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Universidade do Algarve

Faculdade de Economia

Curso de Sociologia: 1º ano – 1º semestre

Mulheres no Afeganistão: passado, presente e futuro.

Unidade Curricular:

Ciência Política

Docente: Prof. João Carlos de Almeida Vidal

Aluna: Diana Batista Brazão Lourenço

2021/2022
Resumo

O Afeganistão é um tema dos nossos dias atuais e enquanto estiver como está e como é
será sempre um tema atual. Não será menos pertinente falar deste país no ano de 2022
tendo em consideração os acontecimentos do ano anterior que irão também ser
desenvolvidos no trabalho. A questão é fazer uma reflexão e tentar entender como é
vista a Mulher no Afeganistão, que direitos e obrigações elas têm e do que é que estão
proibidas por lei. Sabendo que são estes os objetivos gerais do trabalho é também
necessário perceber qual o olhar dos outros países em relação aos direitos das Mulheres
no Afeganistão, a ONU e a sua intervenção neste parâmetro e a Intervenção de diversos
parâmetros. Portanto ao longo deste trabalho irá ser feita uma reflexão do passado, do
presente e do futuro das Mulheres Afegãs. Especulando o Futuro com ideias não
concretas do que poderá ou não acontecer.

Palavras-chave: Mulheres, Direitos, Lei, Obrigações, Talibãs, Afegãs.

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Índice
Contexto histórico-político do Afeganistão 4-6

Os direitos das mulheres no passado 7-8

Figuras relevantes na história feminina do Afeganistão 8-9

Direitos das mulheres no presente 4

O contributo da ONU 5

Futuro: mulheres com direitos? 6

Referências Bibliográficas 6

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Contexto histórico-político do Afeganistão

Para se poder falar da situação das Mulheres no Afeganistão é necessário


entender como é que este País funciona em termos políticos. O Afeganistão, ou mais
concretamente o Emirado Islâmico do Afeganistão está localizado no centro da Ásia,
faz fronteira com o Paquistão a sul e a leste, com o Irão a oeste, com o Turquemenistão,
Uzbequistão e Tajiquistão a norte e com a China no nordeste. É um país com uma
geopolítica valiosa, tem até por isso sido historicamente um país importante nas rotas
comerciais e nas disputas políticas com a Ásia. Em termos políticos, o Afeganistão é um
país instável e é impossível começar por falar dos aspetos
políticos sem falar da Guerra no Afeganistão. Esta tão famosa
guerra teve várias causas desde a Revolução de Saur que
ocorreu a 27 de Abril de 1978 e onde existiu uma tomada do
poder político neste país por parte dos Comunistas
representados pelo Partido Democrático do Povo do
Afeganistão; as Complicações que na altura envolviam a
Embaixada Americana e que fizeram com que o embaixador
Adolph Dubs fosse assassinado dia 14 de Fevereiro de 1979 Figura 1 - Adolph Dubs

em Kabul e os Distúrbios relativos aos soviéticos, ou por outras palavras o investimento


em demasia no Afeganistão por parte da URSS. Explicando mais concretamente o que
foi esta Guerra… pode-se dizer que foi um conflito que foi eventualmente travado entre
a União Soviética e as Forças Rebeldes Afegãs também conhecidas por mujahidin. O
Exército Soviético invadiu o Afeganistão e prolongou-se assim durante dez anos, ou
seja, durou até ao ano de 1989. Como é de esperar, uma guerra que dure 10 anos traz
imensos estragos, como por exemplo: a morte de soldados soviéticos no Afeganistão
(estima-se que foram cerca de 15 mil); o gasto de milhões e consecutivamente o grande
impacto na economia da União Soviética. Além desta guerra e das suas consequentes
negativas, durante esta década de 70 existiram outros aspetos no Afeganistão que
afetaram a diversos níveis, tais como: o Golpe de Estado que ocorreu a 17 de Julho de
1973 e que derrubou a monarquia afegã de 1973; tendo em consideração o aspeto
anterior deu-se a sucessão da presidência de Mohammed Daoud Khan; as relações do
Partido Democrático do Povo Afegão (que surgiu a 1965) que se estabeleceram com
Mohammed Khan em 1973 e ajudaram a derrubar o seu primo que estava no comando,
seu nome era Mohammed Zahir Shah, estabelecendo assim uma República; a

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organização de um golpe contra o presidente (denominado de Revolução de Saur, com
data de 1978) por parte dos Comunistas do PDPA; a destituição de Daoud Khan do
poder e a sua eventual execução; a tomada de posse no poder por parte de Nur
Muhammad Taraki no Afeganistão a 1978; a iniciação de reformas no governo de Nur
Taraki, tais como: a Reforma Agrária, o Ensino Laico, a Entrada de mulheres nos
quadros políticos do Afeganistão, entre outros. Como se pode analisar, existiram
diversas mudanças e muita instabilidade que reproduziram mudanças negativas no país,
algumas delas foram: grupos começaram a armarem-se e começaram a rebelar contra o
seu próprio governo; a formação de grandes proprietários e grupos conservadores que
eram perigosos no sentido em que viam as medidas criadas como uma ameaça ao
islamismo; a organização de um outro golpe para derrubar Nur Taraki do poder e com
este acontecimento Hafizullah Amin tornando-se sucessivamente presidente do
Afeganistão.

Como já não bastasse depois da tomada de poder feita por Hafizullah Amin
mais instabilidade ocorreu, a gestão que Amin fazia sobre o Afeganistão gerou
controvérsia e insatisfação na União Soviética. Os dois motivos principais para isto ter
acontecido foram: a desconfiança por parte do governo da união soviética em relação à
possibilidade de existir uma aproximação por parte dos afegãos com os Estados Unidos
e o facto de Amin não conseguir controlar os mujahidin que atuavam principalmente no
interior. Ainda dentro do período de guerra em Dezembro de 1979 os soviéticos
decidiram iniciar uma invasão ao Afeganistão para tirar Amin do poder e colocar
alguém em quem tivessem confiança. Este acontecimento resultou na sucessão de outros
acontecimentos, tais como: os Mujahidin convocarem uma jihad, ou seja, uma guerra
santa contra os soviéticos; a invasão de 8500 homens no país; a Morte de Hafizullah
Amin e a consequente tomada de posse de Babrak Karmal. Portanto, é notável que a
União Soviética muito interviu com o Afeganistão, tal como os EUA mais tarde o
fizeram. Durante toda esta guerra, os mujahidin poderem contar com o poder dos
Estados Unidos da América através do fornecimento de armas e do treinamento militar
para os soldados afegãos. A questão é: porque é que os EUA ajudavam o Afeganistão,
existiria interesse por detrás disto? A resposta é óbvia, sim. Os EUA tinham o claro
objetivo de querer forçar a retirada imediata dos soviéticos e queriam também garantir a
continuidade da guerra para fazerem com que houvesse aumentos no desgaste da
economia soviética.

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Já no fim da longa Guerra os soviéticos começaram a ter a necessidade de
organizar esforços para retirarem as suas tropas do Afeganistão a parte da virada do ano
de 1985 para 1986, principalmente porque causava um grande impacto negativo na
Economia Nacional. Por isso, tendo isto em consideração, em 1985 Mikhail Gorbatchov
na altura Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética anunciou a retirada
total das tropas. Em síntese, esta guerra demorou 10 anos e foi muito instável no sentido
político e económico, fez com que se mudasse de regime para regime de líder para
líder…E muitas mais consequências, tais como: a destituição do poder de Najibullah em
1992; instabilidade e destruição que levaram à morte de mais de um milhão de cidadãos;
o apoio financeiro e militar por parte dos Estados Unidos para com os rebeldes que
levaria mais tarde a uma consequência grave: dos Islamitas Afegãos surgiram dois dos
maiores grupos fundamentalistas islâmicos, seriam eles: o Al-Qaeda e o Talibã.

Com o aparecimento destes dois grupos também mais uma guerra surgiu. O
Atentado de 11 de Setembro de 2001. Neste dia o grupo Al-Qaeda organizado e a
mando de Osama Bin Laden com o sucessivo apoio do regime talibã atingiram com dois
aviões cheios de gasolina as Torres Gémeas, o World Trade Center e o Pentágono.
Morreram 3000 pessoas. Isto fez com que eventualmente os EUA contra-atacassem o
Afeganistão, respondendo com o lançamento de várias bombas em várias cidades
afegãs. Além disso os demais acontecimentos foram então: o grupo Taliban derrotado
em 2001; Osama Bin Laden morto por soldados em 2011; ainda em 2011 a retirada das
tropas no Afeganistão por parte dos EUA e eventualmente em 2012 foi assinado um
acordo estratégico entre os presidentes dos EUA e do Afeganistão, que eram na altura
Barack Obama e Hamid Karzai.

Na atualidade em relação à política o país segue instável com frequentes


atentados à bomba e insurgência por parte dos talibãs. A Grande População morre por
fome ou por falta de cuidados médicos porque a infraestrutura do país ainda não foi
reconstruída. Além disso, o Afeganistão é um país extremamente pobre, com muita
Alfabetização e muita violência em relação aos Direitos Humanos e aos Direitos das
Mulheres. Sim, isso é claramente percetível e sabe-se que o Afeganistão não tem as
devidas condições mas apesar disso este país viveu até ao ano recente de 2021 sem
grande instabilidade política..., o problema foi o facto do grupo dos Taliban voltarem a
aparecer e causarem a Queda da República Islâmica. Mais conhecida como a Queda de
Cabul, a 15 de agosto de 2021 os Taliban invadiram a capital do Afeganistão, que

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eventualmente também foram interrompidos para que se pudesse haver negociações e
para que isto pudesse parar, mas a decisão do Governo foi apenas deixarem entregar
Cabul ao grupo de rebeldes Taliban. Eventualmente o Regime Islâmico reergueu-se,
mas a violência instalou-se no Afeganistão e os poucos direitos que os Afegãos tinham
foram exterminados, ou melhor dizendo: os Direitos das Mulheres.

Os direitos das mulheres no passado

As Mulheres no Afeganistão são o sinónimo de força e coragem. Já desde o início do


século 20 que as Mulheres Afegãs vêm tentando conseguir mais liberdade e mais
igualdade de género, mas têm sido sempre contrapostas por Homens que lhes querem
tirar os direitos. Em 1929 com o poder na mão de Amanulá Khan houve uma mudança
progressiva no Afeganistão, este líder introduziu uma Constituição nova que procurava
garantir os direitos das Mulheres: ele abriu escolas para meninos e meninas, aumentou a
idade mínima das mulheres para o casamento, casamentos forçados passaram a ser
proibidos e as regras rígidas daquilo que uma Mulher tinha ou não que vestir foram
proibidas. Sim, isto era bom para o Afeganistão até que ainda em 1929 ele foi derrubado
e Muhammad Shan proclamado rei e isto basicamente resultou na abolição de maioria
das reformas que Amanulá Khan teria feito. Mas, tal como aconteceria com Khan, Nadir
Shah foi assassinado em 1933 e muitas das iniciativas de Khan foram retomadas durante
o longo reinado do filho de Nadir Shah, Muhammad Zahir Shah, o último rei do
Afeganistão, de 1933 a 1973. As escolas para meninas foram restabelecidas, uma nova
universidade foi fundada e uma nova constituição foi instituída. E em 1964 as mulheres
afegãs receberam o direito de votar. Mas como este rei teve o seu período de comando
até ao ano de 1973 porque teria sido deposto por seu primo, Mohammed Daoud Khan,
encerrando mais de 200 anos de governo monárquico no Afeganistão. E durante esta
proclamada República do Afeganistão, os direitos das mulheres continuaram a
aumentar. "Começou a ter a presença de mulheres no Parlamento, foi um momento de
grande ênfase na formação universitária para mulheres, na presença das mulheres na
esfera pública e nos cargos públicos", afirma Mona Tajali. E ainda depois do Partido
Democrático do Povo do Afeganistão marxista assumir o poder na Revolução de abril
de 1978 mais direitos teriam aparecido, tais como o aumento da Igualdade de Género; a
possibilidade de numerosas carreiras para as Mulheres Afegãs e ainda o parlamento que
fortaleceu a educação das meninas e proibiu práticas como oferecer mulheres para selar
disputas entre duas tribos ou forçar as viúvas a se casarem com o irmão do falecido

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marido. Mas, apesar disto, estes acontecimentos não se espalharam por todo o país.
Digamos que Cabul teve a maior liberdade e o maior avanço (sendo também ela a
Capital) e por isso continuaram a haver diferenças marcantes entre o status das mulheres
nas áreas rurais e urbanas e profundas divisões dependendo de sua etnia, tribo e, acima
de tudo, religião. Sim, as mulheres estariam bem mas o grupo dos Taliban surgiu. Em
1996, os direitos das mulheres principalmente em zonas mais urbanas e em regiões
menos tradicionais chegaram a um fim abrupto com a então ascensão do Talibã ao
poder. Estes mesmos Talibans foram então derrubados em 2001 e sucessivamente as
mulheres foram reconquistando os seus direitos naquele que seria o novo governo civil:
voltaram a trabalhar, a estudar, a sair de casa sozinhas, não eram mais obrigadas a usar a
burca e podiam ocupar cargos públicos (algumas conseguiram até eleger-se como
congressistas). E agora, tal como foi mencionado acima, tudo isto está num grande risco
pois os Talibans voltaram e com eles trouxeram a erradicação dos direitos das mulheres.

Figuras femininas relevantes na história feminina do Afeganistão


Já que se fala dos direitos das mulheres no Afeganistão porque não falar de figuras
femininas no Afeganistão que tiveram a força e a garra de poder causar alguma
diferença.

Meena Keshwar Kamal

Meena nasceu em Cabul a 27 de Fevereiro de 1956 e foi uma feminista afegã e também
ativista que trabalhou e lutou pelos direitos das mulheres no
Afeganistão. Ela fundou a Associação Revolucionária das
Mulheres do Afeganistão (RAWA) em 1977 que consistia
num grupo organizado para promover a igualdade de direitos e
de educação para as mulheres. Alguns dos seus
acontecimentos marcantes foram: em 1979 iniciou uma
campanha contra o governo dos russos que controlava o
Afeganistão; em 1981 lançou uma revista denominada de
“Payam-e-Zan” (Mensagem das Mulheres); fundou escolas
Figura 2 - Meena Keshwar
para ajudar crianças refugiadas e suas mães e em 1982 Kamal

representou a resistência afegã no Partido Socialista do Congresso Francês. Foi


eventualmente assassinada por desafiar o governo Afeganistão.

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Para poder-se então ser atual é necessário falar de alguém que tem atuado nos dias de
hoje, o seu nome é:

Zahra Mirzaei.

Pouco se sabe sobre esta mulher importantíssima, mas daquilo que sabe é que foi
presidente da Associação de Parteiras Afegãs (AMA) e foi a pioneira no país em
articular e prover serviços de maternidade à
população. Com o surgimento dos Taliban foi
obrigada a fugir de Afeganistão mas ela afirmou
em entrevista ao jornal inglês “The Guardian” que
não irá parar de lutar por cuidados dignos de saúde
Figura 3 - Zahra Mirzaei às mulheres e meninas do país. Atualmente, Zahra
está em um campo de refugiados na Espanha. E o seu primeiro centro de maternidade,
focado em partos, foi aberto no primeiro semestre de 2021 no distrito de Dasht-e-
Barchi, em Cabul, capital do Afeganistão, e se estabeleceu como um símbolo de
esperança e luta.

Direitos das mulheres no presente


Desde que assumiu o controle de Cabul em 15 de agosto de 2021, o Talibã impôs sérias
restrições a mulheres e meninas. Com exceção de profissionais de saúde do sexo
feminino e outros exemplos isolados, as mulheres foram informadas de que não
poderiam retornar ao trabalho ou viajar sem o acompanhamento de um Mahram
(responsável masculino). A partir de 20 de setembro de 2021, meninas com mais de 12
anos (a partir do 6º ano) foram impedidas de voltar à escola. Ao mesmo tempo, a restrita
segregação de gênero nas universidades restringiu severamente o acesso das mulheres
ao ensino superior. Impediram que as mulheres continuassem a trabalhar e isso fez com
que se exacerbasse os problemas econômicos de muitas famílias que anteriormente
desfrutavam de rendimentos de trabalho estáveis. Da mesma forma, a remoção de
mulheres de cargos governamentais afetou fortemente a capacidade de governo do
estado. Hoje, as mulheres ainda enfrentam ameaças crescentes de violência de gênero e
severas restrições aos seus direitos à liberdade de reunião e liberdade de expressão e até
mesmo à escolha de roupas. Samira Hamidi responsável pelas campanhas da Amnistia
Internacional para o Sul da Ásia diz-nos que:

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“É assombroso que, num momento em que o país está a enfrentar uma crise económica
e humanitária, estas mulheres estejam a ser banidas da vida pública. Exortamos os
Talibãs a respeitar, proteger e cumprir os direitos das mulheres e raparigas. Apelamos à
comunidade internacional para que se envolva diretamente com as mulheres afegãs para
compreender a sua realidade, ouvir as suas recomendações pragmáticas, e trabalhar com
elas para apoiar os seus direitos.” E ainda que: “É assombroso que, num momento em
que o país está a enfrentar uma crise económica e humanitária, estas mulheres estejam a
ser banidas da vida pública.”.

Visão menciona:

“As 29 restrições aplicadas pelos talibãs às mulheres, segundo a RAWA:

Proibidas de trabalhar: Existia a proibição total do trabalho feminino fora de casa.


Apenas algumas médicas e enfermeiras tinham permissão para trabalhar em alguns
hospitais de Cabul (capital do Afeganistão).

Completa proibição de qualquer tipo de atividade fora de casa: As mulheres só podiam


sair de casa se fossem acompanhadas pelo marido ou por um familiar masculino como
pai, avô, irmão ou filho.

Proibidas de realizar negócios com comerciantes do sexo masculino.

Proibidas de ser tratadas por médicos homens.

Proibidas de estudar: As mulheres não tinham permissão de andar na escola,


universidade ou qualquer outra instituição educativa. As escolas para raparigas foram
convertidas pelos talibãs em seminários religiosos.

Obrigadas ao uso de um longo véu (burca) que as cobre da cabeça aos pés.

Podiam ser chicoteadas, espancadas e vítimas de abusos verbal: As mulheres que não se
vistam de acordo com as regras dos talibãs ou que não estejam acompanhadas pelo
marido ou por um familiar masculino podiam ser vítimas de violência física e verbal.

Podiam ser chicoteadas em público as mulheres que não escondessem os tornozelos.

As mulheres acusadas de ter relações sexuais fora do casamento eram condenadas ao


apedrejamento público até à morte.

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Proibidas de usar produtos de cosmética: Não podiam usar por exemplo maquilhagem
nem verniz. Houve casos de mulheres que, por usarem verniz nas unhas, tiveram os
dedos amputados.

Proibidas de falar ou apertar a mão a homens: Só o podem fazer aos maridos ou


familiares.

Proibidas de rir em voz alta: Os talibãs consideravam que ninguém estranho à mulher
poderia ouvir a sua voz.

Proibidas de usar saltos altos que produzissem som ao caminhar: Os homens não
podiam ouvir os passos de uma mulher.

Proibidas de apanhar um táxi: Só o podiam fazer acompanhadas pelo marido ou


familiares do sexo masculino.

Proibição da presença feminina na rádio, televisão ou reuniões públicas de qualquer


natureza.

Proibidas de praticar desportos ou entrar em qualquer clube desportivo.

Proibidas de andar de bicicleta ou mota: Só o podiam fazer se fossem acompanhadas


pelo marido ou familiar do sexo masculino.

Proibidas de usar roupas de cores vivas: Para os talibãs, as cores vivas eram
consideradas “cores sexualmente atraentes”.

Proibidas de reunir para festividades: Como para os Eids, as celebrações em nome de


Alá.

Proibidas de lavar roupa nos rios ou praças públicas.

Modificação de todos os nomes de ruas e praças que incluíam a palavra “mulher”: Por
exemplo o nome “Jardim das Mulheres” passou para “Jardim da Primavera”.

Proibidas de espreitar das varandas do seu apartamento ou casa.

Todas as janelas das casas tinham de ser opacas: Esta obrigatoriedade tornava
impossível que alguém da rua conseguisse ver as mulheres dentro das suas casas.

Alfaiates masculinos não podiam medir, nem costurar roupas femininas.

Proibidas de utilizar casas de banho públicas.

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Não podiam viajar no mesmo autocarro que os homens: Existia uma distinção entre os
autocarros para homens e os para mulheres.

Proibidas de usar calças largas: Mesmo que fossem usadas por baixo da burca, as calças
largas continuavam a ser proibidas.

Proibição de fotografar ou filmar mulheres.

A impressão de imagens de mulheres em revistas, livros, ou penduradas em casas ou


lojas eram proibidas.”.

Portanto, sim, as Mulheres no Afeganistão ainda não têm os devidos direitos e ainda há
muito por se alcançar neste país. É degradante pensar que uma Mulher no Afeganistão
de acordo com a lei não pode simplesmente rir alto ou usar roupas coloridas ou mesmo
o simples facto de usar produtos como maquilhagem, verniz, entre outros. Pensar que
isto ainda existe em 2022 é voltar atrás no tempo e voltar atrás naquilo que é a
dignidade de um Ser Humano.

O contributo da ONU
A ONU, principalmente a ONU Mulheres tem dado especial destaque à situação das
Mulheres no Afeganistão. "Chegou a hora de os talibãs mostrarem que governam em
nome de todos os afegãos", insistiu a representante da ONU Mulheres, órgão das
Nações Unidas dedicado à igualdade de gênero e à criação de oportunidades para
mulheres de todo o mundo. “A diretora interina da ONU Mulheres está desapontada
com a ausência de mulheres no governo do Afeganistão anunciado pelo movimento
Talibã. Pramila Patten declarou que a participação feminina na política é pré-requisito
fundamental para a igualdade de gênero. Segundo ela, a “participação das mulheres em
todas as esferas da vida é também essencial para que o Afeganistão tenha uma
sociedade inclusiva, forte e próspera”.”

A ONU vem desde cedo tentando estabelecer paz no Afeganistão com acordos e
negociações. É óbvio que não é fácil e que aquilo que a ONU tem estado a tentar fazer
vem falhando e falhando. A ONU mulheres também tem vindo a ter um papel
importante no sentido em que vem também desde cedo tentando estabelecer alguma
igualdade e equidade para as mulheres. A ONU suportou a retirada de mulheres de
Cabul através do Aeroporto de Afeganistão, tem tentando colocar mulheres na política e
na justiça da maneira a que as mulheres do Afeganistão se sintam representadas de

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alguma maneira e ter um órgão político tão grande como a ONU ou a NATO a tentar
ajudar e arranjar soluções para as mulheres é algo de grande cariz para o Afeganistão e
para as Mulheres no Afeganistão.

Futuro: mulheres com direitos?

Tendo em consideração toda a Análise feita neste trabalho não seria menos importante
ponderar sobre o futuro das Mulheres no Afeganistão. O Afeganistão é um país
complexo, um país com ideias próprias, com a sua religião, a sua economia e os seus
direitos e nada mais há a fazer do que respeitar estes princípios, mas quando as leis de
um país ou melhor dizendo a política de um país afeta os direitos humanos, neste caso
os direitos das mulheres, é mais do que necessário intervir e perceber o que é que há a
mudar e como mudar. Pondo a minha perspetiva pessoal e a minha opinião… uma
Mulher não é um objeto, não deve ser tratada como tal, não se devem criar leis não
tendo em consideração os direitos humanos. Ter a ideia de que uma Mulher apenas
serve para ficar em casa e criar filhos é ideia de séculos passados e na minha opinião é a
pior ideia que já se teve de uma mulher, porque é “engraçado” pensar que é sempre
desta ideia que as Mulheres ficam reprimidas de direitos. Mulher com M grande, seres
humanos inexplicáveis com forças inexplicáveis. Mulheres no Afeganistão que lutam,
protestam, reclamam e fazem de tudo e mais alguma coisa para conseguirem os seus
direitos, não será isto uma Mulher com M grande? Mulheres com força e garra,
Mulheres que não desistem, Mulheres que querem um futuro melhor, Mulheres que
querem educação, liberdade… querem poder rir, chorar, dançar, cantar, ser uma Mulher
livre. Se eu posso ter o direito a ter Educação, o direito a poder sair à rua sozinha, o
direito a poder votar em quem eu quiser, o direito a poder escolher a minha religião…
porque não podem também estas Mulheres? Não é até certo ponto ser egoístas quando
exercemos destes direitos? Pensar que eu posso fazer algo que outra Mulher não pode
repugna-me. Já a própria Malala Yousafzai dizia “O importante não é a cor da pele, a
língua que se fala, a religião que se pratica; o importante é nos respeitarmos uns aos
outros e considerar que somos todos seres vivos”. Portanto, se eu acredito que o
Afeganistão pode se tornar num país bom para todas as Mulheres viverem? Sim. Se vai
ser fácil? Não. Lutar por isso, transformar o Afeganistão num país de acordo com os
direitos humanos era o suficiente, mas dizer que era o suficiente para nós é fácil porque
já vivemos com isso...

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O Afeganistão não teve muito longe de disponibilizar direitos e de tratar as Mulheres
como seres humanos, portanto o que é necessário é transformar a política deste país,
fazer deste país um sítio bonito de se viver. A minha Mãe dizia-me: “Filha uma Mulher
não se transforma numa grande Mulher, uma Mulher nasce uma grande Mulher”, e é
isso que eu tenho a dizer acerca de todas as MULHERES no Afeganistão.

Referências Bibliográficas
Porto Editora – Guerra do Afeganistão na Infopédia. Porto: Porto Editora. Disponível
em https://www.infopedia.pt/$guerra-do-afeganistao.
Porto Editora – Afeganistão na Infopédia. Porto: Porto Editora. Disponível em
https://www.infopedia.pt/$afeganistao
Porto Editora – Taliban na Infopédia. Porto: Porto Editora. Disponível em
https://www.infopedia.pt/$taliban
Porto Editora – Osama Bin Laden na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora.
Disponível em https://www.infopedia.pt/$osama-bin-laden
Revista Visão: As 29 restrições contra as mulheres impostas pelo último governo talibã
no Afeganistão. Disponível em https://visao.sapo.pt/atualidade/mundo/2021-08-17-as-
29-restricoes-contra-as-mulheres-impostas-pelo-ultimo-governo-taliba-no-afeganistao/

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