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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO-


UNIFACEMA
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO

MICAELLA ARAUJO PEREIRA OLIVEIRA MIRANDA

SINOPSE E RELATÓRIO
DOSSIÊ JANGO: O GOLPE DO ESTADO

CAXIAS/MA
2020
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DOSSIÊ JANGO: O GOLPE DO ESTADO

FICHA TÉCNICA
5 de julho de 2013 / 1h 42min / Documentário
Direção: Paulo Henrique Fontenelle
Elenco: Flávio Tavares, Zelito Viana, Luiz Carlos Barreto
Nacionalidade: Brasil

SINOPSE
João Goulart havia sido eleito democraticamente presidente do Brasil, mas foi expulso do cargo
após o golpe de Estado de 1 de abril de 1964. Depois disso, Jango viveu exilado na Argentina,
onde morreu em 1976. As circunstâncias de sua morte no país vizinho não foram bem
explicadas até hoje. Seu corpo foi enterrado imediatamente após a sua morte, aumentando as
suspeitas de assassinato premeditado. Este documentário traz o assunto de volta à tona e tenta
esclarecer publicamente alguns fatos obscuros da história do Brasil.

RELATÓRIO
O golpe do estado está limitado a uma ação que permanece restrita à esfera política, os
movimentos golpistas de modo geral são realizados por grupos ou setores sociais que integram
a elite dominante da sociedade. Movimento revolucionário é um movimento coletivo, portanto
é a expressão da vontade do povo, onde designa em transformações profundas alterando a
estruturas políticas, econômicas e sociais. Essas considerações lançam luz sobre a existência de
diferentes interpretações para a tomada do poder pelos militares brasileiros em 1964, os
militares e as elites que apoiaram a destituição do então presidente João Goulart denominam o
episódio de várias maneiras, contudo não há dúvidas de que o episódio foi um golpe de caráter
pretoriano, isto é liderado por militares que governaram visando assegurar os interesses das
classes dominantes do pais.
A frase de abertura de Dossiê Jango provoca uma certa reflexão. Se por um lado a estrutura de
um documentário define que, por regra, ele se baseie na realidade, por outro a mudança
mencionada vem não propriamente da análise de determinada cena ou depoimento, mas por
uma melhor compreensão do contexto envolvido. É este o grande alvo e também o principal
mérito de Dossiê Jango: permitir que o espectador possa entender o complexo jogo político em
vigor na década de 1960, que resultou não apenas no golpe militar como também no modo
como a ditadura agiu nos primeiros anos de governo.
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A figura central desta reconstrução de época é o ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe
militar em 1964. Vice-presidente de Jânio Quadros, eleito numa época em que havia votações
diferentes para os dois cargos, Jango assumiu o governo em decorrência da renúncia do
presidente, que planejava voltar ao poder com o apoio do povo. Não deu certo. Temido por boa
parte dos políticos conservadores devido às ideias socialistas que possuía, como a
implementação da reforma agrária, Jango apenas assumiu o governo após uma intensa
negociação de bastidores que fez com que o Brasil, repentinamente, se tornasse parlamentarista.
Entretanto, sua popularidade era uma ameaça aos Estados Unidos, que temiam que a América
do Sul se tornasse comunista.
Um dos alvos iniciais do novo documentário do diretor Paulo Henrique Fontenelle (o mesmo
do excelente Loki, Arnaldo Baptista) é desmontar certas acusações históricas contra João
Goulart, como a que seria comunista. Entretanto, a maior preciosidade entre o material de
arquivo coletado vem justamente da participação dos Estados Unidos na derrubada de Jango.
Gravações em áudio do embaixador Lincoln Gordon e até mesmo do ex-presidente americano
John Fitzgerald Kennedy comprovam a preocupação americana com o momento político do
país, enquanto que o também ex-presidente Lyndon Johnson revela que seria possível agir no
Brasil da mesma forma como foi feito no Panamá. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Se a primeira metade de Dossiê Jango dá ao filme uma sustentação histórica bastante vigorosa,
a partir de imagens de época e depoimentos relevantes, cabe ao restante do documentário
assumir de vez o tom investigativo sobre se João Goulart teria realmente morrido de causas
naturais. Por mais que nenhuma prova do contrário seja apresentada, os indícios são
esclarecedores sobre o quanto Jango, mesmo morto, incomodava o regime vigente.
Dossiê Jango é um filme necessário para todos aqueles que desejam entender melhor o porquê
do Brasil ser do jeito que é hoje. Trata-se de um relato consistente e abrangente sobre a
turbulência política vivenciada pelo país na década de 1960 e o quão crucial foi a influência
estrangeira para que o golpe militar realmente acontecesse e perdurasse por tantos anos. É, ao
mesmo tempo, uma grande provocação ao governo, no sentido de abrir o baú de segredos acerca
do período da ditadura militar.

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