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O currículo escolar é um norteador do trabalho docente nas escolas, no sentido de apresentar o que
se pretende ensinar, e como esse ensinamento vai ser aplicado. Não é um documento fixo: embora
deva conter elementos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), uma vez que a Base define
alguns conteúdos essenciais para o ensino, ele muda de acordo com cada instituição, tendo em vista
que nele deve conter as metodologias e abordagens pedagógicas adotadas por cada escola. É um
instrumento de muita importância para o processo de construção da identidade de cada entidade. Um
currículo adequado funciona como um orientador para o trabalho nas instituições, e deve ser usado
como base para o planejamento escolar e para a prática docente.
Ainda de acordo com Neto (2013), o Brasil é marcado por sua diversidade, como as diferenças
regionais, organização social, os modos de relação com a natureza, as crenças, a orientação sexual,
gênero. A vivência das pessoas que moram no campo e das pessoas que moram na cidade é marcada
por muitas diferenças devido o ritmo de vida. Outro exemplo da diversidade cultural no país é a
miscigenação, que se deve aos processos migratórios, marcado por diferenças linguísticas, de
costumes, de valores, de projeto de vida. A diversidade se expressa de diferentes formas de acordo
com o contexto social em diferentes sociedades.
Neira (2014) expõe que em um currículo multicultural não apenas valoriza e reconhece as
diferenças, mas expõe a resistência e a construção da identidade cultural, garantindo a diversidade,
superando a discriminação, a opressão e as injustiças sociais. O autor reitera que “toda decisão
curricular é uma decisão política” (2014, p.127), portanto, promovendo o currículo multiculturalista,
com texto e atividades culturais, influencia na forma de interpretar o mundo, de interagir, de
comunicar suas ideias e até mesmo os seus sentimentos, também deveria conter os saberes do local
que a escola está locada.
O que se nota é que o currículo escolar em vez de evidenciar essa diversidade natural do país, muitas
vezes ignora, e por ignorar a realidade cultural em que o aluno está inserido, acaba por ignorar
também o próprio aluno, que se sente excluído em um espaço que deveria ser um ambiente inclusivo
e acolhedor.
Entretanto, a educação multicultural é uma realidade complexa, com diversos matizes
e não pode ser entendida como um modismo, um elenco de “coisas” que devem ser
acrescentados à educação, mas que deve ser realizada numa perspectiva de buscar a
implementação do pluralismo e da diversidade em todas as propostas através das
profundas raízes culturais da sociedade. Por isso, é necessário partir de um conceito
mais aberto e amplo de cultura onde a diversidade e a multiplicidade sejam a base de
apoio. A perspectiva multicultural não busca reinventar as práticas pedagógicas, mas
acima de tudo, reorientar o currículo de forma que possa ser revisto o papel da escola
e suas relações com a comunidade (Neto, 2013, p.28)
De acordo com Neira (2014), se quisermos romper esse currículo que ignora a diversidade, teríamos
que aderir a diferença, a equidade, inclusão, justiça, o diálogo e o reconhecimento nos currículos
escolares. Assim, impedindo a reprodução consciente e inconsciente da ideologia dominante,
valorizando as vozes de todos os indivíduos, que frequentemente são silenciados. O autor reitera
(2014, p.129) que:
Portanto, essa forma de currículo promove um diálogo com troca de ideias, de culturas, com
reflexões críticas, desse modo, diálogos que respeitem a diversidade cultural, superando processos
discriminatórios.