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Estamos perante um caso de recusa de efeitos jurídicos, que se traduz na frustração dos
desígnios do sujeito que pretende obter um resultado jurídico omitindo os pressupostos que a
lei exige ou não satisfazendo os requisitos legais. Está aqui em causa um caso de coação física,
prevista no art.246º. A coação física é uma hipótese de coação absoluta porque não há
resistência possível, pelo que verdadeiramente nem se pode falar em declaração e em
declarante na medida em que o sujeito é instrumentalizado. Neste caso C tem a liberdade de
ação totalmente excluída, pelo que foi reduzida à condição de puro autómato.
2.
A incapacidade acidental é uma situação temporária em que alguém se encontra por razões
transitórias que lhe retiram a capacidade para entender o sentido das suas palavras ou que
afetam a sua autodeterminação. Esta situação só é relevante tornando a declaração anulável
se for notória ou conhecida do declaratório, o que deve ser apreciado tendo por base uma
pessoa de normal diligência. Estamos aqui perante um desvio no processo formativo da
vontade do indivíduo em relação às circunstâncias normais do seu processo deliberativo. A
hipótese está prevista no art.257º, onde se prescreve a Anulabilidade desde que se verifique o
requisito destinado à tutela da confiança do declaratório. Esse requisito é a notoriedade ou o
conhecimento da perturbação psíquica. O requisito da notoriedade significa a cognoscibilidade
de uma pessoa média colocada na posição concreta do declaratório. Parece que neste caso
estariam verificados os requisitos de que depende a aplicação do regime de incapacidade
acidental, pelo que o negócio seria anulável. O problema situa-se ao nível da declaração de
vontade válida, elemento interno do negócio. Resta apreciar quem tem legitimidade para
arguir a Anulabilidade e qual o caso de dispõe para o fazer. Em muitos casos a lei dá uma
indicação concreta do pessoal legitimado. Na falta dessa indicação concreta, há que aplicar o
critério geral do art.287º n°1 de acordo com o qual só têm legitimidade para arguir a
Anulabilidade as pessoas em cujo interesse a lei a estabelece. Por aplicação desse critério
concluímos que na Anulabilidade estatuída pelo art.257º, tem legitimidade para requerer a
anulação do contrato Afonso, que era quem se encontrava em incapacidade acidente. Afonso
poderá fazê-lo no prazo de um ano a contar da cessação do vício. In caso, da cessação da
incapacidade acidental. A anulação tem efeitos retroativos pelo que haverá lugar à
repristinação das coisas no estado anterior ao negócio restituindo se tudo o que tivesse sido
prestado. Ou se a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente. Assim
anulado o negócio, Afonso teria de restituir o quadro e Afonso o preço.
3.
À data da celebração do negócio, Maria é menor não tendo por isso capacidade de exercício
de direitos, nos termos dos art.122º e 123º. O negócio jurídico por ela celebrado (compra de
mota a prestações) não parece encontrar-se previsto nas situações do art. 127º. O negócio
padece de Anulabilidade situando-se o problema ao nível da capacidade das partes, elemento
interno do negócio. Todavia, a Anulabilidade é sanável, quer pelo decurso do tempo, em caso
de caducidade do direito à arguição da Anulabilidade (art.287º n°1) quer pela confirmação
(art.288º). A confirmação é um negócio bilateral pelo qual a pessoa com legitimidade para
arguir a Anulabilidade e com conhecimento do vício e do direito a Anulação declara o negócio
viciado, podendo a declaração ser expressa ou tácita. Depois de completar 18 anos, Maria
confirmou tacitamente o negócio anulável com o pagamento da prestação, nos termos do
art.125º n°2 e do art.217º n°1.
4.
1. Assegura uma mais elevada consciência das partes contra a sua ligeireza
2. Garante um mais elevado grau de certeza sobre a celebração do negócio evitando-se
os perigos associados
3. Possibilita uma certa publicidade do ato o que interessa ao esclarecimento de
terceiros.
1. Idoneidade do objeto
2. Capacidade e legitimidade das partes
3. Declaração de vontade válida