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º
8 ANO
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Boa Prova!
TEXTO 1
LAÇOS DE FAMÍLIA
1º§ — Que olhos grandes você tem, meu neto!
2º§ — São para te olhar, vovó. O olhar de um neto sobre sua vovó é sempre significativo. No rosto enrugado, ele lê a
história de sua família, ele lê a sua própria história. Ele compreende que foi precedido, neste mundo, por gente que lutou
e sofreu para que ele pudesse viver. Gente que o alimentou, que o embalou para dormir, gente que cuidou dele quando
estava enfermo. E também gente que o maltratou, não é, vovó? Enfim: o rosto de todas estas pessoas se condensa, por
assim dizer, na face da vovó, a face que o neto contempla com ambígua melancolia.
3º§ — Hum. Não sei se compreendi, mas você fala bonito, é bom de escutar. A propósito, meu neto, que orelhas grandes
você tem.
4º§ — São para te ouvir, vovó. Para um neto, as palavras de sua avó são música, às vezes sem harmonia, a celebrar os mis-
térios da existência. Ouvindo sua vovó o neto aprende a viver. É claro que vovós em geral são velhinhas e frequentemente
falam baixinho; de modo que as orelhas crescem, se expandem para capturar todos os sons, mesmo os mais fracos.
5º§ — Hum. E que nariz grande você tem, meu neto!
6º§ — É para te cheirar, vovó. O teu odor me leva de volta à infância; quando entravas em meu quarto era a primeira coisa
que eu sentia, esse teu tão característico cheiro. Até hoje me causa enjoos, você sabe? Até hoje. O tempo passou, e muitos
outros odores entraram em minhas narinas, inclusive o perfume de belas mulheres, mas o seu cheiro está sempre presente
em minha memória. Que coisa, não é?
7º§ — É... A propósito, que mãos grandes você tem, meu netinho!
8º§ — São para te agarrar, vovó. Como você me agarrava quando era pequeno, em geral para me surrar. Você me deu surras
homéricas, vovó. Talvez eu as tenha merecido, não sei. O fato é que o ressentimento ficou dentro de mim, um ressentimento
que jamais consegui vencer. Cresci olhando para minhas mãos, desejando que elas ficassem fortes o suficiente para mostrar
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Ao final do texto, é possível entender que O trecho que revela o clímax, o ponto maior de tensão
A) o neto ficou quieto ouvindo a batucada pela janela. da história, é:
B) o neto empurrou sua avó pela janela abaixo. A) Minhas mãos hoje são instrumento de vingança, querida
vovó. 8º §
C) a avó acabou caindo ao olhar pela grande janela.
B) Enfim: o rosto de todas estas pessoas se condensa,
D) a avó gritou pela janela, mas ninguém a ouviu.
por assim dizer, na face da vovó. 2º§
C) – É para te cheirar, vovó. O teu odor me leva de volta à
2 infância. 6º§
Releia o trecho do final do texto:
D) (Um grito de anciã. Depois, um baque surdo. E o silêncio,
mais ensurdecedor que uma batucada de carnaval.) 11º§
TEXTO 2
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9ª Na lua o cego encontrou 11ª De repente aquela máquina
um escritor de cordel foi aos poucos parando.
que escrevia cantando, Jeremias percebeu
mas não usava papel. que não estava flutuando.
Seus versos eram gravados Se viu foi em cima da cama
no canto esquerdo do céu. Pois ele estava acordando.
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Os termos -la e Seus, em destaque na 8ª e 9ª estrofes, O texto lido é um cordel porque contém
se referem, na ordem, a A) título, parágrafos e versos, com o intuito de relatar um
A) novidade e papel acontecimento.
B) máquina e escritor B) estrofes, versos e rimas, a fim de divertir o leitor com
C) máquina e cego uma história.
Você vai ler agora um trecho do romance O rapto do garoto de ouro, escrito por Marcos Rey, que conta a história de Alfredo,
famoso cantor de rock que foi sequestrado, e como seus amigos Leo, Gino e Ângela fizeram de tudo para encontrá-lo. No
capítulo, Leo e Gino discutem sobre uma das pistas deixadas pelo sequestrador no quarto de Alfredo: uma agenda verde.
A AGENDA VERDE
A agenda verde, com aquela letra, que não era de Alfredo, fez Leo passar quase a noite toda de olhos abertos [...]. A pista para
localizar o raptor podia estar naquele caderninho de poucas páginas agora na gaveta de seu criado-mudo. Deveria entregá-lo à
polícia?, perguntava-se. Entregaria, talvez, mas, antes, já decidira, levaria a agenda a seu primo Gino para examinarem juntos.
[...]
Leo enfiou a mão no bolso da calça, retirou a agenda verde, escondida na palma, e com um sorriso enigmático depositou-a
sobre as pernas do primo, dizendo simplesmente:
— A pista.
— O que é isso?
— Não está vendo? Uma agenda.
Gino pegou o caderninho e lançou um olhar elétrico ao primo.
— Onde a encontrou?
[...]
Leo, que a esta altura não tinha mais dúvida — ia contar com a valiosa colaboração do primo — contou tudo:
— Encontrei a agenda ontem à noite, na casa de Alfredo, quando eu e Ângela fomos buscá-lo. Estava sobre o tapete da sala,
ao lado dum botão da blusa dele.
Gino procurou refrear a emoção, ponderando:
— Ora, pode pertencer ao próprio Alfredo.
Leo sacudiu a cabeça negativa e vitoriosamente:
— Pensei nisso. Mas conheço a letra de Alfredo. Sentamos juntos na escola durante anos. Nunca foi grande aluno, mas sua
caligrafia era inconfundível.
Como se fosse um detetive famoso ou procurasse imitar um deles, Gino tentava manter a calma, o alicerce de todo
raciocínio lógico.
— Aqui certamente têm nomes e endereços. Você já leu?
— Passei os olhos apenas, mas estava muito agitado ontem à noite. Preferi aguardar o exame até agora. Dois veem mais
que um.
[...]
Gino folheou a agenda. Umas vinte páginas, algumas em branco. Devia ser nova, por isso era reduzido o número de nomes
e endereços, anotados com caneta azul. [...]
— São pessoas do bairro — observou Gino, suspeitando dos vizinhos — o que faz crer que o raptor ou raptores também
sejam — e concluiu com uma possibilidade ainda mais atraente: — Quem sabe um desses seja sócio do homem?
Leo apertou a agenda na mão, revalorizando o achado.
— Mas como poderemos descobrir a ligação dessa gente com o raptor?
— Ora, os nomes não são muitos, o que facilita a investigação.
— Investigação? Fala em entregar a agenda à polícia?
— Não, primo, a ideia seria entrevistar, ir à casa dessas pessoas, onde trabalham, papear, fazer perguntas, fuçar, arrancar
alguma pista e, caso tenham culpa no cartório, encostá-las na parede.
[...]
REY, Marcos. O rapto do garoto de ouro. Ática: São Paulo, 1987, pp. 18-21. (Adaptado e com cortes).
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O primeiro e o segundo travessão indicam, nessa
ordem, as falas
Caligrafia: jeito próprio de escrever.
A) de Gino e dos vizinhos.
Alicerce: base, fundamento.
B) das pessoas e do narrador.
C) das pessoas e de Gino.
D) de Gino e do narrador.
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No 1º parágrafo, o verbo que indica uma fala de
personagem é 15
Releia o 2º parágrafo:
A) Entregaria
B) entregá-lo
C) perguntava-se Leo enfiou a mão no bolso da calça, retirou a
agenda verde, escondida na palma, e com um sorriso
D) Deveria enigmático depositou-a sobre as pernas do primo,
dizendo simplesmente:
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Lendo o final do texto, é possível entender que o
método de investigação de Leo e Gino será O pronome a, em destaque, retoma:
A) interrogar as pessoas da agenda, pressionando os A) calça
suspeitos.
B) mão
B) buscar no cartório informações sobre as pessoas da
C) agenda
lista.
D) palma
C) visitar os suspeitos da lista, com a ajuda técnica da
polícia.
D) telefonar para os nomes da agenda, perguntando pelo
raptor.
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Colocada no plural, a frase em destaque ficaria, sem
mudar o sentido, como em
A) Quem sabem uns desses seja sócio do homem?
B) Quem sabe uns desses sejam sócios do homem?
C) Quem sabem alguns desses sejam sócio dos homens?
D) Quem sabe um desses sejam sócio dos homens?
A BARATA E O RATO
Era uma dessas baratinhas nojentas, acostumadas a só imundície e ao monte de lixo, comendo calmamente sua refeiçãozinha
composta de um pedaço de batata podre.
Chegou junto dela um rato transmissor de doenças e lhe disse: "Comadre, ontem tive uma aventura extraordinária. Estive
num lugar realmente maravilhoso, que você com certeza jamais encontrara em toda sua vida". Barata comendo. "O lugar era
espantoso, tão diferente de tudo que tenho visto em minha vida roedora". Barata comendo. "Imagine você", prosseguiu o rato,
"que descobri o lugar por acaso. Vou indo num dos buracos por onde passeio sempre, entrando numa casa e outra, quando de
repente saio numa cozinha impressionante. O chão, limpo que nem espelho! Um brilho de cegar! As panelas polidas como você
não pode imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes e o teto, brancos, sem uma mancha! Os armários tão arrumados
que estavam até perfumados! Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, lixo impossível de haver...".
E foi aí que a barata não se aguentou. Levou a mão à boca, num espanto e protestou: "Que mania! Que horror! Sempre vem
contar essas histórias exatamente no momento em que a gente está comendo!".
MILLÔR, Fernandes. Novas fábulas fabulosas. Desiderata: 2007, Rio de Janeiro, p. 47. (Adaptado).
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A repetição de Barata comendo, em destaque no Lendo o texto, é possível entender que a Barata se
texto, sugere que a Barata incomodou porque
A) estava ocupada para ficar ouvindo as histórias do Rato. A) ficou com medo das aventuras do Rato.
B) parou de comer várias vezes para escutar o Rato. B) o Rato contava histórias muito longas.
C) estava comendo enquanto ouvia as histórias do Rato. C) ficou com inveja dos passeios do Rato.
D) comeu mais de uma vez durante a fala do Rato. D) o Rato falava sobre lugares muito limpos.
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O trecho abaixo que contém uma fala do narrador e A moral abaixo que combina com a fábula lida é:
uma da Barata é:
A) Quem muito fala pouco escuta.
A) Era uma dessas baratinhas nojentas, acostumadas a
B) Para o sujo, a limpeza é nojenta.
só imundície e ao monte de lixo [...].
C) Ao comer, higiene é fundamental.
B) Chegou junto dela um rato transmissor de doenças
e lhe disse: "Comadre, ontem tive uma aventura D) Cuidado com quem conta vantagem.
extraordinária. [...]".
C) "O lugar era espantoso, tão diferente de tudo que tenho
visto em minha vida roedora [...]".
D) E foi aí que a barata não se aguentou. Levou a mão
à boca, num espanto e protestou: "Que mania! Que
horror! [...]!".
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Releia o trecho: Por ser uma fábula moderna, a finalidade do texto
lido é
A) relatar um acontecimento recente, informando o leitor.
Era uma dessas baratinhas nojentas, acostu-
madas a só imundície e ao monte de lixo, comendo B) divulgar um conhecimento, usando linguagem engraçada.
calmamente sua refeiçãozinha composta de um C) narrar uma história engraçada, transmitindo uma lição.
pedaço de batata podre.
D) defender uma opinião, usando exemplos concretos.
Chegou junto dela um rato transmissor de doen-
ças e lhe disse: "Comadre, ontem tive uma aventura
extraordinária. [...]