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TERAPIA  

NUTRICIONAL
Instituição  da  terapia  nutricional
1)  Avaliação  do  estado  nutricional  do  paciente
2)  Definição  das  necessidades  energético-­protéicas  do  
paciente
3)  Escolher  a  via  de  administração  dos  nutrientes
4)  Avaliar  e  eficácia  e  monitorar  complicações  da  
terapia  nutricional
Vias  para  administração  do  alimento
Terapia  Nutricional

• A terapia nutricional (TN) deve ser considerada como um elemento


importante para otimizar o cuidado aos pacientes (Dempsey e cols.,1988;;
Barents Group,1996) visto que:

-­ Melhora a cicatrização das feridas;;


-­ Diminui as complicações infecciosas;;
-­ Reduz as taxas de morbi-­mortalidade;;
-­ Diminui a permanência e custo hospitalar.
• Entende-­se por TN “o conjunto de procedimentos
terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado
nutricional do paciente por meio da Nutrição Parenteral ou
Enteral” (BRASIL, 2000, [s.p.]).

A  TN  é  classificada  de  acordo  com  a  via  de  


administração:

-­ Enteral:  a  formulação  é  introduzida  por  sondas  ou  ostomias.


-­ Parenteral:  a  formulação  é  introduzida  por  intravenosa.
NUTRIÇÃO  ENTERAL
Nutrição  enteral

Toda  forma  de  terapia  nutricional  que  se  utiliza  de  


alimentos  indicados  para  fins  terapêuticos,  
utilizando  o  trato  gastrointestinal  
(suplementos  orais,  dietas  por  tubos  nasogástricos,  
nasoenterais  ou  percutâneos)

ESPEN  guidelines,  2006  (Clin  Nutr)    


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

“Conjunto  de  procedimento  terapêuticos  empregados  


para  manutenção  ou  recuperação  do  estado  nutricional  
por  meio  de  nutrição  enteral.”  (WAITZBERG,  2000)
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
“Alimentos para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na
forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada,
especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral,
industrializada ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou
completar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme
suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou
domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou
sistemas.”
(RDC  n.63,  da  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  do  Ministério  da  Saúde,  06/07/2000).
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Indicação da Terapia Nutricional Enteral (TNE)

ü risco de desnutrição, ou seja, quando a ingestão oral for inadequada para


prover de 2/3 a ¾ das necessidades diárias;;

ü trato digestório total ou parcialmente funcionante. É preferível a nutrição


enteral nos pacientes cujo TGI está funcionante.

“Quando  o  TGI  funciona,  use-­o  ou  perca-­o”.

ü o paciente deve possuir no mínimo 60 a 100cm de TGI.


Indicações

• Distúrbios  de  deglutição


• Alterações  do  nível  de  consciência
• Ingestão  oral  insuficiente  
• Intolerância  da  dieta  por  via  oral
• Aumento  das  necessidades  energético-­protéicas
Indicações

Necessidade  do  trato  


Gastrointestinal
funcionante

Presença  de  movimentos


peristálticos  
ruídos  hidroaéreos
Objetivos  

Melhorar  qualidade  de  vida


¯ Infecção  e  melhorar  cicatrização
¯ Atrofia  da  mucosa  do  TGI
¯ Tempo  de  internação  e  mortalidade  em
algumas  situações

Martin,  2004  (CMAJ)    


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Vias de acesso

ü Oral

ü Por sonda

§ Nasogástrica

§ Nasoentérica (duodeno, jejuno)

Curto período de tempo (< 6 semanas), baixo custo e fácil colocação.

ü Ostomia

§ Gastrostomia

§ Jejunostomia

Período > 6 semanas.


Acesso  enteral  de  curta  duração:
-­ Via  nasogástrica:  sonda  nasogástrica.
-­ Via  nasoentérica:  sondas  duodenal  ou  
nasojejunal.

Acesso  enteral  de  longa  duração:


-­ Gastrostomia.
-­ Jejunostomia.
Posicionamento  da  sonda  

Nasogástrica

Nasoenteral
(pós-­pilórica)

Sonda nasogástrica (SNG): inserida, normalmente, à beira do leito. É


introduzida na narina e fica posicionada no estômago. Seu uso depende do
funcionamento normal do TGI em pacientes com gastroparesia, problemas
neurológicos e em uso de decúbito a zero grau, porém há grande risco de
aspiração pulmonar, sendo, por isso, contraindicada.
Nasoenteral (pós-­pilórica)  
Requer  dietas  normo  ou  hipoosmolares
Maior  dificuldade  no  posicionamento  da  sonda

Menor  risco  de  aspiração

Sonda nasoentérica (SNE): o uso dessa sonda tem


sido a técnica mais empregada para TNE em UTI.
Seu posicionamento deve ser no duodeno e é indicada
para pacientes que não podem fazer uso da via
gástrica.
Nasogástrica
Mais  fisiológica
Maior  tolerância  de  dietas  hiperosmolares

Fácil  posicionamento  da  sonda


Progressão  +  rápida  da  dieta
Maior  risco  de  aspiração
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Vias de acesso

Posicionamento gástrico ou entérico?

§ Principal critério de determinação: possibilidade de aspiração pulmonar.

§ Posicionamento pós-­pilórico da sonda: paciente de alto risco (déficit


neurológico, gastroparesia, semi-­obstrução gástrica, câncer de cabeça e
pescoço) – não elimina o risco de pneumonia aspirativa.

§ Posicionamento gástrico: paciente com função gastrointestinal preservada e


sem grande risco de aspiração e refluxo gastroesofágico – forma mais fácil e
com menor custo para acesso.

§ Evitar alimentação gástrica em pacientes apresentando Escala de Glasgow


abaixo (coma) de 12 e/ou ventilação pulmonar artificial -­ devido ao
relaxamento do EEI.
*  Escala  de  Coma  de  Glasgow  (ECG)

Escala neurológica que registra o nível de consciência de uma pessoa,


para avaliação inicial e contínua após um traumatismo craniano. Seu valor
também é utilizado no prognóstico do paciente e é de grande utilidade na
previsão de eventuais seqüelas.
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Localização gástrica

Vantagens

< Maior tolerância a fórmulas variadas;;

< Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas;;

< Progressão mais rápida para alcançar o VET;;

< Introdução de grandes volumes em curto tempo (dilatação gástrica receptiva);;

< Fácil posicionamento da sonda.


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Localização gástrica

Desvantagens

= Alto risco de aspiração em pacientes com dificuldades neuromotoras de


deglutição;;

= A ocorrência de tosse, náuseas ou vômito favorece a saída acidental da sonda.


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Localização duodenal e jejunal

Vantagens

< Menor risco de aspiração;;

< Maior dificuldade de saída acidental da sonda;;

< Permite nutrição enteral quando a alimentação gástrica é inconveniente e


inoportuna.

Desvantagens

= Desalojamento acidental, podendo causar refluxo gástrico;;

= Requer dietas normo ou hipoosmolares.


Nasoenteral (pós-­pilórica)  
Ostomias (também  chamados  de  estomas):
-­ Faringostomia  e  esofagostomia:  técnicas  pouco  utilizadas.
-­ Gastrostomia:  utilizada  para  pacientes  impedidos  de  usar  a  via  
oral,  pode  ser  gastrostomia  endoscópica  percutânea  (GEP)  ou  
gastrostomia  cirúrgica.
-­ Jejunostomia:  em  pacientes  com  alto  risco  de  aspiração,  pode  
ser  endoscópica  percutânea,  realizada  por  radiologia  
intervencionista  ou  cirúrgica.
-­ Gastrojejunostomia  endoscópica  percutânea:  utiliza  a  mesma  
técnica  da  GEP.
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Métodos de administração

ü Em bolo: Indicação -­ pacientes clinicamente estáveis, com estômago


funcionante.

§ Características:

N mais conveniente e menos dispendiosa;;

N utiliza-­se seringa de 60mL para infundir a fórmula;;

N se ocorrer inchaço ou desconforto abdominal, esperar de 10 a 15 minutos


para prosseguir com o restante da fórmula;;

N o paciente com função gástrica normal pode tolerar 500mL de fórmula a


cada etapa de alimentação;;

N 3 a 4 bolos/dia geralmente fornecem as necessidades nutricionais.


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Métodos de administração

ü Gotejamento Intermitente

§ Características:

N podem ser administradas por bomba ou gravidade;;

N confere ao paciente mais tempo livre e autonomia quando comparado ao


gotejamento contínuo;;

N esquema: 4 a 6 refeições/dia administradas ao longo de 20 a 60 minutos


cada;;

N a administração da fórmula é iniciada em 100 a 150mL/hora e aumenta


gradativamente conforme tolerância;;

N não deve ser usada em pacientes com alto risco de aspiração pulmonar.

ü Gotejamento Contínuo
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Métodos de administração

ü Gotejamento Contínuo: Indicação – pacientes que não toleram infusões de


grandes volumes;; com função GI comprometida por doenças, cirurgias e outros
impedimentos fisiológicos.

§ Características:

N requer o uso de bomba;;

N a taxa de velocidade de infusão (mL/hora)

N a alimentação é iniciada com ¼ a ½ do volume total definido e deverá


avançar a cada 8 a 12 horas até a obtenção do volume final;;

Volume  da  fórmula  /  no de  horas  de  administração  por  dia  (18  a  24hs)
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Métodos de administração

ü Gotejamento Contínuo (continuação)

§ Características:

N as fórmulas com osmolalidades entre 300 a 500mOsm/kg podem ser


iniciadas diretamente;;

N as fórmulas hiperosmolares devem avançar de modo conservador para


garantir a tolerância.
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Categorização das dietas enterais


ü Quanto a forma de preparo
§ Dieta artesanal ou caseira ou blender
§ Dieta enteral industrializada
N Dieta em pó para reconstituição;;
N Dieta líquida semi-­pronta para uso;;
N Dieta pronta para uso.
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Categorização das dietas enterais (continuação)
ü Quanto a forma de preparo
§ Dieta artesanal ou caseira ou blender
Preparadas à base de alimentos in natura (leite, ovos, carnes, legumes,
frutas...), produtos alimentícios (leite em pó, ovo liofilizado, óleos vegetais,
amido de milho, creme de arroz...) e/ou módulos de nutrientes (fornecem
primeiramente um tipo de nutriente).
Principais características:
-­ Requerem suplementação de vitaminas e minerais para se tornarem
nutricionalmente completas;;
-­ O controle da qualidade físico-­química e microbiológica do alimento que está
sendo preparado deve ser rígido.
Indicação:
-­ Situações que o TGI esteja com a capacidade de digestão e de absorção
normais;; requer sonda de grande calibre.
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Categorização das dietas enterais (continuação)


ü Quanto a forma de preparo
§ Dieta artesanal ou caseira ou blender
Vantagem:
-­ Menor custo.
Desvantagem:
-­ Instabilidade bromatológica, microbiológica e organoléptica do produto final;;
fornecimento inadequado de micronutrientes.
-­ Pode haver deficiência de selênio, cromo, molibdênio, taurina e carnitina.
Uso cauteloso:
-­ Pacientes com risco aumentado de imunodepressão (HIV/AIDS, idosos, bebês
prematuros, pacientes com câncer ou em tratamento de quimioterapia e
radioterapia).
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Categorização das dietas enterais (continuação)


ü Quanto a forma de preparo
§ Dieta enteral industrializada
São aquelas preparadas industrialmente e apresentam-­ se sob três formas:

ü Quanto à indicação
Dieta enteral de formulação padrão
São aquelas que visam suprir as necessidade nutricionais dos pacientes, de
forma a manter ou melhorar o estado nutricional dos mesmos.
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Categorização das dietas enterais (continuação)


ü Quanto à indicação
Dieta enteral de formulação especializada
Além de otimizar o estado nutricional do enfermo, visam atuar mais
especificamente em seu tratamento clínico: para falência intestinal, falência
hepática, falência renal, falência pulmonar, DM ou hiperglicemias e
imunossupressão.

ü Quanto a complexidade dos nutrientes


Dietas enterais poliméricas
São aquelas em que os macronutrientes, em especial a proteína, apresentam-­
se na sua forma intacta (polipeptídeo).
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Categorização das dietas enterais (continuação)


ü Quanto a complexidade dos nutrientes
Dietas enterais oligoméricas
São aquelas em que os macronutrientes, em especial a proteína, apresentam-­
se na sua forma parcialmente hidrolisada (oligopeptídeo).
Dietas enterais elementares
São aquelas em que os macronutrientes, em especial a proteína, apresentam-­
se na sua forma totalmente hidrolisada (aminoácidos).
Raio  X
Padrão  ouro  ® posicionamento  da  sonda

86%  enfermeiras  utilizam  apenas  método  


auscultatório  

Wentzel,  2006  (Crit  Care  Nurs)    


Tempo  de  uso  da  sonda
4  semanas  ® providenciar  acesso  definitivo

Gastrostomia

Jejunostomia
Classificação  das  fórmulas  

Polimérica
Oligomérica  (semi-­elementar)
Monomérica  (elementar)
Especializadas
Módulos
Métodos  de  administração  

Bolus

Intermitente Contínua
Principais  complicações

Sonda  de  alimentação Gastrointestinais

Infecciosas Metabólicas
Mau  posicionamento  da  sonda

Trato  respiratório
Esôfago
SNC

Metheny,  2007  (Curr  Opin  Gastroenterol)    


Confirmar  com  raio  X
Trauma  relacionado  à  sonda
Irritação  e  inflamação  em  seu  trajeto
Sinusite,  epistaxe

Tempo  de  permanência  /  Sondas  rígidas

Apenas  para  drenagem

Bastow,  1986  (Gut)    


Obstrução  da  sonda  
Falhas  na  irrigação  da  sonda
Resíduos  de  comprimidos
Fórmulas  com  alta  viscosidade
Incompatibilidade  com  medicações

Lavar  com  20  a  30  ml  H2O  morna  após  utilização  

Manual  de  Procedimentos  em  Nutrologia,  2009    


Complicações  infecciosas
Pneumonias  aspirativas

Fatores  de  risco  para  aspiração

Cabeceira  da  cama  <  30º


Glasgow  <  9
Presença  de  vômitos  e  DRGE

Metheny,  2006  (Crit  Care  Med)    


Considerar  que  todo  paciente  com  
sonda  tem  risco  de  aspiração  

Elevação  da  cabeceira


da  cama  à  30º  quando  
for  administrar  dieta

Metheny,  2006  (Crit  Care  Med)    


Complicações  gastrointestinais
Náuseas  e  vômitos

Dieta  administrada  em  bolus

Ao  invés  de  intermitente  ou


Bolus contínua  

Bastow,  1986  (Gut)    


Complicações  gastrointestinais
Diarréia  associada  à  dieta  enteral

Incidência  varia  de  2  a  95%


Grupos  de  paciente  e  definição  diarréia
+  33  definições  diferentes  

Whelan,  2007  (Proc  Nutr  Soc)    


Diarréia

Uso  de  antibióticos


Colonização  por  bactérias  enteropatogênicas
Alterações  na  flora  colônica
Hiperosmoloridade  e  velocidade  infusão  dieta

Whelan,  2007  (Proc  Nutr  Soc)    


Colonização  bactérias
Contaminação  bacteriana  da  dieta  enteral

Adoção  de  sistemas


fechados  ¯ risco

Contaminação
endógena  

Bastow,  1986  (Gut)    


Mathus-­Vliegen,  2006  (JPEN)    
Diarréia  -­ complicações
Distúrbios  hidroeletrolíticos  (K+,  Mg2+,  HCO3)
Incontinência  fecal  ® infecções  feridas  e  escaras

Hidratação  e  reposição  eletrólitos


Medicação  anti-­diarréica,  infusão  contínua
Raramente  impede  administração  dieta  enteral  

Strout,  2003  (Gut)    


Whelan,  2006  (Nutrition)    
Diarréia  -­ tratamento
¯ Velocidade  infusão  dieta  ou  modo  contínuo

Nutricionalmente:
Introdução  de  fibras  (solúveis)
Recomendado  15  a  30  g  /  dia

Equipe  médica:
Introdução  loperamida
Descartar  Infecção
Avaliar  veículos  das  medicações
Lochs,  2006  (Clin  Nutr)    
Constipação

Uso  de  dietas  sem  fibras


Desidratação
Repouso  prolongado  no  leito
Uso  de  sedativos  opióides

Manual  de  Procedimentos  em  Nutrologia,  2009    


Complicações  metabólicas
Hiperglicemia
Diabéticos,  uso  de  corticóides,  estresse
metabólico

Síndrome  de  realimentação


Realimentação  pacientes  desnutridos
Cuidados  nutrição  enteral
Raio  x  após  passagem  da  sonda
Utilizar  sondas  flexíveis
Utilizar  sonda  por  4  semanas  
Lavar  sonda  com  20  a  30  ml  H2O  
Elevação  cabeceira  da  cama  30º
Administração  por  infusão  contínua
Cuidados  com  hiperglicemia  e  realimentação
Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Critérios de decisão na seleção de dietas enterais

Variáveis avaliadas

ü Densidade calórica

ü Osmolaridade / Osmolalidade

ü Via de acesso e método de administração

ü Fonte e complexidade dos nutrientes

ü Categorização das dietas enterais


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Densidade calórica

Quantidade de calorias fornecidas por mililitro (mL) de dieta pronta.

ü Pacientes sem restrição hídrica: 1,0kcal/mL;;

ü Pacientes com restrição hídrica: 1,5 a 2,0kcal/mL.

ü O volume da dieta a ser infundido depende de:

§ Estado de hidratação

§ Presença de hipertermia e perdas importante de líquidos por diarréia

§ Vômitos

§ Fístulas com alto débito

§ Queimaduras graves, etc.


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Densidade calórica

ü Base de cálculo da necessidade hídrica

§ Indivíduo adulto sadio: 25 a 40mL/kg peso/dia (Dan,2000) ou 30 a 35mL/kg


peso/dia (Krause, 2005).

Categorização  das  fórmulas  enterais  segundo  densidade  calórica

Densidade Valores Categoria


calórica (kcal/mL)
Muito baixa < 0,6 Acentuadamente hipocalórica

Baixa 0,6 – 0,8 Hipocalórica

Padrão 0,9 – 1,2 Normocalórica

Alta 1,3 – 1,5 Hipercalórica

Muito alta > 1,5 Acentuadamente hipercalórica


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)

Osmolaridade ou Osmolalidade

Osmolaridade reflete o número de milliosmoles por litro de solução e a


Osmolalidade reflete o número de milliosmoles por quilo de água.

Ambos  refletem  a  quantidade  de  partículas  osmoticamente  ativas  na  solução.

ü O estômago tolera dietas com osmolalidade mais elevadas, o que não acontece
para as porções mais distais do TGI.

ü Os nutrientes que mais afetam a osmolalidade de uma solução são:

§ carboidratos simples (mono e dissacarídeos)

§ minerais e eletrólitos (sódio, cloreto e potássio)

§ proteínas hidrolisadas e aminoácidos cristalinos


Terapia  Nutricional  Enteral  (TNE)
Osmolaridade ou Osmolalidade (continuação)

* Quanto mais componentes hidrolisados estiver presente na fórmula \ > a


osmolalidade.

Categorização  das  fórmulas  enterais  segundo  a  osmolalidade  da  solução  


(mOsm/kg  água)

Categoria Valores de Osmolalidade


Hipotônica 280 – 300
Isotônica 300 – 350
Levemente hipertônica 350 – 550
Hipertônica 550 – 750
Acentuadamente hipertônica > 750

Melhor  tolerância  digestiva Administração  lenta  e  gradual


Ÿ Osmolaridade: concentração das partículas
osmoticamente ativas na solução. Se refere ao número
de miliosmoles por solução.
Ÿ Aceleração  do  trânsito  intestinal  /  diarréia  osmótica;;

Ÿ Fatores : CHO (mono e dissacarídeos), minerais e eletrólitos


(Na, Cl, K) e PTN (hidrolisados protéicos e aa´s). Lipídeo NÃO
é osmoticamente ativo;;

Ÿ ↑  grau  de  hidrólise  -­ ↑  osmolaridade;;


PRESCRIÇÃO

Ÿ Kcal  não  ptn/  g  N:


Ÿ Relação >: baixa quantidade de ptn para o total do VET →
estresse metabólico por não ter aa´s suficiente para manter
“pool” → < produção enzimática e hormonal e outras
substâncias;;

Ÿ Relação < : ↑ PTN → desvio de ptn para fornecimento de


energia.
EXEMPLO
ŸElaborar uma sonda para
um paciente de 30 anos,
com IRC, em tratamento
conservador, conforme os
dados abaixo:
Ÿ Peso  seco:  70  Kg;;
Ÿ Restrição  hídrica  ~  1500  ml  
/dia;;
Ÿ Tolera  >  densidade  calórica  
e  volume;;
Ÿ Sendo:  2100Kcal  e  ptn<  0,8  
g  /Kg
Ÿ Dieta  hipoprotéica  e  hipercalórica,  rica  em  aminoácidos  essenciais,    
prevenindo  a  desnutrição  sem  aumento  da  uréia  e  compostos    
nitrogenados.  Isenta  de  sacarose,  lactose  e  glúten.
Indicações:  Pacientes  com  insuficiência  renal  não  dialisado  como    
nutrição  completa  e  para  o  paciente  dialisado  como  suplementação.    
Apresentação:  Envelope  de  90g
Sabor:  Baunilha
Diluição  padrão:  1  envelope  +  água  =  300ml
Volume  médio  para  100%  do  IDR  para  vitaminas  e  minerais:  618ml
Distribuição  calórica:
Proteínas:  10%
Carboidratos:  69%
Lipídios:  21%
Kcal
Ÿ100  g  -­-­-­-­ 434  Kcal  

(produto)    Xg  -­-­-­-­-­-­2100  Kcal   QUANTAS  ADMINISTRAÇÕES  


POR  DIA?
(desejado)
Padrão  =  6
X=  483,87  g  ~  484g
Logo,
484g  de  produto  deverão  ser  fornecidas  em  6  
horários    484g  /  6  horários  =  80,66g  ~  81g  por  
Logo  484g  de  produto,   horário
fornece  ~2100Kcal
VERIFICAR  ATENCIOSAMENTE  QUAL  
MELHOR    FORMA  DE  ARREDONDAR!!!!!!!
Com  tal  gramatura  de  produto    macronutrientes  
ficam adequados

Ÿ CHO
100g  (produto)  -­-­-­-­ 75g  de  CHO    

486g  -­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­ Xg  de  CHO Ÿ PTN


X=  364,5g  de  CHO 100g  (produto)  -­-­-­-­ 11g  de  PTN    

486g  -­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­ Yg  de  PTN


Kcal?
364,5g  CHO  X  4  =  1458  Kcal Y=  53,46g  de  PTN  (0,76  Kcal/Kg)
2100  Kcal-­-­-­ 100%
1458  Kcal  -­-­-­-­-­X  % Kcal?
X~  69%  CHO 53,  46g  PTN  X  4  =  213,84  Kcal
2100  Kcal-­-­-­ 100%
213,84  Kcal  -­-­-­-­-­W  %    W=  10%  PTN
VOLUME  E  DENSIDADE
ŸPode  volume?
Ÿ LIP
Ÿ Restrito  em  máx.  1500ml
100g  (produto)  -­-­-­-­ 10g  de  
ŸPode  densidade?
LIP    486g  -­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­-­ Zg  de  LIP
Ÿ Sem  restrição
Z=  48,6g  de  LIP
1500mL  /  6  administrações=  
Kcal?
48,6g  LIP  X  9  =  437,4  Kcal 250mL/horário    
2100  Kcal-­-­-­ 100%
437,4  Kcal  -­-­-­-­V  % Por  administração:  
W=  21%  LIP
81g  prod.  =  351,54  Kcal

ŸDensidade=  Kcal  /  mL    D=  351,54  Kcal/  250mL    D=  1,4  


Kcal/mL
Ÿ Kcal  não  protéica:
ŸKcal  do  CHO  +  LIP    1458  +  437,4  =  1895,4

Ÿ g  de  Nitrogênio:
g  de  PTN  /  6,25  =53,46  /  6,25
g  de  N  =  8,55
Ÿ Kcal  ñ  ptn/g  de  N
Ÿ1895,4  /  8,55  =  221

PRESCRIÇÃO
ŸDieta por sonda naso-­gástrica, VET de 2100Kcal
(30Kcal/Kg/dia), sendo 69% de carboidrato, 0,76 g de
Ptn/Kg de peso/dia (sendo 221 Kcal ñ ptn / g de N),
21% de lipídeo. Fracionada em 6 administrações de
250ml, com densidade calórica de 1,4 Kcal/mL. Isenta
de sacarose, lactose e Glúten. Micronutrientes
conforme DRI.
PARÂMETROS  UTILIZADOS  NA  MONITORIZAÇÃO  DA  
TNE  (ALLISON,  2008):

• Sinais  clínicos:  presença  de  edema  ou  


desidratação,  pressão  sanguínea,  lucidez  e  
disposição  do  paciente,  temperatura,  pulso,  
exames  clínicos  dos  sistemas  e  órgãos,  como  
coração,  abdome,  pulmões,  rins,  etc.
• Parâmetros  nutricionais:  apetite,  função  
gastrintestinal,  ingestão  por  via  oral  ou  outras  
vias.
• Antropometria:  peso  diário,  peso  semanal,  
medidas  de  circunferência.
• Capacidade  Funcional:  dinamometria  da  mão  
(para  avaliar  a  força  muscular),  volume  
expiratório  máximo,  escores  da  disposição  
física,  qualidade  de  vida.
• Folha  de  balanço  hídrico:  alterações  de  débito  
urinário,  perdas  por  fístulas,  aspiração  gástrica.
• Dados  laboratoriais:  a  frequência  e  os  exames  
solicitados  são  determinados  pela  condição  clínica  do  
paciente.  Em  pacientes  gravemente  enfermos,  por  
exemplo,  uma  das  medidas  importantes,  como  já  vimos  
anteriormente,  são  as  concentrações  de  glicemia,  além  
de  outras,  igualmente  importantes.
• Dados  da  evolução  e  auditoria:  todas  as  
complicações,  os  tratamentos  e  as  técnicas  de  
alimentação  devem  estar  registrados.  O  tempo  de  
internação,  os  custos,  a  evolução  clínica,  os  dados  da  
alta  hospitalar  e  os  dados  anteriormente  citados  são  
necessários  para  casos  de  auditorias  e  programas  de  
pesquisa.

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