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DIREITO ADMINISTRATIVO – NULIDADE E ANULABILIDADE

NULIDADE E QUAIS A EXCESSÕES QUE PODEM SER INTRODUZIDAS


A invalidade do ato implica a invalidade ou a nulidade do ato administrativo.
O regime regra no CPA é o da Anulabilidade art.º 163.º/n.º1, se nada se disser em contrário o
ato é anulável o ato para ser nulo tem de se dizer qualquer coisa em contrário seguindo a
terminologia do art.º 163.º e nesse sentido onde encontramos o regime de regra ou o regime
supletivo da nulidade é nos artigos 161.º e 162.º do CPA.
O primeiro aspeto de regime é o de que a nulidade tem de estar expressa na lei para que um ato
se possa considerar nulo, portanto, tem de ter uma expressa concretização legal, no 161.º n.º2
temos alguns exemplos em que a previsão do regime da nulidade se encontra supletivamente no
CPA. Atenção a algumas alíneas do 161.º/n.º2 nomeadamente a alínea h) e f) são algumas
alíneas interessantes a tomar em consideração a alínea d) é sempre uma referência essencial
quando estamos a apurar se por exemplo a audiência prévia corresponde a um direito
fundamental ou não ou se não corresponde ao conteúdo essencial de um direito fundamental.
No regime da nulidade os principais prazos de regime estão no art.º 162.º. Quais são os
principais prazos de regime da nulidade? São invocáveis a todo o tempo e por qualquer
interessado, e pode, também a todo o tempo, ser conhecida por qualquer autoridade e declarada
pelos tribunais administrativos ou pelos órgãos administrativos competentes para a anulação. A
nulidade uma vez arguida pode ser declarada no caso de se entender que há nulidade.
Outro traço de regime do ato nulo para além da invocação a todo o tempo é não produzir efeitos
nos termos do art.º 162.º n.º1, porém, temos de tomar em consideração o 162.º/n.º 3 do regime
da nulidade, como é que se interpreta este regime ou se lembram uma vez que já falámos dele,
este art.º 162.º/n.º3 é a exceção relativamente àquele que já vimos, ou seja, aos números 1 e 2 o
número 3 funciona como exceção, agora funcionando como exceção a pergunta que vos faço é
como o vamos considerar, de acordo com o numero 3 o ato nulo pode produzir efeitos se a
responsabilidade do vicio do ato não for da competência do particular e estiver em causa o
principio da boa fé o principio da proteção da confiança e também o principio da
proporcionalidade, portanto, não seria aceitável que por erros da administração ou por erro de
uma decisão administrativa nós tivéssemos a privar os particulares do exercício de um direito na
medida em que não foram eles que para ele contribuíram através de uma prática de má fé ou
através de uma prática que ponha em causa o principio da proporcionalidade foi isso que nós
vimos a propósito do artigo 162.º/n.º3, portanto os artigos 162.º/n.º 1 e 2 relativamente ao
regime da nulidade tem de ser interpretados como regime regra e não como regime único e
como regime regra admitem exceções e uma das exceções está no n.º3 do art.º 162.º na
possibilidade de atos nulos que de acordo com o principio da boa fé, proteção da confiança,
proporcionalidade não sejam imputáveis ao particular poderem produzir efeitos.
Podemos também dentro do direito administrativo tomar em consideração as formas de
aproveitamento do ato administrativo e dentro das formas de aproveitamento do ato
administrativo ou de máximo aproveitamento do ato administrativo nós temos o art.º 164.º que
tem como epígrafe “Ratificação, reforma e conversão”, e também aqui vocês encontram uma
referência aos atos nulos no n.º 2 do art.º 164.º encontra-se que os atos nulos só podem ser
objeto de reforma ou conversão, imagine-se que temos um ato nulo mas podemos alterar o ato
de modo a extrair o elemento que torna o ato nulo, portanto a reforma significa uma
modificação do ato, esta reforma pode ter que ver com a realização de diligências externas ao
ato como também pela própria alteração da decisão material administrativa, o que é que pode
acontecer? Através da reforma do ato administrativo nós podemos reformá-lo e nesse sentido
fazer com que proceda a produção de efeitos o mesmo relativamente à conversão do ato
imagine-se que se pratica o ato sob a forma de licença e o ato deve ser praticado sob a forma de
autorização, nós podemos converter o ato de licença em autorização e neste sentido o ato que
seria nulo quando imputado a uma determinada forma já o não é quando imputado a outra, o
que é que é bom nós termos em atenção no art.º 164.º e dentro do regime geral do CPA e para o
aproveitamento de atos ou da economia do aproveitamento do ato administrativo o que o código
tenta é que um ato praticado seja objeto de um vicio que possa ser recuperado possa ser ou
reformado ou ratificado ou convertido, basicamente é isto que pretende com o art.º 164.º de
modo a que não se perca atividade administrativa que ela seja alterável na medida do possível
mas que não se perca e então o que é que acontece relativamente à nulidade temos a
possibilidade de reforma ou seja de modificação do ato ou de conversão desde o momento que
ato não tenha sido praticado sob a forma adequada portanto temos estas duas hipóteses que
também funcionam como exceção ao regime geral no art.º 162.º , se nós quisermos pensar no
regime da nulidade ele está definido em termos gerais no art.º 162.º/n.º1 e 162.º/n.º2 e depois
temos no art.º 162.º/n.º3 uma regra excecional e no art.º 164.º/n.º2 também uma regra de caráter
excecional admitindo que o ato nulo pode ser objeto de modificação expolgante sobre os
elementos que geram a nulidade ou objeto de conversão procedente à transformação do ato na
forma que a lei lhe introduz.
Depois temos ainda a ratificação que nós falámos na última aula, mas que eu pergunto, nós
falámos da ratificação a propósito da delegação de poderes. No exemplo clássico do ministro e
do secretário de Estado, o ministro delega poderes no secretário de Estado, o secretário de
Estado é exonerado se é exonerado o que é que acontece à delegação de poderes? Caduca nos
termos do art.º 50.º/b) do CPA. Vem um novo secretário de Estado e continua a praticar atos
com base numa delegação de poderes que caducou, se formos ao n.º2 não encontramos
fundamento de nulidade deste ato, se não é um fundamento de nulidade é um fundamento de
anulabilidade de qualquer maneira o ato é inválido, o que é que o Ministro pode fazer numa
situação destas para salvar os atos praticados pelo novo secretário de Estado, o que o Ministro
pode fazer é ratificar os atos e com essa ratificação temos resolvido o problema da invalidade do
ato, se tiver havido antes da ratificação uma ação judicial relativamente ao ato nós temos de
considerar que essa ação judicial deve levar em consideração o ato como existia no momento
em que foi aprovado, ou seja, o ato é invalido.
Agora, o que é que nos diz o art.º 164.º/n.º3, em caso de incompetência o poder de ratificar o ato
cabe ao órgão competente em razão da matéria, portanto, quem é o órgão competente em razão
da matéria? É o Ministro, porque os secretários não têm competência própria.
Explicação do art.º 164.º/n.º4 – o art.º 164.º/n.º4 diz-nos: “A reforma e a conversão obedecem
às normas procedimentais aplicáveis ao novo ato.”, portanto se eu vou reformar, eu vou
aprovar um novo ato com o conteúdo que não apresenta ilícito no ato anterior mas com
elementos que podem aplicar um novo regime, por exemplo, eu vou reformar um ato
administrativo no qual me foi pedida uma pensão de 1000€, eu cheguei à conclusão que a
pessoa não tinha direito a esse apoio de 1000€, depois porque entendi que a pessoa não reunia
os pressupostos, mas depois a pessoa demonstrou que reunia os pressupostos, então, eu entendo
que devo atribuir um apoio de 575€ a pergunta é: Há ou não audiência prévia? Uma pessoa pede
1000€ porque julga que tem direito a esse valor eu entendo que não tem direito a nada, não
demonstrou encontrar-se dentro dos pressupostos para receber aquele apoio, nomeadamente,
podemos procurar um exemplo fácil: tinha dividas à segurança social, agora a pessoa demonstra
que a última divida que teve à segurança social foi paga ainda antes da realização deste
procedimento, ou seja, não tem dividas à segurança social portanto o pressuposto com base no
qual a decisão foi negativa por parte da administração não se concretiza então o que vai
acontecer a administração reavalia e chega à conclusão que apoio não deve ser de 1000€ mas de
575€, vamos ou não aplicar o regime da audiência de interessados que está prevista nos artigos
121.º e seguintes? Temos aqui duas situações em que o interessado tem de ser ouvido para as
duas, ele tem de ser ouvido para a situação do 0 e para a situação dos 575€ que não corresponde
aos 1000€ que invocou, antes de decidir, portanto, no projeto de fundamentação naquilo que é a
decisão provável tem de existir uma fundamentação porque se não as pessoas não sabem com
base em que fundamento é que a administração está a decidir e isso inviabilizaria a audiência de
interessados se tiveram que intervir no caso do 0 também vão ter de intervir no caso dos 575€ e
isto porquê? Por que de acordo com o art.º 124.º/n.º1/f) nós num caso destes só não tínhamos a
audiência de interessados se houvesse uma decisão inteiramente favorável ao interessado e não
há, porque a administração está a dizer 575€ e o particular está a dizer que solicita 1000€,
portanto, dentro deste procedimento a pessoa tem de ser ouvida duas vezes, uma relativamente à
questão da segurança social, outra relativamente ao valor. Aqui temos de ter em consideração o
art.º 124.º e o art.º 124.º é aquele que nos permite que haja uma dispensa da audiência de
interessados que atenção é excecional. A dispensa de audiência de interessados é uma situação
excecional.
O que eu vos dizia relativamente a esta matéria da audiência de interessados é um direito
fundamental no âmbito do procedimento administrativo e só pode haver dispensa nos termos do
art.º 124.º, nos casos aqui identificados particularmente quando a decisão for urgente ou quando
os elementos constantes do procedimento conduzirem a uma decisão inteiramente favorável ao
interessado, se não for inteiramente favorável o particular terá de ser ouvido. A administração
por vezes para evitar audiências de interessados invoca a questão da urgência, mas a urgência
tem de ser fundamentada se não for fundamentada o que vai acontecer é que o ato é invalido, há
muitos atos inválidos no procedimento administrativo português por falta de audiência de
interessados.
Audiência de interessados relativamente ao regulamento, agora estamos no CPA de 2015 com
duas audiências de interessados uma audiência de interessados relativamente a regulamentos e
outra relativa ao ato administrativo no código de 91 só havia audiência de interessados
relativamente a atos administrativos porque o regime dos regulamentos não estava desenvolvido
como se encontra hoje, portanto, é bom tomarmos em atenção o modo como tudo isto se articula
quando estamos a pensar em situações concretas no âmbito do Direito Administrativo.
O caso da reforma de um ato administrativo pode levar a uma nova audiência de interessados
como também o caso da conversão como pode dar origem a novos pareceres, como pode dar
origem a novas formalidades que não tenham sido cumpridas ou que devam ser agora
novamente cumpridas no âmbito do procedimento administrativo, portanto o regime da nulidade
admite reforma do ato e admite também a possibilidade de conversão do ato, portanto, só não
admite a ratificação do ato, porque se não isto era inaceitável, um ato que é nulo e alguém vai
ratifica-lo tornar-se-ia uma superação ilícita do regime da nulidade.
Agora vamos pensar no caso das pessoas que solicitam um apoio a um órgão colegial, um apoio
de 1200€ mensais e é um apoio que é para permanecer não é durante um determinado período
de tempo o órgão administrativo considera que processo está com todos os elementos que são
necessários e decide atribuir este apoio de 1200€ mensais ao interessado mas decide fazê-lo sem
que esteja em causa o quórum, portanto, não há quórum, vamos imaginar que é um órgão de 9
membros e a decisão é tomada por 3 se é tomada por 3 nós não temos quórum, qual é a regra do
quórum nos órgãos colegiais? Art.º 29/n.º1, portanto num caso destes temos de fundamentar
com base nesta disposição, ora bem, não há quórum, portanto o ato é de acordo com o art.º
161.º/n.º2/h) nulo, sendo o ato nulo, como é que vamos proceder à aplicação do art.º 164.º/n.º2
do CPA? Vamos agir fazendo uma reforma ou uma reconversão do ato, se fizermos uma
reformam, o vicio do ato foi ter sido aprovado sem quórum, o que acontece é que este ato que
foi aprovado sem quórum pode vir a ser aprovado com quórum aí o ato nulo produz efeitos, nós
temos de colocar à votação o ato que já foi aprovado porque foi aprovado sem quórum e então
nesse sentido o que é que vai acontecer? O que vai acontecer é que ele pode ser reaprovado,
agora, o que nós temos aqui é um problema que são os efeitos produzidos até à data da reforma
se os efeitos produzidos até à reforma do ato devem ser contados ou não e aí é importante
aplicarmos o 164.º/n.º5 que diz que desde que não tenha havido alteração ao regime legal a
ratificação a reforma e a reconversão retroage os seus efeitos à data dos atos a que respeitam.
Portanto aqui temos uma reforma que tem como regime regra no CPA a retroatividade
ANULABILIDADE
Obviamente que o que está previsto no art.º 164.º relativamente à ratificação, reforma e
reconversão aplicam-se nos casos de anulabilidade e a reforma e reconversão também no caso
de nulidade, agora, tudo o que está no art.º 164.º é aplicável à anulabilidade. Depois o regime da
anulabilidade que se baseia na ausência na falta de compatibilidade de um ato administrativo
com normas ou princípios e as normas podem ser de natureza formal ou de natureza material,
portanto, de acordo com art.º 163.º/n.º2 o ato anulável produz efeitos jurídicos que podem ser
destruídos com eficácia retroativa se um ato vier a ser anulado por decisão proferida pelos
tribunais administrativos ou pela própria administração, ou seja temos aqui algo que não existia
antes de 2015 que é a administração poder decidir no sentido da anulação do ato, ora bem, o que
é que encontramos no art.º 163.º no que diz respeito ao regime da anulabilidade, o ato anulável
começa por produzir efeitos e pode consolidar-se no ordenamento jurídico se não for contestado
judicialmente ou se não existir uma declaração de invalidade por parte dos órgãos competentes
da administração pública, o que vai acontecer num caso destes é que o ato anulável ao contrário
do ato nulo pode consolidar-se no ordenamento jurídico esta é a regra geral do Direito
Administrativo que separa a nulidade da anulabilidade, tem mesmo de ser assim por uma razão,
porque se todos os atos tivessem o desvalor máximo da nulidade o que ia acontecer é que a
atividade administrativa ficaria frequentemente paralisada por isso o que é que acontece, só para
as falhas mais gravosas da administração e que dão origem ao regime de nulidade é que nós
podemos pensar num regime de nulidade as demais obedecem ao regime da anulabilidade no
entanto o que é que sucede na anulabilidade, nos termos do art.º 163.º/n.º3 os atos anuláveis
podem ser impugnados perante a própria administração ou perante tribunal administrativo
competente dentro dos prazos legalmente estabelecidos e cada situação terá o seu prazo daí
termos que o verificar, num caso deste se não houver a invocação de tipo judicial ou
administrativo estamos perante uma consolidação do ato administrativo, atenção que esta é uma
situação que é regra em Direito Administrativo a possibilidade de consolidação do ato que não
tenha ou que não cumpra normas ou legislação.
Qual é a regra geral do desvalor em Direito Administrativo? Regra geral é a anulabilidade.
O outro caso que o CPA prevê é a nulidade e a inexistência? Não haverá atos inexistentes? Esta
situação existia no código de 91, neste código de 2015 a figura da inexistência não consta no
CPA, portanto, apesar de haver interpretações doutrinais favoráveis à presença da figura da
inexistência apesar de ela não estar prevista no CPA, apenas se faz referência à anulabilidade e
nulidade não há menção à inexistência.
Falámos numa circunstância que é relevante e que diz respeito à revogação de atos e à anulação
de atos isto está previsto no art.º 165.º do CPA. Qual a diferença fundamental entre revogação e
anulação? Quer numa situação quer noutra, quer no n.º1 quer no n.º2 o ato deixa de produzir
efeitos o ato revogado tem uma vicissitude por nós conhecida que é a perda de efeitos jurídicos,
o ato que seja anulado também deixa de produzir efeitos jurídicos. O que nós aqui encontramos
na anulação administrativa é a destruição de efeitos de outro ato, portanto esta destruição de
efeitos não está aqui definida com retroatividade ou sem retroatividade, teremos de procurar
noutra senda. O que pedia para ver era relativamente aos casos que podem dar origem à
revogação e aos casos que podem dar origem à anulação. Quando é que nós revogamos e
quando é que nós anulamos? Ora bem, se nós formos ver o n.º1 do art.º 165.º do CPA, que
refere a revogação do atos administrativos, o que se verifica é que são condições de mérito do
ato administrativo não são questões de legalidade, quando se diz mérito conveniência e
oportunidade, portanto, quando se diz que se revoga um ato por questões de mérito,
conveniência e oportunidade o que se está a afetar não é a legalidade do ato mas é a qualidade
do ato basicamente é isso que está aqui em causa é a qualidade do ato administrativo pode ser
posta em causa pelas razões que verificamos, entendíamos que a melhor solução para
prossecução do bem comum era uma, depois, entendemos que para a prossecução do bem
comum é distinta, ora bem, pode haver uma revogação do ato evidentemente que isto implicará
o ressarcimento de particulares, depois, encontramos a questão de conveniência e depois
encontramos a questão de oportunidade, repare-se que em nenhuma destas circunstâncias é ou
está ligada a requisitos legais ou requisitos de validade está é ligada ao mérito da decisão
administrativa entendia-se que a estrada devia passar por um determinado terreno mas depois
entende-se que deve passar por outro, ora bem, aqui o que haverá é um conjunto de intervenções
que levarão a uma revogação de um ato para aprovação de um ato diferente, agora quando
estamos a falar da anulação aí já não aí o que está em causa não é uma circunstancia de
qualidade do ato é uma circunstância de compatibilidade do ato com a lei. São estas as
diferenças fundamentais que nós encontramos entre revogação e anulação, basicamente é isto,
não se vai revogar um ato por ser incompatível com um princípio não é essa a questão, não se
vai revogar um ato porque existe uma falta de parecer e de parecer obrigatório num caso destes
não temos essa circunstância, ora, sendo assim, o que sucede é que não é pela revogação que
devemos atacar essa espécie de dados, essa espécie de dados pode ser anulada portanto quando
temos um vicio jurídico é a anulação quando temos uma questão de mérito na gestão da coisa
pública é a revogação quando temos uma questão de invalidade o ato é anulado.
Art.º 166.º - são atos que não podem ser suscetíveis nem revogação nem de anulação
administrativa. Alínea a) os atos nulos. Porque é que o ato nulo não pode ser revogado nem
anulado? Porque já não produz efeitos. O que acontece com o ato nulo é que ele pode ser
declarado ou por uma instância administrativa ou por um tribunal, mas aí é uma questão de
declaração não é uma questão de revogação nem de anulação. Depois não são suscetíveis de
revogação e anulação administrativa os atos anulados contenciosamente não é contenciosamente
é por um tribunal. Como é que nós vamos justificar isto? Quando falamos em revogação ou
anulação administrativa estamos a falar de atos praticados pela administração, portanto a
revogação é um ato praticado pela administração a anulação administrativa é também um ato
praticado pela administração ora, num caso destes se o ato já foi anulado por um tribunal não
tem que ser nem revogado nem anulado pela administração porque já houve um tribunal que
interveio sobre aquele ato considerando-o inválido e, portanto, anulando-o. Ora bem, também
não haverá a possibilidade de agir sobre um ato revogado quando ele tem… Não pode haver
nem revogação nem anulação perante um ato revogado desde que ele tenha sido revogado com
eficácia retroativa, ou seja, se ele foi revogado com eficácia retroativa para um passado eu não
vou poder revogá-lo não vou poder praticar sobre ele um ato de anulação porque isso poria em
causa o princípio da economicidade dos atos tal como nós ouvimos no passado. Estes são os
aspetos fundamentais ligados à nulidade e anulabilidade do ato administrativo.
Ora bem, depois temos o condicionalismo aplicável à revogação repare-se que isto são
disposições que têm alguma densidade e vou procurar transmitir-vos aquilo que é fundamental
no art.º 167.º, ora bem, os atos administrativos não podem ser revogados quando a sua
irrevogabilidade resulte de vinculação legal ou quando eles resultem pela administração
obrigações legais ou direitos irrenunciáveis, ora bem, o que é que acontece aqui? Se existir uma
vinculação legal que obste à revogação de um ato ou se esse ato constituir uma obrigação legal
ou corresponder a direitos irrenunciáveis da administração para com o particular não pode haver
revogação, portanto quando é que não pode haver revogação? É fácil, quando a lei o impede a
lei pode impedi-lo através de uma vinculação através de uma obrigação ou através da criação de
direitos irrenunciáveis portanto a figura da revogação não se aplica nestas 3 circunstâncias,
agora, nós depois verificamos no n.º 2 deste art.º 167.º limitações à revogação, portanto, o ato
pode ser revogado mas vamos ver em que circunstâncias é que o ato pode ser revogado o ato
pode ser revogado na parte em que seja desfavorável ao interesse dos particulares nos termos do
art.º 167/n.º2/a) quando os beneficiários manifestarem a sua concordância com a revogação
quando haja conhecimentos técnicos e científicos posteriores que não existiam no momento da
prática do ato com fundamento em reserva de revogação, ou seja, o ato é praticado com reserva
de revogação, vamos lá ver, o ato administrativo pode sempre ser revogado nos casos em que
haja acordo com os particulares ou nos casos em que não atinja a pretensão do particular, agora,
imagine-se o seguinte: nós temos uma circunstância em que existe um conjunto de prédios
urbanos construídos e que não se sabia que no subsolo da zona onde estão os prédios urbanos
existem minas de produtos preciosos pedras preciosas, ora bem, numa circunstância destas a
aplicabilidade é a da alínea c) do n.º2 do art.º 167.º, portanto aí o ato constitutivo de direitos
pode ser revogado com fundamento na superveniência ou melhor em alteração objetiva das
circunstâncias de facto, porque o que é que aconteceu? Eu não sabia que no subsolo daquela
zona existia um conjunto de valor que vai ser fundamental para a economia nacional e, portanto,
houve a construção de prédios urbanos naquela zona, agora, depois de ter chegado à conclusão
que existe esse produto há uma alteração de circunstâncias ora havendo alteração de
circunstâncias o que pode acontecer? Revogo o ato indemnizo as pessoas e pode destruir-se os
prédios para existir uma criação de minas, portanto é isso que pode acontecer nos termos do art.º
167.º n.º2 alínea c), evidentemente que isto trará constrangimentos ambientais e, portanto, o que
temos de saber depois à luz do direito do ambiente se estamos ou não perante uma possibilidade
de verificação destas circunstâncias, no caso de ela ser positiva é isso que acontece. Ora bem, o
que é um ato constitutivo de direitos nos termos do art.º 167.º? Ele está definido no n.º 3 e nos
termos do mesmo consideram-se constitutivos direitos atos que atribuam ou reconheçam
situações de vantagem ou eliminem deveres, encargos, ónus ou sujeições relativamente à
Administração, portanto quando a Administração pratica um ato desta natureza em que elimina
um ónus ou encargos ou cria situação de vantagem como é que ela pode defender-se
relativamente à possibilidade de uma revogação futura? O Ato pode ser praticado com reserva
de revogação, a administração pode praticar os atos com reserva de revogação caso seja outra a
melhor solução que seja de prosseguir para atingir o bem comum e relativamente ao bem
comum, como é que nós vamos interpretar o art.º 4.º do CPA numa circunstância destas? O
problema que nós temos no art.º 167.º é o de saber se o interesse público pode ser compatível
com a existência continua de reservas de revogação basicamente será esse o desafio que aqui
nos impõe o art.º 167.º porquê? Porque o ato pode ser praticado com reserva de revogação agora
reparem se todos os atos forem praticados com reserva de revogação, isto é, uma grande
intranquilidade e uma grande precariedade para os particulares, ora, o que é que deve acontecer?
O Ato ao ser praticado com reserva de revogação quando haja uma justificação fundamentada
para o caso e depois só ser revogado também com um fundamento análogo é basicamente isso
que nós extraímos do art.º 167.º do CPA, agora, nos termos do n.º 6 o que temos aqui é uma
articulação da alínea c) portanto dos casos de alteração da circunstância ou da superveniência de
conhecimento que depois se vai verificar também no n.º 4 e no n.º5 em que nos vem dizer em
que casos é que nós podemos dizer que o particular está de boa fé em que casos é que o
particular deve ter direito a indemnização apesar da administração poder agir através da
revogação do ato.
Art.º 174.º - os erros de calculo os erros materiais na expressão da vontade do órgão
administrativo quando manifestos podem ser ratificados a todo o tempo pelos órgãos
competentes para a revogação do ato quando haja um erro em que se diga que 2x2 é = a 5 ou um
erro na expressão da vontade do ato no órgão em que se diz que não preenche os requisitos não
preenche as condições não tem competência, etc. E depois defere-se aqui estamos claramente
perante um erro na expressão da vontade e pode ser retificado por parte do órgão competente
para revogar agora, a revogação segundo o que aqui se diz no art.º 174.º pode ter lugar a
qualquer momento oficiosamente a pedido dos interessados e produz efeitos retroativos ou seja
quando estamos a falar de uma retificação é a mesma coisa que uma retificação a uma lei ou a
um decreto-lei a revogação a uma lei ou a um decreto-lei tem como efeito a retroatividade
portanto este art.º das retificações é importante na medida em que a qualquer momento elas
podem surgir elas têm é os requisitos apertados do n.º 1, ou seja, tem de ser um erro manifesto
quer à expressão da vontade quer um erro de calculo. Relativamente à retificação o que vos
pergunto é? Significa a retificação que há um erro material no ato administrativo esse erro pode
ser um erro de calculo ou um erro de expressão da vontade, mas é sempre um erro material, não
é um erro jurídico é um erro material e, portanto, a administração pode alterar o ato e pode
alterá-lo a qualquer momento se é um erro material pode alterá-lo a qualquer momento. Isto
pode ter consequências graves, imagine-se que por um erro de calculo a administração
considera que estão preenchidas as condições para o início de funcionamento de uma instalação
fabril porque não polui ou aquilo que polui está dentro do permitido por lei agora a
administração vem posteriormente chegar à conclusão de que houve um erro de calculo
relativamente aos produtos poluentes e havendo um erro de calculo o que aconteceu foi que já
não estávamos perante uma possibilidade de permitir a abertura daquela instalação fabril,
portanto, houve um erro da administração que vem causa dano no particular, perante um caso
destes como é que isto pode ser resolvido? De facto, houve um erro material, erro que não é
imputável ao particular é imputável à administração, mas é um erro material que a
administração quer corrigir esse erro material correspondente a um erro de calculo, a
administração pode fazê-lo de acordo com o art.º 174.º, agora, o particular começou a construir
a fábrica como é que ficamos perante isto? O Particular pode ser ressarcido ou não? Tem de ser
ressarcido, há erro material, apesar de haver erro material pode existir a revogação, pode existir
a retificação, agora a administração é sempre responsabilizada porque este é também um dos
princípios fundamentais do código do procedimento é a responsabilização da administração
pelos atos que pratica. Art.º 16.º, há responsabilidade da administração no caso de ter praticado
um ato que independentemente de existir erro de calculo significa um prejuízo para o particular,
porque o particular aqui já começou a desenvolver a sua instalação, portanto vai ter que existir
uma responsabilização por parte da administração, repare-se que a retificação deve ser
comunicada ao particular mas no caso de ser um ato público deves ser feita com a publicidade
ou deve ser feita de uma forma pública portanto isto é o que resulta do art.º 174.º/n.º2 imagine-
se que foi uma decisão da administração que foi publicada no Diário da República, ora bem, a
retificação também deve ser feita no DR sempre o elemento de publicidade que tenha sido
usado no passado portanto é esse o elemento que aqui encontramos.

RESOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO


António apresentou um requerimento à Direção Geral do Património, a 2 de janeiro de 2021,
peticionando a demolição de uma construção qualificada como “património nacional”, por se
encontrar degradada e em risco de afetar o imóvel onde habitava.
A Direção Geral do Património considerou-se incompetente para decidir o requerimento de
António, notificando-o, a 2 de julho de 2021, por correio eletrónico, de que deveria endereçar o
pedido à Comissão Mista das Questões Culturais e Urbanísticas a funcionar junto do Ministério
da Economia, recentemente constituída.
António considerou que o tempo decorrido entre o requerimento e a notificação ultrapassou o
prazo para concluir o procedimento administrativo, pelo que devia ser considerado como
deferido.
Além do mais, referiu que a notificação era inválida porque, apesar de ter feito o requerimento
por correio eletrónico não autorizou a Administração Pública a comunicar consigo pela mesma
via.
A Comissão Mista das Questões Culturais e Urbanísticas, composta por 15 elementos, tomou
conhecimento do pedido e o seu Presidente incluiu uma proposta de deliberação sobre o tema na
última parte da ordem do dia designada como “outros assuntos”.
Numa reunião em que no momento da abertura estavam 6 membros, a proposta de deliberação
foi aprovada por 8 votos a favor da demolição e por 7 votos contra, desde que o Departamento
Cultural de Classificação do Património emitisse um parecer positivo.
Confrontado com a deliberação o Departamento Cultural de Classificação do Património, este
considerou-se, por unanimidade, incompetente em razão da matéria e mencionou que a
competência relativamente à demolição cabia inteiramente à Comissão Mista das Questões
Culturais e Urbanísticas.
Numa apreciação mais cuidadosa, a Comissão Mista das Questões Culturais e Urbanísticas
considerou-se competente para decidir a matéria e votou favoravelmente a demolição por 4
votos a favor e 3 contra.
A votação no órgão colegial foi efetuada de forma a produzir efeitos imediatos, considerando
um dos membros que votou contra a demolição que se tratava de “uma decisão ilegal que não
respeitava a História de Portugal e que beneficiava o requerente, filho do Presidente da
Comissão Mista das Questões Culturais e Urbanísticas, que participou na reunião.
Identifique as questões jurídico-administrativas relevantes.

RESPOSTA:
Matéria dos requerimentos / 1.º parágrafo – art.º 102.º CPA e o que se pede é a demolição de
uma construção pública.
2.º parágrafo – Art.º 41.º - apresentação do requerimento a órgão incompetente, assim tem de
enviar o requerimento para o órgão competente. A Direção Geral do Património envia o
requerimento para a comissão e notifica o particular que procedeu ao envio, e deve notificar o
particular, no art.º 112.º temos as formas de notificação e no art.º 113.º a perfeição das
notificações. No art.º 112.º/n.º2 temos a referência que as notificações eletrónicas podem ser
feitas pela Administração Pública por prévio conhecimento. Porém, António não consentiu que
fosse notificado eletronicamente, o que era necessário nos termos do art.º 112.º/n.º2.
3.º parágrafo – Nos termos do art.º 41 não há nenhum prazo, nos termos do art.º 114.º/5 há um
prazo de 8 dias, porém o 114.º/5 refere os atos administrativos e a comunicação ao particular do
reencaminhamento do requerimento não é um ato administrativo. Por isso recorremos ao art.º
86.º/1, prazo de 10 dias. Segundo António, a administração não agiu dentro do prazo e por isso
quer um deferimento (art.º 125.º) – segundo o 130.º para deferimento tácito apenas quando a lei
o determine… E no caso prático não há nenhuma informação sobre isso, não está previsto. Logo
António não tem razão ao estar a pedir o deferimento tácito, segundo o art.º 130.º.
O prazo que vai de 2 de janeiro a 2 de julho – já passaram 6 meses, então é contado por dias
úteis (até 6 meses conta-se apenas os dias uteis, mais de 6 meses contam-se também os sábados,
domingos e feriados) art.º 87.º/c).
Art.º 128.º - prazo de 60 dias que pode ir até 90 – prazo para decisão dos procedimentos – como
o prazo não foi cumprido é inválido (?)
4.º Parágrafo – Diferimento tácito – estamos perante uma situação em que António pode fazer
uma queixa à Administração Pública competente ou ao Tribunal.
5.º Parágrafo – Art.º 25.º e 26.º … Se a proposta de deliberação está na ordem do dia (e consta)
isso é fundamental.
6.º Parágrafo – Art.º 29.º - Quórum – esta reunião não poderia acontecer sem a maioria de
número legal dos membros com direito de voto. Não havendo quórum para iniciar a reunião.
Segundo o art.º 161.º/n.º2/h) – o ato seria nulo.
A deliberação foi aprovada numa maioria de 8-7. O problema é a reunião ter iniciado apenas
com 6 membros. Assim deve-se convocar uma nova reunião no prazo mínimo de 24 horas –
art.º 29.º/n.º2.
Esta deliberação foi tomada com quórum apesar da reunião não ter iniciado com quórum apesar
da reunião iniciado com quórum, assim, a decisão nula não é. Se quisermos impugnar esta
matéria temos de nos dirigir…
Dentro do princípio do máximo aproveitamento dos órgãos, as deliberações não ficam afetadas
e trona-se assim válida. A deliberação é por unanimidade.
O órgão tem a convicção que necessita de um parecer positivo. Isto nem dia ter sido aprovado.

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