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Disciplina: Direito Administrativo

Professor: Roberto Baldacci


Aula: 12 | Data: 03/03/2020
/03/2018

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REGIME ADMINISTRATIVO (Continuação)


2. Poderes do regime de prerrogativas e sujeições
2.1. Poder normativo/regulamentar
2.2. Poder hierárquico

REGIME ADMINISTRATIVO (Continuação)

2. Poderes do regime de prerrogativas e sujeições

2.1. Poder normativo/regulamentar

- Pergunta-se: o decreto que conflita com a Constituição Federal é inconstitucional? Pode ser anulado por ADIN?

a) Decreto normativo derivado:


O artigo 84, IV da CF determina que o chefe do Poder Executivo poderá editar decretos relativos aos direitos e
obrigações já estabelecidos.

“Artigo 84, IV, CF. Compete privativamente ao Presidente da


República: IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.”

Trata-se de decreto derivado, pois deriva da própria lei. A lei é fonte originária dos direitos e obrigações e esse
decreto é uma fonte derivada. A lei delimita a matéria, sua extensão e sua intenção. Portanto, esse decreto não é
inconstitucional, podendo ser tão somente ilegal. Se é ilegal, não poderá impugná-lo por ADIN. Contudo, é possível
provocar o STF por meio de ADPF, se couber.

No entanto, se esse decreto conflita com a CF, porque ele inovou e foi além daquilo que a própria lei regulamenta,
ele avançou sobre matéria que não está tratada na lei. Nesse caso, o artigo 49, V, da CF determina que o Congresso
Nacional possui o poder, direto e de ofício, de expedir uma resolução que vai sustar a eficácia do decreto. Assim,
tal resolução do Congresso Nacional susta a eficácia de qualquer ato administrativo normativo que excede os limites
da matéria tratada por lei e que tenha avançado sobre matéria que estava reservada por lei.

“Artigo 49, V, CF. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.”

O que ocorre se algum legitimado tiver ingressado com ADIN contra lei que deriva o decreto? Nesse caso, é cabível
ADIN parcial, sendo preciso invocar a transcendência da motivação e puxar o decreto para os efeitos decisórios da
ADIN através da inconstitucionalidade por arrastamento.

b) Decreto normativo autônomo:

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CARREIRAS JURÍDICAS
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O artigo 84, VI, da CF autoriza o chefe do Poder Executivo a elaborar um decreto autônomo, de modo que não há
lei que o deriva. Tal decreto pode tratar da organização da estrutura da Administração. Se o decreto autônomo
conflitar com a CF, será inconstitucional, de modo que caberá a propositura de ADIN.

“Artigo 84, VI, CF. Compete privativamente ao Presidente da


República: VI – Dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b)
extinção de funções ou cargos público, quando vagos.”

2.2. Poder hierárquico

- Conceito: poder hierárquico significa dizer que, na estrutura administrativa, o agente de nível superior goza de
três prerrogativas hierárquicas fundamentais sobre seus subordinados.

- Três prerrogativas:

a) Poder de revisão e controle de ofício (sem provocação) sobre os atos e as decisões dos subordinados. Poderá
exercer a autotutela.

b) Poder de editar as normas de funcionamento interno: são os atos ordinatórios.

c) Poder de dar ordens de cumprimento obrigatório. A ordem hierárquica mais importante é a de delegação vertical
hierárquica, isto é, a lei conferiu determinada função ao superior e este delega tal função ao subordinado.

i) Extraordinária duplicação da competência: é decorrência da delegação vertical, pois o agente competente por lei
não deixa de ser competente por ter delegado, afinal de contas competências públicas são irrenunciáveis. E aquele
que não era competente por lei passou a sê-lo.
ii) Como a competência é irrenunciável, o que é delegada é a atribuição de execução e não a competência em si.
iii) A delegação vertical é ato discricionário motivado. Portanto, indica quem é o delegado e as razões de sua
delegação. Dessa forma, o subordinado não pode subdelegar, salvo se a delegação autorizar.
iv) Nem toda delegação presume-se hierárquica, porque a Lei n. 9.784/1999 prevê a delegação horizontal, que, na
realidade, é compartilhamento de atribuições.

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