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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO


CAMPUS CEL. OCTAYDE JORGE DA SILVA - CUIABÁ-MT

ANDERSON RIBEIRO DA SILVA


GILSIANE GOTARDO DE SOUZA
MICHEL DE ANDRADE
ROSANGELA FRANCISCA DA SILVA PEREIRA

EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: A PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA


DEFESA DO TERRITÓRIO NA ESCOLA ESTADUAL JUPORIJUP, POVO KAYABI,
JUARA/MT

CUIABÁ-MT
2021
ANDERSON RIBEIRO DA SILVA
GILSIANE GOTARDO DE SOUZA
MICHEL DE ANDRADE
ROSANGELA FRANCISCA DA SILVA PEREIRA

EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: A PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA


DEFESA DO TERRITÓRIO NA ESCOLA ESTADUAL JUPORIJUP, POVO KAYABI,
JUARA/MT

Pré-projeto de pesquisa apresentado à


disciplina de Metodologia da Pesquisa,
Inovação e Extensão em Educação, como
requisito avaliativo ao Curso de Pedagogia
junto ao Instituto Federal de Mato Grosso
(IFMT), via UAB, campus Octayde Jorge
da Silva, Cuiabá-MT.

CUIABÁ-MT
2021
1 INTRODUÇÃO

Falar sobre educação escolar indígena é sempre um desafio. Sabemos que


historicamente a escola foi ou está sendo aparelho ideológico do Estado, ou seja,
instituição que serve para promover uma educação a favor do Estado, da elite
dominante e quase sempre contra as chamadas minorias deste país. As escolas
brasileiras foram coordenadas primeiramente pela companhia de Jesus e estas
objetivaram em catequizar e assimilar o povo originário a sociedade nacional, de tal
forma que o indígena, primeiros ‘alunos’ deste país fossem silenciados e desaparecem
enquanto identidade originária.
Silenciar o povo originário foi um dos objetivos da escola, com esta medida
também desapareceriam as organizações sociais tradicionais, a religiosidade, enfim,
um ataque direto à cultura desses povos com o propósito de destituir suas identidades,
assim tornando-os ‘mansos’ (colonizados) e corroborando com o desaparecimento das
sociedades étnicas e as culturas Ameríndias deste país. Nascimento (2015) explica que
cada povo (etnia) possui uma cultura única, tendo sua própria organização
sociocultural, idioma, meios de relacionamento, ligação com o sagrado e com a
natureza. Essas culturas coexistem e se relacionam, tanto antes do contato, na disputa
por territórios, alianças e casamentos, quanto na atualidade, com luta contínua para a
conquista e manutenção de seus direitos.
O desafio está no protagonismo da escola 1 em trabalhar cada cultura de forma
única de acordo com sua realidade. Ferreira (2014, p. 7) nos ensina que a escola
indígena é um “locus de resistência pelos processos educativos culturais
protagonizando o universo indígena [...]”, um local onde o professor/a indígena é uma
liderança com a maior das responsabilidades: a responsabilidade “de construir uma
educação escolar que consiga intermediar espaços específicos da cultura étnica com a
cultura não indígena”, tendo assim uma dinâmica intercultural e hibridizante (CANCLINI,
2009) construindo então uma educação libertadora (FREIRE, 1967). Desse modo, a
escola passa a ter um papel importante no movimento e no contexto social da

1
Na visão de Ladeira (2004, p. 142) as escolas são “agências de reprodução social, econômica e cultural
e que, na melhor das hipóteses, oferecem aos grupos socialmente excluídos apenas uma mobilidade
social individual e limitada”.
comunidade, constituindo assim o que Ferreira (2014) chama de Pedagogia Cosmo-
Antropológica.

1.1 Tema

O presente trabalho se propõe investigar, no escopo da educação escolar


indígena, as abordagens do território, dentro do cotidiano escolar docente para com a
educação infantil na escola Juporijup, do povo Kawaiwetei, aldeia Tatui, Juara/MT.

1.1.1 Delimitação do tema

Como universo de pesquisa, abordaremos a escola estadual Juporijup, aldeia


Tatuí, povo Kawaiweté no contexto da educação infantil, com o recorte do trabalho
sobre o território e suas vertentes.

1.2 Problema

Como é abordada na educação infanti, no contexto da educação escolar


indígena, o território para o povo Kawaiweté, da aldeia Tatuí, cidade de Juara/MT?

1.3 Justificativa

A presente pesquisa se propões a discutir o território indígena dentro do escopo


da educação infantil. Compreendemos assim, pois consideramos que a temática sobre
o território indígena se destaca na contemporaneidade seguindo na pauta da tese do
marco temporal sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF). Cupsinski (Et. Al., s/a.,
p.2) explicam que:

especialistas do Direito e da Antropologia, assim como as próprias


comunidades indígenas, alertam para o perigo de retrocesso dos direitos
reconhecidos, já que o uso do marco temporal como condicionante na
demarcação de terras, se aplicado pelos tribunais, afrontarão o disposto nos
artigos 231 e 232 da Constituição Federal, assim como, Tratados e Convenções
Internacionais a respeito.
Entendendo a premissa do marco temporal como uma ameaça ao território
indígena, propomos nesta pesquisa investigar como é trabalhado no ensino
fundamental da educação escolar indígena. Segundo o Referencial Curricular Nacional
para as Escolas Indígenas (RCNEI, 1998) são princípios da educação escolar
indígenas:

• uma visão de sociedade que transcende as relações entre humanos e admite


diversos "seres " e forças da natureza com os quais estabelecem relações de
cooperação e intercâmbio a fim de adquirir - e assegurar – determinadas
qualidades;
• valores e procedimentos próprios de sociedades originalmente orais, menos
marcadas por profundas desigualdades internas, mais articuladas pela
obrigação da reciprocidade entre os grupos que as integram;
• noções próprias, culturalmente formuladas (portanto variáveis de uma
sociedade indígena a outra) da pessoa humana e dos seus atributos,
capacidades e qualidades;
• formação de crianças e jovens como processo integrado; apesar de suas
inúmeras particularidades, uma característica comum às sociedades indígenas
é que cada experiência cognitiva e afetiva carrega múltiplos significados -
econômicos, sociais, técnicos, rituais, cosmológicos.

Nesse sentido, Ferreira (2014) defende uma pedagogia cosmo-antropológica,


considerando que a educação escolar indígena:

está em processo de construção e se constitui como um direito, sendo também,


ao mesmo tempo, a proposição de uma educação que atenda às necessidades
e especificidades da cultura étnica. Nessa perspectiva, são várias as
experiências no território brasileiro de professores indígenas nas aldeias,
situação diferente da que tínhamos em tempos passados, quando apenas o não
índio desenvolvia ações de magistério. Atualmente, é realidade em várias
partes do país e em especial na TI Apiaká-Kayabi onde os professores/as são
membros da própria comunidade, são professores indígenas. (FERREIRA,
2014, p. 24)

Juistificamos assim, a relevância da temática para a contribuição do


entendimento da educção escolar indígena para a sua manutenção e resistência.

1.4 Objetivos
1.4.1 Geral

 Compreender a educação escolar indígena na perspectiva da educação


infantil, envolvendo a defesa do território, na escola estadual Juporijup,
povo Kawaiweté, Juara/MT.

1.4.2 Específicos

 Descrever, através de uma análise bibliográfica, a educação escolar


indígena na educação infantil;
 Contextualizar a Escola Estadual Juporijup, para o povo Kawaiweté;
 Analizar como se trabalha o território na educação infantil na escola
Jupurijup;

Critérios para correção da atividade de percurso – Parte I do Pré-Projeto (até 20,0)


Introdução Texto não elaborado e/ou Texto estruturado em Nota:
estruturado em até três até cinco parágrafos =
parágrafos = 0,0 a 2,0 2,0 a 4,0
Tema e Delimitação Somente o tema = 0,0 a Tema + delimitação = Nota:
2,0 2,0 a 4,0
Problema Texto não elaborado e/ou Texto estruturado em Nota:
não estruturado em formato de pergunta =
formato de uma pergunta 2,0 a 4,0
= 0,0 a 2,0
Justificativa Texto não elaborado e/ou Texto estruturado em Nota:
estruturado em apenas um até três parágrafos =
parágrafo = 0,0 a 2,0 2,0 a 4,0
Objetivos Texto não elaborado e/ou Texto composto por Nota:
apenas constando Objeto Geral + três
Objetivo Geral = 0,0 a 2,0 Específicos = 2,0 a
4,0

Total da correção

Referências
CANCLINI, Néstor García. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da
interculturalidade. Tradução Luiz Sérgio Henriques. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
2009.

CUPSINSKI, Adelar; Et. Al. Terra tradicionalmente ocupada, direito originário e a


inconstitucionalidade do marco temporal ante a proeminência do art. 231 e 232 da
constituição de 1988. In Conselho Indigenista Missionário, CIMI, s./a. Disponível em: <
https://cimi.org.br/pub/Assessoria-Juridica/Terra-tradicionalmente-ocupada-direito-
originario-e-a-inconstitucionalidade-marco-temporal.pdf> Acesso em 19 de nov. de
2021.

FERREIRA, Waldinéia Antunes de Alcântara. Educação escolar indígena na Terra


Indígena Apiaká - Kayabi - em Juara - MT: Resistências e desafios. Tese
(Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação,
Programa de Pós- Graduação em Educação, Porto Alegre, RS: 2014.

FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1967.

LADEIRA, Maria Elisa. Desafios de uma política para a educação escolar indígena.
Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI, Brasília, v.1, n.2, p.141-155, dez. 2004.

NASCIMENTO, Ronélia do. Ser criança na comunidade Munduruku. Dissertação


(Mestrado) – Universidade do Estado de Mato Grosso. Programa de Pós-Graduação
em Educação, Cáceres, MT: 2015.

RCNEI, Referencial curricular nacional para as escolas indígenas. Ministério da


Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF,
1998. Disponível em: <https://docs.google.com/a/amazonianativa.org.br/viewer?
a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxwZWRhZ29naWE2cGVyaW9kbzIwMT
F8Z3g6MWU0YTA1YWY1ZGY2MGIwOQ> Acesso em 18 de nov. de 2021.

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