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História – Memória - Nação

História e Memória
• História – disciplina científica – implica a construção de uma narrativa,
seleção de informação, classificação como eventos, protagonistas,
estabelecimento de uma lógica, de um início, sequência, fim, explicações
e motivações
• Enquanto narrativa, e com os devidos cuidados de rigor científico, implica:
quem narra, sobre quem, com que objetivo, com que perspetiva e foco,
com que seleção de dados, com que interpretação, com que organização
da narrativa – ou seja, é conhecimento situado (quem o faz, em que
contexto) e pode ser recontado com novos dados, novas perspetivas,
novos paradigmas epistemológicos, abrindo para novos protagonistas,
novas visões, novas narrativas
• A História refere-se ao passado mas é um processo dinâmico de construção
Memória
• Memória individual
• Memória colectiva
• Memória pública / oficial
• Memória nacional
• Da memória individual à memória colectiva: os quadros sociais da memória
• Memórias partilhadas – significados partilhados – a cultura
• Memória e esquecimento
• Processos de memorialização – individuais, colectivos, institucionais,
políticos

Memória colectiva e pertença: a Nação
• Narrativas que devem conferir coesão a uma comunidade – Benedict
Anderson: nação é comunidade imaginada.
• Em geral, realçam momentos vitoriosos, apagam momentos negativos
• Construção da noção de povo implica um processo teleológico para uma
ideia de “destino” – povo eleito por alguma entidade transcendente
• A lógica narrativa constrói-se com vista a este final heróico, que pode ser
uma recuperação de um passado imaginado
• As narrativas da História articulam-se com as da memória colectiva,
revelando disputas de poder (nem toda a História se reflecte na memória
colectiva e pública – em geral, a história hegemónica, sim).
Narrativa da nação
• Invenção recente: séc. XIX – ideia de Volk, Kulturnation
• Assenta na memória colectiva e pública
• Assenta numa narrativa dominante da História – um conjunto de eventos e
protagonistas que implica uma seleção – visibilidades e invisibilidades,
apagamentos e silenciamentos, omissões
• A construção do “corpo” nacional – ligação ao paradigma público da
memória e da História – Eventos políticos e bélicos – o herói masculino
• Consolidação da nação – cânone literário, cânone estético, símbolos
(bandeira, hino, moeda), locais de memória, cenários, conservação
museológica e arquivística
• Processos activos de memorialização – monumentos, toponímia, conteúdo
do ensino escolar (história hegemónica, cânone literário e artístico),
musealização, etc.
Disputas da memória e dever de memória
• A construção da memória inclui e exclui, lembra e esquece
• Faz-se a partir do presente e é um processo inacabado e tenso (não
está fixa no passado)
• As novas leituras da História contribuem para esta evolução –
exemplo: a crítica de género ao paradigma da história; a crítica pós-
colonial – perguntam: que exclusões fazemos quando contamos a
história de uma determinada maneira?
• As disputas de poder no presente influem nas novas memórias
também tentando ter lugar na narrativa hegemónica e no corpo da
nação: exemplo – mulheres, pessoas não-brancas, pessoas de classe
social baixa como sujeitos históricos e protagonistas da história
Os momentos “negativos” da História
• Dever de memória e testemunho
• Ex: Holocausto – Primo Levi – “Se Isto é um Homem?” ; “Os que
sucumbem e os que se salvam” – os alemães e a
“Vergangenheitsbewältigung” (incapacidade de lidar com um
passado colectivo traumático – os silêncios, a “culpa” colectiva)
• A escravatura vs a narrativa dos descobrimentos (Portugal e outras
nações imperiais) - negação
• Ética da memória – como nos comportamos em relação a memórias
trágicas e às suas vítimas?
Bibliografia
• Stuart Hall: nação (material de apoio)
• Primo Levi, Se Isto É Um Homem (material de apoio)
• Astrid Erll, Memory (material de apoio)
• Patrick Geary, O Mito das Nações.

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