Você está na página 1de 71

Terapia Nutricional Enteral

Profa. Dra. Glorimar Rosa


e-mail – glorimar@nutricao.ufrj.br
PROGRAMAÇÃO
1. Valorização do tema
2. Terapia oral
3. Nutrição Enteral – Conceito e Objetivos
4. Atribuição do Nutricionista
5. Terapia Nutricional Enteral
a) Conceito
b) Indicações
c) Contra-indicações
d) Vias de acesso
e) Vantagens do posicionamento gástrico
f) Avaliação do posicionamento gástrico
g) Desvantagens do posicionamento
gástrico
6. Escolha da via e da fórmula a ser
empregada
7. Vias de acesso
BIBLIOGRAFIA

• Cuppari, L. Nutrição Clínica no Adulto. 3ª ed. Editora Manole , 2009.


• Waitzberg,DL.Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica.Editora
Atheneu,2009.
• Manual da equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN)do Hospital
Universitário da Universidade de SãoPaulo-HU/USP,2014.
• Guidelines ASPEN/SCCM2016.
• Resoluçãonº63-06dejulhode2000-ANVISA.
• Resoluçãonº21-13demaio de2015-ANVISA.
• Peterson SJ, Tsai AA, Scala CM, Sowa DC, She ean PM, Brauns chweig CL.
Adequacy of oral intakeincriticallyill patients1weekafterextubation.JAmDiet
Assoc.2010Mar;110(3):42733.
• SOBOTKAL. Bases da Nutrição Clínica. 3ed.Rio de Janeiro:Editora Rubio,2008
VALORIZAÇÃO DO TEMA

Em CTIs 40% dos


pacientes não
recebem nutrição
adequada

Terapia nutricional
Terapia= terapêutica
Nutricional= nutrir; alimentar; fortificar

O Ministério da Saúde afirma que: no Brasil existem 424


hospitais habilitados para a prática da TERAPIA NUTRICIONAL.

Folha de São Paulo- 01 de Janeiro de 2018


TERAPIA ORAL

• Indicações:

Pacientes com aceitação alimentar inferior a


60% por 5 a 10 dias consecutivos
Fonte: FRESENIUS

Waitzberg DL , 2009
CONCEITUANDO NUTRIÇÃO ENTERAL

“Alimento para fins especiais, industrializado, apto para uso por tubo
e, opcionalmente, por via oral, consumido somente sob orientação
médica ou de nutricionista, especialmente processado ou elaborado
para ser utilizado deforma exclusiva ou complementar na
alimentação de pacientes com capacidade limitada de ingerir, digerir,
absorver ou metabolizar alimentos convencionais ou de pacientes
que possuem necessidades nutricionais específicas determinadas
por sua condição clínica”
Resolução nº 21-13 de maio de 2015- ANVISA
OBJETIVOS DA NUTRIÇÃO ENTERAL

• Prevenir ou tratar as deficiências de macro e


micronutrientes
• Fornecer a quantidade de nutrientes
compatíveis com o metabolismo
• Evitar complicações da doença
• Diminuir o tempo de hospitalização
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA
Realizar a avaliação do estado nutricional do paciente, utilizando indicadores
nutricionais subjetivos e objetivos,com base em protocolo pré
estabelecido,deforma a identificar o risco ou deficiência nutricional Elaborar a
prescrição dietética com bases nas diretrizes estabelecidas na prescrição
médica Formular a nutrição enteral (NE) estabelecendo a sua composição
qualitativa e quantitativa,seu fracionamento segundo horários e forma de
apresentação Acompanhar a evolução nutricional do paciente em TNE,
independente da via de administração, até a alta nutricional estabelecida pela
equipe multiprofissional dietoterapia nutricional Adequar a prescrição dietética,
em consenso com o médico,com base na evolução nutricional e tolerância
digestiva apresentadas pelo paciente

Resolução nº 63-6 de julho de 2000- ANVISA


ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA
• Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas a
evolução nutricional do paciente.
• Orientar o paciente, a família ou o responsável legal, quanto a preparação
e a utilização da NE prescrita para o período após a alta hospitalar.
• Utilizar técnicas pré-estabelecidas de preparação da nutrição enteral (NE)
que assegurem a manutenção das características organolépticas e a
garantia microbiológica e bromatológica dentro de padrões recomendados
pelas BPPNE.
• Selecionar, adquirir, armazenar e distribuir, criteriosamente, os insumos
necessários ao preparo da NE,bem como a (NE) industrializada.
BPPNE- boas práticas de preparo da nutrição enteral Resolução nº 63-6 de julho de 2000-
ANVISA
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA

• Qualificar fornecedores e assegurar que a entrega dos insumos da NE industrializada


seja acompanhada do certificado de análise emitido pelo fabricante
• Assegurar que os rótulos da nutrição enteral(NE) apresentem,de maneira clara e
precisa, todas as diretrizes exigidas – rotulagem e embalagem de acordo com as
BPPNE
• Assegurar a correta amostragem da NE preparada para análise microbiológica,
segundo as BPPNE
• Atender aos requisitos técnicos na manipulação da NE
• Participar de estudos para o desenvolvimento de novas formulações de NE
• Organizar e operacionalizar as áreas e atividades de preparação

BPPNE- Boas práticas de preparo da nutrição enteral Resolução nº 63-6 de julho de 2000- ANVISA
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA

• Participar, promover e registrar as atividades de treinamento operacional


e de educação continuada, garantindo a atualização de seus
colaboradores, bem como para todos os profissionais envolvidos na
preparação da nutrição enteral Fazer o registro,que pode ser
informatizado,onde conste,no mínimo: data e hora da manipulação ,
nome completo e registro do paciente , número sequencial da
manipulação número de doses manipuladas por prescrição identificação
(nome e registro)da nutricionista e do manipulador prazo de validade
Resolução nº 63-6 de julho de 2000- ANVISA
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA

• Desenvolver e atualizar regularmente as diretrizes e procedimentos relativos aos


aspectos operacionais da preparação da nutrição enteral (NE) Supervisionar e
promover auto inspeção nas rotinas operacionais da preparação da NE

Resolução nº 63-6 de julho de 2000- ANVISA


INDICAÇÕES DA TERAPIA ENTERAL

• Sistema gastrointestinal total ou parcialmente


funcional.
• Impossibilidade de alimentação por via oral.
• Ingestão insatisfatória de nutrientes e energia.

Waitzberg DL , 2009
Contra indicações da via enteral
• Doença terminal
• Síndrome do intestino curto (ressecção maciça)
• Vômitos incoercíveis
• Diarréia refratária
• Fístula intestinal (médio jejuno e de alto débito)
• Isquemia intestinal
• Instabilidade hemodinâmica
• Disfunção do trato gastrointestinal ou condições que requerem repouso intestinal
• Obstrução intestinal; Peritonite grave
• Refluxo gastro-esofágico intenso
• Íleo paralítico intestinal
• Sangramento digestivo maciço

Waitzberg DL , 2009
VIAS DE ACESSO

• Oral : Acesso pela boca


• Enteral:
✓ Acesso por sonda com inserção oral ou nasal
✓ Acesso por sonda implantada no estômago ou
intestino delgado
• Parenteral : Acesso venoso

Waitzberg DL , 2009
VIAS DE ACESSO
VANTAGENS DO POSICIONAMENTO GÁSTRICO
• Mais fisiológico
• Preserva as funções digestivas e os processos hormonais e bacterianos do
estômago .
• Fácil posicionamento, com a inserção da sonda é feita á beira do leito manualmente
.
• É a forma mas fácil e com menor custo pra o processo nutricional enteral .
• Maior tolerância á fórmulas variadas e com volumes maiores.
• Ideal para pacientes com motilidade gástrica preservada, sem grande de aspiração
.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA GÁSTRICO

Ausculta da insuflação
Verifica-se posição da Aspira-se o conteúdo
de ar no estômago e
sonda gástrico
exame radiológico
Contraindicação da passagem do cateter enteral
AVALIAÇÃO DO SISTEMA GÁSTRICO
COM RELAÇÃO A DEGLUTIÇÃO

Sem risco para disfagia – dieta V.O.


Com risco - via alternativa exclusiva SNE/GTT poderá ser indireta sem a oferta por
V.O., ou direta com reintrodução por V.O. progressiva.
Quando se avalia a deglutição e, faz a NE parcialmente ou total, os cuidados
a serem tomados serão; com modificação, ou não, com manobras, se atentar para
a consistência; uso de espessantes e observar a questão da limpeza, postura e
facilitadores.
SNE: sonda nasoenteral, GTT: gastrostomia, VO: via oral

EMTN HU/USP, 2014


DESVANTAGEM DO POSIOCIONAMENTO GÁSTRICO

• Quando o paciente tem um alto riso de aspiração


geralmente são aqueles com dificuldade
neuromotoras de deglutição .
• Saída acidental da sonda devido á tosse, náuseas
ou vômitos .
Não há dados conclusivos da relação da TNE gástrica
e broncoaspiração.
No entanto, os profissionais priorizam posicionamento
pós-pilórico nos pacientes mais graves .
QUAL VIA ESCOLHER ? GÁSTRICA OU
ENTÉRICA ?

Catéter Curta duração :Cateter de Levine-posicionamento gástrico


de Cateter enteral posicionamento gástrico,duodenal ou jejunal
Levine

Longa duração : Gastrostomia (GTT)


Jejunostomia( JTT)

Fonte: Waitzberg DL , 2009


VIAS DE ACESSO
Cateter Enteral

• Poliuretano ou Silicone
• Peso 5 ou 7g (questionável o uso do peso como facilitador)
• Comprimento da sonda pós-pilórica-108a150cm
• Marcação em torno de 60cm sonda gástrica e a partir de 80cm pós-pilórica
Lubrificante interno (impede a aderência do guia a sonda)
• Calibre10-12 French (F)-ideal para adulto
• Diâmetro(1F)=1Charriére(CH)=0,33mm
• Conexões fixas
• Radiopaca
Waitzberg DL , 2009

Sonda de Bixen
POSICIONAMENTO ENTÉRICO
(DUODENO OU JEJUNAL )
INDICAÇÕES

• Pacientes com risco de aspiração


• Refluxo esofágico
• Retardo no esvaziamento gástrico (gastroparesia) ou náusea e vômitos
persistente
• Câncer gástrico
• Obstruções antro-duodenais malignas ou benignas
• Necessidade de repouso bilio-pancreático
• Fístulas em segmento anteriores do TGI
VANTAGENS POSICIONAMENTO
ENTÉRICO - DUODENO OU JEJUNAL

• Menor risco de aspiração


• Não ocorrer a saída acidental da sonda
• Permite a nutrição enteral quando a alimentação gástrica é inconveniente ou inoportuna
DESVANTAGENS DO POSICIONAMENTO
ENTÉRICO DUODENO OU JEJUNAL

• Risco de aspiração em pacientes que têm mobilidade alterada ou alimentação á noite


• Desalojamento acidental, podendo causar refluxo gástrico
• Requer dietas normo ou hipo osmolares
CONTRA INDICAÇÃO DA PASSAGEM DO
CATETER ENTERAL

• Coagulopatia
• Hemorragia do trato gastrointestinal
• Obstrução esofagiana grave
• Paciente agitado
• Recusa do paciente

Waitzberg DL , 2009
Indicações :
GASTROSTOMIA (GTT)
Nutrição por longo prazo (> 6 semanas)
AVC com distúrbio de deglutição
Esofagectomia
Tumor de esôfago inoperável
Radiação de orofaringe com estenose
Tumor de faringe com compressão extrínseca
Ventilação prolongada
Necessidade de suporte nutricional artificial por mas de 4 semanas

Contraindicações : Absolutas
Refluxo gastroesofágico grave
Gastroparesia
Ascite volumosa
Obstrução intestinal ,falência intestinal
Diálise peritoneal
Derivação ventrículo peritoneal
Fístulas de alto débito (>500ml/24 horas )

Waitzberg DL , 2009
CONTRAINDICAÇÕES relativas (GTT)

• Hipertensão porta grave


• Obesidade grave
• Hepatomegalia
• Distorção anatômica por cirurgia prévia ou inflamação
• Ascite
JEJUNOSTOMIA (JTT)

Indicações :
Tumor gástrico em fase terminal
Pós-operatório de gastrectomia total
Refluxo gastroesofágico grave
Fístula esôfago brônquica
Duodenopancreatectomia

Contraindicações:
Via gástrica inviável

Waitzberg DL , 2009
JEJUNOSTOMIA
VANTAGENS DAS OSTOMIAS
(GASTROSTOMIAS E JEJUNOSTOMIAS)

• Maior diâmetro
• Menor tendência a obstrução
• Permitem a administração mas fácil e rápida de dieta e
medicamentos
• Menor risco de aspiração
• São mas convenientes e esteticamente aceitáveis
GASTROSTOMIA
GASTROSTOMIA (GTT)
INFRAESTRUTURA FÍSICA SALA DE
MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS
• a. Área de armazenamento
• b. Sala de recebimento de prescrições e dispensação de nutrição enteral (NE)
• c. Sala de limpeza e sanitização de insumos
• d. Vestiário
• e. Sala de preparo de alimentos “in natura”
• f. Sala de manipulação e envase de NE
• g. Sanitários de funcionários (masculino e feminino)
• h. Depósito de material de limpeza
• No caso de utilização exclusiva em sistema fechado, a Unidade Hospitalar fica
dispensada da existência dos itens:c), d),e), f)
• Ambientes que não podem ser compartilhados como outras unidades:e),f)
COMO SELECIONAR A FORMULAÇÃO
ENTERAL ADEQUADA ?
• Nutrição Enteral em Sistema Aberto - nutrição enteral que requer
manipulação prévia à sua administração, para uso imediato ou atendendo
à orientação do fabricante.

• Nutrição Enteral em Sistema Fechado - nutrição enteral industrializada,


estéril, acondicionada em recipiente hermeticamente fechado e apropriado
para conexão ao equipo de administração.

• Nutrição Enteral Artesanal - nutrição enteral preparada a base de


módulos de nutrientes. Sua composição química é estimada e necessita
de sondas mais calibrosas.
ASPEN, 2009 ; RDC, 63/2000
COMO SELECIONAR A FÓRMULA CORRETA ?

Devemos avaliar com atenção

• Integridade do Sistema gastrointestinal: (avaliar a capacidade digestiva e


absortiva)
• Estado geral e condição clínica (avaliar a situação metabólica)
• Presença de doença específica (conteúdo de minerais e eletrólitos para
pacientes com disfunções: renal, hepática e cardíaca) Necessidade de
restrição hídrica e/ou de algum nutriente específico (densidade energética e
oferta protéica).

Waitzberg DL , 2009
FÓRMULAS PARA NUTRIÇÃO ENTERAL
DISPONÍVEIS NO MERCADO

Danone
Abbot
Nestlé

Fresenius
FÓRMULAS PARA NUTRIÇÃO ENTERAL
DISPONÍVEIS NO MERCADO
FÓRMULAS ENTERAIS DE ACORDO COM A
COMPLEXIDADE DOS NUTRIENTES

• Polimérica: Somente com proteínas na forma intacta. fórmula de


primeira escolha. Osmolaridade mais baixa
• Oligomérica: Quantidade de proteínas hidrolisadas na forma de
peptídeos (cadeias de 2 a 50 aminoácidos) superior a 50% do teor de
proteína no produto, não podem conter proteínas na forma intacta.
Maior osmolaridade. Indicada para pacientes com TGI em capacidade
limitada de digestão.

Resolução n 21-13 de maio de 2015 –ANVISA


FÓRMULAS ENTERAIS DEACORDO COM
ACOMPLEXIDADE DOS NUTRIENTES

• Monoméricas /elementar:proteínas em forma de aminoácidos .


>teor de TCM e < de PUFA. Maior osmolaridade . Há evidências de
que as fórmulas oligoméricas tem melhor aproveitamento em
pacientes adultos que as elementares.
• Especializada: são para pacientes com disfunção orgânica
importante (hepatopata, nefropata, diabéticos e pneumopatas).
RECAPITULANDO TIPOS DE DIETAS
Semi-elementar
Proteína
Di/tripeptídio intacta

Fórmulas
Elementar enterais Fórmulas
Sem
proteína
adulto fibra enterais adulto
(aminoácidos)
modificada

Com
fibra
Doença específica

Respiratória (proporção HC:lipídeo alterada)


Renal (proteína,eletrólitos reduzidos,alta densidade calórica)
AIDS/HIV(lipídeos e peptídeos modificados,acréscimo de fibras,alta densidade calórica )
Tratamento intensivo(acréscimo de glutamina/ácido graxo ômega-3 e arginina.
Hepatopata (acréscimo de aas cadeia ramificada)
Cardiopata( restrita em sódio)
MANEJO DAS FÓRMULAS
Início da Terapia Nutricional Enteral
• ESPEN(2017) : Período de 24h após cirurgia
• ASPEN/SCCM(2016) : Período de 24 a 48h da admissão ou assim
que que paciente estiver estável hemodinamicamente (PA >
70mmHg, saturação venosa central >70mmHg e lactato sérico
normais .
• UTI: Unidade de Terapia Intensiva

Diretrizes são orientações para um generalidade de casos.


A tomada de decisão pelo profissional responsável deve levar em
conta a individualidade de cada paciente
NECESSIDADE DE ACORDO COM
O QUADRO CLÍNICO

Fase inicial –catabólica : 20-24kcal/kg/dia


Fase anabólica - 25-30kcal/kg/dia
Proteínas - 1,2g-1,5g/kg/dia –podendo chegar á
2g/kg/dia ou >18%.

DITEN,2016
FÓRMULAS ENTERAIS DE ACORDO
COM A DENSIDADE ENERGÉTICA
Densidade energética –kcal da formulação /volume

Categorização Valores DC (kcal/) Fórmula


Muito baixa <0,6 Acentuadamente
Hipocalórica
Baixa 0,6 -0,8 Hipocalórica
Padrão (standard) 0,9-1,2 Normocalórica

Alta 1,3-1,5 hipercalórica


Muito alta >1,5 Acentuadamente
Hipercalórica
Resolução nº 21-13 de maio de 2015- ANVISA
FÓRMULAS ENTERAIS DE ACORDO
COM A QUANTIDADE DE PROTEÍNA

CLASSIFICAÇÃO QUANTIDADE DE
PROTEÍNA
hipoproteica <10%
normoproteica ≥10%-20%
hiperproteica ≥20%

Resolução nº 21-13 de maio de 2015- ANVISA


FÓRMULA ENTERALDE ACORDO
COM A ÁGUA LIVRE

Densidade Conteúdo de água Conteúdo de


calórica (kcal/ml) (ml/l de solução ) água (%)
0,9-1,2 800-860 80-86
1,3-1,5 760-780 76-78
>1,5 690-710 69-71

Waitzberg DL , 2009
OSMOLARIDADE

• É o número de partículas dissolvidas na solução, quanto maior o número de


partículas, maior é a osmolaridade.
• No estômago, dietas com osmolaridade elevada reduzem os movimentos de
propulsão, dificultando o esvaziamento gástrico, enquanto mais distalmente, no
duodeno e jejuno, alimentos hiperosmolares aumentam o peristaltismo e ativam a
propulsão da dieta. Em algumas situação são até responsáveis pela a aceleração do
trânsito intestinal e a presença de diarréia osmótica .
• Os componentes nutricionais que influenciam a osmolaridade da solução são
principalmente: açúcares simples, aminoácidos cristalino em menor grau os
peptídeos e o cloreto de sódio (NaCL)
Concentração osmótica calculada de um líquido
expressa em miliosmoles por litro (mOsm/L) da solução

Classificação Osmolaridade
(mOsm)
Hipotônica 280-300
Isotônica 300-350
Levemente 350-550
hipertônica
Hipertônica 550-750
Muito hipertônica >750

*Melhor tolerância digestiva : Quanto mais componentes hidrolisados > a osmolaridade


Waitzberg DL , 2009
CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS

Quanto ao modo de preparação: dietas preparadas a base de


alimentos na sua forma original “in natura “. Pode ser
adicionada com módulos (PTN,CHO ou LIP).
RECEITA DIETA ENTERAL MANIPULADA PADRÃO
Ingredientes 1200 kcal 1500 Kcal 1800 kcal 2200 Kcal
Arroz 1cs 1cs 1,5 c s 2cs
Feijão cozido 2,5 c s 3cs 3,5 c s 4cs
Carne moída 2,5 c s 3cs 3,5 c s 4cs
Cenoura 3,5 c s 4,5 c s 5,5 c s 7cs
Cebola picada 1,5 c s 2c s 2,5 c s 3cs
Leite semi 5ca 6cs 7,5 c a 9ca
desnat
Açúcar 3cs 3,5 c s 4cs 5cs
refinado
Óleo de soja 1,5 c s 2cs 3cs 4cs
Óleo de 1cs 1cs 1,5 c s 2 cs
canola
Suplemento 2cs 2cs 2cs 2cs
Extrato de 0,5 c s 1cs 1cs 1,5 c s
soja
Suco laranja 200 ml 200 ml 200 ml 200 ml

C.S=COLHER DE SOPA
C.a=COPO AMERICANO
CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS

• Quanto ao modo de preparação : industrializada ou quimicamente definida –


dieta pronta para uso,completa em nutriente e balanceada. Pode ser encontrada
na forma de:
• Pó necessitando de reconstituição com água ou outro veículo. Porções
individuais em pacotes hemeticamente fechados; permite a individualização da
fórmula quanto a composição e volume.
CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS

Quanto ao modo de preparação: industrializada ou quimicamente definidas


podem ser encontrada na forma de :
• Líquida sistema aberto: prontas para uso, alta praticidade devendo ser
envasada em frasco plástico (descartável);exige pouca manipulação.
• Líquida em sistema fechado: formulações líquidas industrializadas
estéreis,acondicionadas em recipientes hemeticamente fechados,alta
praticidade,sendo necessário somente conectar o equipo diretamente no frasco
da dieta.Apresentam-se em latas,frascos ou embalagens tetra-pack. Menor
manipulação e contaminação;composição e características não modificáveis.
Volume variável ; 500 ml á 1500 ml por frasco/pack
CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS

• Teor energético-protéico e quantidade de nutriente:


nutricionalmente completa e nutricionalmente incompleta.
• Presença, ou não, de elementos específicos : lactose, sacarose,
fibras, glutén e nutrientes imunomoduladores .
CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS
MANEJOS NA PRESCRIÇAO NUTRICIONAL

Evolução da Terapia Nutricional Enteral:


• 1ºdia-1/3 do volume
• 2ºdia-2/3 do volume
• 3ºao 5ºdia-aporte pleno
• Evolução de acordo com a tolerância gastrointestinal e cálculo das necessidades nutricionais.
• Ou seja em geral inicia-se com volume de 25ml/h,chegando até 125ml/h ,no caso da intermitente até
150ml/h.
• O aumento deve ser gradativo de 10 a 20ml/h a cada 8 ou 12 horas.
Waitzberg DL , 2009
MANEJO NA PRESCRIÇÃO NUTRICIONAL

• Resíduo gástrico: não deve ser utilizado como parte de uma rotina de
cuidados de pacientes na terapia intensiva recebendo nutrição enteral
• Razão:
Não tem correlação com a incidência de pneumonia, regurgitação, aspiração.
Mas, e agora como fazer na prática ?
ou seja a medição de RG deve ser realizada nos pacientes com sondas
posicionadas a nível gástrico pra verificação de estase gástrica. Prevenção
de acúmulo de líquidos no estômago e dos episódios de vômitos .
RG>200ml (sonda entérica) ou >100ml + desconforto abdominal =interrupção
da NE +investigação radiológica.
RG aumentado sem sintomas digestivos = dieta por 1 hora e medir RG. Se
pesistir, iniciar procinético ou posicionar a sonda pós-pilórica.
Outras referências : RG >50% do volume administrado após 2h= diminuir o
volume da NE e usar procinético/RG>150ml, interromper a dieta .
ASPEN/ SCCM, 2016
FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO DA
TERAPIA NUTRICIONAL

BOMBA INFUSORA

Contínua: administração por gotejamento contínuo com bomba


infusora 12 a 24h (mL/h) em função da necessidade do paciente.
Cíclica ou Intermitente: 16-18h (mL/h) com uso de equipo para
bomba de infusão com período de descanso*

*A pausa noturna permite o processo fisiológico de acidificação


gástrica, auxiliando no controle da população bacteriana no trato
gastrointestinal. Além de permitir maior conforto ao paciente, que pode
manter decúbito baixo durante a noite.
MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO NA TERAPIA NUTRICIONAL

GRAVITACIONAL
Contínua: até 24h com uso de equipo de
“BOLUS”ou Gavage pinça controlando a infusão com macro
100-300 mL de dieta no estômago gotas.
Intermitente: 200-300 mL a cada 3-4h
com uso de seringa a cada 3-4h Noturna :volume e administrado no
período da noite .
Waitzberg DL , 2009; EMTN HU/USP, 2014
QUAIS CUIDADOS DEVEMOS NOS ATENTAR ?

• Controlar o volume infundido


• Após a cada administração de dieta ou medicamento, deve-se lavar a
sonda com 10 a 20ml de água filtrada sob pressão.
• Avaliar a fixação da sonda diariamente
• Elevar o decúbito do paciente durante a administração da dieta e após
40min desta .
COMPETÊNCIA DO ENFERMEIRO
• Competência do Enfermeiro
• Observar a integridade da embalagem e presença de elementos
estranhos ao produto
• Checar o rótulo da dieta com a prescrição
• Proceder à lavagem das mãos
• Confirmar o posicionamento da sonda
• Lavar a sonda com 20 mL de água filtrada
• Checar o (mL/h= volume total/ no. de horas)
• Programar a bomba de infusão, conectar o equipo à sonda e iniciar a
administração da dieta
• Após aberta, a dieta sistema fechado tem validade de 24 h, assim
como o equipo
Adaptado da Resolução nº 63- 6 de julho de 2000- ANVISA
Sistema fechado: irrigar a sonda com 30 a 40 mL de água a cada 4h.
Recalcular o mL/h caso haja medicação que necessite de jejum
COMO PROCEDER NA MONITORIZAÇÃO
DA TERAPIA NURICIONAL ENTERAL

• Acompanhar parâmetros laboratoriais


• Orientar a lavar a sonda a cada manuseio da dieta ou medicação
• Verificar o uso de medicações laxativas
• Na sondagem, cuidado com esofagite,erosões e estenoses
• Confirmar sempre a localização da sonda
• Manter a cabeceira elevada 30º a 40º,durante e até 1h após
alimentação
• Verificar sempre a questão do resíduo gástrico
COMO PROCEDER NA MONITORIZAÇÃO
DA TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL

• Observar distensão abdominal,dor,diarréia,dispnéia e náusea;


• Observar velocidade infusão e a temperatura da dieta;
• Atentar-se aos riscos de contaminação da fórmula.
MONITORAÇÃO

Controle clínico Frequência


Controle laboratorial Frequência
Avaliação nutricional 10 em 10 dias
Balanço calórico Diário Hemograma, glicose, Semanal
proteíco uréia, creatinina, sódio,
Exame físico balanço Diário potássio,fósforo e
hidro e eletrólito magnésio
Volume aspecto das Diário Proteínas totais e Quinzenal
fezes frações:lipidograma
Observações das Sempre que Uréia urinária/24h Quinzenal
complicações necessário
COMPLICAÇÕES DA TERAPIA
NUTRICIONAL ENTERAL

Metabólicas

Mecânicas gastrointestinais

Sabotka 2008
COMPLICAÇÕES DA TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL

GASTROINTESTINAL (30 A 38%) MECÂNICA (2 A 10%)


Obstrução intestinal Renite,otite,parotidite e sinusite
Distensão abdominal Faringite e esofagite
Náusea e vômito Aspiração pulmonar
Refluxo esofagiano Erosão esofagiana
Diarréia ou constipação Saída da sonda
Má absorção Obstrução da sonda
Hemorragia gástrica intestinal Perfuração do TGI

Sobotka 2008
COMPLICAÇÕES NA TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL

Diarréia é a principal causa de interrupção da dieta em paciente crítico.


Definição: 2 a 3 episódios de fezes líquidas ou > 250 g de fezes líquidas.
Os consensos de terapia nutricional recomendam fortemente a utilização
de protocolos de investigação e manejo da diarréia:
• Padronizar o conceito, checar a prescrição
• Se em uso de antibiótico solicitar a pesquisa de Clostridium difficile
checar a história clínica e a condição abdominal por pseudo diarréia
(fecaloma)

ASPEN/ SCCM, 2016


COMPLICAÇÕES METABÓLICAS NA NUTRICIONAL ENTERAL
Tipo Causa Solução
Hiponatremia Hiperidratação Restrição de líquidos
Hipernatremia Oferta inadequada de Aumentar a oferta de água
líquidos
Desidratação Oferta inadequada de Aumentar a oferta de água e
líquidos avaliar a causa a diarréia
Diarréia
Hiperglicemia Oferta energética Avaliar a oferta energética e
excessiva avaliar a dosagem de
Insulina insuficiente insulina
Hipocalemia Síndrome e realimentação Avaliar a depleção de K e
Diarréia avaliar a causa da diarréia
Hipercalemia Oferta excessiva de K ou Mudar de fórmula
insuficiência renal
Hipofosfatemia Síndrome da Aumentar a oferta de fosfato
realimentação e diminuir oferta energética
hiperfosfatemia Insuficiência renal Mudar a fórmula
Sobotka
2008
MANUSEIO COM O DESMAME

• < 25% de aceitação oral - Manter 100% da TNE


• ≥25% e < 50% de aceitação oral - Manter 75% da TNE
• ≥50% e < 75% de aceitação oral - Manter 50% da TNE
• ≥75% de aceitação oral - Suspender a TNE
• Avaliar a ingestão hídrica

EMTN HU/USP, 2014


DESMAME: O QUE OS ESTUDOS DIZEM?

• Capacidade de atender as necessidades nutricionais por via oral.


• Avaliar risco nutricional.
• Estudos realizado constataram o seguinte :
✓ Adequação da ingestão oral em doentes críticos 1 semana após a extubação
✓ A ingestão diária média de energia e proteínas não excedeu 50% das
necessidades diárias em todos os 7 dias para toda a população

Peterson SJ et al, 2010


Obrigada!!!
Bons estudos!!!

Você também pode gostar