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MPF afirma que bolsonaristas que atiraram na PRF no Pará agiram

'por golpe de Estado'


Grupo que fez ato em Novo Progresso é suspeito de dez crimes; PF fez operação

25.nov.2022 às 13h43
Atualizado: 25.nov.2022 às 14h30

Vinicius Sassine (https://www1.folha.uol.com.br/autores/vinicius-sassine.shtml)

MANAUS O grupo de bolsonaristas que comandou bloqueios da


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/11/manifestantes-atacam-prf-com-tiros-e-pedras-em-bloqueio-antidemocratico-veja-video.shtml)BR-163

em Novo
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/11/manifestantes-atacam-prf-com-tiros-e-pedras-em-bloqueio-antidemocratico-veja-video.shtml)

Progresso (PA), o que incluiu ataques com tiros à PRF (Polícia Rodoviária Federal), orquestrou um
movimento com finalidade de golpe de Estado; é suspeito de dez crimes, como tentativa de
homicídio qualificado; achincalhou instituições; e buscou uma "constrangedora, criminosa e
delirante" intervenção militar (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/11/artigo-142-nao-preve-intervencao-militar-nem-federal-
entenda.shtml).

Os apontamentos são feitos pelo MPF (Ministério Público Federal) no Pará (https://www1.folha.uol.com.br/folha-
topicos/para-estado/),
no curso das investigações que resultaram na deflagração de uma operação pela
Polícia Federal nesta quinta-feira (24).

A operação mirou o grupo que encabeçou os atos golpistas em Novo Progresso –uma associação
criminosa, segundo a Procuradoria.
Manifestantes atacam PRF em ato antidemocrático em Novo Progresso (PA)
- Reprodução

A Justiça Federal autorizou a PF a cumprir 10 mandados de prisão temporária e 11 de busca e


apreensão na região. Os presos são principalmente empresários de Novo Progresso, que fica no
sudoeste do Pará.

O MPF pediu ainda a quebra de sigilos telefônico e telemático de 14 suspeitos de participação nos
atos golpistas, com funções de protagonismo e liderança.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos.

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Os atos em Novo Progresso, uma região com intensa atuação do garimpo ilegal
(https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/08/garimpo-ilegal-de-ouro-divide-terra-indigena-no-sul-do-para.shtml) em terras indígenas e da
grilagem de terras (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/09/briga-por-terra-tem-pistolagem-e-incendios-50-anos-apos-
transamazonica.shtml), foram uns dos mais violentos desde o início do bloqueio de rodovias no país.

Na cidade, Jair Bolsonaro (https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/jair-bolsonaro/) (PL) obteve 83% dos votos válidos
no segundo turno, realizado em 30 de outubro. O presidente perdeu a eleição para Luiz Inácio Lula
da Silva (https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/lula/) (PT).

Bolsonaristas atacaram agentes da PRF com tiros e pedras para tentar impedir o desbloqueio do km
312 da BR-163. Todos os carros usados pela polícia saíram danificados da ação feita no último dia 7.

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A principal forma de atuação foi o apedrejamento. Pelo menos três carros foram perfurados por
balas, segundo a PRF.

Vídeos do confronto que circularam pelo WhatsApp, cuja autenticidade foi confirmada pela PRF,
mostram manifestantes atacando os veículos com pedras, paus e disparos, comemorando os
ataques e dizendo em tom de deboche que a atuação dos policiais não era bem-vinda no local.

O bloqueio acabou desfeito no dia seguinte. As investigações feitas pela PF e pelo MPF reuniram
detalhes do que ocorreu na rodovia e identificaram supostos participantes e líderes do ato golpista.

Esses integrantes do movimento orquestrado intimidaram comerciantes de Novo Progresso e


forçaram o fechamento dos estabelecimentos enquanto durassem os bloqueios na rodovia, segundo
o MPF.

Além disso, um dos protagonistas do ato incitou manifestantes a derrubarem a ponte da saída da
cidade, segundo mensagens de WhatsApp analisadas pela Procuradoria. O ato se assemelha a
terrorismo (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/11/violencia-escala-em-atos-antidemocraticos-e-autoridades-apuram-terrorismo.shtml),
conforme o MPF.

Contra carros da PRF foram lançadas cadeiras, pedras e outros objetos, além de disparos de armas
de fogo.
A PF, nas investigações, afirmou que jamais foi vista no país a forma como um grupo especializado
da PRF foi atacado. Os policiais atacados são da tropa de choque da PRF, conforme as investigações,
e os golpistas conseguiram promover o recuo momentâneo de cerca de 50 integrantes da tropa.

Ao todo, o MPF lista dez crimes sob investigação: homicídio qualificado tentado; constrangimento
ilegal; dano; atentado contra a liberdade de trabalho; atentado contra a segurança de outro meio de
transporte; associação criminosa; resistência; desobediência; desacato; e abolição violenta do
Estado Democrático de Direito.

Houve "achincalhamento das instituições públicas", segundo o MPF, e é preciso usar os verdadeiros
nomes para designar o que ocorreu, conforme a Procuradoria: um movimento foi organizado e
articulado para tentativa de golpe de Estado, com atos voltados a desrespeitar o resultado da
eleição presidencial.

O ato golpista resultou em crimes contra as pessoas que tentavam trafegar pela rodovia e em
tentativa de homicídio de agentes públicos no exercício da função, segundo o MPF.

O pedido de intervenção militar é "criminoso e delirante", e não encontra respaldo legal, conforme
a Procuradoria.

Esse tipo de pedido é replicado por golpistas na frente de (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/11/comandantes-


militares-criticam-excessos-e-desarmonia-de-atos-antidemocraticos.shtml) unidades do Exército
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/11/comandantes-militares-criticam-excessos-e-desarmonia-de-atos-antidemocraticos.shtml) em diversas
capitais brasileiras, e não é rechaçado pela Força.

Numa nota conjunta divulgada no último dia 11 (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/11/comandantes-militares-criticam-


excessos-e-desarmonia-de-atos-antidemocraticos.shtml),
os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica não
rechaçaram claramente os atos golpistas que ocorrem em frente aos quartéis. Eles aproveitaram a
nota para uma mensagem dúbia e para recados indiretos ao STF (Supremo Tribunal Federal).

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