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FP078 - INTERCULTURALIDADE E EDUCAÇÃO

TRABALHO CONV. ORDINARIA

Izabela Góes Lima - BRFPMME5128574

Jacicleide Maria da Silva - BRFPMME5223501

Karina Laís Barbosa Dornelas - BRFPMME5209794

Rafaella Estevam da Silva Miranda - BRFPMME5223365

Grupo: 2023-02

Data: 28/10/2023

Título

EDUCAÇÃO INTERCULTURAL NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO

Estudo de caso na Escola Municipal Professor Aderbal Galvão - Recife/PE

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Índice

Introdução.......................................................................................................................5

Descrição do problema...................................................................................................6

Desenho de intervenção.................................................................................................7

Avaliação........................................................................................................................9

Referências ..................................................................................................................11

Introdução

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Vivemos em um país culturalmente diverso. Nosso povo é originário de uma
miscigenação que nos traz ricas e múltiplas referências, seja na culinária, na dança,
na língua, na cultura. Neste cenário, devemos reconhecer que o panorama cultural
diverso reflete diretamente nas relações que construímos no âmbito escolar. Pensar
em um ambiente escolar intercultural, é admitir a diversidade cultural como elemento
que não se dissocia da identidade do estudante, sendo este um ser carregado de
vivências culturais diversas. Reconhecer essa pluralidade implica na superação de
quaisquer preconceito e ensina o educando a valorizar as especificidades da
coletividade escolar em que está inserido, reforçando assim seus vínculos afetivos e a
consciência de que devemos saber conviver com diferenças, exercitando o respeito.

Diante desse prisma, a escola deve ser um lugar de coexistência pacífica e


respeitosa, onde aprendemos a olhar o diferente de uma maneira enriquecedora. De
acordo com a BNCC ( 2017, p.65):

Reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais,

das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da

humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e

coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes,

identidades e culturas.

A diversidade, em seu termo, nos remete a uma variedade de culturas e


saberes, que deverão estar presentes na construção de projetos curriculares e no dia
a dia da sala de aula para, com isso, minimizar as barreiras culturais existentes em
nossa sociedade, refletidas no espaço escolar. Com isso, entendemos que a escola
deve ser um lugar de inclusão, onde todos os estudantes devem se sentir acolhidos e
contemplados na sua diferença.

O presente estudo de caso tem como principal objetivo, compreender a


presença da multiculturalidade em uma escola municipal da cidade do Recife-PE, e
algumas situações de conflitos relacionadas a convivência, diálogo, cooperatividade,
preconceito e respeito às culturas dos estudantes indígenas.

Nesse contexto, o trabalho estruturou-se a partir de uma situação problema


vivenciada na Escola Municipal Professor Aderbal Galvão, envolvendo alunos
advindos de comunidades indígenas e a comunidade escolar. Onde em seguida serão

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apresentadas ações de intervenção, para minimizar práticas discriminatórias e
excludentes.

A Escola Municipal Professor Aderbal Galvão, foi escolhida como campo de


pesquisa por localizar-se em um bairro da Zona Norte do municipio do Recife, que
devido à sua localização recebe um grande número de alunos indígenas, sendo assim,
trazem uma diversidade da cultura indígena para o meio urbano. Nesse contexto, cabe
à escola estabelecer condições de respeito, legitimidade, equidade e igualdade.

A realização deste trabalho fundamenta-se pelas leituras e estudos sobre a


interculturalidade e educação, como os teóricos Marchesi (2001), Guedes (2011),
Moreira e Candau (2003), Cerqueira (2012), entre outros. Todos na perspectiva de
abranger a interculturalidade, como espaço plural para se valorizar a diversidade e a
ruptura de maneiras históricas de exclusões, de marginalizações e de discriminações.

Descrição do problema:

Uma escola localizada na zona norte da cidade do Recife/PE, tem um público


significativo de alunos remanescente de aldeias indígenas. No entanto, sabemos que,
embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) deixe claro
que a Educação Escolar Indígena deve ter um tratamento diferenciado das demais
escolas onde não tem esse público, como por exemplo, a adoção do estudo bilingue e
a interculturalidade, na prática a realidade é diferente. A cultura e os costumes muitas
vezes não são respeitados e estes indivíduos não se sentem pertencentes a este
espaço. Na Escola Municipal Professor Aderbal Galvão, os alunos oriundos de
comunidades indígenas ainda sofrem algumas situações de preconceitos. Em uma
das turmas desta escola, a professora teve resistência em receber dois alunos
indígenas, argumentando que estes alunos deveriam estudar em sua comunidade de
origem, uma vez que a inserção deles na escola regular mudaria completamente a
rotina dos demais alunos e desenvolvimento dos conteúdos programados. Ao receber
estes alunos, a escola não fez nenhuma modificação em seu planejamento anual, no
sentido de incluir em seu currículo conteúdos que atendessem as necessidades deste
novo público. Os demais alunos da turma por sua vez, muitas vezes também
reproduziam esteriótipos, associando-os a selvagens, condenando práticas religiosas
e rotulando-os como pessoas incapazes de ter uma vida “normal” em sociedade. A
partir destas situações, pais de algumas crianças indígenas perceberam a falta de

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acolhimento e o pouco interesse de seus filhos em frequentar a escola e cobraram da
gestão escolar uma postura que combatesse práticas discriminatórias, ameaçando
transferi-los de instituição.

Desenho de intervenção

Sabemos que a escola, por sua especificidade, tem o papel de desenvolver


práticas que conduzam a reflexão, sensibilização e inclusão. Isso pode ser alcançado
a partir de ocasiões e estilos legítimos do dia a dia, que levem os professores, as
crianças, adolescentes e a comunidade em geral a observar os prejuízos que o
preconceito gera, e de auxílio na promoção do respeito à diversidade enquanto valor
em todas as dimensões da vida humana. Pensando na problemática apresentada,
surge o seguinte questionamento: o que a escola precisa propor para minimizar
situações de preconceito e promover uma educação intercultural e inclusiva?

No caso da Escola Municipal Professor Aderbal Galvão, a primeira intervenção


proposta seria para a gestão escolar. No sentido desta buscar capacitação para o
corpo docente, a fim de familiariza-los com a cultura indígena e com o que a BNCC
propõe para esta modalidade. É necessário que a escola promova uma formação
docente mais integral, renovada e inovadora não só nos conteúdos, mas nas suas
estratégias, condições, espaços, que os forme para uma atenção mais adequada à
diversidade cultural, étnica, sexual, etc. A formação deve promover práticas
pedagógicas emancipatórias que permitam a localização, recuperação e revalorização
de experiências, sujeitos e saberes orientados à transformação da realidade social.

Outra ação de intervenção seria promover reunião para revisão de Projeto


Político Pedagógico, com a participação de todos os membros da comunidade escolar,
onde deve se pensar em um plano de ação que atenda a interculturalidade, fazendo
que todos se sintam pertencentes e representados. Desenvolver projetos também é
um meio de aproximar os alunos da cultura indígena e promover diálogos entre alunos
indígenas e não indígenas, a fim de proporcionar uma troca de saberes e
experiências. Pois como afirma Moreira e Candau (2003, p.159)

a escola é uma instituição cultural e por isso, escola e cultura devem estar bem

articulados. Nessa perspectiva, devemos aplicar no cotidiano da sala de aula,

projetos que permitam aos alunos uma oportunidade de desenvolver práticas

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educativas prazerosas, em que serão priorizadas competências essenciais

como participar de atividades em grupo, intercâmbios, ouvir e expressar ideias

e sentimentos, reconhecer e respeitar formas de expressão e valores do outro,

utilizar diferentes fontes de informação e procedimentos para busca e

organização da informação.

Marchesi (2001) corrobora com essa ideia quando argumenta que a fonte de
enriquecimento mútuo, de intercâmbio de experiências, que lhes permite conhecer
outras maneiras de ser e de viver e que desenvolve nos alunos atitudes de respeito e
de tolerância conjuntamente com um sentido amplo sobre a relatividade dos seus
próprios valores e costumes.

Com isso, entendemos que é de total relevância, dialogar com os estudantes


acerca de culturas diversas, mostrando que cada um, ao carregar suas vivências, trará
para o convívio escolar, inúmeras experiências que devem ser valorizadas e
apreciadas. Oliveira (2009) nos diz que como ser única, cada indivíduo é munido de
uma personalidade, potencialidades diversas e que estas nem sempre são vistas e
aceitas por todos, daí a importância de desde a Educação Infantil se realizar um
trabalho voltado a valorizar e respeitar a diversidade cultural.

A interculturalidade é algo que deve fazer parte da rotina de uma escola e não
ser uma ação pontual para atender um determinado projeto ou data comemorativa. O
currículo escolar deve ser adaptado para atender a realidade de cada escola e de
seus estudantes. Pois todos os alunos tem o direito de estar incluídos em todas as
atividades que promovam a aprendizagem e não apenas inseridos neste espaço.
Pensando desta forma, os professores devem repensar a sua prática, através de uma
auto-avaliação, a fim de entender que o trabalho com a interculturalidade é algo
contínuo e permanente e não um trabalho “a mais” ou diferenciado para atender a um
grupo específico. Os educadores devem ser mediadores tanto entre o sujeito e a
aprendizagem, quanto entre os sujeitos em suas relações interpessoais. Estes devem
dismistificar qualquer tipo de esteriótipos que venham gerar ações preconceituosas e
não ser mais um agente a promover a exclusão. Sendo assim, para Cerqueira (2012,
p.12):

O professor deve promover no aluno o sentimento de valorização cultural do


país, além do reconhecimento e respeito das diferentes culturas, mostrando que
não existe uma melhor cultura ou uma cultura mais desenvolvida que a outra.

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Nessa perspectiva, a escola é um espaço privilegiado, para mostrar que as
atitudes preconceituosas não têm embasamento científico e são julgamentos
feitos pela aparência, comportamento ou valores de um indivíduo ou de um
grupo e que os professores podem colaborar, procurando mostrar para os
alunos o quanto o preconceito pode ser dissimulado e sem sentido.

Existem Leis que garantem os direitos e deveres de cada cidadão, no entanto


cabe a escola cobrar e fiscalizar para que de fato sejam cumpridos. Os povos
indígenas necessitam de iguais oportunidades de acesso e permanência na escola,
bem como de inserção no mercado de trabalho. Pois como afirma Guedes (2011): Os
indígenas já contam com um certo aparato do estado para assegurar seus direitos,
mas que pode ser melhorado, permitindo uma participação maior dos indígenas na
sociedade brasileira. Um efetivo reconhecimento dos povos indígenas e a valorização
e preservação do modo como vivem é a base para que eles continuem exercendo o
papel deles na sociedade brasileira.

Nesse sentido, nota-se que escola e a interculturalidade devem andar juntas,


que toda a comunidade escolar (alunos, pais, docentes e todos os membros
envolvidos) deve se unir, com o objetivo de construir uma comunidade sem
preconceito. Apesar da diversidade ser natural, ela não é aceita tão facilmente, e
assim surgem a discriminação e o preconceito, e para lidar com isso, o currículo e o
Projeto Politico Pedagógico da escola devem proporcionar atividades, projetos,
exercícios e processos de conscientização que permitam que os todos os sujeitos
revejam suas atitudes. Mesmo sabendo da dificuldade de combater o preconceito e
estimular o respeito à diversidade cultural, não se pode desistir de contribuir para tal
tarefa.

Avaliação

Com o exposto no presente trabalho, concluímos que não podemos segregar a


construção de uma sociedade intercultural da luta contra as desigualdades e a
exclusão. Assim, se faz necessário repensar políticas de desenvolvimento que
promovam os programas culturais e educativos que se aplicam nas áreas indígenas,
para acabarmos com as brechas entre as propostas educativas e as realidades
escolares. É urgente a necessidade de criação de um projeto pluralista que una a
preservação das línguas, das culturas e identidades dos povos, estimulando a
comunicação multilingüe e intercultural.

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Cruz ( 2002, p. 69) diz que:

A educação intercultural na perspectiva multiculturalista implica um

compromisso com o seguimento do trabalho de inclusão; com a compreensão

cada vez mais certeira das barreiras econômicas, políticas e culturais à justiça

social e com a vontade de compartilhar verdadeiramente o poder e passar de

uma simples crítica a estratégias para edificar e transformar as escolas, os

sistemas econômicos e a vida comunitária.

A sociedade que aposta na diversidade cultural deve compartilhar valores que


estejam livres do sentimento de exclusividade e superioridade, conduzindo os sujeitos
a se tornarem cidadãos participantes, envolvidos, preocupados consigo e com seu
entorno. O desenvolvimento multicultural não acontecerá enquanto as suas diversas
dimensões não se integrarem. A mudança da qualidade e da interculturalidade
educativa não está atrelada a modernização dos níveis educacionais, mais as
transformações das concepções e das relações entre as populações distintamente
diversas em suas culturas.

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. acesso em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/

Candau, V. M. F. & Moreira, A. F. B.(2003). Educação escolar e cultura(s): construindo


caminhos. Revista Brasileira de Educação, 156-168.

Cruz, H.M. (2002).Interculturalidade e educação no contexto de uma sociedade


multicultural [Versão eletrônica]. Revista Tellus, 53-74.

Guedes, M. C.(2011) Inclusão em Educação na Rocinha: Vivências Lúdico-Criadoras


do Fazer Artístico nas Culturas, Políticas e Práticas de uma escola de Ensino
Fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro.

Marchesi, A. (2004). A prática das escolas inclusivas. In: Desenvolvimento Psicológico


e Educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais.
Porto Alegre: Artmed.

8
Oliveira, D. A.( 2009). Política educacional, crise da escola e a promoção de justiça
social. In: FERREIRA, Elisa Bartolozzi; OLIVEIRA, Dalila Andrade (orgs). Crise da
escola e políticas educativas. Belo Horizonte: Autêntica.

Rodrigues, D. (org.) (2001), Educação e diferença. Valores e práticas para uma


educação inclusiva. Porto: Porto Editora.

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