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Por Que Não Imagens?

Com base nesse conhecimento sobre a imagem


de uma deidade, podemos facilmente responder à
questão de por que o Senhor proibiu o fazer
imagens. Gostaríamos de destacar três aspectos:

1. Fazer uma imagem de Yahweh é não entender


sua Liberdade. Uma imagem tenta fazer
compreensível aquele que é incompreensível.
Mas, dessa forma, o artesão está tentando
controlar Deus, quando o contrário é verdade:
Yahweh controla o homem e não permite que ele
mesmo seja controlado. Alguém pode usar um
ritual bem elaborado diante de uma imagem para
conseguir que Yahweh faça o que se deseja, mas
isso jamais será bem sucedido.

Um exemplo claro disso é encontrado na narrativa


de 1 Samuel 4. Os israelitas haviam sofrido uma
grande derrota nas mãos dos filisteus. A fim de
resgatá-los de sua miséria, trouxeram a arca da
Aliança para o campo. Yahweh estava entronizado
entre os querubins, e somente se ele estivesse
próximo, a vitória estaria garantida. A arca
chegou, juntamente com os sacerdotes, os quais
podiam dar as instruções necessárias para o
cuidado com a arca.

As pessoas receberam a chegada da arca com


gritos de alegria tão entusiásticos que a terra
tremeu. Os filisteus ficaram com medo: "Os
deuses vieram ao arraial. E diziam mais: Ai de
nós!" (15m 4.3-8). Mas, em vez de conseguir a
vitória, Israel sofreu sua segunda derrota e, até
mesmo, a arca foi levada como saque pelos
filisteus. A própria arca, feita sob a ordem de
Yahweh, tornou-se não mais do que uma caixa de
madeira, tão logo o Senhor não quis mais estar
associado a ela. Ele se assenta entronizado entre
os querubins dessa arca quando lhe apraz (cf. Ez
1 e 10).

Se Israel havia pecado e se recusado a se


converter como Yahweh havia prescrito, então é
certo que a tentativa de torná-lo propício por meio
de manipulações pagas não iria funcionar. Agora,
se isso se aplica à arca, feita sob a ordem de
Deus, certamente será verdadeiro a respeito de
qualquer imagem que as pessoas possam erigir
para seu próprio culto a Yahweh. Uma imagem é
simplesmente uma maneira de tentar controlar
Deus com uma coleira: "Faze-nos deuses que vão
adiante de nós", disse o povo a Arão. E, assim,
Yahweh tornou-se um embaixador em cadeias,
uma imagem em grilhões. Entretanto, a Escritura
inteira mostra claramente que o processo é
precisamente o oposto.

O Senhor escolheu livremente a seu povo (Dt


7.7-8; Am 9.7) e determinou a maneira que seu
povo deveria andar. Ele pode até mesmo colocar
em risco o futuro de Israel, quando este se afasta
do caminho fazendo imagens esculpidas (Ex
32.8-10; Dt 9.12-14).

O Senhor se recusa a viver dessa forma com


Israel. Ele é diferente de todos os outros deuses, e
isso deve ficar claro no relacionamento que ele
estabeleceu entre si mesmo e seu povo.

2. Fazer uma imagem de Yahweh é não entender


sua Majestade. Quando fez seu pacto conhecido a
Israel, o Senhor falou do monte Sinai enquanto
este ardia em fogo "até ao meio dos céus, e havia
trevas, e nuvens, e escu ridão". Israel não viu
forma nenhuma de Yahweh; havia somente uma
voz (Dt 4.11,12).

Em contraste com tal majestade está o fazer


imagens como "obra de mãos de homens,
madeira e pedra, que não veem, nem ouvem, nem
comem, nem cheiram" (Dt 4.28). Uma imagem é a
criação de um artesão, mas não é um deus (Os
8.6; 13.2, 14.4). As pessoas se curvam diante
daquilo que seus próprios dedos fizeram. Embora
feitas de ouro e prata, no dia do juízo os homens
lançarão suas imagens às toupeiras e aos
morcegos, enquanto estes fogem pelas pedras e
pelos rochedos em face do terror de Yahweh e
ante o som de sua majestade (Is 2.20-21).

Além disso, o culto a uma imagem evoca ridículo e


sarcasmo. "Com quem comparareis a Deus? Ou
que coisa semelhante confrontareis com ele?"
Certamente, é ridículo quando um artesão é
contratado imagens, pregando-as a uma base
para que não caiam! (Is 40.18; 41.7). Parte para
fazer daquilo que os homens retiram da floresta é
usado para alimentar o fogo a fim de cozinhar ou
se aquecer, e o resto eles usam para fazer
imagens para adorar e fazer petições: "Livra-me,
porque tu és o meu deus!" (Is 44.15 20). Em
contraste com esses deuses feitos de blocos de
madeira, Yahweh se apresenta em sua majestade
como Criador do mundo (Is 40.12-17). Ninguém se
compara a ele. "[...] antes de mim deus nenhum
se formou, e depois de mim nenhum haverá" (Is
43.10-11).

Na Escritura, essa majestade de Deus é


demonstrada pela metáfora da escuridão na qual
ele se encontra (Dt 4.11; 5.23; 1Rs 8.12), ou da
luz inacessível na qual ele habita (1Tm 6.16).
Escuridão e luz são completamente opostas, mas
expressam a mesma ideia:
Deus é tão majestoso que não pode ser alcançado
pelo entendimento humano. Como poderia Israel
jamais pensar em fazer uma imagem dele? As
trevas ao redor de Yahweh são tão impenetráveis
quanto a luz divina é ofuscante para os olhos
humanos.

Todo ser humano está descoberto e nu aos seus


olhos (Hb 4.13), mas o contrário não é verdadeiro:
Deus não está descoberto e nu ante os olhos
humanos. Por isso, Israel estava zombando da
majestade de Deus quando fez uma imagem de
Yahweh e ousou declarar sobre ela: "Este é teu
deus que te tirou da terra do Egito".

3. Fazer uma imagem de Yahweh é não entender


seu Pacto. Não se pode fazer imagens por causa
da Liberdade de Yahweh, não se pode fazer
imagens por causa da Majestade de Yahweh, e
não se pode fazer imagens por causa do Pacto
que Yahweh fez com Israel. A ligação entre
Yahweh e seu povo não precisa ser estabelecida
por meio de imagens, pois ela já está estabelecida
pelo pacto. A liberdade e a majestade de Yahweh
não significam que ele é inacessível e que age
caprichosamente - algo que Israel então teria de
"neutralizar" por meio do controle do poder divino
mediante uma imagem de Yahweh.

Yahweh fez um pacto consigo mesmo de


fidelidade a Israel. Não precisamos olhar muito
longe para saber o que ele faz. O mandamento
não está no céu ou além do mar para que Israel
possa dizer: "Porque este mandamento que, hoje,
te ordeno não é demasiado difícil, nem está longe
de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem
subirá por nós aos céus, que no-lo traga e no-lo
faça ouvir [...] Nem está além do mar, para
dizeres: Quem passará por nós além do mar que
no-lo traga e no-lo faça ouvir [...] Pois esta palavra
está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração,
para a cumprires" (Dt 30.11-14; cf. Rm 10.6-9)

Yahweh não é tangível para Israel, como são os


ídolos aos quais se devotam os pagãos, mas, por
outro lado, não há Deus tão próximo ao seu povo
como Yahweh é próximo de Israel." Eles não veem
uma forma, mas ouvem a sua voz. Ele fez
conhecido o seu pacto, e eles puderam saber que
seus mandamentos - recebidos em obediência -
trariam prosperidade a Israel (Dt 4.12-14; 5.29;
6.24). Assim, não é apenas sua majestade, mas
também sua intimidade com Israel que torna o
fazer imagens tão reprovável. Por isso, o Senhor
também “vingará a si mesmo" se o pacto entre ele
e seu povo for quebrado pelo culto a imagens.

O texto do segundo mandamento coloca as


palavras desta maneira: "Eu sou o Deus que
vindica a si mesmo". Em vez da tradução "que
vindica a si mesmo" (el qanna"), algumas versões
traduzem essa expressão por "Deus zeloso" [ou
ciúme]. Certamente, o elemento do "ciúme" está
presente; mas essa tradução é muito limitada
porque, considerando o que se segue no texto,
Yahweh é também el qanna' em relação àqueles
que guardam seus mandamentos. Ele é zeloso
quando pune e quando demonstra seu favor. Em
ambos os casos, ele vindica a si mesmo como o
Deus do pacto. Ele é zeloso no sentido de
"ciúme❞ de uma pessoa que fere seu amor
fazendo imagens dele.

Elas verão isto: o pecado dos pais é visitado nos


filhos, netos e bisnetos. Mas Yahweh é também
zeloso quando somos fiéis a ele. E, nesse caso,
ele vindica a si mesmo demonstrando seu favor
por um tempo inimaginável às futuras gerações
daqueles que amam e guardam seus
mandamentos.

A religião "autodeterminada" pelo homem


desperta o sentimento de "ciúme" em Yahweh,
tanto quanto o ciúme é despertado no marido que
vê sua esposa amar outro homem (Nm 5.14). O
amor que Yahweh dedica é desprezado. Em vez
de receber vida como um dom pactual, os homens
buscam segurança para a vida por meio de culto
às imagens. Fé e obediência no âmbito do pacto
são opostas a toda atitude pagã que sempre luta
ferozmente nos rituais com imagens para
permanecer no controle.

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