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Texto: A concepção de autor em Bakhtin, Barthes e Foucault.

Autora: Juciane dos Santos Cavalheiro


Biografia: É Professora Associada da Universidade do Estado do Amazonas. Doutora
em Linguística (2009) pela Universidade Federal da Paraíba, Mestre em Linguística
Aplicada (2005) e Graduada em Letras (2003) pela Universidade do Vale do Rio dos
Sinos - UNISINOS. Docente no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em
Letras e Artes na Universidade do Estado do Amazonas e atua no Programa de Pós-
Graduação em Letras da Universidade Federal do Acre. É autora de Literatura e
Enunciação (2010) e organizadora de diversas obras. Coordenou o Programa de Pós-
Graduação em Letras e Artes, no período de 2011-2017. Coordenou, como docente do
curso de Letras, o Programa de Iniciação à Docência no período de 2014-2018.
Coordenou, em 2019, o Programa de Residência Pedagógica. Foi Presidente do Grupo
de Pesquisadores da Região Norte (GELLNORTE) no biênio 2017-2019. Em 2020,
realizou Estágio Pós-doutoral sobre a obra de Milton Hatoum no Programa de Pós-
Graduação de Literatura da UnB. Desenvolve suas pesquisas na perspectiva dos estudos
enunciativos, ancoradas, sobretudo, nas ideias de Mikhail Bakhtin e Émile Benveniste.
Coordena o grupo de pesquisa Núcleo de Pesquisa em Linguística e Literatura.
Objetivos do texto:
Refletir sobre os estudos de M. Bakhtin, R. Barthes e M. Foucault acerca da
concepção de autor
M. Bakhtin, R. Barthes e M. Foucault questionam a unicidade do sujeito a partir da
negação da de uma voz única, nos convencendo que a autoria é um fenômeno
complexo, o indivíduo não é mais autor, construindo em nossa linguagem cultural a
noção de autoria perpassada por influenciações sócio-político-culturais econômicas.
Surgindo então os conceitos de autor-criador de Bakhtin, escritor em Barthes e a
Função-autor em Foucault.

Considerações Iniciais

Relação Autor/ Obra: ontem e Hoje


Foucault (2002) relata que a função de autor não se constitui de forma universal em
todas as formas discursivas, mesmo dentro de uma mesma cultura.
Na Renascença que nasce a exaltação do indivíduo como figura de autor
Segundo Chartier (1999) houve o surgimento da figura do autor na Idade Média,
quando livros considerados heréticos eram queimados, uma vez que o discurso
transgressor era passível de punição.
Essa transgressão é retomada segundo Foucault (2002) no final do século XVIII e início
do século XIX quando surge o sistema de propriedade como direitos autorais e
reprodução.
Os três autores têm um ponto em comum: o papel do indivíduo como autor dos
discursos em obras literárias
Foco da autora: “Constituição da subjetividade de personagem de obra literária” pag
69

Desaparecimento do Autor?
O que é um autor? (1969) Foucault
Disserta nessa obra acerca da noção de autor a partir da relação do texto com o autor.
Surgindo dois tipos de tema: o Tema da Expressão e o Tema da Morte. Sendo o tema da
expressão a teoria que quem escreve não importa, já que a obra basta por si mesma,
conferindo poder ao leitor e o tema da morte anulação dos caracteres individuais do
autor pelo afastamento do que se escreve.
O papel do morto no jogo da escrita ( FOUCAULT, 2002,P.37)
A marca do autor não é mais a sua ausência, pois a nocão de existência do autor é
preservada pela noção de obra e de escrita
Função Autor segundo Foucault
Modo de ser dos discursos em diferentes sociedades
Fiabilidade da informação
Permiti distinguir os diversos “eus” que os indivíduos ocupam na obra.
A morte do autor (1968) Barthes
O entendimento da obra está diretamente ligado a quem a produziu
O escrito moderno nasce ao tempo em seu texto é escrito, e todo texto é escrito no aqui
e agora.
Equiparação do autor com o leitor, pois ambos são produtores do texto, para o
nascimento do leitor deverá acontecer a morte do autor.

Escritor/ Função de Autor/ Autor- Criador


Bakhtin: discursa sobre uma constante confusão que se faz acerca do autor -criador e o
autor –pessoa.

Barthes: completa Bakhtin ao afirmar que o “corpo que escreve” não é o autor, mas
sim o escritor, e o escritor não é uma pessoa, mas um sujeito, que é um “eu” com
função meramente linguística.

Foucault: o nome do autor (que não está ligado ao um ser real e exterior ao discurso)
caracteriza o modo de ser do discurso.

Para Bakhtin o autor-criador é o que dar forma ao objeto estético, dar acabamento a
imagem externa do personagem, por seu excedente de visão e conhecimento do mundo
do personagem. Reforça que o autor-criador deve tornar-se –se espectador , olhar para si
mesmo com os olhos do outro ao mesmo tempo que é um processo de identificação com
o outro. Sendo que para Bakhtin esse fenômeno estético não acontecerá por um único
participante.

Já para Foucault a função autor é constituída pela pluralidade de “eus” no decorrer


de um mesmo discurso. O eu do prefácio, o eu do corpo do texto e o eu que esclarece a
obra publicada.
Barthes não se atém ao acabamento estético do personagem, apenas observa a
necessidade de uma posição de valor do escritor.
Bakhrin em O discurso do romance apresenta o autor-pessoa no romance como aquele
que direciona todas as vozes alheias e o autor- criador seria a voz que ordena o todo
estético, capaz de colocar todas as línguas sociais que envolvem uma obra me dialogo,
seria o que ele chama de discurso do outrem na linguagem de outrem.
De modo parecido Foucault afirma que o constrói a função autor não é simplesmente a
atribuição de poder criador a um indivíduo, mas a capacidade do discurso em seu modo
de existência, circulação e funcionamento no interior de uma sociedade.

Algumas considerações finais


Análise da função autor leva a um consequente reexame da noção de sujeito.
Foucault: Trata-se de retirar ao sujeito o papel de originário e o analisar como uma
função no discurso.
Para Foucault os discursos determinam o sujeito, sendo que para ele os discursos não
são homogêneos, mas sim um conjunto de enunciados heterogêneos. Então a origem do
discurso não se constitui a parti do sujeito individual, mas sim das posições que ele
ocupa na ordem do discurso.

Barthes: Defende a ideia da inexistência do autor anterior a linguagem.


O ato de escreve é quem faz o autor, ou seja, o autor é um produto do ato de escrever,
destituindo a autor do papel de pai.

Bakhtin: o sujeito constitui na intersubjetividade


Ou seja, um sujeito que só existe a partir do seu auto-reconhecimento pelo
reconhecimento do outro, pois é no reconhecimento do outro que o indivíduo se
constitui como sujeito.

Convergência entre Foucault e Bakhtin


Para ambos o sujeito está em constante interação e conflito com o outro, ou o
disciplinando ou estruturando sua fala

Bakhtin, Foucault e Barthes


Para eles o sujeito só é possível existir enquanto ser no discurso, na linguagem, só sendo
definível no interior da própria enunciação.

Legendas:
* Título em Negrito: é um tópico
** Título em itálico e sublinhado: é um subtópico do tópico anterior.
*** Demais textos: são fichamentos para melhor entendimento do texto para mim e
meus colegas.

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