Você está na página 1de 25

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) Prof.

Cristina Fajardo Diestel


cristinadiestel@nutmed.com.br

Terapia nutricional  conjunto de procedimentos  Chemin  Segundo a Associação Americana de


terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado Terapia Nutricional Parenteral e Enteral (ASPEN),
nutricional do paciente por meio de nutrição parenteral pacientes severamente desnutridos deverão receber
e/ou nutrição enteral. terapia nutricional em 1 a 3 dias da admissão
hospitalar.
NUTRIÇÃO ENTERAL - DEFINIÇÃO  Dan  Nutrição enteral pré-operatória – mínimo 10
(Resolução RDC n.° 63): dias.
 Dan  Quando não se consegue atingir 60% das
necessidades nutricionais por via enteral, deve-se
“Alimentos para fins especiais, com ingestão controlada de
considerar o uso associado de TN parenteral.
nutrientes na forma isolada ou combinada, de composição
química definida ou estimada, especialmente elaborada
INDICAÇÕES DA TNE DE ACORDO COM A SITUAÇÃO
para uso por sondas ou via oral, industrializados ou não,
DO TGI: (Dan)
utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou
complementar a alimentação oral em pacientes
1. Trato íntegro (ingestão inadequada)
desnutridos ou não, conforme suas necessidades
nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou
 Lesões no SNC, depressão grave, anorexia nervosa
domiciliar, visando a síntese ou manutenção de tecidos,
 Caquexia cardíaca, câncer
órgãos ou sistemas”.
 Trauma muscular, cirurgia ortopédica (colar cervical
ou posicionamento a 0° dificultam alimentação via
BENEFÍCIOS DA TNE oral)
 Queimaduras
Nos últimos anos tem se observado um maior emprego da
TNE em detrimento da TNP 2. Dificuldade de acesso ao intestino normal

- Benefícios fisiológicos:  Lesões de face e mandíbula


 Presença de nutrientes complexos  Câncer de boca
o Estímulo de função digestiva / absortiva  Cirurgia de esôfago
o Estímulo para fatores hormonais tróficos na  Deglutição comprometida
mucosa (como p. ex. gastrina, bombesina e  Lesão obstrutiva do esôfago
motilina) e sais biliares  Fístulas de anastomose esôfago-jejunal
o Mantém integridade da mucosa GI – mantém
homeostase e competência imunológica 3. Comprometimento da digestão e absorção
 Reforço da barreira mucosa intestinal  evita (anormalidades funcionais)
translocação bacteriana (O Tecido linfóide associado
ao intestino é responsável por 50% imunidade do  Insuficiência pancreática ou pancreatite 
organismo, sendo que 70-80% IgA do organismo é possibilidade de nutrir pós ângulo de Treitz, pois o
secretada no intestino para atuar na defesa contra estímulo é menor  avaliar caso a caso
patógenos GI);  Doenças inflamatórias intestinais
 Mantém pH e flora intestinal normais;  Fístulas entéricas de baixo débito
  crescimento bacteriano oportunista no intestino  Íleo gástrico colônico (normalmente é considerado
delgado; mais contra-indicação)
 Atenua a resposta catabólica;  Síndrome do Intestino Curto
 Reduz a incidência de hiperglicemia;  Doenças intestinais neonatais, obstrução crônica
 Apresenta < incidência de complicações infecciosas  Diminuição do esvaziamento gástrico
em pacientes cirúrgicos quando comparada à NPT;  Anormalidades metabólicas do intestino
 Apresenta menor custo comparada à NPT.  Má-absorção, alergia alimentar múltipla
 Enterite por radioterapia e quimioterapia
INDICAÇÕES DA TNE  Anorexia, câncer
 Estados hipermetabólicos
 Pacientes com TGI funcional ou parcialmente  Queimadura, infecção grave, trauma extenso
funcional, incapazes ou impossibilitados de se  Cirurgia e hipertireoidismo
alimentarem suficientemente por via oral, com risco de Obs.: desde que não se constituam contra-indicações
desnutrição. absolutas.

Alimentação insuficiente por via oral: CONTRA-INDICAÇÕES DA TNE


Dan  < 2/3 a 3/4 das necessidades diárias
Chemin  < 60% das suas necessidades São geralmente relativas ou temporárias, portanto é
importante o julgamento clínico e reavaliação freqüente
das metas da terapia nutricional. Algumas situações
citadas até permitem o uso de TNE, desde que seja
Observações: mantido acompanhamento intenso.
 Dan  Não iniciar TNE se não houver previsão de
manter por 5 a 7 dias  não traz benefício para o  Disfunção do TGI ou condições que requerem repouso
paciente. do TGI
 Dan  Previsão de jejum superior a 3 dias em  Doença terminal  quando as complicações superam
pacientes críticos constitui indicação de TNE segundo o benefício
a Sociedade Européia de Nutrição Enteral e  Síndrome do intestino curto (SIC)  fase inicial de
Parenteral (ESPEN). reabilitação da cirurgia ou ressecção maciça

1
 Obstrução intestinal dificuldade e menor confiabilidade de obter acesso jejunal,
 Refluxo gastro-esofágico intenso essa via de ser instituída apenas para pacientes com risco
 Sangramento do TGI  intervenção rápida para de intolerância à nutrição enteral, em uso de
resolver o sangramento (realização de exames que medicamentos inotrópicos, com alto débito nasogástrico o
necessitam de jejum) risco de regurgitação gastro-esofágica e aspiração
 Vômitos incoercíveis / hiperêmese gravídica  pulmonar.
dificuldade de manter a sonda posicionada
 Diarréia refratária  avaliar a causa (considerar SONDAS NASOENTERAIS:
drogas e perdas hidroeletrolíticas)
 Fístulas intestinais  especialmente jejunais e de alto É o dispositivo mais utilizado em TNE – trata-se
débito (>500ml/24h) de sonda de material biocompatível como polituretano e
 Isquemia gastrointestinal silicone, calibre entre 8 e 12 Fr, macia e flexível.
 Instabilidade hemodinâmica  nutrientes no lúmen
intestinal pode levar a isquemia e necrose. Embora raras, podem ocorrer complicações
 Íleo paralítico intestinal durante a passagem das sondas nasoenterais como:
- Causas sistêmicas: uremia, DM descompensado, pneumotórax, empiema, mediastinite, perfuração
lesão SNC, hipocalemia esofágica, perfuração gástrica, lesão de dentes, lesão
- Causas não sistêmicas: peritonite grave, hemorragia tráqueo-brônquica e arritmias.
intraperitoneal, perfuração intestinal.
 Inflamação do TGI  pancreatites graves, enterites Existem sondas nasoenterais que tem uma
graves (actínica ou por quimioterapia) abertura capaz de drenar o estômago e, pela sua
 Ausência de função intestinal, devido à estase pós- extremidade distal, permitem administrar NE no jejuno.
operatória;
As sondas chamadas de Levine são feitas de
Obs.: Dan  Ao contrário dos adultos, nos quais em poliviniletileno e não devem ser usadas por serem
situação de diarréia a nutrição por sonda nasoenteral pode consideradas iatrogênicas, pois este tipo de sonda torna-
estar contra-indicada, nas crianças com desnutrição e se rígida com o calor e na presença de secreções ácidas e
diarréia crônica a nutrição enteral pode trazer melhoras suscetíveis a danos, trazendo desconforto e complicações
quando a concentração e volumes são aumentados. aos pacientes. Além do mais, precisam de trocas mais
vagarosamente. (Cuidar, diarréia refratária (grave) freqüentes (a cada 07 dias), podendo causar lesões nasais
encontra-se na lista de contra-indicações de TNE em e da região orofaríngea devido à sua rigidez, além de
adultos) causar incompetência do cárdia e refluxo gastro-esofágico.

SELEÇÃO DA VIA DE ACESSO DECISÃO DA VIA DE ACESSO  GÁSTRICA


VERSUS PÓS-PILÓRICA (Dan)
Nutrição por Sonda ou Ostomia
Entre os critérios utilizados para determinar o
Deve-se considerar, inicialmente: posicionamento da sonda estão:

1. Período provável da TNE - velocidade de esvaziamento gástrico


- gastroparesia
Curta duração  sonda nasoentérica com posicionamento - uso de medicamentos inibidores de motilidade gástrica e
gástrico, duodenal ou jejunal digestiva
- risco de aspiração pulmonar

Dan  Até 6 semanas ACESSO PRÉ-PILÓRICO (GÁSTRICO)

 Cateter oro/nasogástrico  posicionamento feito


- Objetivo de evitar complicações pela permanência a beira do leito manualmente ou com auxílio de
prolongada da sonda como: migração da sonda para o endoscopia.
esôfago, aspiração pulmonar, lesão da mucosa do TGI
pela ponta da sonda, infecções das vias aéreas (sinusite, Aferição do posicionamento:
rinorréia) e trato respiratório superior, estenose esofágica, - Aspiração do conteúdo gástrico;
paralisia das cordas vocais, irritação e erosão nasais - Ausculta de ruídos hidroaéreos  entretanto, os ruídos
hidroaéreos podem ser audíveis no epigástrio, mesmo
Longa duração ostomia de nutrição (gastrostomia, quando a sonda está no esôfago ou na árvore
jejunostomia ou gastrojejunostomia) traqueobrônquica. Por outro lado, outras vezes, pode-se
não conseguir aspirar o conteúdo gástrico, devido ao
Dan  > 6 semanas colabamento da sonda. Nos casos de dúvida, a radiografia
Sawaya (DITEN)  >3-4 semanas simples de abdome poderá ser necessária.
- Controle radiológico (raio X)  melhor método
Chemin  a posição da sonda deve ser sempre
2. Risco de broncoaspiração ( com déficit neurológico, em certificada através de controle radiológico, pois os outros
pacientes inconscientes, com doença esofágica, com métodos podem fornecer informação enganosa.
distúrbio da deglutição, tumores de cabeça e pescoço,
obstrução gástrica, refluxo gastroesofágico, gastroparesia
e história de aspiração)  via de acesso pós-pilórica

Observação Dan (2009)  Em caso de risco de aspiração


pulmonar recomenda-se administrar nutrição jejunal
sempre que possível. Em unidades que apresentam maior
2
Na tabela 1, podemos observar as diferenças entre a
sonda naso/oro gástrica e a gastrostomia.

Tab. 01 Sonda Nasogástrica x Gastrostomia


Sonda Nasogástrica Gastrostomia
Curta duração Longa duração
Passagem manual Passagem endoscópica ou
cirúrgica
Orifício pequeno  fácil Orifício grande  permite
obstrução, não permite usar dieta artesanal
dieta artesanal
Deslocamento comum Difícil deslocamento
 Gastrostomia  pode ser feita por endoscopia Complicações como Sem complicações com
(técnica percutânea - é a mais usada, pode ser feita a migração da sonda para o longo prazo, somente
beira do leito e permite início rápido da TNE), esôfago, aspiração problemas com inserção.
laparotomia exploradora, guiada por exames pulmonar, lesão da mucosa
radiológicos ou por videolaparoscopia. do TGI pela ponta da
sonda, infecções das vias
aéreas e trato respiratório
superior, estenose
esofágica e paralisia das
cordas vocais.

ACESSO PÓS PILÓRICO

 Cateter oro/nasoentérico  posicionamento manual


a beira do leito ou com auxílio de endoscopia.

Aferição do posicionamento:
Contra-indicações da gastrostomia: - Aspiração de sucos entéricos (e medidas de pH);
- Ausculta do ar injetado:
 Absolutas: hipertensão portal, ascite e cirurgia gástrica - Controle radiológico (raio X)  melhor método
recente (as 02 últimas podem virar relativas Chemin  a posição da sonda deve ser sempre
dependendo da experiência técnica) certificada através de controle radiológico, pois os outros
 Relativas: obesidade, cirurgia abdominal prévia e métodos podem fornecer informação enganosa.
distúrbios de coagulação
- Cateter oro-nasoentérico  uma vez dentro do
Complicações das Gastrostomias: estômago, a sonda, se não for fixada na face do paciente,
progredirá naturalmente para o duodeno e porção proximal
 Sangramento GI a partir da incisão gástrica; do jejuno, por ação do peristaltismo digestivo normal, num
 Vazamento do conteúdo gástrico para a cavidade espaço de tempo de algumas horas após a introdução.
abdominal Para posicionamento mais seguro, pode-se recorrer a uma
 Deiscência de parede abdominal endoscopia digestiva alta. Deve-se fazer a confirmação
 Aspiração pulmonar radiológica antes de iniciar a dieta.
 Escoriações de pele
 Persistência de fístula após remoção da sonda
 Migração da sonda e obstrução antropilórica

Obs.: Dan (2009)  em pacientes com escala de


coma de glasgow abaixo de 12 e/ou ventilação artificial
deve-se evitar a alimentação gástrica, devido ao
relaxamento do EEI que favorece o refluxo gastro-
esofágico e a aspiração pulmonar.

Vantagens da utilização via gástrica:

 Boa tolerância a fórmulas


 Fácil posicionamento da sonda
 Maior tolerância a osmolaridade e volumes
 Maior tolerância à alimentação em bolus
 Permite progressão mais rápida da dieta

Desvantagens da utilização da via gástrica:


Observações Dan  Deve-se ter em mente que há
dificuldade em evitar-se o RGE mesmo com a extremidade
 Alto risco de aspiração em pacientes com dificuldades
da sonda posicionada no jejuno, devido ao deslocamento
neuromotoras da deglutição
acidental das sondas e seu retorno para o estômago.
 Tosse/náuseas favorecem saída acidental da sonda
Também tosse, vômitos e alterações de motilidade gástrica
predispõem ao maior risco de refluxo. Recomenda-se
conferir repetidas vezes o local da extremidade da sonda e
3
escolher o melhor método de administração de acordo com
as necessidades nutricionais e a doença de cada paciente. Vantagens do acesso pós-pilórico:
Segundo Sawaya, após a introdução da SNE deve-se  Permite início precoce da alimentação  jejuno
aguardar de 12-24h para que ela progrida para o jejuno. retorna peristalse antes do estômago
Embora existam que aumentam o risco de aspiração, não  < risco de aspiração
há evidência clínica que justifique a utilização rotineira da  > dificuldade de saída acidental da sonda
nutrição pós-pilórica por não eliminar ou reduzir  Permite nutrição enteral quando a alimentação
significativamente o risco de aspiração quando compara a gástrica é inconveniente e inoportuna;
nutrição gástrica, ficando seu uso reservado nas situações
de evidência clara de gastroparesia, obstrução de saída Desvantagens do acesso pós-pilórico:
gástrica, vômitos e aspirações graves e recorrentes, além
dos pacientes Glasgow <12 ou em ventilação artificial  Síndrome de Dumping;
devido ao relaxamento do EEI, o que aumenta o risco de  Necessita de controle mais rigoroso na infusão 
aspiração pulmonar. bomba infusora;
 Requer dietas normo a hipoosmolares;
 Jejunostomia  é realizada pelos mesmos métodos  Tem fino calibre e, por isso, nem todas as formulações
básicos da GTM, com algumas modificações técnicas fluem adequadamente;
para acomodá-la em jejuno.  Risco de aspiração em pacientes que têm mobilidade
gástrica alterada ou que são alimentados durante a
noite.
 Desalojamento acidental, podendo causar refluxo
gástrico.

OUTRAS INFORMAÇÕES SOBRE OSTOMIAS (GASTRO


OU JEJUNOSTOMIA)

Indicações de Gastrostomias ou Jejunostomia


em situações específicas, segundo Dan (2009):

Indicações da Jejunostomia:

 Obstrução do TGI alto


 Neoplasia em orofaringe/ esôfago/ estômago e
pâncreas
 Esofagectomia
 Gastrectomia total
 Pancreatectomia
 Gastroparesia

Complicações das Jejunostomias:

 Vazamento do conteúdo intestinal para a cavidade


peritoneal
 Diarréia
 Obstrução da sonda (o calibre da jejunostomia é
semelhante ao de uma sonda nasoentérica)
 Permanência da fístula jejunal após remoção da
sonda
 Isquemia e necrose intestinal no pós-operatório
imediato
 Volvo

4
RESUMO

Na figura 1A, podemos observar o algorítimo da seleção do acesso de nutrição enteral

Fig 1A Seleção da Indicação de Acesso em TNE

TGI funcionante?
não sim

Nutrição parenteral NE > 6 ou > 3-4 semanas

não sim

Sonda nasoentérica enterostomias

Risco de aspiração pulmonar? Risco de aspiração pulmonar?

não sim não sim

Sonda Sonda GTT JTT


nasogástrica Pós-pilórica

NECESSIDADES NUTRICIONAIS

Sawaya 2013:

- Método ideal para determinação das necessidades


nutricionais calorimetria indireta
- Opção – fórmulas estimativa como Harris Benedict,
FAO/OMS
- Melhor opção para adultos obesos e não obesos 
equação de Miflin SL e para pacientes críticos, a equação
de Ireton-Jones.
- Método mais usado na prática clínica  regra de bolso
ou kcal/kg, sendo recomendado pelas diretrizes atuais, 25-
35 kcal/kg para adultos sem enfermidades graves ou risco
de síndrome de realimentação e 20-25kcal/kg para CRITÉRIO DE SELEÇÃO DE DIETAS
pacientes graves. ENTERAIS

Chemin As variáveis comumente avaliadas para seleção de dietas


enterais são:

1. Densidade calórica
2. Osmolaridade / osmolalidade
3. Fórmula versus via e tipo de administração
4. Fontes e complexidade dos nutrientes
5. Desenho da fórmula x indicação clínica

Densidade calórica versus Quantidade de


Líquido Recomendado

Densidade calórica é a expressão da quantidade de


calorias fornecida por mililitro de dieta pronta. Pode ser

5
calculado pelo n.° total de calorias ao dia dividido pelo Obs.: pacientes em condições clínicas instáveis podem ter
volume total de dieta ao dia. outras necessidades que deve ser individualizadas pelo
- Pacientes com restrição hídrica tem indicação de dieta balanço hídrico.
com > densidade calórica  1,5 a 2,0 kcal/ml.
Osmolaridade ou Osmolalidade
Na tabela 2, podemos observar a classificação das
dietas em função de sua densidade calórica e quantidade  Osmolaridade  n° de miliosmoles por litro de solução
de água livre.  Osmolalidade  n° de miliosmoles por kg de água

Tab. 02 Densidade calórica (DC) e quantidade de água Ambas refletem concentração de partículas
livre nas dietas enterais (Dan e Chemin) osmoticamente ativas em solução. O padrão é usar
Categorização DC fórmula % de osmalilade (mOsm/kg água)
da DC água
Muito baixa < 0,6 Muito - Fatores que interferem na osmolaridade da fórmula:
hipocalórica  Aumento da hidrólise dos nutrientes
Baixa 0,6 - 0,8 Hipocalórica -  Nutrientes:
Padrão 0,9 – 1,2 Normocalórica 80 – 86 o minerais/eletrólitos,
(Standard) o proteínas e
Alta 1,3 – 1,5 Hipercalórica 76 – 78* o carboidratos (> hidrolisados)
Muito alta > 1,5 Muito 69 – 71** o TCM, por serem mais solúveis que os
hipercalórica TCL (Chemin)
Obs. 1: Segundo Dan e Chemin: quantidade de água
referente à * 1,5 kcal/ml e ** 2,0 kcal/ml. Na tabela 04, podemos observar a categorização das
fórmulas enterais de acordo com sua osmolalidade.
É muito importante, que, conjuntamente seja feito o
cálculo da recomendação hídrica diária para determinar a Tab. 04 Categorização da Osmolalidade das fórmulas
quantidade de dieta (ml/dia) a ser infundida, bem como a enterais (Dan, Chemin)
necessidade de uma complementação de água livre para
garantir a correta hidratação do paciente. Hipotônica 280 – 300 mOsm
Isotônica 300 – 350 mOsm
 Recomendação hídrica para indivíduo adulto sadio:
Levemente hipertônica 350 – 550 mOsm
o 25 a 40ml/Kg/dia (Dan e Chemin);
o 1ml de água/ kcal (Chemin) Hipertônica 550 – 750 mOsm
Muito hipertônica > 750 mOsm
 Crianças: 50 – 60ml/kg/dia (Dan e Chemin);
 Pode-se calcular a quantidade de líquido em função
Na prática clínica, estes valores são relacionados com a
do total de proteína da dieta  40 a 60 ml / g de
tolerância digestiva da dieta enteral:
nitrogênio. (Dan e Chemin);
 Para prescrição hídrica considerar: faixa etária,
 Estômago tolera fórmulas com osmolalidade >, enquanto
condições climáticas e clínica do paciente (hidratação,
no posicionamento pós pilórico as isotônicas são melhor
hipertermia, diarréia, vômitos, fístulas, grandes
toleradas. O uso de BI ↓ a intolerância a fórmulas
queimaduras)  ↑ das perdas.
hipertônicas em TGI distal.
 Todas as fontes de líquidos administrados a uma
 Quanto mais hidrolisada, maior a osmolalidade da
paciente que está recebendo NE, incluindo lavagem
fórmula.
da sonda de alimentação, medicamentos e líquidos
 ATENÇÂO: média das medicações = 450 a 10.950
intravenosos devem ser considerados na
mOsm  observar se não é a medicação a causa da
determinação e cálculo da ingestão do paciente.
intolerância.
Pode-se, como citado anteriormente, fornecer água
adicional através da sonda de alimentação, conforme
necessário. Fonte e Complexidade dos Nutrientes nas
Fórmulas Enterais
Na tabela 03, podemos observar diferentes bases de
cálculos para necessidades hídricas, segundo Dan e Carboidratos
Chemin.
 Normalmente fornecem de 40-60% do VET (Dan e
Tab. 02 Base para Cálculo das Necessidades Hídricas Chemin)
1500 ml / m²  Conforme mostra o quadro abaixo, apresentam-se na
1500 ml para os 1os 20kg + 20ml/kg acima forma de monossacarídeos (frutose e glicose),
30-35 ml/kg (média adultos) dissacarídeos (sacarose), oligossacarídeos (amido de
30-35 ml/kg (18-64 anos) milho parcialmente hidrolisado, maltodextrina) e
30 ml/kg (55-65 anos) polissacarídeos (amido de milho).
25 ml/kg (> 65 anos)  As formas predominantes de carboidratos nas dietas
RDA: 1 ml/kcal enterais são o hidrolisado de milho ou a maltodextrina
1 ml/kcal + 100 ml/g de nitrogênio

6
 ATENÇÃO: a lactose pode causar intolerância principalmente em desnutridos que tem ↓ da lactase. A maioria das fórmulas é
isenta de lactose.

Fibras

 Principais fontes em NE: pectina, goma-guar e polissacarídeos de soja (principal fonte nas dietas enterais em razão de sua
solubilidade).

 Características do polissacarídeo de soja:

 Chemin  as fontes de fibra mais empregadas em NE  Ajudam no controle da glicemia  ↓ a hipoglicemia de


tem sido a pectina de característica solúvel, a goma rebote pós prandial.
guar e o polissacarídeo de soja que, apesar de  Regularizam transito intestinal
conterem uma fração insolúvel importante, são  Fermentadas pelas bactérias colonicas  formação
submetidos a um processo de micropulverizaçao de de AGCC (acetato, butirato (principal) e propionato) que
suas partículas, o que lhes confere uma ação no são combustíveis para os colonócitos.
organismo humano, como se fossem fibras do tipo  ATENÇÃO: usar sondas de calibre 10 a 12 Fr, pois
solúvel – auxiliam na regularização do transito calibres menores ↑ risco de obstrução.
intestinal.
 Dan  Não há recomendações específicas para fibras Proteínas
em NE, mas deve-se iniciar com quantidades mínimas e
 gradualmente, mas não é necessário atingir-se as  Correspondem, em geral, a 14 a 20% do VET (Dan e
recomendações para indivíduos adultos normais (25-30 Chemin)
g/dia segundo o Dan).  Para a função principal da proteína, plástica, torna-se
 Chemin  Hoje, as fibras podem ser ofertadas na imprescindível que haja adequado suprimento de
nutrição enteral em quantidades próximas a fornecidas energia, de onde surge a relação kcal não protéicas / g
por via oral, ao redor de 20 a 30 gramas ao dia, de nitrogênio. Estudos mostram que a melhor relação
quantidade esta, que parece não interferir na está ao redor de 150 kcal não protéicas / g de nitrogênio,
biodisponibilidade dos nutrientes. 150:1, variando de 110 a 180:1.
 O conteúdo de fibras nas dietas varia de 4-20 g/litro  Principais fontes na NE: soja, caseína e em menor
(Dan) e 5 a 14 g/l (Chemin). escala lactoalbumina, gema de ovo e soro de leite.

7
 Encontradas como:

Lipídeos  Chemin  Não existem ainda recomendações


específicas de vitaminas e minerais pra pacientes críticos ,
 Correspondem, em geral, a 30-35% do VET (Dan e entretanto, o aumento do requerimento de nutrientes
Chemin) antioxidantes é teoricamente plausível, destacando-se
 Principais fontes: então, as vitaminas A, C e E.
- TCL - óleo de milho, girassol, de carne bovina,
gordura láctea, óleo de peixe fornecem AGE importantes Categorização das Dietas Enterais
para integridade de membrana e produção de
eicosanóides. Não exercem efeito sobre a osmolalidade 1. Quanto à forma de preparo:
da solução.
- TCM – óleo de coco ou industrialmente extraído  Dieta caseira ou artesanal ou blender: preparadas com
fornece de 8,2 a 8,3Kcal/g, rapidamente absorvidos pela alimento in natura ou mesclas de produtos naturais com
veia porta, estimulam menos a contração da vesícula biliar,
industrializados (módulos) em cozinha doméstica ou
tem > influencia na osmolalidade. Não veicula AGE.
hospitalar.
Segundo Chemin, sua oxidação produz corpos cetônicos e
CO2 o que, na cirrose e no shunt porto-caval, podem
Vantagens:
exacerbar o quadro de confusão mental.
 Permite individualização da fórmula, quanto à
- Lipídeos estruturados – são ácidos graxos de cadeia
composição nutricional e volume.
longa e média reesterificados. Há o processo de
 Custo aparentemente menor;
transesterificação do TCM com o óleo vegetal rico em
AGPI, como o ômega 3 ou o ácido linoléico, resultando em
Desvantagens:
triacilglicerol misto, em que cadeias médias e longas estão
 Instabilidade bromatológica, microbiológica e
dispostas na mesma molécula de glicerol. Esta
organoléptica do produto final, acarretando em
configuração parece atuar positivamente no sistema
custo real maior que a dieta industrializada;
imune.
 O fornecimento de micronutrientes se mostra
inadequado  necessária suplementação;
Vitaminas e Elementos-traço:  Dificuldade de formulação de dietas especializadas
 As fórmulas comerciais completas são adequadas em Dietas industrializadas em pó: acondicionadas em
vitaminas e minerais quando o volume suficiente da
pacotes hermeticamente fechados em porções individuais
fórmula é utilizado para ir ao encontro das necessidades
(60-96g) ou em latas ou pacotes com 300-400g.
energéticas e dos macronutrientes
Necessitam de reconstituição em água outro líquido.
 Algumas fórmulas especializadas em patologias são
nutricionalmente incompletas em relação ao conteúdo de
Vantagens:
vitaminas e minerais. (isso ocorre especialmente nas
 Menor manipulação do que as dietas caseiras;
fórmulas insuficiência hepática e renal)
 Permite > individualização da fórmula com <
 Suplementações de vitaminas e minerais podem ser
manipulação;
necessárias para pacientes que recebem formulações
 > estabilidade bromatológica e microbiológica do
nutricionalmente incompletas ou fórmulas diluídas por
que as caseiras;
longos períodos

8
 Auxiliam no fornecimento adequado de
micronutrientes; 2. Quanto à Indicação:
 Armazenamento facilitado.
Dietas enterais de formulação padrão: o próprio nome já
Desvantagens: explica.
 Ainda tem alguma manipulação;
 Podem apresentar problemas de  viscosidade Dietas enterais de formulação especializada: exemplo para
dependendo da reconstituição feita. diabetes, imunonutrição.

Dietas industrializadas líquidas semi–prontas: são 3. Quanto ao suprimento de calorias:


dietas já industrialmente reconstituídas que se apresentam
em latas (230-250 ml) ou frascos de vidro (200 – 500 ml) Dietas enterais nutricionalmente completas: fornecem
quantidade os nutrientes necessários adequados.
Vantagens:
 As mesmas que para as em pó, mas que tem um Suplemento nutricional: servem para complementar a
mínimo de manipulação (apenas envase); alimentação, não fornecem calorias adequadas.
 Baixo risco de contaminação, porém necessitam
área de preparo.
4. Quanto a complexidade dos nutrientes:
Desvantagens:
Dietas poliméricas: macronutrientes, em especial a
 Não favorece individualização da fórmula;
proteína, estão na forma intacta (polipeptídeos).
 Mais difícil armazenagem;
Dietas oligoméricas: macronutrientes, em especial a
Dietas industrializadas prontas (sistema fechado): proteína, estão na forma parcialmente hidrolisada
acondicionadas em frascos ou bolsas próprias (500 – (oligopeptídeos). Segundo Dan (2009), os termos
1000ml), são diretamente acopladas no equipo. Em geral, oligomérico e parcialmente hidrolisado são sinônimos.
exigem administração contínua, gravitacional ou em
bomba de infusão, mas também pode ser intermitente Dietas monoméricas ou elementares: macronutrientes, em
observando-se prazo de validade. especial a proteína, estão na forma totalmente hidrolisada
(AA).
Vantagens:
 Não ocorre manipulação, sendo dispensável uma
área de sonda específica na cozinha hospitalar
5. Quanto à presença de algum elemento
(RDC n.° 63); específico:
 Mais prática, com risco mínimo de contaminação.
Dietas enterais lácteas ou isentas de lactose
Desvantagens:
 Não tem possibilidade de alteração da fórmula Dietas enterais com fibra ou isentas de fibra
sendo difícil a individualização;
 Possíveis perdas de dieta na alteração da
prescrição nutricional;
 Difícil armazenamento.

9
CÁLCULO DA CARGA DE SOLUTO RENAL  Iniciar dieta na concentração total a cada 3 – 4h até a
(Dan e Chemin) meta ser alcançada. IMPORTANTE: monitorar resíduo
gástrico e tolerância GI.
 Fazer a administração com paciente sentado oou
Em situações críticas como, por exemplo, na sepse,
reclinado a 45º para prevenir aspiração.
no pós-operatório, no politraumatismo, na queimadura
grave, a urina torna-se muito densa, com alta
osmolaridade, ao redor de 500-1000 mOsm/L, mesmo na
Dieta intermitente cíclica (Sawaya, 2013)  é aquela
vigência de adequada hidratação.
que permite pausas de 8-12h diurnas ou noturnas.
Recomenda-se interrupção noturna para simular a
Dieta ricas em proteína e/ou eletrólitos, como sódio,
interrupção da alimentação habitual nesse período e para
potássio e o íon cloreto representam uma elevada carga
reduzir o crescimento bacteriano intra-gástrico,
de soluto renal. A carga de soluto renal tolerada pelos rins,
promovendo a função bactericida do pH do estômago, não
numa situação normal, é de 800 a 1200 mOsm. Portanto,
bloqueada pela dieta, o que teria implicações na redução
as dietas enterais não devem ultrapassar este valor. Na
das taxas de pneumonia bacteriana hospitalar. No entanto,
tabela 6 é explicada como se calcula a carga de soluto
o benefício da pausa durante a noite pode ser perdido
renal.
devido a maioria dos pacientes em cuidados intensivos
Tab. 06 Como calcular a carga de soluto renal receberem bloqueadores da secreção ácido no estômago.
Nutrientes Osmolalidade (mOsm)
A administração intermitente não é considerada a melhor
Proteína 01 grama  5,7 mOsm adultos
opção para pacientes críticos, devido ao uso frequente de
01 grama  4,0 mOsm crianças
sedativos, opiáceos ou outras drogas que diminuem a
Sódio 01 mEq  01 mOsm motilidade gástrica e podem limitar o alcance por dificultar
Potássio a tolerância ao aporte de nutrientes.
Cloro
Conversão de mg para mEq
CONTÍNUA
mg de Na  dividir por 23
mg de K  dividir por 39  25 a 125ml/h (Dan/Sawaya) durante 24h no estômago,
mg de Cl  dividir por 35 duodeno ou jejuno  interrompida a cada 6-8h (Dan) /
4-6h (Sawaya) para irrigação com 20 a 30ml de água.
MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO DE NE  Dan – administrada por gotejamento gravitacional ou,
de preferência bomba de infusão.
Segundo Dan e Chemin, existem dois métodos de infusão  Chemin administração usando bomba infusora por
de nutrição enteral por sonda, intermitente e contínua. um período de 12-24 horas.
 Indicada para pacientes que não toleram alimentação
INTERMITENTE intermitente ou para aqueles que necessitam de taxas
de infusão menores
1. Bolus: infusão com seringa de  Sawaya, 2013  esta indicada para pacientes com
terapia continua com bomba de insulina para diminuir
- 100 a 300ml (Dan) de dieta no estômago a cada 3 a o risco de hipoglicemia, para testar a tolerância em
6h (Dan) por pelo menos 2 a 6 minutos, precedida e pacientes graves em fase inicial da terapia, em
seguida por irrigação da sonda com 20-30 ml de água pacientes com distensão abdominal, refluxo
potável. gastroesofágico ou com risco de broncoaspiração ou
para controlar a diarreia osmótica.
2. Gravitacional:  Maior segurança e confiabilidade de infusão devido a
BI
- 100 a 300ml (Dan) administrado por gotejamento  Restrição do paciente ao leito
(60 a 150ml/h) a cada 4 a 6h (Dan) precedida e seguida  > risco de oclusão da sonda
por irrigação da sonda com 20-30 ml de água potável.  Sawaya 2013  para o cálculo do tempo de infusão é
- Segundo Chemin, é a administração de dieta recomendado considerar as atividades de cuidado
utilizando equipo com pinça. como higiene brônquica, fisioterapia e transferência
3. Com bomba infusora (BI): igual a gravitacional, para realização de testes diagnósticos, dentre outros.
porém com controle de uma BI. Essas atividades resultam em até 3 a 4h que devem
ser deduzidas das horas totais do dia, com o objetivo
Orientações gerais para infusão de dieta intermitente: de garantir que a quantidade prescrita seja
(Dan) administrada dentro de 24h.

 Similar a nutrição oral. Obs.: Chemin cita controle da infusão gravitacional por
 Distensão gástrica estimula secreção cloridopéptica. gotas por minuto. Cada 20 gotas = 01 ml de dieta. Assim,
 Um ↑ na atividade contrátil do estômago com  da para transformar de ml/h para gotas por minuto – dividir
taxa de infusão (60ml/min) e volume acima de 350ml ml/h por 3 (constante).
causa desconforto
 Indicada para pacientes com esvaziamento gástrico
normal e com NE domiciliar  permite deambulação

10
Segundo Sawaya, 2013, pacientes estáveis aceitam O procedimento de verificação do conteúdo residual
a progressão calórica mais rápida, geralmente gástrico é feito após injetar 3 e 5 ml de ar com uma seringa
grande (50ml).
atingindo a meta calórica em 24-48h. Sugere-se
iniciar com gotejamento de 10-40ml//h, evoluindo 10- Segundo Dan
20ml//h a cada 8-12h, conforme tolerância.
 RG > 200ml (sonda nasoentérica) ou > 100ml
(Gastrostomia) + sinais de desconforto abdominal ou
INTERPRETAÇÃO DO RESÍDUO GÁSTRICO distensão = interrupção da NE e investigação
radiológica do paciente (Dan).
(RG)   RG sem sintomas digestivos = retardar dieta por 1h
e reavaliar RG. Para pacientes críticos, com
A avaliação de resíduos gástricos é importante para intolerância à oferta de NE, que apresentam grande
avaliar o esvaziamento gástrico em NE. Altos níveis de RG quantidade de resíduo gástrico (250ml) ou vômito,
sugerem intolerância a alimentação e risco de regurgitação recomenda-se utilizar procinéticos (eritromicina,
e aspiração. Outro procedimento que evita a metoclopramida, bromoprida, cisaprida)
broncoaspiração é o uso permanente de cabeceira elevada  Para pacientes com escala de Glasgow abaixo de 12
a 30-45º. e/ou ventilação artificial, deve-se evitar a alimentação
gástrica, devido ao relaxamento do esfíncter
Existem alguns fatures de risco que favorecem o esofagiano interior que favorece o refluxo
aumento do RG e a aspiração: redução do nível de gastroesofágico e aspiração pulmonar.
consciência por sedação, aumento de pressão
intracraniana, doença neuromuscular, anormalidades do Segundo Dan (2009) existe um algorítimo para manejo da
trato aerodigestivo, intubação orotraqueal, vômitos, gastroparesia e do resíduo gástrico:
diabetes, refluxo gastroesofágico e idade avançada.

Obs.: considera-se resíduo gástrico aumentado > 200ml após infusão de 6h.

Dan
NUTRIÇÃO ENTERAL PRECOCE
- Segura e efetiva se iniciada entre as primeiras 24 horas
Caracterizada por início da dieta após trauma físico, - Diminui a indicação de nutrição parenteral
cirúrgico ou sepse: - Favorece atingir as necessidades nutricionais em 03 dias
- Atenua a reposta metabólica
- ideal até 24 horas, aceitável até 48 horas (Dan, 2009) - Diminui os prejuízos da resposta imunológica
- entre 24 a 48h (Chemin) - Melhora a cicatrização da área queimada
- Mantém a integridade estrutural e funcional da mucosa
Esse período pode variar em decorrência de cada intestinal
caso, mas tem relação com o tipo de paciente (clinico ou - Diminui a permeabilidade da mucosa intestinal
cirúrgico) e com a estabilidade hemodinâmica que é um
pré-requisito para a NE precoce. - Diminui a ocorrência de translocação bacteriana e de
endotoxinas
Benefícios da Nutrição Enteral Precoce: - Previne a ocorrência de úlceras de Curling (de estresse)
- Não aumenta a ocorrência de pneumonia aspirativa

11
- Diminui a ocorrência de infecção e sepse Observem no quadro abaixo os fatores que afetam a
- Diminui o tempo de internação barreira intestinal e a microflora de pacientes críticos:
- Diminui a mortalidade

Recomendações de como fazer segundo Dan (2009)

- Iniciar com pequenos volumes (10-15 ml/hora) com


300ml de dieta hidrolisada nas 24 horas e em bomba de
infusão e avaliar a cada 6 horas a ocorrência de
complicações gastrointestinais como vômitos, distensão
abdominal, evacuação e outras complicações.
- Deve-se levar em consideração que quando há suspeita
de baixo fluxo intestinal (baixa perfusão), a NE pode levar
a necrose intestinal não-oclusiva e, assim, deve-se
prescrever suporte metabólico e não nutricional com dietas
hipocalóricas.

Chemin

Vantagens  acelera a transição para dieta oral,  perda


de peso (influência positiva sobre o estado nutricional),
melhora valores de balanço nitrogenado,  demanda Nutrição enteral precoce pós-operatória: (Dan,
metabólica, melhora balanço calórico e  tempo de
internação.
2009)
Vantagens adicionais  menor incidência de complicações
infecciosas, menor readmissão de pacientes cirúrgicos no Deve ser indicada quando:
CTI, menor antibióticoterapia, menor permanência em CTI
e no hospital. - em pacientes cuja via oral precoce não pode ser indicada
(grandes cirurgias de cabeça e pescoço e do TGI alto)
- trauma abdominal grave
Recomendações de como fazer segundo Chemin: - pacientes com desnutrição grave
- aqueles em que se presume que a alimentação oral não
 NE precoce  via de acesso de escolha  pós- ocorrerá ou será inadequada por 7 a 10 dias no pós-
pilórica operatório.
 O intestino é um órgão que é adversamente afetado - existe benefício de usar-se fórmula imunomoduladora
quando não há suprimento de nutrientes;
 O fornecimento de 10 a 15% das necessidades Nutrição enteral precoce em pacientes críticos:
calóricas totais, precocemente, por via digestiva (Dan, 2009)
parece ser suficiente para minimizar os efeitos
adversos do TGI, mesmo que os demais nutrientes Iniciar também dentro de 24 a 48 horas.
estejam sendo ofertados por via venosa. Veja o fluxograma de decisão na nutrição enteral precoce
no paciente crítico abaixo:

12
Nutrição enteral precoce no Paciente com
Trauma Grave: (Dan, 2009)
- Pacientes que possam usar o TGI devem receber NEP
- Pacientes impedidos de receber NE ou que por volta do
7º dia não tenha atingido 50% dos requerimentos
calculados devem receber NP.

PREPARO DA NUTRIÇÃO ENTERAL NÃO-


INDUSTRIALIZADA
Segundo o Dan é regido pela RDC n.° 63 de 06 de
julho de 2000.

Devem existir áreas distintas de preparo: salas para


limpeza e higienização, manipulação, envase, dispensação
e distribuição.

Área de recebimento: recebe o material do fornecedor.


Avaliar validade, embalagem, condições do entregador e
conferir rotulagem (nome e composição do produto, data Uniformes: devem ser usados somente na preparação da
de validade e fabricação, lote, registro no órgão oficial, dieta e devem ser de cor clara, constituída de sapato
CGC, endereço do fabricante, condições de fechado, avental fechado ou macacão com manga, decote
armazenamento e peso) fechado, gorro ou toca, máscara.

Área de armazenamento: produtos que vencem 1° devem Conservação e transporte: conservadas de 2 a 8°C em
ser consumidos 1º, proibido material de limpeza, de geladeira exclusiva e transportadas em recipientes
higiene e caixas de madeira, ventilação adequada, térmicos que tenham proteção para luz solar (tempo de
conforto térmico e iluminação uniforme. Os produtos transporte não deve ultrapassar 2h)
destinados à devolução devem ser identificados por
fornecedores e colocados em locais separados da área de CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM NE
armazenamento.
Quanto maior a manipulação da fórmula, maior o risco de
Área de higienização: lavagem das mãos e antebraço contaminação. A contaminação:
com sabão líquido, neutro e inodoro.  Prejudica e pode comprometer a evolução do paciente
 É mais freqüente em ambiente hospitalar
Pode ocorrer por: falta de higiene correta dos
manipuladores, inabilidade na desinfecção dos
equipamentos, aditivos contaminados adicionados a dieta,
ambiente inapropriado. Além disso, temperatura de
transporte da NE, tempo e sistema de administração
podem favorecer a contaminação.

FATORES QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO DE


MICROORGANISMOS

 Nutrientes  presentes em abundancia nas fórmulas,


favorecem o crescimento
 Atividade de água (aw)  refere-se à disponibilidade da
água presente no alimento para reações química e 
bacteriano. Ideal para crescimento é  0,8 e  1,0 e a
maioria dos alimentos tem aw dentro desses limites
Guarda de amostras: deve-se reservar amostra para  pH  a maioria das fórmulas tem pH em torno de 7,0
análise das diferentes dietas para correções preventivas e que é o ótimo para microorganismos
corretivas.  osmolaridade  fórmulas iso-osmolares favorecem
crescimento de microorganismos.

Fontes de contaminação:
 ingredientes não estéreis (alimentos in natura,
módulos, água, medicações),
 manipulação (local e manipuladores),
 utensílios,
 temperatura (< 4°C e > 80°C – previnem crescimento
bacteriano),
 transporte (em recipientes térmicos entre 02 e 08°C),
 tempo de administração (fórmulas prontas = 8-12h /
reconstituídas = 4h / sistema Fechado = 24 – 36h)
 após abertas/manipuladas as dietas devem ser
utilizadas dentro de 24h, se não utilizadas devem ser
desprezadas

13
 utilização do equipo de sistema por mais de 24h, - ocorre defeitos na mucosa, porém a má digestão também
 condições inseguras de armazenamento. pode ocorrer.
- diarréia crônica com esteatorréia são os sintomas
Prevenção da contaminação principais.
 sistema: n° mínimo de conexões.
 fórmulas: preferencialmente estéreis ou menos Distensão abdominal (Dan)
manipulada possível, água de bom padrão
 manipuladores: capacitados, exames médicos Causas:
atualizados  infusão rápida
 tempo de administração: respeitar os limites  administração em bolus – mudar para intermitente
estabelecidos para cada fórmula. gravitacional
 estocagem: manter a 4°C até infusão no paciente.  grandes volumes -  volume e  lentamente
 material: descartar após 24 horas de uso.  intolerância a lactose

Conseqüências da contaminação: distensão abdominal, Constipação


vômito, diarréia, colonização do TGI, infecção e sepse,
maior morbimortalidade Causas:
 inatividade
COMPLICAÇÕES DA TNE   da motilidade – bloqueadores neuromusculares,
antagonistas de canal de Ca, vincristina e
As complicações podem ser classificadas anticolinergicos tem essa ação
primariamente como gastrointestinais, mecânicas e  Desidratação
metabólicas, infecciosas, respiratória e psicológicas,  Falta de fibra
entretanto, quando elas ocorrem, a distinção pode não ser
evidenciada tão claramente, tornando o diagnóstico da A constipação pode ocasionar sintomas como
etiologia um dado muito importante. distensão abdominal, vômitos, inquietude, obstrução e
perfuração intestinal (Dan, 2009).
COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS  mais comuns
(Dan)
Diarréia – complicação mais atribuída à dieta
Náuseas e vômitos (Dan)
- Causas não relacionadas à TNE:
Causas:
 intolerância a lactose – se for o caso, usar fórmula  medicações – sorbitol, ATB, bloqueadores H2,
isenta de lactose laxantes, suplementos com K e P, antiácidos com
 excesso de gordura na fórmula – a gordura não Mg, colchicina, propanolol, digitálicos  se for o
deve exceder 30% VET caso, suspender merdicamento a base de
 infusão rápida – se sonda gástrica iniciar com 40- magnésio e usar lactobacillus
50 ml/h / pos pilórica 20-25 ml/h, progredir  hipoalbuminemia – provoca edema de mucosa
criteriosamente intestinal ↓ absorção  se for o caso, administrar
 solução hiperosmolar (> 350 mOsm) – usar albumina exógena, usar formulações isotônicas e
fórmulas isotônicas, se for o caso concentrar gradualmente a dieta
 sabor desagradável – acrescentar flavorizante  atrofia de mucosa
 Estase gástrica -  RG (> 50% do volume  deficiência de lactase  se for o caso, usar dieta
sem lactose
infundido após 2h da infusão) -  oferta em bolus
 super-crescimento bacteriano
e usar procinético – verificar se gastroparesia
 intolerância à soja  se for o caso, usar dieta
diabética
sem soja
 refluxo gastroesofágico (RGE) – alimentar pós
 má absorção de gordura  se for o caso, usar
pilórico
dietas com baixo teor de gorduras, prescrever
Estase gástrica (Dan) – corresponde a presença de 50% enzimas pancreáticas para pacientes com
insuficiência pancreática.
ou mais de volume de dieta após 02 horas de infusão.
 citomegalovírus
 Insuficiência Pancreática
Causas:
 Antibóticoterapia prolongada  Infecção por
 hipotensão
Clostridium difficile  colite + diarréia
 sepse
 Condições clínicas do paciente e doença de base
 estresse
(Chemin)
 após anestesia e cirurgia
 pacientes com tumor gástrico
- Causas relacionadas à TNE:
 pacientes com doenças auto-imunes
 Infusão rápida  reduzir a infusão da dieta para
 após a realização de vagotomia
40-50ml/hora, quando sonda posicionada no
 no uso de alguns medicamentos como:
estômagfo; 20-25 ml/horas quando sonda
analgésicos (fentanil, codeína, morfina),
posicionada no duodeno, progredir lentamente.
anticolinérgicos (antihistamínicos,
 Excesso de gordura (> 35% VET)
antidepressivos, tricíclicos, fenotiazinas,
medicamentos para doença de Parkinson),  Fórmulas hipertônicas – usar isotônicas e  taxa
antiácidos contendo alumínio e narcóticos. de infusão para 40-50 ml/h no estômago e pós-
pilórica 20-25 ml/h, aumentar densidade calórica
Má-absorção: (Dan) com polímeros de glicose.
 Contaminação da fórmula ou equipo  controlar
- absorção intestinal reduzida de nutrientes o preparo e a qualidade microbiológica da dieta.

14
 Dieta gelada  suspender a dieta e aquecer até – 50ml/h, progredindo lentamente. Após, suspender por 2
temperatura ambiente dias a medicações e monitorar evacuações.
 Sonda pós-pilórica  se possível, reposicionar a
sonda a nível gástrico. Fórmula enteral de escolha na diarréia, segundo Dan
 Dieta sem fibras  a presença de fibras na dieta (2009)  dieta de baixa osmolaridade e enriquecida com
visa, prioritariamente regularizar o trânsito fibras solúveis. O uso de prebióticos, probióticos ou
intestinal e minimizar o risco de diarréia. A goma- simbióticos em pacientes críticos ainda estão sob
guar hidrolisada tem sido apontada como uma investigação para tratamento e prevenção da diarréia nos
fonte de adequada de fibras para a TNE, uma vez pacientes críticos.
que não exerce influência na viscosidade e fluidez
da fórmula líquida, minimizando o incoveniente de Veja abaixo, o fluxograma para manejo da diarréia
obstrução da sonda. Segundo Chemin, a goma proposto por Dan (2009):
guar é a fibra que mais produz ácidos graxos de
cadeia curta
ATENÇÃO Dan: se diarréia intensa e rebelde ao controle,
usar anti-diarreico, suspender dieta por 12h e reiniciar a 40

15
METABÓLICAS
Complicações menos comuns na NE que em NPT e em NE, particularmente comuns com uso de fórmulas elementares. As
complicações metabólicas da TNE são citadas no quadro abaixo.

Complicação Etiologia Controle


 Desnutrição grave  Aumentar DC da dieta
Hiper - hidratação  Insuficiência Cardíaca, renal ou  Diurético
hepática  BH diário
 Excesso de líquidos  Controle de peso
administrado
 Formulas hipertônicas  Formulas isotônicas
Desidratação  Diarréia  Controlar diarréia
 Oferta hídrica insuficiente  Repor água após dietas
 Dietas hiperprotéicas  Balanço hídrico diário
 Observar pele e mucosa
 Deficiência de insulina (trauma,  Insulina e/ou hipoglicemiantes
Hiperglicemia sepse, DM, queimadura, orais
cirurgia, uso de corticóides)  Dietas isentas de sacarose
 Oferta energética excessiva  Monitorização da glicemia
 Avaliar a oferta energética
 Suspensão súbita da dieta em  Monitorizar glicemia
Hipoglicemia pacientes hiperglicêmicos  Observar sinais e sintomas
 hiperinsulinização  20 ml de glicose a 50% EV
 diarréia  monitorar eletrólitos
Anormalidades em eletrólitos e  infecção  observais sinais clínicos:
elementos traço  desnutrição tremores, anemia, dificuldade
 disfunção renal de cicatrização
 observar drogas que
interferem na absorção
 sobrecarga calórica  observar transaminases
Alterações das funções hepáticas  substratos inapropriados  usar dietas especializadas
 toxinas

16
MECÂNICAS  relacionadas com a sonda e variam com o PSICOLÓGICAS
tipo e a posição.
 monotonia alimentar
Obstrução da sonda:  auto imagem prejudicada
 lavagem incorreta  30ml de água após dieta e  depressão e ansiedade
medicação  falta de estímulo ao paladar
 Dan  impactação de drogas  desobstruir com  insociabilidade
vitamina C / água morna / enzimas pancreáticas /  inatividade
bebidas carbonatadas / bicarbonato de sódio /  desconforto pela presença da sonda
papaína
 Chemin  no caso de obstrução da sonda a Controle laboratorial: hemograma completo, glicose,
mesma deve ser desobstruída com água uréia, creatinina, sódio, potássio, fósforo, cloro e
 dobramento e nó na sonda  retirar e reintroduzir magnésio(semanal). PTNs totais e frações, TAP, PTT,
TGO, TGP, fosfatase alcalina, gamaGT, bilirrubina,
Saída ou migração acidental da sonda: lipidograma, uréia urinária/24h e avaliação antropométrica
- causas relacionadas à TNE: (quinzenal)
 alteração da peristalse  auscultar 3x/dia e
avaliar aspirado CONCLUSÃO: a NE é a via mais natural quando a via oral
 paciente hiperativo  Rx abdome não é possível, incluindo maiores benefícios fisiológicos e
metabólicos além de maior segurança e menor custo.
Erosões nasais, necrose e abcesso septonasal: Portanto se o TGI funciona, USE-O!
 sonda de grosso calibre  usar sondas até 12Fr
 sonda pouco flexível  usar sondas de INDICADORES DE QUALIDADE EM NUTRIÇÃO
poliurietano ou silicone e lubrificar narinas, usar ENTERAL (RESULTADOS) SAWAYA:
fitas apropriadas para fixar a sonda
- tempo de jejum antes do início da TNE (não deve
Sinusite aguda, rouquidão, otite ultrapassar 72h)
 sonda de pouca flexibilidade - evolução do estado nutricional para verificar resposta
 permanência prolongada  preferir ostomias para adequada da terapia escolhida
NE de tempo indeterminado - frequência de reavaliação periódica em pacientes em
TNE
Esofagite, ulceração esofágica, estenose: - % de pacientes com volume de NE infundido maior que
 sondas calibrosas 70%
usar sonda até 12
 vômitos persistentes - incidência de diarreia
FR e/ou realizar
 RGE
JTM
NUTRIÇÃO ENTERAL DOMICILIAR: INTRODUÇÃO E
Ruptura de varizes esofageanas:
BASES TÉCNICAS (Chemin)
 Iirritação e pressão excessiva  retirada da
sonda + esclerose endoscópica
O custo da terapia nutricional domiciliar é
 esofagites  JTM, NPT em último caso
significativamente menor do que a hospitalar.
Fístula traqueoesofágica:
 necrose por pressão na parede posterior da Esta modalidade de terapia difere da intra-hospitalar
traqueostomia e anterior do esôfago  usar GTT, apenas porque é realizada em domicílio. As indicações
JTM ou NPT para terapia nutricional domiciliar encontram-se no quadro
abaixo
INFECCIOSAS  tem como principal conseqüência a
gastroenterocolite por contaminação microbiana no
preparo, nos utensílios e na administração da fórmula.

RESPIRATÓRIAS
A pneumonia aspirativa é a complicação mais grave da
TNE, sua incidência varia de 21 a 95%

Causas:
 oferta exagerada de dieta
 retardo do esvaziamento gástrico e íleo paralítico
 posicionamento inadequado da sonda  controle
radiológico + aspiração do conteúdo
 migração da sonda  auscultar e observar
aspirado
 posicionamento inadequado do paciente 
cabeceira a 30-45⁰ e verificar RG antes de cada A seleção dos pacientes para terapia nutricional
nova etapa domiciliar deve atender aos critérios do quadro abaixo:
Obs.: o paciente neuropata tem maior risco de
broncoaspiração, uma vez que pode apresentar deficiência
de mecanismos reflexos de proteção contra o vômito.

Prevenção:
- Chemin - deve-se manter o paciente em decúbito elevado
durante e por 01 hora após a administração da dieta.
17
Todos os pacientes devem ser orientados de
maneira minuciosa quanto a terapia nutricional e,
A seleção da via de acesso para nutrição enteral domiciliar eventualmente, pode-se hospitalizar o paciente com
deve seguir os critérios do quadro abaixo: objetivo de fornecer treinamento mais intensivo. O período
de adaptação do doente corresponde aos primeiros 14
dias de nutrição enteral dominciliar.

Como critérios de reabilitação nutricional domiciliar


considerar os critérios do quadro abaixo
:

ASPECTOS ECONÔMICOS DOS CUIDADOS


NUTRICIONAIS (Chemin) O trabalho em equipe multiprofissional pode ser
responsável por redução do custo. A TN neste contexto
O suporte nutricional deve ser corretamente prescrito deve ser adotada com base num manual de boas práticas
para que possamos observar os seus reais benefícios, pois com vistas a buscar garantir os melhores resultados
sua não-prescrição pode acarretar “custos”. A presença clínicos e, conseqüentemente, exibir as significativas
de infecção correlaciona-se com a desnutrição 1,5x a mais reduções de custos.
do que em pacientes não desnutridos. A idade acima de 60
anos aumenta a chance de desnutrição em 1,8x. O tempo Convencionalmente e, na maioria das vezes, a TN tem
de interação, em relação a data de avaliação nutricional , sido instituída sob regime de internação e, não
quando acima de 08 dias, foi associado a pior estado necessariamente, tem seguimento domiciliar após alta
nutricional em 2,7x. A presença de câncer aumenta o risco hospitalar. Por outro lado, a alta hospitalar quase sempre
de desnutrição em 8,1x e a localização anatômica da não coincide com a alta nutricional, e muitos são os casos
enfermidade no trato digestório alto associa-se a de interrupção do atendimento nutricional por não existir
desnutrição 15,7x. modelo integrado para o seguimento pós-alta hospitalar
em home care. Porém, existe economia com o doente em
Não tratar precocemente os doentes desnutridos domicílio, confrontando o custo da internação com o do
cirúrgicos aumenta os custos hospitalares de maneira tratamento domiciliar.
significativa.
O modelo de atendimento denominado modelo
O Inquérito Brasileiro de Nutrição (INBRANUTRI) integrado hospital-domicílio é uma aplicação organizada do
revelou que somente 6,1% dos doentes internados modelo domiciliar. O paciente, ora internado, ora
recebem tratamento com nutrição enteral e 1,2% com domiciliar, não sofre interrupção em seu atendimento
nutrição parenteral. nutricional.

Num estudo feito em São Paulo, foi revelado que PAPEL DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA TERAPIA
todas as internações sem intervenção de TN resultaram NUTRICIONAL – ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA
num leito para 450,4 habitantes, enquanto com o uso da (Chemin)
TN passaria a haver 01 leito para cada 514,6 habitantes,
ocorreria uma taxa maior de ocupação hospitalar e menor O profissional nutricionista pode atuar de maneira
tempo de internação com o uso de TN. direta ou indireta. Os profissionais de ação direta seriam

18
aqueles que assistem a unidade de internação e os necessários ao tratamento nutricional e disponíveis
pacientes ambulatoriais. Já os de ação indireta, os na instituição;
nutricionistas responsáveis pela área de produção de  Quanto ao paciente sem possibilidades terapêuticas:
dietas enterais das cozinhas hospitalares e aqueles o Prover, no mínimo, os cuidados nutricionais básicos;
atuantes nas indústrias de alimentos, responsáveis pela o Continuar o tratamento nutricional, uma vez iniciado;
assessoria técnica na formulação e distribuição dos o Evitar que a terapia nutricional seja a causa mortis;
produtos enterais industrializados. o Prover tratamento nutricional simbolicamente
significativo;
Determinou-se ser de competência do nutricionista  Quanto ao desenvolvimento de pesquisa:
como membro de uma equipe de terapia nutricional: o Submeter protocolos de pesquisa à aprovação
 Realizar a avaliação do estado nutricional inicial e prévia pelos comitês de bioética do hospital. Mesmo
periódica, envolvendo a abordagem clínica subjetiva, aprovados, o paciente deve estar ciente de todos os
coleta de medidas mensuráveis (antropométricas, inquérito detalhes do mesmo e consentir, por escrito, sua
alimentar, exames laboratoriais, indicadores clínicos e a participação;
realização da avaliação corporal);  Quanto ao aspecto do custo:
 Determinar as necessidades nutricionais o Estar consciente para não tomar decisões
 Participar da seleção do paciente candidato a suporte unilaterais quanto à prover, negar ou
nutricional, considerando a interpretação de dados o retirar terapia nutricional com o argumento de
procedentes da avaliação nutricional; limitar custo ou racionar recursos.
 Opinar na indicação quanto ao suporte e via de
acesso;
 Orientar o paciente e/ou familiares sobre a terapia
nutricional a ser utilizada, seja esta durante a internação,
no momento da alta hospitalar ou ambulatorial e domiciliar;
 Formular a prescrição dietética, de acordo com as
necessidades nutricionais do paciente, adaptando-a à via
de acesso de possível utilização, em consonância com a
avaliação da equipe multiprofissional;
 Selecionar e/ou elaborar a formulação a ser utilizada
no suporte nutricional e adequá-las às condições clínicas
do paciente;
 Participar da supervisão da administração das
soluções nutritivas;
 Avaliar a tolerância das soluções nutritivas e a eficácia
do suporte nutricional, realizando as modificações sempre
que necessárias;
 Realizar evolução dietoterápica, estabelecer o
diagnóstico nutricional, determinar os critérios de
reabilitação nutricional;
 Participar da especificação do material, equipamento e
matéria-prima a serem empregados no preparo,
armazenamento, distribuição e administração das soluções
nutritivas;
 Supervisionar o preparo das dietas enterais, em local
específico, assegurando a manipulação, armazenamento e
distribuição adequados bromatológica e
microbiologicamente;
 Participar das atividades didáticas e científicas da
equipe, visando estabelecer um determinado padrão de
qualidade na terapia nutricional;
 Realizar o treinamento e reciclagem do pessoal
técnico e operativo envolvido na terapia nutricional;
 Participar de todas as atividades administrativas
pertinentes à equipe de terapia nutricional;
 Criar mecanismos de auto-avaliação da performance
da equipe de terapia nutricional visando ao seu auto-
gerenciamento. Para tal, devem ser estabelecidos metas e
objetivos mensuráveis, avalia-los periódica e regularmente,
garantindo a busca e a manutenção do mais alto nível de
qualidade de seus processos, procedimentos e de seus
elementos.

Além disso, o nutricionista com membro de uma


equipe de terapia nutricional tem obrigações legais no que
concerne ao aspecto ético. Sob este enfoque, o
nutricionista deve:
 Quanto ao paciente em terapia nutricional:
o Interromper o tratamento quando os riscos superam
os benefícios;
o Prover aos pacientes, sem discriminação, todos os
recursos tecnológicos em suporte nutricional

229
Questões:
A) liquidez
1) A nutrição enteral é de indicação rotineira, com B) osmolaridade
eficácia comprovada, diante das seguintes C) digestibilidade
complicações: D) homogeneidade

(A) Quimioterapia em altas dosagens, pós-operatório 7) Uma dieta enteral polimérica industrializada, contendo
imediato, choque 1,3 kcal/ml e uma osmalalidade de 330 mOsmol/kg de
(B) Fístulas de alto débito, pancreatite aguda grave, pré- água, é categorizada, respectivamente, como: (Concurso
operatório imediato da Residência Nutrição HUPE- 2004)
(C) Disfagia grave, fístulas digestivas de baixo débito,
grandes queimados (A) normocalórica / hipertônica
(D) Obstrução intestinal mecânica complexa, enterite (B) hipercalórica / hipertônica
aguda e politraumatismo (C) normocalórica / isotônica
(D) hipercalórica / isotônica
2) Em terapia nutricional enteral de adultos, quando se
analisa o fator tempo na indicação da via de acesso, 8) “O gotejamento continuo é uma forma mais comum de
passa-se a recomendar preferencialmente a ostomia administração de alimentação enteral” .
em relação à sonda nasal, quando se prevê uso da Paciente, criticamente enfermo, iniciará terapia de nutrição
terapia por período maior que: (Hospital Geral Dr. enteral com um volume total de 1500 ml/dia. Considerando
Waldemar Alcântara – 2002) o gotejamento contínuo, você prescreveria inicialmente um
volume de: (Bombeiros – nutricionista – 2001)
(A) 2 semanas
(B) 3 semanas (A) 60 a 80 ml/h
(C) 5 semanas (B) 30 a 50 ml/h
(D) 6 semanas (C) 10 a 20 ml/h
(D) 55 a 65 ml/h
3) Na seleção de dietas enterais é importante considerar (E) 80 a 100 ml/h
que a presença de goma guar numa formulação
contribui para: (Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara 9) Forma de alimentação enteral planejada para facilitar a
– 2002) digestão e a absorção com suprimento de macronutrientes,
particularmente proteínas, em uma forma hidrolisada ou
(A) Retardar esvaziamento gástrico e trânsito intestinal parcialmente hidrolisada, tais como peptídeos ou
(B) Retardar esvaziamento gástrico e acelerar trânsito aminoácidos é reconhecida como: (Bombeiros –
intestinal nutricionista – 2001)
(C) Acelerar esvaziamento gástrico e retardar trânsito
intestinal (A) monomérica
(D) Acelerar esvaziamento gástrico e trânsito intestinal (B) modular
(C) polimérica
4) Na seleção de dietas enterais é importante considerar a (D) dietas para fins especiais
densidade calórica que, em fórmulas normocalóricas é (E) artesanal
padrão variar de: (Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara –
2002) 10) Para um paciente com trato gastrintestinal funcionante,
porém com retardo no esvaziamento gástrico, náuseas e
(A) 0,6-0,8kcal/ml vômito, deve-se optar pelo suporte nutricional: (PMRJ
(B) 0,9-1,2kcal/ml 2000)
(C) 1,3-1,5kcal/ml
(D) 1,6-2,0kcal/ml (A) enteral por via nasogástrica
(B) enteral por via nasoduodenal
5) Com relação às dietas enterais, não é correto afirmar (C) oral
que: (Ministério da Saúde 2005) (D) parenteral total
(E) parenteral periférico
(A) o teor protéico em formulas enterais fornece de 4 a
32% do total de quilocalorias; 11) A carga de soluto renal tolerada pelos rins numa
(B) as formulas poliméricas contem proteínas intactas situação normal é de 800 a 1.200 mOsm/1. Qual a carga
biologicamente completas, como caseinato, de soluto renal em uma formulação enteral contendo 54,3
lactoalbumina, carne e proteína isolada de soja; mEq de sódio, 85,8 mEq de potássio e 52,2 mEq de
(C) As fontes de carboidratos usadas em formulas enterais cloreto?
são frutas e vegetais, xarope de milho sólido, amido
hidrolisado de milho e tapioca, maltodextrinas, sacarose, (A) 96 mOsm/1
frutose e glicose; (B) 128 mOsm/1
(D) são necessários 6% das calorias diárias na forma de (C) 192 mOsm/1
acido linoléico para prevenir deficiência de ácidos graxos (D) 256 mOsm/1
essenciais; (E) 320 mOsm/1
(E) as formulas padrão contêm de 80 a 85% de água livre,
as formulas com maior densidade calórica podem ter 60% 12) Qual a contra-indicação absoluta de alimentação por
de água livre. via enteral? (CSM)

6) Na avaliação das formulas alimentares por sonda, além (A) fÍstulas enterocutaneas de baixo debito
da concentração de calorias, proteínas, carboidratos, (B) Íleo pos-operatorio prolongado
gorduras, minerais e vitaminas, é importante observar a: (C) desnutrição moderada
(D) queimaduras
230
(E) câncer (A) manter trofismo intestinal
(B) trato gastrointestinal intacto
13) A diarréia é uma complicação comum ao uso de (C) grave comprometimento do trato gastrointestinal
nutrição enteral. Quanto aos fatores relacionados à formula (D) as alternativas A e B são corretas
que possam justificar a diarréia, assinale a alternativa
incorrecta: 20) A osmolaridade ideal das dietas enterais, para evitas
complicações como diarréias, náuseas e vômitos, deve ser
(A) alta osmolaridade da dieta de, aproximadamente (mOsm/l) (UFSC – 2003):
(B) intolerância a lactose
(C) contaminação da dieta (A) 650
(D) intolerância ao volume administrado (B) 500
(E) presença de má absorção ou de outros distúrbios (C) 380
gastrointestinais (D) 480

14) A implementação da terapia nutricional enteral no


paciente crítico deve ocorrer em curto espaço de tempo. 21) Embora não seja totalmente unânime, comumente o
Para inicio da sua administração é exigência primária: período de tempo que diferencia Nutrição Enteral de curto
(HUPE 2002) e de longo prazo é de:

(A) albumina sérica acima de 2mg/dl (A) 10 dias


(B) hemoglobina acima de 10mg/dl (B) 2 semanas
(C) balanço acido-basico normal (C) 6 semanas
(D) estabilidade hemodinâmica (D) 10 semanas

15) Entende-se por formula enteral polimérica aquela que 22) Dentre as situações citadas abaixo, constitui indicação
é: (PMRJ-2001) de colocação pós-pilórica da sonda para Nutrição Enteral:

(A) composta de macronutrientes íntegros, principalmente (A) Lesão de face e mandíbula


proteínas inteiras (B) Gastroparesia
(B) composta de proteínas hidrolisadas (C) Obstrução intestinal
(C) administrada em períodos de tempo específicos por (D) Caquexia cardíaca
todo o dia
(D) uma mistura de nutrição parenteral total e cíclica 23) A utilização de fibras solúveis em Nutrição Enteral:
(E) administrada diretamente dentro de uma veia periferica
(D) hidrolizada (A) Acelera trânsito intestinal
(B) Retarda esvaziamento gástrico
16) A ostomia é a colocação cirúrgica de sonda, sendo (C) Retarda a atividade da lipase lipoprotéica
indicada nos casos de: (Governo do Estado do Piauí – (D) Acelera a absorção da glicose
2006)

(A) odinofagia;
(B) coma prolongado;
(C) refluxo gastroesofágico;
(D) risco de aspiração;
(E) vômitos 24) D. Júlia 45 anos, com seqüela neurológica devido a
acidente automobilístico, recebe nutrição enteral domiciliar
17) As fórmulas poliméricas caracterizam-se por oferecer: via gastrostomia há 2 anos. Está impossibilitada de
(Marica, 2006) receber alimentação por via oral e não recebe hidratação
venosa. Portanto, as necessidades hídricas de dona Júlia
(A) nutrientes sob a forma de oligossacarídeos devem ser fornecidas exclusivamente por via enteral. As
(B) alimentos in natura e/ou industrializados liquefeitos necessidades de fluidos, ml/Kg, para adultos podem ser
(C) nutrientes não hidrolisados em soluções de baixa estimadas em: (Residência HUPE / 2007)
osmolaridade
(D) nutrientes na sua forma mais simples e hidrolisados (A) 30 a 35
(E) apenas alimentos industrializados liquefeitos (B) 20 a 25
(C) 35 a 40
18) Dentre as orientações para o emprego da nutrição (D) 25 a 30
enteral (NE), assinale a alternativa correta.

(A) Deve-se prescrever a NE em casos de íleo paralítico. 25) Paulo, 62 anos, internou na enfermaria de cirurgia de
(B) O peristaltismo intestinal não interfere no tórax para ser submetido a esofagectomia. Durante a
posicionamento da sonda. cirurgia, foi confeccionada uma jejunostomia para instituir
(C) Para as sondas de localização duodenal e jejunal, nutrição enteral precoce. O nutricionista optou por
prefere-se utilizar as fórmulas hiperosmóticas. prescrever uma dieta a base de di e tripeptídeos porque
(D) No que se refere à composição das fórmulas enterais, esta formulação (Residência HUPE / 2006):
a ingestão de ácidos graxos essenciais deve ser de 3% a
4% do total das necessidades energéticas. (A) é melhor absorvida do que uma dieta à base de
(E) Atualmente, as fórmulas especializadas para diabéticos aminoácidos cristalinos
apresentam quantidades mais baixas de gordura total. (B) favorece maior retenção nitrogenada que proteínas
intactas
19) São indicações de nutrição enteral (UFSC – 2003): (C) tem maior osmolaridade do que as dietas
monoméricas
231
(D) requer pequena capacidade de digestão de peptídeos (D) cloreto de sódio e açúcares compostos

26) A melhor via de acesso indicada para Terapia 32) José, 25 anos, índice de massa corporal = 25,2 kg/m²,
nutricional prolongada (menor que seis semanas), foi operado há três dias para ressecção de hemangioma
considerando um paciente, homem idoso, desnutrido (75% hepático. Apresenta-se, no momento, com peristalse
do peso habitual), com comprometimento total da inaudível, distensão abdominal franca e cateter
capacidade de deglutição logo após acidente vascular nasogástrico em sifonagem, com drenagem de 800ml nas
encefálico, é: (Residência – HUPE/2000) últimas 24 horas, estando impossibilitado de alimentar-se
via oral. A conduta nutricional correta para o momento é
(A) Cateter nasogástrico dieta do tipo:
(B) Cateter nasoentérico
(C) Periférica para NPP (A) Nutrição parenteral periférica
(D) Jejunostomia (B) Nutrição parenteral total
(E) Gastrostomia (C) Enteral
(D) Zero
27) Nas dietas poliméricas e oligoméricas, a proteína
veiculada é oriunda de alimentos que são fontes de Considere o quadro abaixo para responder as questões 13
proteína animal ou vegetal. A proteína obtida através do e 14: João, 45 anos, portador de cirrose crônica, ascite e
tratamento térmico de uma emulsão aquosa de soja, varizes de esôfago, é internado no CTI devido a
posteriormente desidratada ou liofilizada, é classificada encefalopatia hepática grau IV. Apresenta-se com
como (Residência – HUPE/2002): hipoalbuminemia e desnutrição grave.

(A) Intacta 33) O tipo de acesso para nutrição enteral mais indicado
(B) Elementar neste momento é:
(C) Aglutinada
(D) Hidrolisada (A) cateter nasoentérico
(B) cateter nasogástrico
28) O conhecimento das fontes de substratos e sua (C) gastrostomia
apresentação nas formulações enterais se fazem (D) jejunostomia
necessário para prescrição dietética. O aumento da
absorção da água e do sódio, diminuindo o risco de 34) Devido ao estado clínico de João, a oferta de líquidos
diarréia, pode ser favorecido pela proteína na seguinte deve ser bem controlada. Na discussão do caso junto à
forma (Residência – HUPE/2004): equipe, o nutricionista é questionado em relação ao
volume de água livre ofertado através da dieta enteral que
(A) Intacta João recebe. Sabendo que o paciente recebe 1000ml de
(B) Elementar dieta enteral ao dia, com densidade calórica de 1,5 kcal/ml,
(C) Oligomérica o nutricionista deverá responder que o volume de água
(D) Parcialmente hidrolisada livre, em média, é, em ml, de:

29) Durante a administração de dieta enteral, a melhor (A) 690 a 710


conduta para um paciente que apresenta distensão (B) 760 a 780
abdominal é: (Residência – HUPE/1997) (C) 800 a 860
(D) 870 a 900
(A) Utilizar laxativos
(B) Reduzir gotejamento 35) Recentemente, vários estudos têm proposto o uso de
(C) Utilizar dietas isentas de fibras alimentação enteral precoce após trauma e/ou sepse,
(D) Administras água após a dieta prevenindo complicações freqüentes, com exceção de:
(E) Aumentar a concentração da dieta
(A) secreção excessiva de hormônios catabólicos
30) A nutrição enteral é de indicação rotineira, com eficácia (B) aumento do balanço nitrogenado negativo
comprovada, diante das seguintes situações (Residência – (C) aumento da carga bacteriana intestinal
HUPE/1992): (D) translocação bacteriana
(E) distensão abdominal
(A) quimioterapia em altas dosagens, pós-operatório
imediato e choque; 36) Os alimentos que podem ser utilizados na alimentação
(B) fístula de alto débito, pancreatite aguda grave, pré- enteral são: (Prefeitura Municipal de Diadema/SP – 1999)
operatório imediato
(C) disfagia grave, fístula digestiva de baixo débito e (A) sucos de frutas, açúcar, amido, caseinatos, gema de
grandes queimados ovo, leite e creme de leite.
(D) Obstrução intestinal mecânica completa, enterite (B) açúcar, solução fisiológica, suco de frutas e frutas em
aguda e politraumatismos pedaços.
(E) Enterite aguda, grandes traumatizados e desnutrição (C) caldo de carne, vegetais crus, caseinatos e farinhas.
moderada com baixa ingestão oral (D) suco de laranja, alimentos pastosos, açúcar e legumes.
(E) creme de leite, carnes, farinha e ovos.
31) A osmolaridade é a medida de concentração das
partículas osmoticamente ativas na solução. Os principais
componentes dietéticos que influenciam a osmolaridade 37) O aminoácido abaixo citado é usado em nutrição
são: enteral nas situações clínicas que cursam com
imunossupressão: (Niterói - 2008)
(A) açúcares simples e lipídios
(B) açúcares compostos e lipídios (A) triptofano.
(C) cloreto de sódio e açúcares simples (B) histidina.
232
(C) cisteína. quantas calorias são fornecidas por 14mL de TCM em uma
(D) arginina. fórmula: (Aeronáutica/2009)
(E) metionina.
(A) 126kcal.
38) Em uma dieta enteral com 1500ml, ofertou-se 200g de (B) 47,6kcal.
carboidratos, 80g de lipídios e uma densidade calórica (C) 112kcal.
de 1,2kcal/ml. A relação kcal não protéica / g de (D) 56kcal.
nitrogênio da dieta é: (Secretaria Estadual de Saúde /
2009) 44) Na prática clínica, das situações abaixo, a que está
INCORRETA, em relação à suplementação de glutamina
(A) 21,7 é: (Macaé, 2009)
(B) 25,7
(C) 135,7 (A) doenças inflamatórias intestinais e fases adaptativas
(D) 160,7 após ressecções maciças
(E) 118,60 (B) hipercatabolismo como câncer, choque, sepse e
queimaduras severas
39) Considerando as características das fórmulas enterais, (C) jejum digestivo, com suplementação por via enteral
assinale V (verdadeiro) ou F (falso) em cada uma das (D) transplante, em especial, no de medula óssea
assertivas abaixo: (Especialização INCA/2009)
45) Das alternativas abaixo, aquela que NÃO se relaciona
( ) Dietas normocalóricas apresentam densidade calórica com a terapia de nutrição enteral é: (Macaé, 2009)
entre 0,9 e 1,2 kcal/ml
( ) Dietas contendo aminoácidos promovem maior (A) A terapia nutricional enteral é indicada quando houver
estímulo à produção de hormônios intestinais do risco de desnutrição, ou seja, quando a ingestão oral for
que dietas contendo proteínas intactas inferior a 2/3 a ¾ das necessidades diárias nutricionais
( ) Dietas com maiores densidades calóricas apresentam (B) A osmolaridade e a osmolalidade refletem a
menores quantidades de água concentração de partículas osmoticamente ativas na
( ) Dietas poliméricas apresentam especialmente as solução, por esta razão, para fins comparativos de
proteínas na forma intacta fórmulas, torna-se desnecessário padronizar as grandezas
( ) Dietas enterais contendo 300 a 350 mOsm/Kg de água das medidas
são consideradas isotônica (C) As fórmulas que apresentam valores de densidade
calórica de 0,9 a 1,2 kcal/ml são classificadas como padrão
Assinale a alternativa CORRETA: (D) As formulas enterais que apresentam valores de
osmolalidade de solução entre 300 e 350 mOsm/kg são
(A) F, F, V, V, V classificadas como isotônicas.
(B) V, F, V, V, V
(C) F, V, V, V, F 46) Correlacione a 1ª coluna (complicações metabólicas
(D) F, V, F, V, V mais freqüentes da nutrição enteral) com a 2ª coluna
(descrição da causa mais comum da complicação
40) São consideradas contra-indicações da nutrição metabólica). (Polícia Militar 2010)
enteral: (Especialização INCA/2009)
1ª coluna 2ª coluna
(A) Obstrução intestinal completa, íleo paralítico e 1. Hiponatremia ( ) insuficiência renal
esvaziamento gástrico comprometido 2. HIpocalemia ( ) diarréia
(B) Íleo paralítico, refluxo gastroesofágico e sangramento 3. Hiperfosfatemia ( ) hiperhidratação
do trato digestivo 4. Desidratação ( ) oferta energética
(C) Obstrução intestinal completa, íleo paralítico e má excessiva
absorção extrema 5. Hiperglicemia ( ) síndrome de
(D) Obstrução intestinal incompleta, gastroparesia e íleo realimentação
paralítico Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta:
41) São consideradas vantagens do cateter de (A) 3, 4, 1, 5, 2
posicionamento gástrico, EXCETO: (B) 2, 1, 4, 3, 5
(C) 4, 3, 2, 5, 1
(A) Menor risco de saída acidental da sonda (D) 1, 2, 3, 4, 5
(B) Progressão mais rápida da dieta
(C) Meio mais fisiológico para fornecimento de nutrientes 47) Em relação à Terapia Nutricional Enteral e Parenteral
(D) Melhor tolerância a fórmulas hiperosmóticas assinale a alternativa INCORRETA: (PM São Gonçalo
2010)
42) Podem ser indicações de terapia de nutrição enteral (A) Para pacientes com câncer no estômago é
com sonda nasogástrica, EXCETO: (Aeronáutica/2009) fundamental que a nutrição enteral seja composta por dieta
oligoméricas ou monoméricas, pois a maioria dos
A) Hiperemese gravídica. pacientes não tolera bem as fórmulas poliméricas
B) Caquexia cardíaca. (B) Em pacientes com fístula digestiva pós-operatória de
C) Queimaduras em grande extensão. alto débito, associada à distensão abdominal, a nutrição
D) Anorexia nervosa. parenteral é a conduta preferencial, pois propicia repouso
intestinal e favorece o fechamento espontâneo da fístula.
43) O TCM é um recurso muito utilizado em fórmulas de (C) Pacientes em uso de Nutrição Parenteral Total (NPT)
Nutrição Enteral devido a sua absorção e digestão podem apresentar colestase e hipofosfatemia
facilitada no trato gastrintestinal, além de contribuir para
aumentar a densidade calórica dessas fórmulas. Assinale
233
(D) A localização da sonda em posição jejunal permite boa (D) magnésio, fósforo e potássio
aceitação de fórmulas hiperosmolares
(E) Quando houver risco de broncoaspiração a sonda de 51) No 8º dia de internação na Unidade de Terapia
alimentação enteral deve ser posicionada após o piloro Intensiva, Ronaldo apresentou vômito em grande volume
seis horas após a infusão da 3ª etapa de nutrição enteral.
48) Após analisar o rótulo da dieta enteral que se segue, A equipe de enfermagem programou a aspiração da sonda
assinale a alternativa CORRETA: (PM São Gonçalo 2010) com seringa de 50ml antes de cada infusão e a cada 4
horas nos 5 dias subseqüentes. O nutricionista
responsável verificou que o volume do aspirado gástrico foi
de 160ml. Diante desta situação, a equipe tomou a
seguinte conduta:

(A) mantê-la, retornando o aspirado gástrico


(B) mantê-la, desprezando o aspirado gástrico
(C) suspende-la, mantendo a sonda em sifonagem
(D) suspende-la, reposicionando a sonda a nível entérico

52) Na impossibilidade da utilização da via oral para a


administração da dieta, a via enteral se torna a opção mais
fisiológica. Quanto à via de acesso da dieta enteral, é
CORRETO afirmar que: (Residência UFRJ/2011)

(A) a nasoduodenal geralmente é utilizada para nutrição


no pós-operatório em combinação com a
descompressão gástrica
(B) a jejunostomia é indicada quando a nutrição for inferior
(A) A dieta apresenta elevada densidade calórica ideal a 3 semanas devido ao risco de aspiração pulmonar
para ser utilizada em pacientes hipermetabólicos e com (C) a nasogástrica é preferencial para a nutrição de curta
restrição hídrica duração e permite a administração contínua
(B) Esta dieta é levemente hipertônica o que pode ser (D) a nasoentérica permite o uso de sondas de maior
observado pelo valor da relação kcal não protéica / g de calibre que a enterostomia, o que facilita a
nitrogênio administração de dietas com maior osmolaridade
(C) A dieta em questão apresenta um baixíssimo teor de
proteína o que pode ser evidenciado pelo valor da relação 53) Assinale a alternativa que indica os casos em que a
kcal/g de nitrogênio terapia nutricional enteral é contra-indicada.
(D) Esta dieta é própria para ser administrada via sonda (Fiocruz/2010)
pós-pilórica pois apresenta seus macronutrientes na forma
intacta, ou seja, polimérica. (A) alcoolismo crônico, pancreatite e anorexia nervosa.
(E) A fonte de lipídios utilizada é TCM, favorecendo (B) trauma, neoplasias e septicemia.
absorção e o fornecimento de calorias imediatas para o (C) refluxo gastroesofágico intenso, enterocolite grave e
paciente que estiver utilizando a mesma. pancreatite aguda grave.
(D) inconsciência, fístula grave e doença de Crohn.
49) Na indicação e emprego de terapia nutricional enteral, (E) íleo paralítico, depressão grave e queimaduras.
deve-se considerar que: (Emgepron 2010)
54) Na transição da alimentação enteral por sonda para a
(A) a localização duodenal e jejunal da sonda permite boa oral aconselha-se uma dieta: (Fiocruz/2010)
aceitação de fórmulas hiperosmóticas.
(B) a motilidade gástrica é menor com soluções (A) rica em proteínas e TCM.
nutricionais enterais de pH superior a 3,5. (B) rica em carboidratos simples e proteínas.
(C) a alimentação via sonda nasogástrica apresenta alto (C) pobre em lipídeos e carboidratos simples.
risco de aspiração para pacientes com dificuldades (D) pobre em proteínas e rica em lipídeos.
neuromotoras da deglutição (E) pobre em carboidratos simples e aminoácidos
(D) a osmolaridade da fórmula enteral é influenciada essenciais.
principalmente pelo conteúdo de lipídios e amido da
solução 55) O método de administração intermitente por bolus da
dieta enteral por sonda é indicado em pacientes com:
Ronaldo, 65 anos internou na enfermaria de clínica médica (IABAS/2010)
com pneumonia e derrame pleural. Após três dias de
tratamento evoluiu com sepse, sendo transferido para a (A) sistema digestório não funcionante
Unidade de Terapia Intensiva. Foi realizada intubação (B) peristalse ausente
endotraqueal, realizada hidratação venosa associada de (C) esvaziamento gástrico normal
antibioticoterapia e indicação de alimentação enteral. (D) estase gástrica
(E) hemorragia digestiva alta
De acordo com o caso, responda as questões 50 e 51.
(Residência HUPE/2011)

50) Os componentes da fórmula a ser infundida que


representam elevada carga de soluto renal são:
56) Assinale a opção correta: (Residência UFF/2011)
(A) sódio, cálcio e ferro
(B) sódio, potássio e cloreto
(C) magnésio, cálcio e fósforo
234
(A) As principais complicações da nutrição enteral estão
relacionadas à sonda, à dieta, ao método de preparo, à
administração e às alterações metabólicas.
(B) A utilização do trato gastrointestinal é sempre a via
preferida para ministrar os alimentos/nutrientes, mesmo
que este não esteja funcionando.
(C) Existem evidências de que o uso de terapia nutricional
parenteral, por curto prazo (7 – 10 dias), em pacientes
desnutridos, tem impacto significativo no aumento da
incidência de morbidade e mortalidade.
(D) A escolha da fórmula enteral adequada exige avaliação
da capacidade digestiva e conhecimento da fonte do
substrato nutricional.

57) Assinale a opção cujos nutrientes são os que mais


elevam a osmolalidade da fórmula enteral. (Residência
UFF/2011)

(A) Eletrólitos e triglicerídios de cadeia longa.


(B) Amido e triglicerídios de cadeia média.
(C) Monossacarídios e proteínas intactas.
(D) Dissacarídios e aminoácidos.

GABARITO:

1C 2D 3A 4B 5D 6B
7D 8D 9A 10B 11C 12B
13E 14D 15A 16B 17C 18D
19D 20C 21C 22B 23B 24A
25A 26B 27A 28C 29B 30C
31C 32D 33A 34B 35E 36A
37D 38C 39B 40C 41A 42A
43C 44C 45B 46A 47D 48A
49C 50B 51A 52C 53C 54C
55C 56A 57D

235

Você também pode gostar