases do sono profun-
minui. Na vigília com olhos fechados, do. Esse padrão é chamado de sono
as ondas possuem uma frequência alfa-delta e está presente em cerca
entre 8Hz e 13Hz – chamadas de on- de 90% dos pacientes. No entanto, o
das alfa. A fase I é uma transição da sono alfa-delta não é específico da fi-
vigília e, no eletroencefalograma, se bromialgia, podendo estar presentes
associa a ondas teta (4 a 7Hz); já a em outras condições e até em indiví-
fase IV é constituído majoritariamente duos normais.
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Sensibilização central
Fisiopatologia
Sensibilização de fibras
Altos níveis de ACTH Hipóxia crônica
não-mielinizadas
Aumento da substância P
Inibição do GH
Hiperreatividade do SNA
Desregulação vascular
Sono alfa-delta
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SAIBA MAIS!
Pode haver dor abdominal, pélvica, cefaleia e dor torácica além da dor musculoesquelética.
Comorbidades comuns incluem os transtornos psiquiátricos: transtorno de ansiedade gene-
ralizada são reportados em 35% a 62% dos indivíduos com fibromialgia; transtorno depressi-
vo maior, em 58% a 86%, e o transtorno bipolar do humor em 11%. Podem ainda apresentar
os seguintes sintomas: déficits de atenção e memória, rigidez matinal, edema de extremida-
des – articular ou periarticular, síndrome miofascial, síndrome do intestino irritável, fenômeno
de raynauld, hipersensibilidade ao frio ou calor, parestesias de extremidade, vertigem, olhos e
boca seca, cistite intersticial ou síndrome da bexiga dolorosa, prostatite crônica ou prostatodi-
nia, dor pélvica crônica, dismenorreia, síndrome da taquicardia postural ortostática, disfunção
temporomandibular.
Variável
Normal
Quadro
Fadiga Tríade principal Exame físico
clínico
Pontos dolorosos
Distúrbios do sono
Transtornos
psiquiátricos
Transtorno de
Depressão Transtorno bipolar
ansiedade
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Figura 2. Os nove pares de tender points. 1. na inserção dos músculos (mm.) subocciptais; 2. na borda anterior dos
espaços intertransversais das vértebras C5-C6; 3. no corpo da borda superior do músculo trapézio; 4. na origem do
músculo supraespinhal, acima da espinha da escápula; 5. na segunda costela, junto à articulação costocondral; 6. 2cm
distais ao epicôndilo lateral; 7. no quadrante súperolateral da região glútea; 8. imediatamente posterior ao trocânter
maior do fêmur; 9. na interlinha medial do joelho. Fonte: Sav vas, Jmarchn
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• Não haver outra causa que expli- Exames de autoanticorpos, como fator
que os sintomas. anti-nuclear (FAN) e fator reumatoide
A fibromialgia possui também uma (FR), podem ajudar a excluir lúpus eri-
ampla gama de diagnósticos dife- tematoso sistêmico e artrite reuma-
renciais, principalmente aqueles que toide – pois o FAN e o FR estão pre-
cursam com dor crônica. Dentre os sentes na maioria dos casos dessas
principais, temos: osteoartrite, ar- doenças, respectivamente, ao passo
trite reumatoide, espondiloartrites, que sua positividade não é caracte-
hipotireoidismo, deficiência de vi- rística ou fala a favor da fibromialgia.
tamina D/osteomalácia, polimialgia No entanto, esses exames devem ser
reumática, miopatias inflamatórias, feitos com cautela, pois a fibromialgia
distrofias musculares, parkinsonis- pode ocorrer concomitantemente
mo, hipopotassemia, uso de certos a outras doenças reumáticas. Nesse
medicamentos (estatinas, bloquea- caso, a dor difusa crônica, fadiga e
dores de H2) ou drogas ilícitas (co- distúrbios do sono falam a favor da
caína, cannabis). fibromialgia; lesões cutâneas, nó-
dulos subcutâneos, acometimento
Alguns exames complementares po- pulmonar e renal – comuns no lú-
dem auxiliar no diagnósitco diferen- pus ou na artrite reumatoide – não
cial: reagentes de fase aguda (VHS compõem o quadro da fibromialgia.
e PCR), função tireoideana, avaliação
do metabolismo ósseo (cálcio, para- Exames hormonais tireoideanos
tormônio e vit. D), potássio sérico (uso ajudam a excluir tireoideopatia
de diuréticos), dosagem sérica de en- como possível causa, e exames de
zimas musculares (CPK e aldolase), enzimas musculares são normais
eletroforese de proteínas séricas e na fibromialgia – ao passo que po-
sorologias (HCV, HBV, HIV, citome- dem estar aumentados em doenças
galovírus, toxoplasmose parvovirose). musculares inflamatórias. Outro dado
que pode auxiliar na diferenciação
Os reagentes de fase aguda estão entre fibromialgia e polimialgia
geralmente ausentes na fibromial- reumática é a epidemiologia: nes-
gia e aumentados em condições infla- ta, frequentemente a doença surge
matórias, como polimialgia reumática, a partir dos 50 anos, enquanto na-
miopatias inflamatórias e doenças ar- quela o diagnóstico é mais prová-
ticulares inflamatórias (artrite reuma- vel em idade mais jovem.
toide e espondiloartrites). Lembre-se
que a fibromialgia não é uma condição A anamnese também pode ajudar no
inflamatória, logo, provas inflamatória diagnóstico diferencial ao questionar
não estão tipicamente alteradas. o uso de medicamentos e de drogas
– como cocaína e cannabis.
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Eletroforese de
Metabolismo ósseo PCR, VSH Função tireoideana Enzimas musculares Cálcio sérico
proteínas, sorologias
Diagnóstico diferencial
Exame complementar
Diagnóstico
Exercícios físicos
Terapia cognitivo-
comportamental
Psicoterapia Não-medicamentoso
Antidepressivos
Reabilitação
tricíclicos
Relaxantes musculares
Fisioterapia
Tratamento
ISRS’s
ISRSN’s
Medicamentoso
Inibidor da MAO
Antagonista da
serotonina
Antiparkinsoniano
Analgésicos simples e
opiáceos leves
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Dose individualizada
Gatilhos
Fisiopatologia Quadro clínico
Transtornos psiquiátricos
Dor localizada
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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“Lady Gaga cancela show no Rock in Rio”, Portal G1. 2017. Disponível em: < https://g1.
globo.com/musica/rock-in-rio/2017/noticia/lady-gaga-cancela-show-no-rock-in-rio.ghtml>
Acesso em 18 mar. 2020.
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