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ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS O TEXTO DE COLLINS E PINCH IMPORTA AO

ESTUDO DO MÉTODO CIENTÍFICO EM ECONOMIA


1. PORQUE uma das mais influentes propostas metodológicas para o campo da Ciência
Econômica é a defesa pela teoria neoclássica do Método Hipotético-Dedutivo, e embora tal
proposta tenha contrapartida na defesa de propostas metodológicas alternativas nos debates
neste campo, a defesa do Método Hipotético-Dedutivo ostenta certa hegemonia pelo menos
no âmbito dos centros renomados do ensino da Economia, notadamente Inglaterra e EUA;
2. PORQUE a defesa do Método Hipotético-Dedutivo tem em Karl Popper um dos filósofos
mais influentes no cenário da epistemologia desde meados do Século XX. Destaque dessa
concepção são a defesa de parâmetros e valores “puramente científicos” e tendo como meta a
aproximação à “verdade absoluta”;
3. PORQUE a defesa do Método Hipotético-Dedutivo por Karl Popper é extensiva ao campo
das ciências humanas e, portanto, ao campo da Ciência Econômica;
4. PORQUE a concepção de ciência de Sir Karl Popper encontra uma substantiva crítica na
concepção de ciência formulada pelo filósofo Thomas Kuhn;
5. PORQUE um dos pilares da substantividade da crítica de Kuhn a Popper radica na defesa
da necessidade imperiosa do conhecimento dos fatores complexos presentes no chamado
“contexto da descoberta”, para uma compreensão mais efetiva do modo como os cientistas
lidam que as questões epistemológicas durante a ocorrência dos episódios científicos;
6. PORQUE os inúmeros estudos de casos de episódios importantes da história da ciência
impulsionados pela concepção de ciência kuhniana tem mostrado que no “contexto da
descoberta” os comportamentos dos cientistas não são pautados exclusivamente por
parâmetros e valores “puramente científicos” e tendo como meta a aproximação à “verdade
absoluta”;
7. PORQUE o estudo de Collins e Pinch sobre os experimentos de Michelson-Morley-Miller,
bem como sobre a observação do eclipe solar de 1919 por Eddington, ostentam uma profusão
de parâmetros e valores não “puramente científicos” que tornam problemática a sua
consagrada utilização como provas decisivas da teoria da relatividade de Einstein;
8. PORQUE ao incidirem sobre campos das chamadas hard sciences, que, em princípio, não
seriam impactadas por parâmetros e valores não “puramente científicos”, os estudos de
Collins e Pinch mostram assim, que a perspectiva epistemológica de orientação histórico-
sociológica serve, a fortiori, para melhor compreensão também das ciências humanas;
9. PORQUE tendo a Ciência Econômica a pretensão de atingir status de cientificidade a
discussão metodológica no seu âmbito não pode ignorar o debate epistemológico vigente no
campo das “ciências consolidadas”;
10. PORQUE, enfim, a defesa pela teoria neoclássica do Método Hipotético-Dedutivo como
o mais apropriado à investigação em Economia não poderá deixar de ser revisada à luz das
complexas questões levantadas pelo rico debate epistemológico que, iniciado na segunda
metade do século passado, continua a transformar, no atual Século XXI, a concepção
tradicional de ciência.
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COLLINS, H. Dois experimentos que “provaram” a teoria da relatividade. IN: COLLINS,
H. O golem: o que você deveria saber sobre a ciência. Trad. Laura Cardellini Barbosa de
Oliveira. São Paulo: Editora da Unesp, 2003, p. 51-85
The, PI, 22.09.2022.
VICENTE DE PAULA GOMES
Prof. Adjunto TP 20 Mat. 423668
Fones: 9901.3668 – icv@uol.com.br

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