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Art°1779 CC foi alterado pela lei 3/2023 - Temos que alterar no código

Nota: Nulidade - declaração de nulidade / Anulabilidade - anulação

Ficha de trabalho 10 - Recusa de efeitos jurídicos

1. (Temos que ver o art. 246° para resolver)

Estamos perante um caso de recusa de efeitos jurídicos, que se traduz na frustração dos
desígnios do sujeito que pretende obter um resultado jurídico omitindo os pressupostos que a
lei exige ou não satisfazendo os requisitos legais. Está aqui em causa um caso de coação física,
prevista no art.246º. A coação física é uma hipótese de coação absoluta porque não há
resistência possível, pelo que verdadeiramente nem se pode falar em declaração e em
declarante na medida em que o sujeito é instrumentalizado. Neste caso C tem a liberdade de
ação totalmente excluída, pelo que foi reduzida à condição de puro autómato.

A coação absoluta distingue-se da coação moral consagrada no art.255º, porque na coação


moral a liberdade do sujeito está circiada, mas não excluída. O coato pode optar por outro
comportamento, sujeitando-se a sofrer o mal. Nos termos do 246 esta declaração não produz
qualquer efeito, o que leva a doutrina a defender que esta é uma hipótese de inexistência
jurídica. Estamos perante um caso de inexistência jurídica quando nem sequer se verifica o
corpus do negócio jurídico, ou seja, a materialidade correspondente à noção de tal negócio, ao
passo que, se se tratar de um caso de nulidade ou Anulabilidade, o negócio existe. Isto é,
verificam-se os elementos necessários, embora haja alguma anormalidade nos seus
elementos. A este propósito importa ter em conta que a doutrina entende que as deliberações
dos administradores são declarações negociais. Não obstante, há autores, como o caso do Dr.
Meneses Cordeiro que entendem que a coação física é um caso de nulidade. Esta posição,
porém, não parece ser a mais acertada porque a nulidade pressupõe um corpus do negócio, e
numa situação como a que aqui temos, não se pode sequer afirmar que temos um negócio.
Por conseguinte a declaração de C é juridicamente inexistente. A inexistência jurídico de C
inquina a validade da declaração dos administradores, mas essa deliberação não deixa de
existir juridicamente. Não se pode aplicar a redução ou a conversão à inexistência, até porque
os art.292º e 293º nem se referem a essa hipótese.

2.

(Necessário ver o art.257º )

A incapacidade acidental é uma situação temporária em que alguém se encontra por razões
transitórias que lhe retiram a capacidade para entender o sentido das suas palavras ou que
afetam a sua autodeterminação. Esta situação só é relevante tornando a declaração anulável
se for notória ou conhecida do declaratório, o que deve ser apreciado tendo por base uma
pessoa de normal diligência. Estamos aqui perante um desvio no processo formativo da
vontade do indivíduo em relação às circunstâncias normais do seu processo deliberativo. A
hipótese está prevista no art.257º, onde se prescreve a Anulabilidade desde que se verifique o
requisito destinado à tutela da confiança do declaratório. Esse requisito é a notoriedade ou o
conhecimento da perturbação psíquica. O requisito da notoriedade significa a cognoscibilidade
de uma pessoa média colocada na posição concreta do declaratório. Parece que neste caso
estariam verificados os requisitos de que depende a aplicação do regime de incapacidade
acidental, pelo que o negócio seria anulável. O problema situa-se ao nível da declaração de
vontade válida, elemento interno do negócio. Resta apreciar quem tem legitimidade para
arguir a Anulabilidade e qual o caso de dispõe para o fazer. Em muitos casos a lei dá uma
indicação concreta do pessoal legitimado. Na falta dessa indicação concreta, há que aplicar o
critério geral do art.287º n°1 de acordo com o qual só têm legitimidade para arguir a
Anulabilidade as pessoas em cujo interesse a lei a estabelece. Por aplicação desse critério
concluímos que na Anulabilidade estatuída pelo art.257º, tem legitimidade para requerer a
anulação do contrato Afonso, que era quem se encontrava em incapacidade acidente. Afonso
poderá fazê-lo no prazo de um ano a contar da cessação do vício. In caso, da cessação da
incapacidade acidental. A anulação tem efeitos retroativos pelo que haverá lugar à
repristinação das coisas no estado anterior ao negócio restituindo se tudo o que tivesse sido
prestado. Ou se a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente. Assim
anulado o negócio, Afonso teria de restituir o quadro e Afonso o preço.

3.

(Ver os art.122º, 123º, 125º, 127º)

À data da celebração do negócio, Maria é menor não tendo por isso capacidade de exercício
de direitos, nos termos dos art.122º e 123º. O negócio jurídico por ela celebrado (compra de
mota a prestações) não parece encontrar-se previsto nas situações do art. 127º. O negócio
padece de Anulabilidade situando-se o problema ao nível da capacidade das partes, elemento
interno do negócio. Todavia, a Anulabilidade é sanável, quer pelo decurso do tempo, em caso
de caducidade do direito à arguição da Anulabilidade (art.287º n°1) quer pela confirmação
(art.288º). A confirmação é um negócio bilateral pelo qual a pessoa com legitimidade para
arguir a Anulabilidade e com conhecimento do vício e do direito a Anulação declara o negócio
viciado, podendo a declaração ser expressa ou tácita. Depois de completar 18 anos, Maria
confirmou tacitamente o negócio anulável com o pagamento da prestação, nos termos do
art.125º n°2 e do art.217º n°1.

4.

No nosso ordenamento jurídico vigora como regra o princípio da liberdade de forma


(art.219º). Por vezes a lei impõe, porém, uma determinada forma. De acordo com o art.875º, o
contrato de compra e venda de imóvel só é válido se for celebrado por escritura pública ou
documento particular autenticado. António e Lourenço celebraram um contrato de compra e
venda contra disposição imperativa da lei sem observância da formalidade exigida por lei pelo
que o negócio é nulo, nos termos do art.220º. O problema situa-se ao nível da declaração de
vontade, elemento interno do negócio, uma vez que as declarações negociais são invalidas por
falta de forma. O negócio nulo não produz desde o início os efeitos, podendo a todo o tempo
ser declarado nulo em juízo oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado de
acordo com o art.286º. A declaração de nulidade tem efeitos retroativos o que a dar lugar à
repristinação das coisas no estado anterior ao negócio, restituindo-se tudo o que tivesse sido
prestado ou se a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente. Neste caso
Lourenço restitui o preço e António desocupa o terreno.
Nota:

O formalismo negocial tem 3 vantagens:

1. Assegura uma mais elevada consciência das partes contra a sua ligeireza
2. Garante um mais elevado grau de certeza sobre a celebração do negócio evitando-se
os perigos associados
3. Possibilita uma certa publicidade do ato o que interessa ao esclarecimento de
terceiros.

Nota: Elementos do negócio jurídico

1. Idoneidade do objeto
2. Capacidade e legitimidade das partes
3. Declaração de vontade válida

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