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Redação

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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A importância de discutir o abandono paternal.

Introdução: Não se trata de uma introdução ruim, mas, como sabemos, é legal ter uma
contextualização mais criativa que chame a atenção do corretor. Além disso, na estrutura
“aliados as falhas”, falta o acento grave da crase “aliado às falhas”.

Desenvolvimento I: Em primeiro lugar, o conectivo “destarte” não deve ser utilizado para
iniciar o parágrafo, já que ele equivale a “assim”/”dessa maneira”. Além disso, o parágrafo não
explorou recursos de outras áreas do conhecimento e não aprofundou o assunto trazendo uma
consequência, por exemplo.

1 Muitos são os casos de abandono na sociedade brasileira, o que gera


2 inúmeras consequências psicológicas aos indivíduos, por conta da falta ma-
3 terial, intelectual e, principalmente, afetuosa do pai. Tal desamparo, aliado
4 as falhas institucionais, contribuem ainda mais para agravar o panorama de
5 ausência da figura paterna no Brasil.
6 Destarte, uma pessoa nascida em uma família sem a presença do pai
7 perde a percepção da figura paterna, passando a ter uma maior dependên-
8 cia da imagem materna. No entanto, a responsabilidade afetiva da mãe é
9 muito grande, podendo ocorrer entraves emocionais muito graves nos filhos,
10 que desenvolvem medos e inseguranças, pois, de alguma maneira, o vínculo
11 com a criança não teve força para se sobrepor aos interesses ou às necessi-
12 dades do pai.
13 Entretanto, o Estado age em desacordo com o bem comum ao não garan-
14 tir demandas básicas, como as creches com horário integral, para as mães
15 constantemente sobrecarregadas pela maternidade. Assim, devido a falta de
16 uma rede de apoio essêncial, essas mulheres acabam tendo que optar entre
17 cuidar do filho e ter um emprego. Esse cenário, inclusive, ficou bastante evi-
18 dente na pandemia do Covid-19, já que, com o fechamento das escolas, as
19 mães sem ter com quem deixar os filhos, ficaram cada vez mais sobrecarre-
20 gadas física e emocionalmente.
21 A falta de amparo do estado em relação ao abandono paternal agrava
22 ainda mais a situação das mães que lidam com essa situação. Nesse sentido,
23 as escolas, por participarem da formação dos indivíduos, deveriam oferecer
24 apoio psicológico, por meio de profissionais da área da saúde mental, a fim
25 de acolher os jovens que apresentam problemas psicológicos causados pela
26 ausência do pai.
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Desenvolvimento II: Mais uma vez, temos erro de coesão e falta de repertório sociocultural. Ini-
ciar o parágrafo com “entretanto” indica uma oposição ao que estava sendo dito anteriormente - o
que não é o caso desse texto. Além disso, novamente há falta de crase depois de “devido” (devido
à falta…) e um erro ortográfico em “essêncial” (o correto é “essencial”).

Conclusão: É interessante iniciar o parágrafo de conclusão com um conectivo conclusivo, para indicar a fina-
lização do texto. Além disso, a proposta de intervenção não desenvolve a finalidade/efeito do que está sendo
proposto e não há um fechamento criativo do texto.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A importância de discutir o abandono paternal.

Sugestão de reescrita:

1 A obra “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves, aborda a história de uma escrava liberta, Luísa
2 Gama, responsável pela criação de suas crianças sem a presença paterna e, também, pela busca de seu filho,
3 Luís Gama, vendido pelo próprio pai. Fora da obra, muitos são os casos de abandono na sociedade brasileira,
4 o que gera inúmeras consequências psicológicas aos indivíduos, por conta da falta material, intelectual e,
5 principalmente, afetuosa do pai. Tal desamparo, aliado às falhas institucionais, contribuem ainda mais para
6 agravar o panorama de ausência da figura paterna no Brasil.
7 Mormente, segundo o psicanalista Jacques Lacan, em sua teoria dos espelhos, o homem é moldado
8 pelo meio, sendo suas atitudes fruto de suas referências. Destarte, uma pessoa nascida em uma família sem a
9 presença do pai perde a percepção da figura paterna, passando a ter uma maior dependência da imagem
10 materna. No entanto, a responsabilidade afetiva da mãe é muito grande, podendo ocorrer entraves emocionais
11 muito graves nos filhos, que desenvolvem medos e inseguranças, pois, de alguma maneira, o vínculo com a
12 criança não teve força para se sobrepor aos interesses ou às necessidades do pai. Sob tal ótica, a simples
13 presença dos dois progenitores passa a ser um privilégio dentro de uma sociedade que não acolhe as mães solo,
14 mas fecha os olhos para o abandono paternal.
15 Ademais, de acordo com o psicólogo Abraham Maslow, em sua teoria da hierarquia das necessidades,
16 existe uma pirâmide representativa do essencial para que haja uma vida com qualidade, estando na base
17 dela as necessidades fisiológicas e no topo as realizações pessoais. Entretanto, o Estado age em desacordo com
18 esse pensamento ao não garantir demandas básicas, como as creches com horário integral, para as mães
19 constantemente sobrecarregadas pela maternidade. Assim, devido à falta de uma rede de apoio essencial,
20 essas mulheres acabam tendo que optar entre cuidar do filho e ter um emprego. Esse cenário, inclusive, ficou
21 bastante evidente na pandemia do Covid-19, já que, com o fechamento das escolas, as mães sem ter com
22 quem deixar os filhos, ficaram cada vez mais sobrecarregadas física e emocionalmente.
23 Fica claro, portanto, que a falta de amparo do Estado em relação ao abandono paternal agrava ainda
24 mais a situação das mães que lidam com essa situação. Nesse sentido, as escolas, por participarem da formação
25 dos indivíduos, deveriam oferecer apoio psicológico, por meio de profissionais da área da saúde mental, a fim
26 de acolher os jovens que apresentam problemas psicológicos causados pela ausência do pai. Outrossim, cabe
27 aos governos municipais, na posição de responsáveis pela implementação de creches populares, criar um
28 planejamento para ampliar o número de instituições que atendam mais crianças e melhorar a qualidade das
29 já existentes, a partir de um redirecionamento de verbas para a área da educação, com intuito de fornecer
30 uma rede de apoio às mães. Tais medidas facilitarão a mudança da história de milhares de Luísas no Brasil.

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