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Nutrição de Monogástricos

Prof. Antonella Mattei

NUTRIÇÃO PARENTERAL

Ana Carolina Metz Loesch


Augustho Toscan Rizzon
Marcelo Bazzo Flach
Fernanda Trentin Piacentini
Juliana Wanderley Serra Marchetto
INTRODUÇÃO

● Botulismo é uma doença cuja causa principal é a paralisia muscular, causada por neurotoxinas que são
absorvidas e disseminadas pelo organismo após a ingestão de alimentos contaminados pela toxina
pré-formada;
● São fatores de risco para pneumonia aspiritiva (PA): alterações laríngeas e esofágicas (DEWEY et al.,
1997:LORINSON: BRIGHT: WHITE, 1997) diminuição do nível de consciência ou constante posicionamento
em decúbito lateral devido a alterações neurológicas (MILLER et al., 1983);
● Na parte nutricional pode se notar alterações na mastigação, preensão, deglutição;
MATERIAIS E MÉTODOS
CASO 1:

● Canino, labrador, macho, cinco anos, 25kg, retornou de uma fuga apática, chegou ao hospital veterinário não
conseguindo se manter em estação e com lesão.
● Exame físico foi constatado desidratação maior que 8,0% pelo baixo turgor da pele;
● Exame neurológico observou alteração na sensibilidade nasal em ambos lados da narina, ausência de reflexos
patelar em ambos os membros e diminuição do flexor em membros posteriores;
● Ultrassonografia observou conteúdo sólido no estômago, alças intestinais dilatadas, linfonodos abdominais
aumentados;
● Radiografia observou dilatação gasosa do estômago, com fragmentos de radiopacidade óssea e esôfago com
discreta coleção gasosa;
● Apresentava também, eritrocitose, leucocitose por neutrofilia segmentar e monocitose, linfopenia,
hiperalbuminemia, hiperproteinemia, aumento de atividade sérica da enzima alanina aminotransferase e
azotemia;
MATERIAIS E MÉTODOS
CASO 1:

● Diagnóstico foi botulismo, insuficiência renal aguda e lesão com trauma;


● Foram feitas duas provas de carga com reposição volêmica, fluidoterapia (Ringer lactato) e glicose a 3,0%;
mantido com sonda uretral e recebendo por via injetável, tramadol, ranitidina, ceftriaxona, metronidazol e
maropitant.
● Manejo nutricional estava sendo feito através de alimentos úmidos enlatados, após recebeu solução de
nutrição parenteral parcial (NPP);
MATERIAIS E MÉTODOS
CASO 2:

● Canino, sem raça definida, macho castrado, 7 anos de idade, 15kg, chegou no hospital com apatia e ausência
de movimentação nos quatro membros, sem capacidade de manter-se na estação.
● Exame físico percebeu-se animal apático, ixodidiose intensa, paraplegia flácida dos quatro membros, ausência
de reflexo patelar, leve desidratação.
● No exame nutricional, notou-se histórico dietético à base de alimento seco extrusado, comprado a granel e
recebia as sobras dos alimentos dos tutores e tinha acesso à rua.
● Apresentava normoglicemia, hiperproteinemia, hemograma sem alterações, concentração sérica de ureia,
creatinina e albumina e atividade sérica de ALT e fosfatase alcalina.
● A radiografia torácica foi observado dilatação gasosa do esôfago torácico, que mede 3,5cm, opacificação
interstício-bronquial difusa em região perineal dos campos pulmonares esquerdo e caudal direito.
MATERIAIS E MÉTODOS

CASO 2

● O animal foi diagnosticado com butulismo, megaesofago e pneumonia.


● Foi realizada uma fluidoterapia com solução Ringer lactato (500ml por dia), aplicação de carrapaticida,
acetilcisteína, enema com solução de lactulona a 30%, enrofloxicina e sondagem uretral.
● Via sonda nasogástrica foi administrado alimento seco hipercalórico em pó, indicado para cães em
recuperação sob cuidados intensivos
RESULTADOS

CASO 1

● Nos quatro primeiros dias, o animal parecia ter interesse por alimentos secos e úmidos, mas o paciente
continuava prostrado, sem alteração no exame físico,com discreta movimentação em membros anteriores e
com glicemias oscilando entre 50 e 70 mg/dL.
● A partir do quarto dia, o animal começou a apresentar quadro de tosse intensa após todas as refeições,
evoluindo para crepitação na ausculta pulmonar e imagem radiográfica compatível com pneumonias.
● No 5º e 6º dia, recebeu solução de nutrição parenteral parcial com o intuito de hidratação.
● Após o início da administração da NPP percebeu-se diminuição da azotemia sob velocidade de 1,7 mL/kg/h,
por dois dias, no 2º dia de NPP, paciente apresentou uma boa melhora, começou a ingerir água e apanhar e
deglutir alimentos sozinho, sem dificuldade, passou a receber alimento super premium sob necessidade
energética de manutenção
● No 8º dia de internação, o animal estava alerta, começou a ficar em alerta e deambular sem dificuldade.
● Foi liberado para tratamento em casa, mantendo medicamentos, alimentos e doses. Em uma semana o animal
retornou ao hospital em ótimo estado geral.
RESULTADOS

CASO 2

● Animal não foi internado devido às condições do tutor


● No 1º dia o tutor tentou fornecer alimentação e água ao animal, porém sem sucesso devido a não aceitação e
receio a aspiração.
● No 2º dia, devido ao risco de contaminação do centro cirúrgico por ectoparasitas e quadro grave do paciente,
optou-se a colocação de sonda gástrica, foi administrado alimento seco e hipercalórico em pó diluído em
água, até consistência líquida, e foi recomendado que o animal fosse mantido em plataforma inclinada, com a
cabeça elevada, para minimizar o risco de regurgitação gastroesofágica.
● No dia seguinte, o animal apresentou uma discreta melhora, com um olhar alerta, defecou de forma
espontânea e manteve boa hidratação.
● No 4º dia, tutor relatou melhora de 60%, pois animal movimenta cabeça e membros
● No 7º dia, animal começou a aceitar alimentação voluntária e apenas o membro esquerdo estava sem
movimentação
RESULTADOS

CASO 2

● No 10º dia, animal conseguia manter-se em estação, conseguiu dar pequenos passos
● Foi prescrito alimento comercial seco extrusado
● Em uma nova radiografia havia melhora do quadro de broncopneumonia, sem dilatação esofágica.
● No 17º dia, tutor afirmou excelente estado geral do paciente, animal conseguia levantar sozinho e a sonda foi
removida e o único medicamento administrado era a lactulona, que foi suspensa
● Tutor compareceu novamente ao hospital no 50º dia com o animal em perfeito estado, sem alteração na
locomoção e pesando 15,6kg.
DISCUSSÃO
● O paciente diagnosticado com botulismo é geralmente baseado no histórico e achados clínicos apesar de
haver metodologias diagnósticas mais específicas, como achado da toxina no soro, nas fezes, no vômito, no
conteúdo gástrico e/ou até mesmo a dosagem de anticorpos
● Nos dois casos os pacientes se recuperaram, inclusive com regressão do megaesofago e da insuficiência
renal aguda, secundária ao quadro tóxico e a desidratação.
● Para a prevenção da PA na disfagia ou doenças esofágicas, como megaesôfago e o botulismo, a
recomendação e a alimentação bipedal ou sondagem gástrica
● No 1º caso a alimentação iniciou-se desta forma porém teve tosse e pneumonia com possibilidade de ser
consequente da aspiração do alimento.
● Paciente apresentou melhora após início da NPP, a glicemia foi monitorada 2x ao dia,outros parâmetros
também foram monitorados como exame físico completo, pressão arterial e temperatura.
● É recomendado que a concentração sérica de eletrólitos seja acompanhada durante a infusão devido à
presença da insuficiência renal aguda.
● No 2º caso os cuidados com a PA devem ser ainda maiores, visto que evidências radiográficas de aspiração
de alimento são associadas com a morte e negativamente com o tempo de sobrevida do cão com
megaesofago.
● Optou-se pelo uso de sonda com fio guia e com extremidade mais pesada pela presença de tungstênio,
DISCUSSÃO
● Este é o primeiro caso relatado que realiza a alimentação em cães com megaesofago via sondagem
nasogastrica
● Apesar do sucesso com a sonda nasogástrica, se questiona a possibilidade de as sondas nasogástricas
predisporem a ocorrência de PA, por modificação da microbiota gástrica e/ou ascensão de microrganismos
para a região de orofaringe
● A quantidade calórica a perfil nutricional fornecidos aos pacientes com botulismo não chega a ser alcançar o
balanço nitrogenado neutro, mas pelo menos fornece os nutrientes que mantenham os estoques proteicos
viscerais
CONCLUSÃO

Com base nos dados relatados acima, é essencial que os veterinários desenvolvam protocolos de avaliação
nutricional para garantir que as decisões referentes ao suporte nutricional sejam feitas de forma segura e efetiva. As
técnicas de NP possibilitam a nutrição de pacientes aos quais não seria possível o fornecimento de alimentos por via
enteral, e são extremamente importantes na prevenção e tratamento da subnutrição de cães e gatos hospitalizados. A
NP, entretanto, pode apresentar complicações graves, de forma que a escolha dos pacientes, a monitoração do
suporte nutricional e a utilização de procedimentos de preparo e administração da solução de NP corretos são
essenciais ao sucesso da terapia. Vários pontos da NP na medicina veterinária ainda precisam ser confirmados em
novos estudos, como o momento de início, as indicações, as fórmulas e o real efeito da terapia sobre o prognóstico
dos pacientes.

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