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Fig. 1 Fig. 2
A espiral como estrutura dinâmica, princípio construtivo ou processo
musical tem sido objeto de pesquisa composicional do autor desde 1988,
iniciando com Pralâya, para piano solo. Desde então, diversas outras
composições realizaram diferentes temporalidades espirais: organizações do
tempo musical que seguem o desenrolar cíclico em contínua e intensificada
transformação característico da espiral. Assim como é possível criar diversas
linhas espirais definidas por diferentes geometrias e matemáticas, são
inúmeros os modos pelos quais a temporalidade musical pode expandir-se ou
contrair-se como uma espiral.
A macroforma de Metagon, como a de outras composições anteriores5,
determina um único segmento finito de uma tendência espiral melódica,
rítmica e textural possivelmente infinita. É neste sentido que se pode dizer
que a música não termina, mas simplesmente pára, pois o processo teria
continuado ad infinitum6. Além disto, esta identidade macroforma/espiral
resulta num devir musical de tipo processual e gradual. A concepção de
música como processo gradual remonta às primeiras teorizações do
compositor Steve Reich (n. 1933) que, em seu pequeno ensaio de 1968, Music
as a Gradual Process, propõe uma música que é, literalmente, o processo.
Para ele, este processo deve ser perceptível, ideia que, de modo parecido,
também importa em Metagon, pois busca-se a estrutura ou o processo
7 “once the process is set up and loaded it runs by itself.” (Reich, 1974) (tradução do autor)
8 A expressão “ciclo fraseológico” tenta colocar as “frases” musicais no contexto de tempo
cíclico, em contraste com o que tradicionalmente se entende por “frases” no estudo da
fraseologia ou morfologia musical, que, pelo menos na música clássico/romântica ocidental,
as contextualizam num tempo linear e dialético. A expressão passa a ser abreviada para
“ciclo”, simplesmente, e indica, na música de temporalidade espiral, uma estrutura do
discurso (melhor dizendo, do decurso) que tem, como a frase, um sentido completo. Este
sentido completo é, justamente, o completar-se de um giro da espiral.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA