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Direito Administrativo

1. Órgãos administrativos - parte II CPA


Reuniões ordinárias e reuniões extraordinárias artigo 23 e 24º CPA

A ordem do dia encontra-se na competência do presidente da ordem


colegial. Qualquer colegial pode solicitar ao presidente para tratar de um
assunto desde que seja da competência do órgão (Art 25º CPA).
A ordem do dia deve ser entregue com um prazo de 48h antes da data
para que todos os vogais se possam se preparar.

O que deve constar de uma ordem do dia:


- Em primeiro lugar deve ser a aprovação da ordem do dia, pode haver
casos em que o vogal solicita votação da ordem do dia por entender que
ela não corresponde aquilo que foi pedido por vogais ao presidente. Se
não existir aprovação da ordem dia não se pode realizar a reunião.
Uma ordem do dia é um género de agenda para os membros do órgão,
não é só o presidente que participa na elaboração da ordem do dia,
podem ser também membros da ordem e, se o presidente não introduzir
aquilo que é solicitado pelos membros do órgão, podemos estar numa
situação em que existe a vontade de votar contra a ordem do dia e por
isso não existe reunião.

- Tem que ser aprovada a ata da reunião anterior, nos termos do CPA só
há eficácia nas deliberações se existir aprovação da ata. A aprovação da
ata faz-se na reunião do órgão subsequente.
Se a ata for aprovada, as deliberações do órgão na reunião anterior são
aprovadas e podem ser executadas. Se não houver aprovação da ata, o
que acontece é que as deliberações não produzem efeito.
Ata significa resumo do que se passou na reunião. Tem que se incluir os
elementos que dizem respeito às deliberações aprovadas.

- Na ata existe um ponto para informações relacionadas com o


funcionamento do órgão, podem ser prestadas pelo presidente ou
qualquer elemento membro do órgão. Vão dar conhecimento do que
resultou a sua participação noutro órgão, daquilo que estiveram a fazer no
âmbito de determinado trabalho. Puras informações, não se vota.
- Artigo 26 do CPA – objeto de deliberações, ou seja prática de atos
administrativos tem que estar previsto na ordem do dia da reunião, senão
não produz efeitos e não pode ser apreciado.
Ex: coloca-se deliberações sobre processos disciplinares. É suficiente para
estar cumprido o art 26? A resposta é não. Não cumpre o artigo 26º, nº1
pois tínhamos que identificar todos os processos disciplinares que iam ser
apreciados na reunião. É fundamental identificar os processos em causa
para que os vogais saibam daquilo que se vai falar. Têm que ser ditas
todas as deliberações.
Se for dito de forma genérica os vogais não sabem concretamente o que
está agendado.

- A meio da reunião chega-se à conclusão que é necessário deliberar sobre


um assunto que não está inscrito na ordem do dia, então aplica-se o artigo
26º, nº2. Tem que ser uma urgência aprovada por uma maioria de 2/3 dos
membros do órgão. Não pode ser só maioria simples. Tem de ser uma
maioria especialmente relevante (dois terços).

- Quórum – art 29º CPA. Se não existir um quórum a reunião não é


iniciada. Se estivermos perante uma deliberação, antes dela deve ser
apurado o órgão. Porque uma deliberação sem quórum significa que é
nula. Devemos estar atentos ao quórum em duas ocasiões especiais: no
início de uma reunião e numa matéria que envolva deliberação.
O quórum é o conjunto do mínimo de membros para que a reunião se
possa começar e desenvolver.
Ex: temos 11 membros e apenas 5 presentes, há quórum? Não.
Se não existir quórum – marcação de uma reunião com mínimo de 24h –
artigo 29º, nº2.
Se voltar a não existir quórum, os membros podem deliberar desde que
estejam presentes em segunda convocatória 1/3 dos membros – nº3 do
art 29º.
Ex: tenho 11 membros, em segunda convocatória precisa-se de 4
membros se arredondarmos. A interpretação do prof é que são 3. Tem
que existir o mínimo de membros para manter a atividade administrativa.
Pretende evitar-se que não exista uma paralisação da atividade
administrativa. O quórum é uma regra geral mas tem que existir aqui uma
regra para que as reuniões possam continuar a realizar-se com os
membros em falta.
- Deliberações – a maioria está prevista no artigo 32º - a maioria são
tomadas por maioria absoluta dos votos dos membros presentes em
reunião.
Se não existir o cumprimento da regra da maioria, o ato é nulo: 161º, nº2,
h).
Da ata deve constar o quórum e a maioria pela qual o ato foi votado,
indicando quem votou a favor e quem votou contra, a não ser quando é
voto secreto.
O voto secreto acontece quando se trata de juízos de valor e de
comportamentos - artigo 31º CPA. Quando há empate o voto obriga a que
seja nominal e não secreto. Se o presidente é eleito pelos vogais é
também voto secreto, a mesma coisa em relação ao secretário – artigo
21º CPA.

O que é uma Ata?


Artigo 34º - resumo de tudo o que tenha ocorrido. Uma ata é um resumo.
Quem votou contra, a favor, sítio, horas, quórum, tudo isso deve constar
na ata. A Ata é o trabalho de um órgão colegial.
Na ata devem constar também as deliberações e sua respetiva votação.
Uma deliberação constante de uma ata não aprovada é inválida? É uma
questão de eficácia, só podem ser eficazes depois de aprovada a ata, mas
não são inválidas, não existe um vicio. São validas, mas não se podem
aplicar. Não violam nenhuma disposição do CPA ou de direito publico.
Apenas não produzem efeitos enquanto a ata não for aprovada.

Pode haver situações que têm de ser executadas hoje, então vou aprovar
um ato sob forma de minuta – art 34º, nº6

As deliberações estão introduzidas na ata – não produzem efeito até


aprovação da ata – pode haver situações de urgência que precisam de
executar o ato hoje – a deliberação deve ser integrada numa minuta que
produz imediatamente efeitos.
A minuta é colocada a votação no órgão e, se este aprovar a minuta, o ato
constante pode ser imediatamente executado. A minuta tem que ser
integrada na ata da próxima reunião, senão cessa a sua vigência.

Se for entendido que o assunto de uma deliberação é crime, no entanto a


maioria aprova, as pessoas que consideram crime, têm que constar na ata,
dizendo porquê que estão a votar contra para se dispensarem de
responsabilidades sobre o assunto – votos vencidos art 35º CPA.
2. Delegação de Poderes – Parte IV
É um ato administrativo nos termos do CPA. Não é um contrato, trata-se
de um ato administrativo.

Sendo um ato administrativo, existem características especiais, em


primeiro lugar, não carece de aceitação por parte da pessoa a que se
delega.
Por outro lado, é um ato administrativo que não é fundamentável. Não
tem que existir fundamentação para uma delegação de poderes. É uma
exceção, normalmente os atos administrativos são fundamentados.

Quando é possível existir delegação de poderes?


- Princípio da legalidade e princípio da competência.
Um órgão pode ser titular de competências delegáveis e pode haver
competências que não sejam objeto de delegação – competências
indelagadas.
Numa fase inicial é preciso saber se existe competência para praticar atos
de delegação e, se existir, tem que se identificar quais os casos em que a
competência é ou não delegada.
A competência tem que estar prevista na lei.

Ato de desconcentração – trata-se de reorganizar competências orgânicas


dentro de uma pessoa coletiva. Não se trata de criar uma nova pessoa
coletiva (se fosse esse o caso, seria o caso de descentralização).

Reorganização do exercício de poder no âmbito de uma pessoa coletiva vs


descentralização que pretende criar novas pessoas coletivas.

Como sabemos que existiu uma delegação de poderes?


Artigo 47º, nº2 remissão para o artigo 159º - tem de ser publicado em
Diário da República e, na internet, no sítio institucional da entidade
pública em causa.

O que acontece quando a publicação em D.R. é diferente da publicação


em site institucional da entidade?
Se o que foi publicado é diferente, então não vale nenhuma das
publicações. Se for um erro de escrita, perceber se podemos retificar.
Verificar a real intenção do órgão administrativo que publicou o ato.
Retificações em atos administrativos não têm prazos.
Ex: um diz abc e o outro diz abcde, então abc está publicado em ambos e
aproveita-se.
Não são nulos, só não produzem efeitos.

Havendo um ato de delegação de poderes, significa isto que o delegante


perde competência sobre aquela matéria?
O delegante não deixa de ser competente relativamente à matéria. Art
36º CPA. Irrenunciabilidade e inalienabilidade – Princípios fundamentais
para se compreender o princípio da legalidade.
É a lei que determina. Não pode o titular da competência renunciar à
competência. Um delegante nunca perde competência.

Avocação:
Tem a ver com a prática de atos de uma matéria em que o delegante deve
ser ele a praticar o ato. Ex um ministro delega a um secretário de estado,
mas entende que deve ser o ministro a delegar sobre determinadas coisas
importantes, o delegado não vai puder praticar esses atos específicos.

Quando se considera extinto o ato de delegação por iniciativa do


delegante? Qual é a vicissitude?
Caso típico de revogação. Deixa de existir delegação de poderes. Art 50º,
a).

A anulação de atos administrativos tem em causa a sua validade, o seu


mérito de conveniência. Ex o delegante atribui competência que não era
sua, existe uma anulação nos termos do artigo 50º a).

Caducidade – um dos fenómenos de caducidade respeita ao fim do


exercício de funções do delegante ou do delegado. Art 50º b)

Retificação é o órgão competente que assume um ato que foi praticado


por um órgão que não era competente.

No momento em que há impugnação, o ato é anulável, ou seja, inválido


(não é nulo).
Se a impugnação for depois da retificação, o que acontece é que o vício já
foi sanado. Artigo 50º CPA

Artigo 49º - poderes do delegante e subdelegante – uma delegação de


poderes pode ser atribuída com base num texto de delegação, o
delegante pode nos termos do 49/1 emitir diretivas ou instruções diretivas
ao delegado sobre como devem ser exercidos os poderes delegados ou
subdelegados. O modo como deve ser exercida a delegação.

Imaginem que o delegado está a exercer a delegação de forma a


desrespeitar os termos que lhe foram transmitidos?
Nesta circunstância o ato praticado pelo delegado é inválido por violação
de lei, pois no CPA no art 49/1º impõe ao delegado a obrigatoriedade de
respeitar as instruções vinculativas do delegante.
Nesta situação não esta em casa apenas uma ferida na confiança
proveniente da relação de ambos, estamos perante uma situação de
violação do artigo do CPA que impõe esta obrigatoriedade.

O delegado comete um ato que o delegante não concorda, o que pode


acontecer? Pode acontecer uma circunstância de revogação do ato. 49/2º

Artigo 45 – poderes indelegáveis


Artigo 46 – pode existir subdelegação, ou seja, o delegado subdelega. Só
há subdelegação se existir autorização por parte do delegante, se o
delegante não autorizar a subdelegação, esta não pode existir.

A delegação tem uma natureza de confiança pessoal, por isso se o


delegado por a pessoa x pode haver uma delegação extensa e, se o
delegado for a pessoa y pode nem existir delegação.

O CPA impede a delegação completa de poderes de um delegante em um


ou mais delegados.

3. Atividade administrativa – Procedimento Administrativo


Princípio da decisão – art 13º - a decisão administrativa baseia-se num
procedimento. O modo de começar o procedimento pode ser o modo
oficioso ou como pode ser com base em requerimento.
102º - requerimento inicial.

Artigo 54º - língua portuguesa. Ex: o CEF não é necessariamente em língua


portuguesa. Na atividade do CEF existem procedimentos que, pela
compreensão que o cidadão não tem da língua portuguesa, é necessário
um intérprete para auxiliar. Notificação oral (pois a notificação
administrativa via postal demora 3 dias no mínimo), está prevista na
legislação do CEF.
Ex: há um exame nacional, considero que está mal corrigido e posso
recorrer a uma ação judicial, qual será o ato administrativo ao qual posso
recorrer na natureza escolar?
As respostas do aluno não são um ato administrativo. O ato administrativo
contempla a decisão, que está na classificação.

Ex: um curso Erasmus em língua estrangeira, em inglês. Há uma


classificação numérica e, tudo foi em língua inglesa. Tendo havido aqui um
conjunto de elementos em inglês, a prova foi com base num
procedimento que ocorreu em inglês e o CPA não pode vigorar.

Quando notificamos alguém que é estrangeiro, estamos a notificar em


português.

Artigo 88/4 – dilação de 30 dias relativamente ao prazo que a lei definiria.


Com a finalidade de existir possibilidade de encontrar alguém que possa
proceder à tradução ou auxiliar na compreensão do texto. Dias úteis
apenas.

Artigo 55º - temos alguém que dirige o procedimento administrativo. O


objetivo desta regra é aproximar os cidadãos de quem na administração
conduz os processos a eles respeitantes. É designado num órgão
competente, um elemento que assegura o cumprimento do
procedimento.
55/2 – a relação deve manter-se entre a administração pública e o
particular interessado.
Sabemos quem é o responsável pelo nosso procedimento através de uma
notificação 55/5º. Isto não acontece pois teria um custo de milhões para a
administração.

4. Comunicações e notificações eletrónicas

Comunicações eletrotónicas – art 63º vs 112º


Comunicação não é notificação. Quando estamos a notificar regista-se
conteúdo de um ato administrativo. Quando comunicamos, estamos em
relação com a administração publica, mas não através de um elemento
que dê origem à prática de um ato administrativo.
Ex: pedir uma informação à administração, é uma comunicação, mas não
uma notificação. Fazer perguntas, pedir esclarecimentos, marcar datas,
etc...

Contatar por SMS é comunicação eletrónica? Sim. Ex: tenho uma consulta
no centro de saúde e o médico vai faltar, o centro de saúde pode enviar
uma SMS que é mais rápido de ver do que um email.

Artigo 63 – comunicações apenas. Necessário consentimento do particular


nº1. Se houver contacto do particular com a administração, presume-se
que foi dado o consentimento nº2. Referem-se a pessoas singulares.
Nº3- pessoas coletivas – não é necessário consentimento. O
consentimento protege os dados pessoais e, as pessoas coletivas não
estão abrangidas pela proteção de dados pessoais.

Meios eletrónicos – pode-se incluir SMS, contactos através de redes


sociais. Nunca pode acontecer notificação através de SMS ou redes
sociais, apenas comunicações.

Notificações por meios eletrónicos a pessoas singulares carecem de


consentimento. Pessoas coletivas não carecem de consentimento.

A comunicação tem um regime mais exigente que a notificação.

5. Notificações e Comunicações
Elementos que devem constar de uma notificação: art 114º - pratica de
um ato administrativo que pode responder à pretensão de um particular.
Pode ser um ato que atribuía direitos ou indefira a criação de direitos na
esfera do interessado.
Art 114º nº1
Prazo geral para a prática de atos de natureza administrativa – 10 dias. Art
86º (exceção no art 114 que são 8 dias)

Uma notificação corresponde a um processo complexo. Para termos


notificação precisamos de o fazer nos termos da lei.

Da notificação têm que constar os elementos de facto e de direito que


constaram na decisão administrativa. Só assim temos verdadeiramente
uma fundamentação do ato administrativo.
Em primeiro lugar é necessário fundamentar a competência do órgão que
praticou o ato, se é ou não o órgão competente em razão da matéria.

Em segundo lugar, verifica-se se existiu o cumprimento dos princípios


administrativos no seu conteúdo.
Se for aplicado um dever, obrigação, sanção, é necessário verificar se
existe uma tipificação do ato na lei e, se existe proporcionalidade, é
fundamental isto.
Verificar o princípio da legalidade e se todo o processo foi cumprido.
Verificar se a aplicação da lei é a mais adequada.

A perfeição da notificação vem prevista no artigo 113º e a sua forma no


artigo 112º. É nestes artigos que se entende se estamos perante uma
notificação bem efetuada.

Não há notificações postais que não sejam feitas sem ser por carta
registada. Não pode ser por carta simples. O aviso de receção não é
obrigatório (oferece mais garantias, mas é mais caro).

Aplicação de sanções ou processos disciplinares são cartas com aviso de


receção.

Artigo 112º alínea b) – notificação por contacto pessoal – a razão de ser é,


normalmente, existir um prazo muito curto para se notificar o particular
(ex: prazos de 24h). Isto acontece em alguns setores da administração,
caso das forças de segurança e âmbito dos serviços de estrangeiros e
fronteiras.
É efetuada pela administração e tem que entrar em contacto com a
pessoa notificada (não é efetuada se for com outras pessoas que não o
notificado).
O notificando tem que assinar receção.

6. Contagem de prazos
A partir do artigo 86 e o 88.
Quando não existe um prazo definido relativamente à prática de um ato
ou ação administrativo, o prazo é de 10 dias de acordo com o artigo 86º,
nº1.
114, nº5 – existe uma exceção aos 10 dias, este artigo diz que devem ser 8
dias no caso das notificações.
Para os interessados, o prazo é também de 10 dias, nº2 do artigo 86º.

Só existe suspensão de prazo quando a lei o determine.


121 nº3

Artigo 87 alínea c) – regra base


Conta-se em dias uteis. O feriado é mais complicado, pois existem
nacionais, regionais e municipais.
O prazo de 1 mês deve ser contado por dias uteis. 30 dias.
144 nº2 ver

Ex: notifica-se alguém na quarta feira, considera-se notificada apenas na


segunda feira. Notificação postal.

Em administrativo, o dia do ato nunca conta.

Artigo 88 fixa uma dilação. Dilação é o seguinte: o prazo termina 2f mas


atendendo à dificuldade ou uma razão de natureza que dificulte a
comunicação, temos neste artigo, uma dilação do tempo. A dilação é de 5
dias úteis se os interessados se encontrem ou residam nas regiões
autónomas. Ao prazo de 2f acrescenta-se mais 5 dias úteis.

Se residirem num país europeia (não união europeia), o prazo de dilação é


de 15 dias.

Fora da europa, o prazo é de 30 dias.

A administração eletrónica não tem dilação porque a entrega é


instantânea. Horário português.

128 ver

7. Prazos no CPA e legislação administrativa

Relação do particular com a administração são casos sensíveis as


notificações, a contagem dos prazos e a audiência prévia. Elementos
essenciais para conhecer o regime do CPA.
Órgãos administrativos e delegação de poderes – setores do código que
dizem respeito da administração entre si. Se bem que a delegação de
poderes haja a necessária publicação dos atos.

Não havia razão para colocar prazo de 72h no CPA.


24h e 48h são inferiores ao que se presume ao prazo da notificação por
carta registada.

É ao particular que cabe demonstrar que não foi notificado no prazo


legislado no código.

Durante a pandemia, têm sido tratados os assuntos com a administração


por marcação.

O CPA tem um valor idêntico à CRP nos termos administrativos.

8. Regulamento administrativo

Lei 72/2020 de 16 de novembro – alterações a prazos e a notificações


eletrónicas

Artigo 112 CRP – atos normativos – atos de natureza diferenciada –


regulamento.

Os regulamentos são fonte de direito geral e abstrata, de natureza


administrativa, aprovados pelo Governo, que também podem ser
aprovados por entidades administrativas, desde que tal esteja previsto na
Lei.
135 e 136 CPA.
Normação secundária, na medida em que deve estar amparado numa lei,
só existe se tiver uma fonte de legitimação (lei, decreto de lei, decreto
legislativo regional ou direito da união europeia).

Ex: se falar da nossa turma e for definido um regime, por exemplo um


horário para a turma, é regulamento ou ato?
Resposta: só não é regulamento porque falta abstração pois é possível
identificar a turma inteira, desta forma é um ato geral.

A lei também é geral e abstrata.


Deve haver uma uniformização na interpretação da lei. Deve ser igual em
lisboa, no Norte, etc.…pois se não for igual gera incerteza nos particulares.
Circular interna para regularizar.

Ex: espécie de regulamento que seja aprovada pelo Governo: portarias,


despachos, decretos do Governo e decretos regulamentares (único que
está especificado na CRP). 138 nº3 CPA.

Regulamentos executivos – a própria legislação precisa para ser aplicada.


Está ligado à concretização de uma norma.
Regulamentos independentes – permite o desenvolvimento de uma lei
por via regulamentar, mas não está ligado à execução de uma norma.

Ex: temos uma lei que diz o seguinte “os produtos proibidos na área da
alimentação devem ser aprovados por portaria conjunta do ministro da
economia e da ministra da saúde”. Aprovam uma portaria com os
produtos proibidos. O que acontecia se não existisse esta portaria, qual
era a eficácia da lei? Nenhuma, não podia ser aplicada, pois deve existir
esta portaria para que possa incidir a proibição. Se não temos portaria,
temos uma proibição sobre nada, portanto esta portaria é um
regulamento e é um regulamento necessária para que se execute a
disposição da lei. Regulamento de execução. A própria portaria é um
regulamento. Para aplicar a lei preciso da portaria pois sem ela não se
pode aplicar este artigo da lei.

Ex regulamento independente: não se fala de concretização de uma


norma específica de uma lei.
O instituto x pode aprovar regulamentos para a concretização das suas
atribuições. Isto não está ligado a nenhum artigo em concreto. Pode ser
exercido com base nas atribuições do instituto. Se não houver
regulamento independente nenhum a ser aprovado, a lei aplica-se como
está.

Artigo 146 ler

Ex: no instituto de emprego, uma circunstância que diga respeito ao


seguinte “uma das atribuições é aprovar políticas ativas de emprego” e
dentro da aprovação das políticas ativas de emprego, o que o instituto faz
é criar regulamentos para disciplinas profissionais e, depois, por exemplo,
criam um regulamento na qual retrate as atividades que podem ser objeto
de formação no instituto. Um regulamento de formação e aí diz a idade
com que as pessoas podem inscrever-se, os requisitos...tudo isto decorre
das atribuições do instituto, mas a sua execução não está ligada
especificamente a nenhuma norma. Regulamento independente.

A lei determina a necessidade de regulamento em regulamentos


executivos.

Os prazos de entrada em vigor contam sempre corridos, os prazos para


atos administrativos é que contam com suspensão.

A administração não tem que seguir as indicações de particulares, mas


tem que lhes responder. Se não existir resposta está em causa uma
infração ao princípio da colaboração.

Artigo 98 ver:

A administração pretende aprovar um regulamento, deve publicar no site


da instituição o início do procedimento de aprovação do regulamento.

A nota justificativa deve incluir as razoes que levaram à aprovação do


documento, habilitação do documento e, também o que justifica a
alteração ao regime anterior. Vale para regulamentos executivos e para
regulamentos independentes.

Ponderação de custos e benefícios que também deve constar num


regulamento. É sempre uma ponderação financeira.

Prazo supletivo para conclusão de um procedimento administrativo, artigo


128º - 60 dias

9. Atos administrativos – audiência de interessados e


regulamentação fundamental sobre o Ato

Audiência prévia prevista nos artigos 121 a 124º


Antes de existir uma decisão definitiva da administração pública, existe a
oportunidade do particular se pronunciar perante a administração, com
um requerimento por exemplo. Depois, a administração entende como
decidir, mas deve dar resposta ao particular. Se a decisão da
administração não for de acordo com o pedido do particular, este pode
pronunciar-se por audiência prévia.

Só faz sentido haver audiência prévia, se o particular tiver acesso à que


será a possível decisão da administração.

Pretende-se com isto que a administração não tenha uma forma


autoritária de se relacionar com o particular. O particular tem o poder de
influenciar a decisão da administração.

Os casos típicos em que não se considera a audiência prévia é quando o


ato é urgente, mas deve ser fundamento pela administração o porquê de
ser urgente. Se não for fundamentado, o ato é anulável. Estamos perante
uma ausência de exercício de um direito fundamental, nos termos do
artigo 268º CRP.

Diferença entre regulamento e ato administrativo: são ambos meios de


ação administrativa, por isso estão inseridos no capítulo da atividade
administrativa. Os regulamentos são de natureza normativa e o ato não
tem natureza normativa, por isso encontramos a expressão “geral e
abstrata” para um e, “individual e concreta” para outro.

Qual é a forma para revestir um ato administrativo? Artigo 150º

Licenças, autorizações, deferimentos – atos que asseguram a pretensão


do particular.

Atos que contrariam – indiferentes, não concessões de licença,


autorização, etc.

Característica comum: necessidade de fundamentação. 151º nº1 d)

161º-163º ver nulidade e anulabilidade

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