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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

Teoria dos Campos Conceituais


Gérard Vergnaud

Teorias de Ensino e Aprendizagem | Professora: Laurete Zanol Sauer

Eliel Felizardo
Gérard Vergnaud, nascido em 08 de
fevereiro de 1933 na França;

Formado em Psicologia e Doutor em


Educação Matemática;

Foi aluno no doutorado de Jean Piaget;

Em 1977 elaborou a Teoria dos Campos


Conceituais;

No Brasil, os Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN) para o Ensino de
Matemática tem como base a Teoria
dos Campos Conceituais de Vergnaud.
Piaget e Vergnaud
Discípulo de Piaget, Vergnaud amplia e redireciona, em sua teoria, o foco
piagetiano das operações lógicas gerais, das estruturas gerais do
pensamento, para o estudo do funcionamento cognitivo do "sujeito-em-
situação".

Para Vergnaud, Piaget não se deu conta de quanto o desenvolvimento cognitivo depende de
situações e de conceitualizações específicas necessárias para lidar com elas.

Vergnaud argumenta que embora Piaget tenha feito um trabalho muito


importante para a educação, ele não trabalhou dentro da sala de aula
ensinando matemática e ciências. No entanto, no momento em que nos
interessamos por aquilo que se passa na sala de aula, somos obrigados a nos
interessar pelo conteúdo do conhecimento.
Teoria dos Campos Conceituais
“A teoria dos campos conceituais é uma teoria cognitivista que visa fornecer um quadro coerente
e alguns princípios de base para o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem de
competências complexas, notadamente daquelas relevando das ciências e das técnicas.”
(Vergnaud, 1990)

A principal finalidade desta teoria é oferecer um referencial teórico que permita


compreender as filiações e rupturas entre conhecimentos.

Conhecimento: competência (ação julgada adequada para tratar a situação)


ou concepção (sequência de enunciados).

É através de situações e problemas para resolver que um conceito adquire


sentido para o aprendiz.
Campos Conceituais
Campo conceitual é um conjunto informal e heterogêneo de problemas,
situações, conceitos, relações, estruturas, conteúdos e operações de
pensamento, conectados uns aos outros e, provavelmente, entrelaçados durante
o processo de aquisição.

Três argumentos principais levaram Vergnaud ao conceito de campo conceitual:

1) um conceito não se forma dentro de um só tipo de situação;

2) uma situação não se analisa com um só conceito;

3) a construção e apropriação de todas as propriedades de um conceito ou todos os


aspectos de uma situação é um processo de muito fôlego que se estende ao longo dos anos,
às vezes uma dezena de anos, com analogias e mal-entendidos entre situações, entre
concepções, entre procedimentos, entre significantes.
Conceitos
Vergnaud define conceito como um tripleto de conjuntos:

S é um conjunto de situações que dão sentido ao conceito;

I é um conjunto de invariantes (objetos, propriedades e relações) sobre os quais repousa a


operacionalidade do conceito, ou o conjunto de invariantes operatórios associados ao
conceito, ou o conjunto de invariantes que podem ser reconhecidos e usados pelos sujeitos
para analisar e dominar as situações do primeiro conjunto;

R é um conjunto de representações simbólicas (linguagem natural, gráficos e diagramas,


sentenças formais, etc.) que podem ser usadas para indicar e representar esses invariantes.

O conjunto de situações é o referente do conceito.

O conjunto de invariantes operatórios é o significado.

O conjunto de representações simbólicas é significante.


Situações
O conceito de situação empregado por Vergnaud não é o de situação didática, mas sim o de
tarefa, sendo que toda situação complexa pode ser avaliada como uma combinação de
tarefas, para as quais é importante conhecer suas naturezas e dificuldades próprias.

As situações é que dão sentido ao conceito; as situações é que são responsáveis pelo
sentido atribuído ao conceito; um conceito torna-se significativo através de uma variedade
de situações. Mas o sentido não está nas situações em si mesmas, assim como não está
nas palavras nem nos símbolos.
Esquemas
Vergnaud chama de esquema a organização invariante do comportamento para uma
determinada classe de situações.

Ele considera que os esquemas necessariamente referem a situações, a tal ponto que
dever-se-ia falar não em interação sujeito-objeto, mas sim em interação esquema-situação.
Decorre daí que o desenvolvimento cognitivo consiste sobretudo, e principalmente, no
desenvolvimento de um vasto repertório de esquemas.

Ingredientes dos esquemas: 1) metas e antecipações; 2) regras de ação do tipo “se


então”; 3) invariantes operatórios (teoremas-em-ação e conceitos-em-ação); 4)
possibilidades de inferência.

O esquema é a forma estrutural da atividade, é a organização invariante do


sujeito sobre uma classe de situações, e contém conhecimentos-em-ação
que são implícitos.
Invariantes Operatórios
Designam-se pelas expressões conceito-em-ação e teorema-emação os conhecimentos contidos
nos esquemas. Pode-se também designá-los pela expressão mais abrangente invariantes
operatórios.

Teorema-em-ação é uma proposição tida como verdadeira sobre o real.

Conceito-em-ação é um objeto, um predicado, ou uma categoria de pensamento tida como


pertinente, relevante.

Há uma relação dialética entre conceitos-em-ação e teoremas-em-ação, uma vez que conceitos
são ingredientes de teoremas e teoremas são propriedades que dão aos conceitos seus
conteúdos. Mas seria um erro confundi-los.
Referências
BARROS, J. A. R. B.et al.  As teorias de Guy Brousseau e Gerard Vergnaud como auxílio em
uma intervenção matemática. IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade ISSN
1982-3657, 2010.

MARQUES, Nelson Luiz Reyes. Didática das Ciências.

MOREIRA, Marco Antonio. A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de ciências e a
pesquisa nesta área. Investigações em ensino de ciências. Porto Alegre. Vol. 7, n. 1
(jan./mar. 2002), p. 7-29, 2002.

PAIS, Luiz Carlos. Didática da Matemática: uma análise da influência francesa. -- 4 ed. – Belo
Horizonte: Autêntica Editora,2019 -- (Coleção Tendências em Educação Matemática).

VERGNAUD, Gerard. La théorie des champs conceptuels. In Recherches en Didactique des


Mathématiques. La Pensée Sauvage (Ed.) N°10, 2-3 1990, pp.133-170. Disponível em:
<https://gerardvergnaud.files.wordpress.com/2021/09/gvergnaud_1990_theorie-champs-
conceptuels_recherche-didactique-mathematiques-10-2-3.pdf> Acesso em: 17 nov. 2022

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