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PRINCÍPIO DA SUPREMACIA, sempre que o interesse público primário colidir com interesses
privados deverá prevalecer, cabendo a essa administração do Executiva exercer poderes e forças de
agir especiais que não são conferidas a qualquer outro órgão ou ente do Estado – SÃO AS
PRERROGATIVAS PÚBLICAS DA ADMINISTRAÇÃO.
PODERES ADMISTRATIVOS
A partir da burocracia, somente lei pode determinar originariamente direitos e obrigações (a lei em
sentido em sentido estrito é a fonte originária), porém leis devem ser, em regra, genéricas e
abstratas, e no modelo gerencial, quem interage concretamente com os particulares na aplicacao
dessas leis para o atendimento dos interesses públicos é a Administração de direito público.
Para dar efetividade a esse sistema a Constituição passou a autorizar agentes administrativos a
exercerem poder normativo, editando atos administrativos normativos que definem como as leis
deverão ser cumpridas ou complementam elementos em branco ou indefinidos da lei.
Como regra, somente chefes e dirigentes de órgãos e entidades podem editar atos normativos, salvo
quando lei autorizar outros agentes.
A forma mais relevante de poder normativo é aquela decorrente do art. 84 da CF, que autoriza o
Chefe do Executivo a editar decretos e regulamentos que terão força de lei
decreto derivado:
CF ---------5o, II-------------Lei (fonte originária) --------(art. 84, IV)------ decreto regulamentar (fonte derivada)
por arrastamento:
decreto autônomo:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV,
primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
OBS: caso o decreto extrapole os limites da matéria tratada pela lei será o caso de controle direto
pelo Congresso Nacional, que sustará a eficácia do decreto mediante resolução, nos termos do art. 49,
V, Constituição Federal (“É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) V - sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa”). Querendo provocar o STF no caso de decreto meramente ilegal, poderá ser proposta
ADPF se for o caso.
Havendo ADI proposta contra a lei da qual o decreto deriva, sendo uma ADI integral julgada
procedente derrubará automaticamente o decreto derivado dessa lei – porém se uma ADI parcial, o
interessado poderá requerer a transcendência da motivação para que os efeitos do dispositivo da ADI
alcancem o decreto para também anulá-lo. É a inconstitucionalidade por arrastamento ou
reverberação normativa.
O mesmo art. 84, no inciso VI autoriza o Chefe do Executivo a editar decretos e regulamentos
autônomos que não depende de prévia lei (não podem tratar de direitos e obrigações, mas apenas da
organização da Administração). Quando esse decreto conflitar com a Constituição será inconstitucional
e poderá ser diretamente atacado por ADI.
Decreto que conflita com a constituição é inconstitucional? Pode ser anulado por ADI?
Resposta: No caso do decreto derivado não haverá inconstitucionalidade, mas mera ilegalidade,
impossibilitando propositura de ADI, mas permitindo se o caso, propositura de ADPF. Contundo,
havendo ADI contra a lei da qual o decreto deriva será possível anulá-lo através da
inconstitucionalidade por arrastamento. Já no caso do decreto autônomo, o conflito com a
Constituição implicará em inconstitucionalidade, permitindo a propositura de ADI contra esse decreto.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de decreto
regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um decreto autônomo. Mas
sendo um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento de ADI. STF. Plenário.
ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905).
PODER HIERÁRQUICO
O exercício de funções administrativas por qualquer um dos três poderes é caracterizado por duas
relações funcionais próprias de administração, pois como regra geral, a estrutura administrativa será
composta por níveis sobrepostos para os quais a lei distribuirá competências diferentes.
Quando uma estrutura vertical composta por níveis sobrepostos estiver instruída com competências
fixadas pela lei distribuindo prerrogativas e sujeições distintas surgiram duas relações funcionais
propriamente administrativas:
1) relação de hierarquia;
2) relação de subordinação.
1) relação de hierarquia: aquele que ocupar o nível superior gozará de maiores prerrogativas e as
três prerrogativas hierárquicas mais importantes são:
ii) o superior edita as normas do funcionamento interno daquela estrutura (ex: portarias,
circulares, ordens de serviço – são os atos ordinatórios;
Entre as ordens hierárquicas mais importantes está a ordem de “delegação vertical de competências”
(o superior manda um subordinado executar competências que a lei fixou para o superior).
*subdelegação: o subordinado delegado, em regra, não pode subdelegar pois a delegação recebida
é um ato discricionário, e, portanto, motivado, demonstrando os limites da competência delegada,
qual é o agente delegado e as razões da delegação. Portanto, subdelegar seria descumprir ordem
recebida. A subdelegação é permitida quando autorizada do ato de delegação.
Já na responsabilidade por omissão, o descumprimento daquilo que a lei exigia do superior, em regra,
não será justificável pela desídia do subordinado delegado – quando o superior delega não fica isento
do dever de cumprir a lei, cabendo a ele fiscalizar o delegado.
Como a delegação é discricionária poderá ser a qualquer tempo revogada e também é possível
revogar a revogação – mas como regra, revogar a revogação não restaura a delegação, pois
revogação gera efeitos futuros.
A Lei no 9.784/99 excepciona expressamente três tipos de competências que não podem ser
delegadas:
OBS: Delegação horizontal – a Lei no 9784/99 prevê a “delegação horizontal” que não decorre de
relação hierárquica: dois agentes de mesmo nível ou não podem dividir entre eles atribuições comuns
desde que a lei não proíba expressamente (não é propriamente delegação, mas sim compartilhamento
de atribuições).
Esse é mais do que um poder, sendo um “poder-dever” (o superior tem o poder de mandar apurarem
infrações e ilícitos cometidos por subordinados, aplicando administrativamente as punições quando for
o caso).
OBS: não existe poder de hierarquia sem poder disciplinar; trata-se de decorrência natural da relação
de hierarquia.
Quando o superior deixar de exercer esse poder, poderá responder por: a) infração administrativa que
pode chegar a ser grave; b) improbidade quando na forma dolosa (omissão dolosa, intencional); c)
crime de prevaricação; d) crime de condescendência criminosa
PODER DE POLÍCIA
A Constituição prevê no art. 5º um conjunto de direitos individuais, todos eles garantidos por
remédios constitucionais pétreos, que não admitem supressão, mas apenas mera redução em
situações extremas. Esses direitos individuais conferem a cada um a esfera de liberdades públicas
garantida e protegida pelo Estado. ninguém pode invocar direito individual em prejuízo dos direitos da
coletividade sob pena de “abuso no exercício de direito próprio”.
Esse conflito foi resolvido pela “teoria da convivência das liberdades públicas” da Ada Pelegrini
Grinover, também conhecida como “teoria da relativização dos direitos”, segundo a qual no
Brasil, não existe direito individual absoluto.
CONCEITO: Poder de polícia é o poder de fiscalização geral do Estado que recaí sobre todos
indistintamente (pessoas físicas e jurídicas, públicas e privadas, pois é atributo de qualquer
personalidade o exercício de direitos individuais – ex: o direito individual de propriedade privada do
art. 5º, XXII, da CF, é exercível por pessoas naturais, pessoas jurídicas privadas e públicas), e essa
fiscalização é ininterrupta e inevitável.
Parte da doutrina chama o poder de polícia de “big brother” que é o poder estatal e impor limites
sobre todos descrito no livro 1984 de George Orwell.
Porém, para CANCELAR ou EXTINGUIR direitos individuais a CF passa a exigir como regra a previa
comunicação, abrindo oportunidade de defesa em contraditório, exige devido processo legal, que não
existe no exercício de poder polícia.
OBS: As áreas públicas invadidas podem ser retomadas pelo Estado sem necessidade de ordem
judicial.
OBS: A expropriação punitiva (ex: áreas usadas para substâncias ilícitas, área rurais flagradas com
crime de plágio [redução do ser humano a condição análoga de escravo]). Todas as hipóteses de
expropriação não indenizável não decorrem do poder de polícia.
b) descentralização institucional – havendo prévia lei de convênio, parceria ou ainda que crie
ou autorize a criação de nova pessoa jurídica de direito público, será permitida a delegação
do poder de polícia. Ex: Quando a pessoa política cria através de lei autarquia ao exercer a
competência fiscalizatória. Ex: mediante convênio o Estado delega para o Município a
competência para fiscalizar o trânsito urbano.
A lei autoriza delegar para particulares atos materiais ou meramente executórios, tal como empresa
privada que executa a fotografia de trânsito que o Estado converterá em multa.
Atributos: a administração de direito público que titulariza o poder de polícia deve gozar de maiores
forças jurídicas de agir que permitam resguardar, tutelar, garantir e atender os interesses públicos
subjetivos transindividuais – essas maiores forças de agir constituem os atributos desse poder. São
eles:
iii) seja a ultima ratio: como esse poder é preventivo, antes de multar, a
Administração deverá esgotar todas as medidas preventivas exigidas em lei – a
multa é a última razão (esse poder não pode ser usado com fins arrecadatórios, e as
multas de fiscalização não podem compor, em regra, as receitas ordinárias que irão
sustentar o funcionamento da máquina pública).