Você está na página 1de 12

A questão da imagem e da arte na era de sua

reprodutibilidade técnica digital hipermidiática


LIDNEI VENTURA*
KLALTER BEZ FONTANA**

Resumo: O presente artigo problematiza o estado da imagem e da arte na atual era de


reprodutibilidade técnica digital hipermidiática. Parte-se dos estudos de Benjamin (2012), cujos
insights sobre a reprodutibilidade técnica da arte detectou mudanças significativas na natureza
social da arte em função das condições da sua reprodução mecânica a partir da modernidade,
sobretudo pela invenção da fotografia, do cinema, da radiodifusão etc. Atualmente, observa-se
novas alterações no processo de produção artística que impactam o fluxo de produção da imagem
diante da emergência do meio digital e suas possibilidades hipermidiáticas. Infere-se que o meio
digital radicalizou amplamente as condições de reprodutibilidade, autonomizando a imagem,
dando-lhe vida própria, independente, queimando (DIDI-HUBERMAN, 2018) livremente nas
telas dos smartphone, notebook, outdoor digital etc. A pesquisa indica que a conversão da imagem
em linguagem binária incinerou a reprodutibilidade clássica dos artefatos visuais e lançou a
imagem em um pós vida parasitário e autônomo.
Palavras-chave: Reprodutibilidade técnica digital; Imagem autônoma; Hipermídia.
The question of image and art in the age of its hypermediatic digital technical
reproducibility
Abstract: This article discusses the current state of image and art in the age of hypermedia digital
technical reproducibility. It is based on the studies of Benjamin (2012), whose insights on the
technical reproducibility of art detected significant changes in the social nature of art due to the
conditions of its mechanical reproduction from modernity, mainly by the invention of
photography, cinema, broadcasting etc. Currently, there are new changes in the artistic production
process that impact the flow of image production in the face of the emergence of the digital
medium and its hypermedia possibilities. Provisionally, it appears that the digital medium has
broadly radicalized the conditions for reproducibility, making the image autonomous, giving it a
life of its own, independent, burning (DIDI-HUBERMAN, 2018) freely on the screens of smart
phones, notebooks, digital billboards, etc. The research indicates that the conversion of the image
into binary language incinerated the classic reproducibility of visual artifacts and launched the
image into a parasitic and autonomous afterlife.
Key words: Digital reproducibility; Autonomous image; Hypermedia

*
LIDNEI VENTURA é Doutor em Educação e Professor do Departamento de Pedagogia do
Centro de Educação a Distância da Universidade do Estado de Santa Catarina.

**
KLALTER BEZ FONTANA é Mestre em Educação e Professora do Departamento de
Pedagogia do Centro de Educação a Distância da Universidade do Estado de Santa Catarina.

31
1. Introdução constelação teórica maior, especialmente
com o seu método de investigação.
Esse artigo parte das formulações
benjaminianas acerca da aproximação Entretanto, de antemão, gostaríamos de
das artes com as massas em função da sinalizar que em diversos campos do
reprodutibilidade técnica adquirida por pensamento e das artes, são muitas as
esta, diante do que o autor chamou de inferências acerca das originais reflexões
“gigantesco aparelho técnico do nosso de Benjamin sobre as complexas
tempo” (BENJAMIN, 2012, p. 188). relações entre as condições de
reprodutibilidade da obra de arte na
O argumento central é de que tal
modernidade, seja ela pictórica, sonora,
reprodutibilidade teria permitido um
teatral ou audiovisual.
modo novo de percepção da obra
artística, que chamou de recepção tátil, Como o tema tem sido amplamente
democratização tanto da produção debatido, sinalizaremos um aspecto que,
quanto da fruição das artes em geral pelo talvez, tenha recebido menos ênfase: os
grande público, atrofiando o que desdobramentos das reflexões de
conceituou de aura da obra artística. Benjamin para a era da geração digital,
ou como nomeou Schöttker (2012, p.
Decorridos mais de 80 anos dessas
98), a era “[...] da imagem como cópia
reflexões, o ensaio de apenas 40 páginas
produzida tecnicamente para a imagem
sobre a reprodutibilidade técnica ganha
autônoma”.
atualmente novos contornos diante da
era da pós-imagem hipermidiática, Como destacou Adorno, o estudo de
baseada em suportes de reproduções Benjamin conquistou uma “[...]
técnicas digitais de artefatos popularidade penetrante”
comunicativos e artísticos, convidando- (SCHÖTTKER, 2012, p. 93), sobretudo
nos a pensar o sujeito contemporâneo pela grande repercussão póstuma do
como protagonista de produções ensaio da Reprodutibilidade, aprimorado
culturais autônomas sem que precise sair na relação (infelizmente somente por
de casa. Se na análise benjaminiana a cartas) entre os dois autores
arte se aproxima das massas na era da sua (BENJAMIN, 2017). De modo que o
reprodutibilidade técnico-mecânica, a ensaio tem sido considerado como
era digital radicaliza tais possibilidades e estudo impulsionador de campos de
faz emergir o sujeito comum autor- pesquisa, tais como midialogia, recepção
produtor artístico-cultural dos meios de comunicação de massa,
hipermidiático. semiologia dos meios etc.
(SCHÖTTKER, 2012; SELIGMANN-
Antes, porém, de adentrar nos possíveis
SILVA, 2015).
desdobramentos entre reprodução
clássica e digital, na era hipermídia, seria Segundo Seligmann-Silva (2015, p. 23-
preciso explicitar melhor o conceito de 24): “Esta obra foi, sem dúvida um dos
reprodutibilidade técnica, de Benjamin, trabalhos ao qual Benjamin mais se
situando-o no interior de sua produção dedicou e um dos que ele mais apreciou
mais influente (SCHÖTTKER, 2012; de sua produção dos anos de 1930. [...]
SELIGMANN-SILVA, 2015) “A obra Este trabalho é talvez o que foi e até hoje
de arte na era de sua reprodutibilidade é o mais lido dentre suas obras, sendo
técnica” (1935/36) [doravante também o mais influente”. Detlev
Reprodutibilidade], assim como na Schöttker, um dos mais reconhecidos
relação desta com o conjunto da sua pesquisadores da obra de Benjamin,

32
lembra que: “Embora pequeno, com de Pesquisa Social], até sua morte em
quarenta páginas impressas, esse estudo 1940. Para lembrar, a versão que contém
abrangente da história e da estética como epígrafe a citação de Paul Valery é
passou a ter o status de uma das obras de 1939.
mais importantes do século XX e obteve
A reconstituição dessa obra no quadro
repercussão duradoura” (SCHÖTTKER,
geral das formulações benjaminianas é
2012, p. 43), inspirando importantes
requerida no próprio pressuposto do
autores para formular novas hipóteses
método desenvolvido pelo autor no
sobre a imagem na contemporaneidade,
Trauerspiels1 e retomado às vésperas de
tais como Baudrillard, Didi-Huberman e
sua morte, na Tese XVII Sobre o
Paul Virilio, dentre outros.
Conceito de História, de 1940. Nela,
São inúmeras as provocações de Benjamin se refere aos procedimentos
Benjamin no texto da Reprodutibilidade, metodológicos do pesquisador
e embora seu caráter multímodo possa [historiador materialista], dizendo que
nos carregar para constelações diversas, no processo de investigação ele deve
que o próprio autor deixou para o futuro imobilizar o que há de mais importante,
explorar, o presente artigo se propõe a de mônada, na análise de qualquer objeto
discutir que esse texto, escrito há mais de histórico. Segundo ele, só desta maneira
80 anos, permanece rico e atual em “[...] ele arranca à época uma vida
reflexões que nos instigam a determinada e, da obra composta durante
problematizar a imagem, e a própria obra essa vida, uma obra determinada”; e
de arte na contemporaneidade, a partir continua explicando que deve atuar
das fartas condições de reprodutibilidade assim para preservar e transcender “[...]
técnica que a comunicação digital têm na obra o conjunto da obra, no conjunto
aproximado do grande público. da obra a época e na época a totalidade
do processo histórico” (BENJAMIN,
2. Abrangência do tema da
2012, p. 251). Ou seja, da mesma forma
reprodutibilidade em Benjamin: um
conceito em aberto que preserva suas características
particulares, transcende os limites do
A questão central do ensaio da particular na relação dialética com o
Reprodutibilidade parece ser, à primeira universal.
vista, a influência da técnica sobre a
No caso do estudo da obra de arte,
natureza e o conceito de arte a partir da
Benjamin procede da mesma maneira,
reprodução da obra artística seriada, tal
ou seja, procura a mônada da época
como ocorre na modernidade.
moderna, ou seja, o que ela tem de
Entretanto, limitá-lo a esse aspecto seria
elementar; e encontra uma obra de arte
reduzir em muito a abrangência das
situada no processo de produção
seminais e influentes inferências que
Benjamin realiza nesse estudo. Por isso, capitalista, quando se converte em
talvez fosse produtivo situar o ensaio no mercadoria ao reboque das novas
conjunto maior da sua obra para que seja técnicas de reprodução. Parece residir aí
razoavelmente compreendido, já que o a totalidade histórica de que Benjamin
trabalho neste artigo nunca cessou desde falava. Ao contrário de um materialismo
sua primeira publicação em 1935-36, na insípido, que buscava relação formal
Zeitschrift für Sozialforschung [Revista entre infraestrutura e superestrutura, com

1 Trauerspiels], publicada pela primeira vez em


O título original da obra de Benjamin é
Ursprung des deutschen Trauerspiels [doravante 1928.

33
reflexo da primeira sobre a segunda, reprodução da mercadoria e sua
propõe que se estude justamente o que adoração, instituem novas percepções e
nela há de mais fragmentário, de mais novos modos de ver o mundo. No
original e mais irredutível, a fim de subtítulo Grandville ou as exposições
encontrar na época uma vida universais, no qual relaciona o grande
determinada. Tudo indica ser esse ilustrador francês com as fantasmagorias
também o guia condutor do projeto das da mercadoria, aponta:
Passagens de Paris, ao qual o ensaio da As exposições universais são
Reprodutibilidade está indelevelmente lugares de peregrinação ao fetiche
atrelado2, e que ele resumiu na Exposé de da mercadoria. ‘A Europa se
1939, Paris, a capital do século XIX, deslocou para ver mercadorias’, diz
escrita com a intenção de abrir a obra: Taine em 1855.
Nossa pesquisa procura mostrar [...] As exposições universais
como, em consequência dessa idealizam o valor de troca das
representação coisificada da mercadorias. Criam um quadro no
civilização, as formas de vida nova qual seu valor de uso passa para o
e as novas criações de base segundo plano. Inauguram uma
econômica e técnica, que devemos fantasmagoria a que o homem se
ao século XIX, entram no universo entrega para divertir-se.
de uma fantasmagoria.
[...] As exposições universais
(BENJAMIN, 2007, p. 53)
constroem o universo das
Parece que a tal fantasmagoria é mercadorias. (BENJAMIN, 2007, p.
justamente a encarnação de todo um 43-44)
modelo civilizatório aos cânones da E como programa metodológico, conclui
mercadoria, quer se considere os dizendo que “As fantasias de Grandville
produtos reproduzidos ou os processos transferem para o universo o caráter de
de produção e reprodução mercadoria” (2007, p. 44). Baseado
sociometabólica da vida em geral. O nessa última afirmação, é possível
termo, aliás, é adaptado do conceito de extrair uma provisória síntese
fetiche da mercadoria elaborado por benjaminiana, parafraseando o autor: na
Marx, em O Capital (1845), sendo mercadoria, a obra, e no conjunto da
revitalizado por Benjamin para se referir obra, a época da reprodutibilidade; e, na
ao valor de culto adquirido pela época, a totalidade do processo histórico
mercadoria a partir das exposições da vida burguesa.
universais, ocorridas em toda Europa a
partir de 1798, impulsionando um novo Posicionando-se na oposição a um
modelo cultural. Ainda no Exposé de materialismo idealista e mecânico, e
1935 [ano em que trabalhava também no propôs uma concepção histórica
artigo sobre a obra de arte], Benjamin contrária àquela que denunciava estar
intuiu que a Paris do século XIX apoiada no contínuo da história, pensada
encarnou o modo de vida em que a a partir de um tempo vazio e homogêneo

2 obra de arte, os textos ligados a Baudelaire e as


Sobre os vínculos entre A obra de arte e as
Passagens, Rolf Thiedemann, em texto teses ‘Sobre o Conceito de História’, tê-los
introdutório à edição brasileira das Passagens, sempre em mente [...]”. Ver: THIEDEMANN, R.
diz o seguinte: “Uma vez que uma simples leitura Introdução à edição alemã (1982). In:
não permitiria compreender as intenções de BENJAMIN, W. Passagens. Belo Horizonte:
Benjamin, um estudo das Passagens teria que Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do
levar então em consideração o ensaio sobre a Estado de São Paulo, 2007. p. 14.

34
[Tese XIII], alinhada à visão de de um crime são procurados. E é por aí,
progresso burguesa que, na sua opinião, nessas minúsculas mônadas da vida
havia contaminado também o burguesa, que Benjamin analisa a
materialismo histórico. Contrapondo ascensão e morte dos principais
essa orientação, defende que a “[...] personagens de sua constelação teórica,
história é objeto de uma construção cujo tais como o flâneur, que tem na loja de
lugar não é o tempo vazio e homogêneo, departamento sua “última passarela” ou
mas o preenchido de ‘tempo de agora’”, na prostituta que, simbolizando o sujeito
tendo o historiador que “[...] explodir moderno, vira mercadoria como
para fora do continuum da história” qualquer outra. Enfim, os motivos em
(BENJAMIN, 2012, p. 249). E dos Baudelaire expressam, na prática, o
estilhaços espalhados por essa dinamite pressuposto teórico da investigação
é que emergem os restos que, ao mesmo histórica a partir da sua expressão
tempo, destroem a totalidade e a fragmentária, a fim de constituir a face
pulverizam em miríades de fragmentos. de uma era: a era da reprodutibilidade
Como ele mesmo disse no Trauerspiels, técnica.
é sobre isso que se trata, garimpar, nos As consequências desse método,
fragmentos, a totalidade histórica,
aplicado ao estudo da arte moderna, leva
montando-a a partir de pequenas peças Benjamin a procurar também pela
de um mosaico. Analogamente, este é o expressão econômica da nascente cultura
sentido de que cabe ao historiador de massas, ou, mais precisamente, uma
[pesquisador] materialista a “tarefa de cultura industrializada para as massas
escovar a história a contrapelo” (Tese sob o poder da técnica. Para tanto, estuda
VII), pois escava onde outros não se os panoramas, a fotografia, o cinema,
interessam ou omitem ideologicamente. enfim, as manifestações modernas da
É partindo dessa compreensão que cultura industrial e suas influências na
analisa as manifestações fragmentárias constituição de um novo sensorium, que
do mundo burguês para encontrar sua
surge a partir de inervações humanas sob
fisiognomia.
novos apelos perceptivos. Nesta era, o
Um bom exemplo de aplicação que é reproduzido não é somente a
metodológica dessas ideias seria a mercadoria, mas entra em condições
interpretação que dá ao estilo artístico do reproduzíveis todo um conjunto de
Jugendstil3. Benjamin percebe neste atividades humanas, do mundo do
movimento os indícios da literatura de trabalho objetivo ao mundo da cultura.
investigação, cujos detetives ficaram
Olhemos mais de perto para as
famosos por procurar as pistas de um
intersecções do texto da
crime no interior da vida privada e
Reprodutibilidade e o livro das
individualista das grandes cidades,
Passagens, opus magnum de Benjamin,
voltada ao intérieur burguês. Edgar Alan
que permaneceu inacabada. O projeto de
Poe e Arthur Conan Doyle exemplificam
reconstituir a fisionomia do século XIX,
a ascensão de um gênero literário
seguindo os caminhos das passagens de
baseado na vida privada, na qual rastros
Paris, denotam a importância do método

3 última tentativa de fuga da arte sitiada pela


Jugendstil [estilo jovem]. Foi um movimento
estético de arquitetura e design alemão do final técnica em sua torre de marfim”. No livro das
do século XIX voltado à arte decorativa. Passagens, Benjamin se dedica ao estudo e
Benjamin (2007, p. 45) diz que neste estilo “O crítica do Jugendstil na Exposé de 1935, no item
individualismo é sua teoria” e que “Representa a IV. Luís Felipe ou o intérieur.

35
fragmentário, reconstituindo todo um uma era, a era da reprodutibilidade de
século a partir de coisas “mínimas”, tais um mundo subsumido ao processo de
como o passante (flâneur), as giro da mercadoria, sob novo aporte
construções em ferro e vidro, os técnico; ou melhor, dominado pela
espelhos, as vitrines, o luxo, a moda e, técnica. Ao que parece, no fim das
evidentemente, as fantasmagóricas contas, é da técnica e seus efeitos na
mercadorias exibidas a partir do seu constituição do humano que ele está
valor de troca. falando, ou em outras palavras: de como
as funções psicológicas superiores
Ainda no conjunto de sua obra, há um
humanas se transformam diante da
importante texto que talvez pudesse ser o
revolução dos meios de produção. Esta é
germe do ensaio da Reprodutibilidade,
a pista de Seligmann-Silva (2015) para
chamado Pequena história da
analisar o ensaio benjaminiano, quando
fotografia, escrito em 1931, elaborado
afirma que a técnica determina modos de
também como estudo para o projeto das
percepção. Consideramos essa
passagens e do qual vários trechos
perspectiva produtiva, pois a mirada
seriam importados em 1935. Por aí,
estética de Benjamin está enraizada no
percebe-se um encadeamento da
conceito de arte grega que, se por um
pesquisa de longo curso realizada para
lado é téchné [τέχνη] – e, portanto, ligada
explicar a nova condição das artes na
à teleologia do fazer humano -, por outro
modernidade, enquanto “[...] caixa de
é aisthitikos [αἰσθητικός] – ou seja, está
ressonância privilegiada para a
ligada ao que é percebido pelas
compreensão do novo papel da técnica”
sensações (estética).
(SELIGMANN-SILVA, 2015, p. 25).
Talvez não fosse ousado sugerir que no
A unidade dialética entre método e
pensamento benjaminiano o estudo da
conteúdo do projeto das Passagens dá a
arte irrompe da técnica, mas nunca como
entender que para ele o estudo das artes
técnica em si, e sim como mônada,
deve ser concebido no mesmo jogo das
enquanto irredutível de uma época.
fantasmagorias que iluminam as
passagens de Paris; são elas próprias Tal insinuação levantaria questões
fantasmagorias, cujo valor de troca fulcrais, tais como se perguntar pela
impera sobre seu valor tradicional de indissociabilidade entre arte e técnica a
uso, de fruição privada, na medida em partir da modernidade. Não seria essa
que são produzidas para serem expostas, mesma a nova função e natureza da arte,
tal como qualquer outro artigo de luxo em geral, diante de suas possibilidades
fetichizado. Assim, o seu estudo de reprodução técnica, conforme
específico da estética está impregnado de analisou Benjamin? Inclusive, não seria
uma análise geral da cultura e do modo essa uma função característica da arte
de produção capitalista. Vem daí sua moderna, diante de sua reprodução: uma
crítica severa ao futurismo de Marinetti obra produzida essencialmente para sua
(BENJAMIN, 2015) e sua estetização da máxima exposição e fruição universal?
política pela concepção de l’art pour De qualquer modo que se responda a
l’art [arte pela arte], advogando, à essas perguntas, pode-se considerar que
contrapelo, o seu engajamento social e o a época que alterou substancialmente o
seu papel emancipador. conceito e a natureza da arte não teria
alterado também a natureza das
Essas razões levam a crer que a questão
percepções humanas?
central do texto de Benjamin, além da
natureza da arte, é também a natureza de

36
Seguimos mais de perto os passos do p. 202). Se conseguimos apreender o
autor. sentido desta sentença, o aspecto
retrógrado pode emergir por dois
Primeiro, é preciso dizer que um dos
motivos principais: distanciamento e
arcanos fenomênicos da modernidade é a
passividade. No primeiro caso, se a obra
emergência da massa, da multidão. Sem
está afastada do público, só pode haver
ela a reprodutibilidade restaria inócua,
fruição à distância (um quadro
pois a condição para a reprodução de
pendurado num museu) ou mais
algo é ter alguém que o receba (use, frua,
comumente a não-fruição (pelas
consuma). Numa relação dialética,
dificuldades do acesso a ela); no
massa e reprodutibilidade estão em razão
proporcional, uma condiciona a outra no segundo, mesmo estando diante de uma
obra clássica, a condição de recepção é
processo de produção capitalista. Então,
a partir da modernidade, não se tem contemplativa, pois não há nenhuma
chance de interação tátil, somente uma
somente uma arte para a massa, mas todo
um mundo construído segundo a sua interação ótica superficial. É a técnica de
reprodução que, ao gerar diversos
existência, incluindo aí a produção e o
consumo da obra artística. exemplares, aproxima do público a obra
que perdeu sua unicidade, sua
É considerando a transformação da turba originalidade. Esse novo processo, que
urbana (HOBSBAWM, 1975) em massa atinge em cheio a arte moderna, é o que
consumidora, que Benjamin vai adiante Benjamin chama de perda da aura4,
na análise das possibilidades de uma arte tornando a obra artística acessível para a
voltada a ela. Entretanto, vai adiante, massa, que se vê submetida a outro modo
porque não se demora na denúncia da de recepção: tátil e ótica, transformando
“liquidação” da arte e sua conversão em sua percepção. É, pois, pela atrofia da
mercadoria, mas já parte deste aura da obra de arte moderna, segundo o
fundamento, do ser-precisamente-assim autor, que se dá a perda da
da estética moderna, para vislumbrar “autenticidade” e da “originalidade” do
rachaduras e possibilidades da objeto artístico a ser percebido.
emergência de uma massa crítica. Essa
questão é apresentada no aforismo No centro desta concepção está o
problema da percepção, que não se trata
Recepção dos quadros, na primeira
versão da Reprodutibilidade, quando de uma faculdade meramente natural e
desde sempre a mesma; ao contrário:
Benjamin diz que a relação das massas
com a arte pode torná-la progressista ou “Para Benjamin, a percepção era
retrógrada. Uma das frases mais nitidamente temporal e cinética; ele
esclarece como a modernidade subverte
polêmicas do ensaio de Benjamin,
causando desconforto entre os seus até mesmo a possibilidade de uma
percepção contemplativa” (CRARY,
interlocutores, parece explicar o seu
posicionamento: “A reprodutibilidade 1990 apud SCHÖTTKER, 2012, p. 97).
Assim como há o declínio da aura da
técnica da obra de arte modifica a relação
da massa com a arte. Retrógrada diante obra clássica e das faculdades mimética
e narrativa, os choques óticos, estéticos e
de Picasso, ela se torna progressista
diante de Chaplin” (BENJAMIN, 2012, táteis de uma modernidade

4 obra de arte pela reprodução técnica, afirma que


Esse conceito benjaminiano, talvez um dos
mais conhecidos, é tomado de Baudelaire e “o que se atrofia na era da reprodutibilidade
aparece no ensaio “Pequena história da técnica da obra de arte é a sua aura”
fotografia”, de 1931. Sobre a perda da aura da (BENJAMIN, 2012, p. 55).

37
autodevoradora também subvertem longas ou rápidas, ampliações e
igualmente uma antiga forma de reduções”, levando à abertura do
percepção, a contemplação, filha do inconsciente ótico, concluindo assim
ócio, que se demora nas coisas e nas essa passagem: “Ela [a câmera] nos abre
quais se imerge sem tempo de fruição pela primeira vez o inconsciente óptico,
(BENJAMIN, 2012). De modo que a do mesmo modo que a psicanálise nos
modernidade clássica, assim como a revelou a experiência do inconsciente
tardia, cria e se alimenta de uma pulsional” (BENJAMIN, 2012, p. 30).
percepção distraída e ocasional.
Infelizmente, sobre esse tal inconsciente,
O tempo da aura e da contemplação é o de inspiração freudiana, não há muito
tempo da vida artesanal; já o tempo do mais explicações no ensaio, mas a
choque é o tempo da velocidade, o tempo relação é das mais originais e profícuas.
cronometrado, o tempo atual. Por mais Pode ser que se trate de uma ideia que
que isso nos fira o brio da avança da estética para considerar a
autoidentificação como seres reflexivos situação perceptiva da modernidade,
e contemplativos, a realidade se impõe deflagrada pelos processos de
duramente, e basta um olhar de relance reprodução mecânica que, de certa
sobre o cotidiano para nos percebermos forma, “autonomizam” as produções
controlados por um tempo que nos é culturais mais variadas, invadindo o
alienado. Se é como disse Ricoeur mundo da cultura para além das artes
(1978), que a narrativa configura a plásticas ou da música. Atualmente, com
experiência humana do tempo, a a reprodução virtual, todos os conteúdos
modernidade tardia nos conta sobre um culturais estão aí dessacralizados,
tempo hiperacelerado, cuja apreensão só lançados como projéteis num clicar do
pode se dar na forma de choques, tão mouse a produzir choques constantes no
rápidos quanto ela própria. espectador [navegador]. Muito ao
Essa problemática levantada por contrário da forma clássica e aurática de
Benjamin não se limita apenas a contemplação estética, da qual o
questões estéticas ou da arte em geral. espectador emerge reflexivamente, na
Seria interessante pensar que o recepção, a partir da modernidade, isso
argumento central do ensaio da se dá por dispersão, pois a “[...] recepção
Reprodutibilidade talvez seja até menos tátil ocorre mais por meio do hábito do
a arte do que a condição humana em que pela atenção” (BENJAMIN, 2015, p.
geral. Trata-se da constituição de um 90). Para ficar mais clara a ideia, vemos
novo modo de experimentar o mundo, o que diz o autor:
inaugurado pela técnica de reprodução e As tarefas que são apresentadas ao
que se espraia para todos os campos de aparato perceptivo humano em
atividades humanas. momentos de transformação
histórica não podem de modo algum
Em outra passagem importante do ser resolvidas por meio da mera
ensaio, Benjamin diz que a fotografia e o óptica, isto é, da contemplação.
cinema deram à arte uma qualidade tátil Guiadas pela recepção tátil, elas são
que, pela atrofia da aura, são lançados paulatinamente dominadas pelo
como projéteis capazes de atingir o hábito.
espectador em forma de choques Também o disperso pode habituar-
perceptivos pela intervenção da “[...] se. Mais: a capacidade de resolver
câmera e seus acessórios, subindo e certas tarefas na dispersão indica
descendo, cortes e closes, sequências que essa solução se tornou hábito

38
[...] A recepção na dispersão, 3. O sujeito comum como produtor na
sintoma de modificações profundas era pós imagem hipermidiática: a
da apercepção, que se faz imagem incendiada
perceptível, com ênfase crescente,
em todos os campos da arte, tem no Parece fora de dúvida que os processos
filme o seu instrumento de exercício contemporâneos de compressão espaço-
apropriado. (BENJAMIN, 2015, p. temporal (HARVEY, 1999),
90-91) possibilitados principalmente pelas
O exemplo benjaminiano deste tipo de tecnologias digitais de informação e
fruição é a obra arquitetônica, que “[...] comunicação e suas mídias
fornece o protótipo da obra de arte cuja correspondentes, têm afetado a vida
recepção ocorre de modo disperso por contemporânea como um todo e
uma coletividade” (BENJAMIN, 2015, colocado pessoas comuns em contato
p. 32). com tantos recursos tecnológicos que
nos remetem à metáfora da “aldeia
Se é assim como diz o autor, caso se trate global”, de McLuhan (1998).
de uma questão de mudança histórica da
percepção, por que ela se limitaria ao A era da reprodutibilidade industrial,
campo das artes? Por que não se segundo Benjamin, solapou os
espraiaria para todos os campos da princípios auráticos da obra de arte que
atividade humana? Cogitamos que não combinam, a um só tempo,
era essa a sua perspectiva; ao contrário, autenticidade, inacessibilidade e
quando analisa a modernidade com a originalidade, dando vazão a um
riqueza de detalhes que nos legou, processo histórico cada vez mais radical
enquanto diagnóstico de uma era, tudo de simbiose e dependência entre arte e
leva a crer que o processo de recepção técnica.
por dispersão se estende Se por um lado a modernidade clássica
exponencialmente para as mais diversas colocou a imagem em movimento a
tarefas a serem resolvidas5. partir da fotografia e do cinema,
Deste ângulo, faz-se importante analisar lançando a imagem num fluxo contínuo
as produções artístico-culturais que lhe permitiu transitar por aí, por
contemporâneas, já que as condições de outro, essa viagem ainda estava na
produção se encontram sintetizadas em dependência material da cópia
pequenos aparelhos manipulados com reproduzida. Por sua vez, a
maestria por crianças e pré-adolescentes. contemporaneidade radicalizou
Algo a se pensar... totalmente esse processo,
autonomizando a imagem, que passa a
levar vida própria, independente e, para
usar a metáfora genial de Didi-
Huberman (2018), “queima” onde quer:
queima no smartphone, na tela da TV, no
notebook, nos outdoors digitais etc. A
conversão da imagem em linguagem
binária incinerou a reprodutibilidade

5 moderno, que Benjamin realiza no ensaio Sobre


Embora não caiba aqui a complexidade desta
discussão, que só abrimos uma pequena janela, alguns temas em Baudelaire [1939], baseando-se
há todo um aprofundamento teórico sobre o em Freud, escrito na sequência da
papel do choque na produção do sensório Reprodutibilidade.

39
clássica das peças visuais [o que ocorreu de produtor distraído, já que a
também com outras peças artísticas] e pulverização da imagem [fixa e em
lançou a imagem em um pós vida movimento] permite ao sujeito comum
parasitário, autônoma. Como diz Virilio inimagináveis possibilidades de
(1989, p. 43, apud SCHÖTTKER, 2012, produção de artefatos audiovisuais,
p. 93): convertendo-os em “[...] produtores
Marcas geométricas, iniciais, a cruz culturais sem sair de casa”
gamada, a silhueta de Chaplin, o (SANTAELLA, 2005, p. 60). Ao que
pássaro azul de Magritte ou a boca tudo indica, vivemos a era do autor-
pintada de vermelho de Marilyn produtor artístico-cultural
levam uma vida própria, parasitária hipermidiático, pois as imagens que nos
[...] Estamos diante da consequência chegam, viajaram de longe, vindas do
lógica de um sistema, que desde ciberespaço, navegando [ou flutuando
alguns séculos atribuiu um papel como as falenas de Didi-Huberman] e
predominante à velocidade das sendo
técnicas de comunicação visual e produzidas/reproduzidas/desintegradas/
oral e ao sistema de intensificação
montadas por sujeitos em tempos e
das mensagens.
espaços muito diversos, a ponto de o
Ampliando ainda mais a metáfora da beijo de Marilyn ou o chapéu de Chaplin
imagem inflamada de Didi-Huberman, a comporem um visual novo para a
era da pós-imagem incinera e reduz a Monalisa de Da Vinci.
imagem à fuligem digital na forma de
bits e pixels, para ressurgir como fênix Por um lado, a imagem (re)pousa nas
de suas próprias cinzas revivida sob mãos do sujeito comum para ser
formas tão diversas quanto queira o seu “queimada”, profanando de uma vez por
‘examinador’ e ‘produtor distraído’. todas uma certa concepção de imagem
Sobre isso, Benjamin já anunciava o como imago dei. Por outro, para usar
aparecimento do examinador distraído uma bela metáfora de Virilio (1988), a
[inclusive da arte], indicando a nova modernidade tardia se instaura sob o
forma de percepção moderna. Disse ele: signo da “máquina de visão”,
“A recepção pela distração, cada vez mecanismo criado na avalanche de um
mais notável em todas as áreas artísticas sistema de controle [vigilância] cada vez
e que constitui um sintoma de profundas mais eficiente e cujo protótipo seria o
mudanças na percepção, tem no cinema perceptron
o seu melhor campo experimental” [...] utilizando a imagem de síntese,
(BENJAMIN, 2015, p. 34). o reconhecimento automático das
formas e não somente o dos
Estudos de estética digital contornos, das silhuetas, como se a
contemporânea desembocam em cronologia da invenção do
conclusões muito próximas, tais como cinematógrafo se repetisse em um
Klaus Kreimeier, que associa o espelho, a era da lanterna mágica
telespectador ao examinador distraído de voltando a ceder diante da câmera
Benjamin, dizendo que “[...] o de registro, prenunciando a
telespectador é o examinador cético por holografia numérica... (VIRILIO,
excelência” (apud SHÖTTKER, 2015, p. 1988, p. 100)
98). Então, se as condições técnicas da Das observações futuristas do autor, para
modernidade clássica criaram o cá, muita coisa mudou. O perceptron
consumidor/fruidor distraído, a era agiganta-se cada vez mais e a automação
digital criou o que poderíamos chamar invade a vida cotidiana. Desde a intenção

40
de adquirir um produto a ser comprado, De modo que a experiência
ao seu consumo, a cada dia fica mais contemporânea está intrinsecamente
difícil saber se o escolhemos de fato ou a mediada e hipermidiada por imagens.
inteligência artificial do algoritmo O ensaio da Reprodutibilidade, escrito
escolheu por nós. E tudo isso se dá nas primeiras décadas do século XX,
sobretudo no domínio da imagem, seja aponta para a origem do fenômeno da era
fixa ou móvel, mas que alimenta a da imagem, dimensionando seu impacto
fábrica de ilusões fantasmagóricas da devastador tanto para a natureza quanto
mercadoria. Segue ainda o alerta de função social da arte, provocando
Virilio (1988, p. 106): “[...] a óptica discussões acaloradas em diversos
numérica é uma figura racional da setores do pensamento, sobretudo no
embriaguez, da embriaguez estatística, campo das tradicionais beaux arts. Seu
ou seja, de uma perturbação da legado permanece como um vasto
percepção que afeta tanto o real quanto o claviculário com múltiplas chaves para
figurado. Como se a sociedade se pensar a era pós-imagem analógica.
mergulhasse na noite de um cegamento
voluntário [...]”. Essa mesma era, que criou os diversos
experts em linguagem de programação e
Eis o preço histórico a se pagar quando digital, também dá origem ao produtor
se retira a imagem das mãos dos digital distraído, o que faz arte e brinca
especialistas para deixá-la flanar por aí, com imagens fixas e móveis tão
como falenas de significação. corriqueiramente quanto um esportista
Parece que, apesar dos sinais de tempos amador se entretém nas brincadeiras.
pós-imagem perceptrônicas, o pequeno- Agora, se isso significa que entramos
monumental ensaio de Benjamin não numa era de “reprodutibilidade digital
esgotou suas mediações e nos provoca a hipermidiática” da obra de arte ou não,
pensar o contemporâneo não apenas com a palavra os especialistas; mas
como mudanças na técnica, mas parece muito provável que estamos
mudanças na percepção humana. diante de práticas artístico-culturais com
Considerações finais imagens autônomas.
Embora a questão seja complexa e Se olharmos do ponto de vista de Didi-
motivo de disputas históricas, a Huberman e considerarmos que “[...]
concepção de que a arte imita a vida, saber olhar uma imagem seria, de certo
segundo clássica fórmula de Aristóteles, modo, tornar-se capaz de discernir onde
parece que a imitação vive atualmente ela queima [...] Onde a cinza não
um momento periclitante, pois a vida, o esfriou” (2018, p. 46), é forçoso pensar
real, tornou-se cada vez mais um mero que a história nos solicita um olhar
espetáculo, criado e recriado por atento para os diversos mundos
imagens fragmentadas, fragmentárias, hipermidiáticos em que a imagem
transbordantes e incendiadas. Nesse incandesce sem parar à revelia de
contexto, é possível que ande muito em normas e tradições.
voga a fórmula de Guy Debord (2006, p.
14): “O espetáculo é expressamente o
setor que concentra todo olhar e toda a
consciência”. Assim, todos os setores em
que nos movemos são a cada dia mais
inventados-transcriados pela imagem, nos
mais diversos campos de atuação da vida.

41
Referências RICOEUR, P. O conflito das interpretações:
ensaios de hermenêutica. Tradução: Hilton
BENJAMIN, W. Passagens. Org. Ed. alemã
Japiassu. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1978.
Rolf Thiedemann; Org. Ed. brasileira Willi
Bolle. Minas Gerais: Editora UFMG, 2007. SANTELLA, L. Por que as comunicações e as
artes estão convergindo? São Paulo: Paulus,
______. Obras Escolhidas I, Magia e técnica,
2005.
arte e política: ensaios sobre literatura e história
da cultura. Trad. Sérgio P. Rouanet. São Paulo: SELIGMANN-SILVA. A “segunda técnica” em
Brasiliense, 2012. Walter Benjamin: o cinema e o novo mito da
caverna. In: BENJAMIN, W. A obra de arte na
______. A obra de arte na era de sua
era de sua reprodutibilidade técnica.
reprodutibilidade técnica. Organização:
Organização: Márcio Seligmann-Silva. Trad.
Márcio Seligmann-Silva. Trad. Gabriel V. da
Gabriel V. da Silva. Porto Alegre, RS: L&PM,
Silva. Porto Alegre, RS: L&PM, 2015.
2015.
______. A obra de arte na era da sua
SCHÖTTKER, D. Comentários sobre Benjamin
reprodutibilidade técnica. In: CAPISTRANO,
e a obra de arte. In: CAPISTRANO, Tadeu
Tadeu (Org.). Benjamin e a obra de arte:
(Org.). Benjamin e a obra de arte: técnica,
técnica, imagem, percepção. Tradução: Marijane
imagem, percepção. Tradução: Marijane Lisboa
Lisboa e Vera Ribeiro. Rio de Janeiro:
e Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto,
Contraponto, 2012. p. 11-42.
2012. p. 43-169.
BENJAMIN, W. Estética e sociologia da arte.
THIEDEMANN, R. Introdução à edição alemã
Tradução: João Barrento. Belo Horizonte:
(1982). In: BENJAMIN, W. Passagens. Belo
Autêntica, 2017.
Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa
DEBORD. G. A Sociedade do Espetáculo. Rio Oficial do Estado de São Paulo, 2007.
de Janeiro: Contraponto, 2006.
VIRÍLIO, Paul. A máquina de visão. Rio de
DIDI-HUBERMAN, G. A imagem queima. Janeiro: José Olympio Editor, 1988.
Tradução: Helano Ribeiro. Curitiba: Medusa,
2018.
Recebido em 2021-04-19
HARVEY, D. Condição pós-moderna. São
Publicado em 2021-07-01
Paulo: Loyola, 1999.

42

Você também pode gostar