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Araçatuba - SP
2017
Fernandes, P. V. A.; Fridirich B. G.; Satilo, D. I.; Quinteiro, P.J.; Da Conceição,
S. M. D .2017. 24f. Seminário de Microbiologia e Imunologia Básicas–
Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, 2017.
RESUMO
O manejo de infecções dentárias agudas requer uma compreensão da
microbiologia, anatomia, farmacologia, cicatrização e cirurgia bucal.
Reconhecer os primeiros sinais de inflamação e diferenciá-los das
características de uma infecção facilita a intervenção e evita complicações
adicionais (GREENSTEIN, 2015). Este estudo aborda vários aspectos do
diagnóstico e tratamento de infecções orais agudas, bem como algumas
exemplificações de doenças com suas peculiaridades. Ademais, são
abordados os tipos de tratamento, com foco na abordagem clínica bem como
antibioticoterapia e seus mecanismos de ação.
Palavras-Chaves: Infecção aguda; orofacial; tratamentos
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Bactérias aeróbicas isoladas 8
Tabela 2 - Bactérias anaeróbicas isoladas
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Sumário
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1. INTRODUÇÃO
A palavra infecção deriva do verbo latino inficere que significa “impregnar”.
Do ponto de vista biológico, infecção pode ser definida como a colonização
de microrganismo em um hospedeiro altamente organizado (DE LORENZO,
2010). Tendo em vista que, na fase aguda os sintomas, geralmente, são
intensos, enquanto que na fase crônica eles são insidiosos. Além disso, é
importante reiterar que a maioria das infecções orofaciais são de origem
odontogênica e são de natureza auto-limitante, caracterizada por drenagem
espontânea (DEL POZO et. al, 2006).
Ademais, a grande maioria das infecções que acomete a região de cabeça
e pescoço é associada a uma microbiota mista, de caráter cooperativo, com
profundas interações metabólicas entre os grupos microbianos envolvidos e
com predomínio absoluto de anaeróbios obrigatórios, pelos anaeróbios
serem os componentes predominantes da microbiota bacteriana das
membranas mucosas da orofaringe. Tendo em vista que, as infecções
odontogênicas, que possuem uma natureza polimicrobiana e
heterogeneidades dos casos clínicos associados, são consequência da
diversidade da microbiota oral, da complexidade anatômica e funcional da
cavidade oral e da relação entre os microrganismos (BROOK, 2012;
GAETTI JARDIM et. al, 2015; PÉREZ et. al, 2003).
Já, na avaliação clínica do paciente deve ser observado o estado geral de
saúde além de suas afecções loco-regionais. No que diz respeito à
avaliação clínica do paciente, deve ser apurada a história pregressa e
familiar do mesmo, o tempo de evolução da entidade mórbida e possíveis
tratamentos prévios. Na avaliação loco-regional, devem ser observados os
sinais e sintomas presentes: trismo, tumefação, fístulas, áreas de coleção
purulenta, comprometimento das vias aéreas, disfagia e outros problemas.
Além da clínica que é soberana por si, devemos fazer uso dos exames
complementares por imagem e laboratoriais visto a necessidade de uma
avaliação pormenorizada do quadro clínico (JARDIM at. al, 2011).
Outrossim, para o sucesso do tratamento envolve a identificação do curso
da infecção, dos espaços anatômicos, dos microrganismos predominantes
que são encontrados durante os vários estágios da infecção, do impacto do
processo infeccioso no sistema de defesa, da habilidade para usar e
interpretar exames laboratoriais e imageológicos do entendimento da
antibioticoterapia contemporânea e dos cuidados de suporte (JARDIM at. al,
2011).
Contudo, a crescente resistência antimicrobiana de muitas bactérias
patogênicas tem tornado o tratamento dessas infecções mais desafiador.
Além disso, o tratamento das infecções anaeróbias é complicado pela sua
natureza polimicrobiana, pela crescente resistência aos antimicrobianos e
pelo crescimento lento destas bactérias (BROOK, 2012).
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Desse modo, é fundamental uma análise dos vários fatores que devem ser
considerados na escolha dos agentes antimicrobianos apropriados. Além
disso, diferentes fatores são responsáveis pelos quadros de infecção e
podem variar desde infecções brandas até infecções bastante graves e de
caráter emergencial, sendo a virulência do microorganismo envolvido a
quantidade do patógeno no interior dos tecidos, a anatomia da região
acometida e a condição sistêmica dos pacientes fatores fundamentais para
a instalação e progressão de uma infecção de origem odontogênica.
Qualquer variação negativa desses fatores pode favorecer a progressão
rápida da infecção, como pacientes diabéticos descompensados,
imunossuprimidos e/ou alcoolatras. Quanto à anatomia, é importante
salientar que os tecidos loco-regionais é que ditarão a extensão e via de
drenagem, podendo ser intra ou extraoral, dependendo da resistência
muscular e do tecido ósseo (AZENHA et al., 2012). Logo, é imprescindível o
conhecimento do foco da infecção, bem como, da microbiota característica
da doença.
2. OBJETIVOS
Caracterizar infecções orofaciais agudas do ponto de vista clínico e
microscópico e abordar os tipos de tratamento.
3. METODOLOGIA
Esse estudo consiste da análise qualitativa dos dados obtidos, utilizando-se
as bases de dados indexadas PubMed (National Library of Medicine),
Google Acadêmico, SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS
(Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde), como
também nos livros, Fundamentos de Microbiologia e Imunologia, As Bases
Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman, Microbiologia Oral
de Philip Marsh e Michael V. Martin, Microbiologia e Ecologia E Imunologia
Aplicadas A: Clínica Odontológica.
4. MICROBIOTA
A grande maioria das infecções que acomete a região de cabeça e pescoço
é associada a uma microbiota mista, de caráter cooperativo, com profundas
interações metabólicas entre os grupos microbianos envolvidos e com
predomínio absoluto de anaeróbios obrigatórios (REGA et al., 2006;
BROOK, 2012; BROOK, 2015). Além disso, a maioria dos microrganismos
são endógenos (bactérias exógenas podem ser encontradas, na maioria
dos casos se o paciente estiver medicamente comprometido ou se uma
infecção cruzada houver ocorrido durante os procedimentos operatórios).
Geralmente, contém uma espécie produtora de enzimas neutralizadoras de
antibióticos que, por sua vez, pode causar uma proteção cruzada
significativa de outros microrganismos potencialmente sensíveis. Há
também, a presença de exotoxinas e endotoxinas. Ademais, há o
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5. Disseminação
A disseminação pode ser: direta ou indireta. A disseminação direta, para os
tecidos superficiais, pode permanecer localizada como um abcesso de
tecidos moles; estender-se através da pele ou da mucosa bucal adjacente,
produzindo um trajeto fistuloso entre a cavidade do abscesso e a pele ou a
boca. Como também, pode estender-se através dos tecidos moles para
produzir celulite. A disseminação pode ocorrer para os espaços fasciais,
seguindo o trajeto de menor resistência; tal disseminação depende da
relação anatômica do abescesso original com os tecidos adjacentes. Uma
infecção através dos planos fasciais frequentemente dissemina-se com
rapidez, alcança certa distância a partir do abscesso e, ocasionalmente,
pode causar doença resporatória severa devido a oclusão das vias aéreas
pelo edema (p.Ex angina de Ludwig). A infecção pode se estender para os
espaços medulares profundos do osso alevolar, produzindo osteomielite.
Por fim, A infecção odontogênica pode se disseminar diretamente para o
seio maxilar, especialmente se o soalho do seio e o ápice dentário forem
subjacentes, levando a sinusite maxilar aguda ou crônica. Tal infecçao, se
não controlada, pode alcançar outros seios ou, pode raramente alcançar o
sistema nervoso central. Já, a disseminação indireta, pode ser: vias
linfáticas para linfonodos regionais de cabeça e pescoço (submentoniana,
submandibular, cervical profunda, parotidea e occipital). Geralmente, os
linfonodos envolvidos ficam amolecidos, edemaciados e dolorosos e,
raramente, podem supurar, requerendo drenagem. Ou, por meio de vias
hematogênicas para outros orgãos
6. ANGINA DE LUDWIG
A angina de Ludwig é uma celulite bilateral progressiva do espaço
submandibular associada à elevação e deslocamento posterior da língua
geralmente ocorrendo em adultos com infecções dentárias concomitantes.
A causa é muitas vezes uma infecção bacteriana polimicrobiana, que inclui
espécies do grupo Streptococcus do grupo A. Outros organismos cultivados
incluem espécies de Staphylococcus e Fusobacterium. Os pacientes que
são imunocomprometidos são comumente infectados com um organismo
atípico, como pseudomonas, Escherichia coli, Candida ou Clostridium
(COSTAIN, NICHOLAS et al., 2011).
5.1 SINTOMAS
Os sintomas da angina de Ludwig variam dependendo do paciente e do
grau de infecção. Sintomas, tais como fraqueza e fadiga, se desenvolvem
como resultado da resposta imune associada à infecção bacteriana. A
resposta inflamatória leva a edema do pescoço e tecidos dos espaços
submandibular, submaxilar e sublingual. A dor é comum. Sintomas como
obstrução significativa das vias aéreas, confusão mental, disfagia e disfonia
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6.1 SINTOMAS
Os pacientes que apresentam celulite facial podem encontrar-se
desidratados e com deficiência de resposta do sistema nervoso central,
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7. ABCESSOS DENTAIS
O abscesso dental agudo é uma doença freqüente e às vezes subestimada
da cavidade bucal. O abscesso dental agudo geralmente ocorre secundário
a cáries, trauma ou tratamento endodôntico falido. Após a abertura da
câmara de polpa intacta, a colonização dos canais radiculares ocorre com
um conjunto variável de bactérias anaeróbicas, que colonizam as paredes
dos canais radiculares necróticos formando um biofilme anaeróbico. A
necrose assintomática é comum. No entanto, a formação de abscessos
ocorre quando essas bactérias e seus produtos tóxicos se infiltram nos
tecidos periapicais através do forame apical e induzem inflamação aguda e
formação de pus (BERTOSSI et al., 2017).
7.1 SINTOMAS
Os principais sinais e sintomas do abcesso dentário agudo (muitas vezes
referido como abscesso ou infecção periapical) são dor, inchaço, eritema e
supuração, geralmente localizados no dente afetado (BERTOSSI et al.,
2017).
7.2 DIAGNÓSTICO
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9.1 SINTOMAS
A alveolíte húmida ou supurada causa uma dor de intensidade moderada
podendo coexistir com febre (CARDOSO et al., 2010). A alveolite marginal
superficial é semelhante à descrita anteriormente, sendo que a mucosa
perialveolar torna-se inflamada e parcialmente coberta por tecido
granulomatoso, assim, é doloroso aquando a mastigação (CARDOSO et al.,
2010). Já a alveolite seca, é frequentemente descrita uma dor intensa,
contínua e que pode irradiar, não sendo aliviada por analgésicos. Por vezes
ocorre febre e linfoadenopatia (CARDOSO et al., 2010). Geralmente, pode
ocorrer uma dor pulsátil que irradia para a região temporal, ouvido, pescoço
e olho, não aliviando com a administração de analgésicos, manifestando-se
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9.3 TRATAMENTO
A alveolite é uma condição auto-limitada, quando perante um indivíduo
saudável. O tratamento desta condição tem como objetivo diminuir o mal-
estar do paciente enquanto ocorre a cicatrização do alvéolo. Contudo, na
alveolite seca tardia o tratamento será cirúrgico, com curetagem e limpeza
do local (ESCODA e AYTÉS, 2004). A administração sistémica de
antibióticos em quadros de alveolite é uma opção válida, porém a sua
utilização deve ser reservada a pacientes imunocomprometidos, com risco
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11.1 SINTOMAS
Dor, sangramento, halitose e trismo, há risco de resultar em complicações
devido à disseminação da infecção. Em algumas situações mais graves, os
nódulos linfáticos adjacentes podem aumentar de tamanho e pode ocorrer
trismo mandibular (Duarte et al. 2007).
11.2 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico consiste na própria visualização direta e a palpação as
quais acusam a presença da lesão. Na análise radiográfica, normalmente
observa-se uma sombra radiolúcida ao redor da coroa, correspondendo ao
folículo, localizandose a respectiva perda óssea determinada pela infecção
geralmente na face distal da coroa do terceiro molar inferior (Duarte et al.
2007).
11.3 TRATAMENTO
Sendo que anaeróbios obrigatórios são os mais encontrados, em especial
fusobactérias e bastonetes produtores de pigmentos negros (prevotella e
porphyromonas) pode-se dizer que a microbiota associada à pericoronarite
é muito semelhante àquela encontrada na doença periodontal. A paritr disso
a forma de tratamento pode seguir várias vias dependendo do grau de
infecção sendo, quando esta está localizada e sem exsudação purulenta
implica-se o debridamento e irrigação local, visando sanear a bolsa
periocoronária utilizando digluconato de clorexidina. Já quandoa infecção é
considerada severa há o uso de antibiotioticoterapia em acréscimo ao
tratamento já exposto, as penicilinas são os antibióticos de escolha, em
especial a amoxicilina Em casos de maior gravidade ou que não respondem
inicialmente, acrescenta-se metronidazol, por sua ação contra anaeróbios
restritos e bactérias produtoras de beta-lactamases (Duarte et al. 2007).
12. TRATAMENTO DAS INFECÇÕES OROFACIAIS AGUDAS DE UMA
FORMA GERAL
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REFERÊNCIAS
Fazer
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