RESENHA: “JANGO - COMO, QUANDO E POR QUE SE DERRUBA UM

PRESIDENTE”, 1984.

Dirigido por Silvio Tendler, o documentário “Jango - Como, quando e por que se
derruba um presidente” (1984), faz referência a trajetória política de João Goulart, que também
era conhecido como “Jango”, que foi presidente do Brasil entre os anos de 1961 e 1964, quando
foi deposto nas primeiras horas do primeiro de Abril por um governo militar. Nascido em São
Borja, no Rio Grande do Sul em 1 de março de 1919 e falecido na cidade argentina de Mercedes
em 6 de dezembro de 1976, o documentário narra a partir de uma extensa pesquisa, o caminho
que João Goulart pereceu desde o início de sua carreira até a sua morte, que aconteceu 12 anos
após ter deixado o país em busca de exílio no Uruguai.
Por meio de uma extensa pesquisa de arquivo que se utilizou dentre outros meios,
cinejornais, fotografias e manchetes de jornais da época, o filme narra a luta ideológica que foi
travada durante o governo de Jango, onde diante das reformas de base proposta por João
Goulart, como a reforma agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional, a oposição
atuava de forma direta e imediata, e o que inicialmente se manifestou com a Marcha da Família
com Deus pela Liberdade, atuou em 31 de março juntamente com os militares da época e com
o apoio dos Estados Unidos. O documentário remonta a tensão por meio de fatos e registros
midiáticos, o desenvolvimento da tensão e a forte oposição das classes dominantes que marcou
o governo de João Goulart e acabou por levar a crises sucessivas logo no início do seu mandato,
após a renúncia de Jânio Quadros.
Através de depoimentos e de textos que até então não haviam sido divulgados na
imprensa, o documentário relembra fatos decisivos na trajetória de Goulart, como o Comício
da Central do Brasil, que ocorreu no dia 13 de março de 1964, quando o presidente João Goulart
subiu em um palanque localizado na praça Cristiano Ottoni, no Rio de Janeiro e falou para mais
de 150 mil pessoas, marcando assim, um período que seria como um divisor de águas na sua
carreira política, e marcando principalmente o desencadeamento do golpe militar que pôs fim
a democracia e a presidência de Jânio Quadros. Além deste, o documentário também narra as
marchas que pediram a sua disposição, a revolta dos marinheiros, conflito que aconteceu entre
as autoridades da MArinha do Brasil e a Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do
Brasil, em março de 1964, bem como os seus últimos dias de governo e as inúmeras tentativas
de resistência ao golpe que se desenvolveram até a consolidação do governo de Castello
Brasnco.
O governo de Jânio Quadros se desenvolveu com a promessa de uma revolução política
no país, suas preocupações se baseavam nos problemas econômicos, o lançamento da Política
Externa, e a missão de saneamento moral da nação. O documentário ressalta como o governo
Jango perdeu a sua base de apoio e conseguiu desagradar quase a totalidade do cenário político,
o que ao longo do tempo, fez com que o seu governo perdesse a legitimidade. O nome do
documentário “Como, quando e por que se derruba um presidente?”, resume as intenções e o
propósito do filme, que apresenta as trajetórias de Jango diante de uma conjuntura política e
economia peculiar.
Embora João Goulart não seja caracterizado como um revolucionário, destaca-se o fato
de que devido ao fato do mesmo levantar bandeiras de caráter democrático-burguês, foi
golpeado pelas indústrias das Forças Armadas, reforçando mais uma vez o imperialismo
estrangeiro. Por fim, é necessário ressaltar que a ausência do enfrentamento direto com as
forças armadas, deve ser compreendida como uma manifestação prática do nacionalismo
burguês que marcava o seu mandato. O documentário “Jango - Como, quando e por que se
derruba um presidente” reflete a efervescência da política brasileira durante a década de 1960,
principalmente sob o contexto da Guerra Fria, narra detalhadamente o golpe e os movimentos
que marcaram as resistências à ditadura, que foi refletida até mesmo com a morte de Jango no
exílio e na censura do seu funeral pelo regime militar.

Referência:

JANGO – Nacional. Direção de Silvio Tendler, com roteiro de Maurício Dias. Trilha sonora
de Milton Nascimento e Wagner Tiso. Gênero: Documentário de longa-metragem. Ano:
1984.

TEIXEIRENSE, Pedro. Por que Jânio Quadros renunciou? 60 anos depois. In: Café História.
Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/por-que-janio-quadros-renunciou/.
Publicado em: 27 set. 2021. ISSN: 2674-5917.