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Autopsicografia

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda


Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
7 sílabas métricas;

1 2 3 4 5 6 7

O|po|e|ta|é|um|fin|gi dor
Finge tão completamente
Quadra Redondilha maior
Que chega a fingir que é dor Heptassílabo

A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,


Quadra Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda


Quadra Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
Esquema Rimático: ABAB – rimas

3
alternadas ou cruzadas.

A O poeta é um fingidor
Rimas B Finge tão completamente
Cruzadas A Que chega a fingir que é dor
B A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda


Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Autopsicografia: O sujeito poético refere que o
Auto: Própria AUTOPSICOGRAFIA poeta finge a dor, ou seja, que a
Psico: Mente/ espírito dor que ele realmente sentiu teve
Grafia: Escrita/ descrição de ser imaginada para ser escrita
O poeta é um fingidor
poeticamente.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor A dor real
A dor fingida A dor que deveras sente.

Aqui o sujeito poético diz como os E os que leem o que escreve,


leitores não sentem nem a dor real, Na dor lida sentem bem,
nem a dor fingida mas sim uma que ele Não as duas que ele teve,
próprio interpretou.
Mas só a que eles não têm.
O sujeito poético refere coração como
E assim nas calhas de roda sensibilidade, sendo que o poema
Gira, a entreter a razão, nasce no coração mas inventa-se na
razão. O coração é descrito como um
Esse comboio de corda comboio, que gira e tem função de
Que se chama coração. distrair a razão. Podemos então concluir
que o poeta usa a sua razão para
transformar o sentimento que ele
viveu.

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