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Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR

Campus de Curitiba I – EMBAP

Aluno (a): André Alves da Silva


Disciplina: Didática I
Professor (a): Dra. Margareth Milani

Resenha do texto A RELAÇÃO MÚSICO-CORPO-INSTRUMENTO:


PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICO de Patrícia Lima Martins Pederiva

As questões pedagógicas concernentes ao ensino de música têm evoluído


significativamente, principalmente no que diz respeito à busca de novos olhares e novas
metodologias nas quais os educadores musicais tenham o objetivo de orientar seus alunos –
sejam aqueles em formação inicial ou em níveis mais avançados – de forma que não somente
mecanizem suas habilidades técnico-musicais, mas que, a partir de uma profunda reflexão e
conscientização, compreendam que o ato de aprender e tocar música envolve o corpo de forma
holística e não fragmentada. O texto de Pederiva (2004), tem esse objetivo: o de discutir o
tratamento do corpo tanto nas etapas de formação como na área da performance.
A meu ver, um dos principais pontos que me chama a atenção logo no início do texto, é
que a autora nos traz diversas reflexões, sob a ótica de outros autores, que pontuam a pouca
importância dada ao preparo e conscientização do corpo nas etapas formativas do músico
brasileiro, um trabalho que já ocorre em outros países, de acordo com Costa e Abrahão (apud
Pederiva, 2004). Como uma possível consequência da carência desse trabalho corporal desde
as primeiras etapas formativas, o texto coloca dados muito preocupantes em que estudos
realizados em diversos países mostraram que 75% dos músicos possuem algum tipo de distúrbio
nos ossos e/ou músculos que podem acabar por encurtar suas carreiras. De acordo com Sterbach
(apud Pederiva, 2004) todo o stress ocupacional da profissão advindo do uso e tensionamento
excessivo da musculatura pode predispô-lo a fatores como a ansiedade. Em complemento a
isto, Andrade e Fonseca (apud Pederiva, 2004), pontuam que “a formação do músico deveria
ser pensada como a formação de um atleta, tendo em vista que tocar um instrumento demanda
um alto preparo físico e psicológico para a execução da tarefa”.
Os fatores psicológicos e emocionais são outros assuntos que considero
importantíssimos abordados neste texto. Acredito que quando se fala de corpo, tendemos a
pensar mais no âmbito motor e deixamos de lado a parte psicológica. Sabemos que fatores como
a ansiedade tem influência direta na performance, gerando diversas dificuldades na atuação do
músico. Costa (apud Pederiva, 2004) relata diversos sintomas como nervosismo, tremores,
taquicardia, boca seca, náuseas etc. como decorrências da descarga excessiva de adrenalina no
corpo, sintomas estes bem comuns em situações de grande ansiedade como enfrentar o palco,
por exemplo. O texto sugere que, grande parte destas questões muitas vezes podem ser
consequências da cobrança de desempenho até mesmo por parte dos professores. Todo esse
stress poderia ser provavelmente evitado caso houvesse uma boa orientação por parte do
educador ao aluno no âmbito motor – os excessos de força, tensão e correção de postura – e
psicológico já nas etapas iniciais de formação, evitando assim esse tipo de perigo já tão
frequente na profissão do músico.
De forma geral, o texto reúne diversas informações que evidenciam a importância que
as abordagens pedagógicas eficientes por parte do professor têm na formação dos seus alunos.
Dentre todos os vários pontos abordados no texto eu elenquei como principais assuntos os
referentes ao preparo físico e emocional. Assim como grande parte dos pianistas da minha
geração, muitos tiveram um processo de iniciação bastante informal (que foi o meu caso) ou
focados apenas nos aspectos técnicos direcionados apenas em mãos e dedos. Em se falando dos
aspectos psicológicos, acredito que essa seja uma preocupação muito recente por parte dos
pesquisadores. Como diz o texto, é importante que, como professores, se trabalhe na construção
de uma nova consciência nas próximas gerações de instrumentistas para que se combatam ideias
de que, por exemplo, a dor faz parte do processo de aprendizagem, ou que, cobranças excessivas
(tanto por parte do professor como do próprio aluno) trazem bons resultados.
Nas minhas poucas práticas pedagógicas eu já procuro trabalhar tanto aspectos motores
que envolvam o corpo como todo, dando bastante atenção aos aspectos cognitivos,
principalmente em estratégias de estudo com o fim de chegar a um bom resultado sem a
necessidade do excesso de repetições desnecessárias. Obviamente, essa é uma construção que
deve começar em mim para que eu possa demonstrar os processos e resultados nas minhas
aulas. Sem dúvidas, este texto trouxe uma grande contribuição, tanto na minha prática musical
– na construção do repertório, no exercício da performance – como nas minhas práticas de
ensino do instrumento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PEDERIVA, Patrícia Lima Martins. A relação músico-corpo-instrumento: procedimentos


pedagógicos. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 11, 91-98, set. 2004.

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