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contemporanea

Publicado em NOVA ESCOLA 02 de Setembro | 2017

Arte

Dança contemporânea
professor

Objetivo(s)

Refletir sobre algumas características do nosso tempo como as


dualidades entre pessoal e coletivo, ação e emoção, efemeridade e
permanência
Conhecer e praticar dança contemporânea

Conteúdo(s)

Dança contemporânea
Plano de aula relacionado à edição 181 de BRAVO!

Ano(s)

4º, 5º

Tempo estimado

Três aulas

Material necessário

Computadores com acesso à internet

Desenvolvimento

1ª etapa

Introdução

O que é contemporâneo?
Segundo o dicionário, contemporâneo é tudo o que faz parte do momento
histórico que vivemos hoje. Isso nos faz pensar como é nossa época atual, a
maneira como vivemos e o que marca o presente. Consequentemente
acabamos por fazer perguntas semelhantes sobre a arte que expressa nossa
realidade.

No que se refere à dança, podemos nos questionar sobre como ela


representaria o nosso contexto tão multifacetado. Após o movimento
modernista na dança e as mudanças e inovações que ele trouxe, na década
de 60 ainda era recorrente a produção de coreografias com estruturas
formais como no balé. Entre as décadas de 60 e 70, uma nova geração de
coreógrafos questionaram os preceitos da Dança Moderna, e passaram a
trilhar caminhos muito diferentes. Estes foram os pós-modernistas ou
precursores da dança contemporânea. Alguns desses nomes aparecem na
reportagem "Coreógrafo de múltiplos tentáculos" (BRAVO!, ed. 181, setembro
de 2012).

Esta geração quebrou grandes paradigmas e abriu novas possibilidades de se


fazer dança. E também foi responsável pela popularização de procedimentos
de dança que podem ser comuns e aceitáveis hoje em dia, mas que na época
causaram estranhamentos do público e da crítica. Por exemplo:

A dança passou a acontecer em outros espaços além do teatro, como


praças, parques e ruas;
As ações cotidianas viraram tema dos espetáculos;
A improvisação em cena passa a ser aceita;
Os conceitos de bom/ruim ou feio/bonito são abandonados;
Desaparece a hierarquia entre os bailarinos;
Outras linguagens, como as artes plásticas, aparecem nas
apresentações;
Qualquer corpo é capaz de dançar, e não apenas os magros e belos;
A dança passa a ser aceita como uma linguagem independente.

Com tudo isso se passou a questionar e a ressignificar o que é dança, o que é


corpo e o que é arte.

Porque fazer dança contemporânea na escola?


Olhando para os preceitos da Dança Contemporânea, percebemos que de
fato ela democratizou a dança, tanto a sua prática quanto seus processos
criativos, de forma que hoje acreditamos realmente que todo corpo é capaz
de se expressar e, portanto, de dançar bem. Como qualquer movimento pode
virar dança numa coreografia, basta organizá-lo no tempo, no espaço e com
uma determinada força/tônus.

Outro conceito importante que surgiu com a dança contemporânea foi o de


intérprete- criador; Um artista que tem suas próprias ideias de movimento,
de coreografia, luz, música e tudo mais que envolva a criação. Essa é a
proposta de uma construção conjunta em que a figura do coreógrafo
desaparece para surgir a do diretor de cena, com quem os intérprete-
criadores contam para orientar a criação, que é, no fim das contas, coletiva.

Quando a dança entra no espaço escolar como conteúdo a ser ensinado nós
educadores somos obrigados a nos perguntar: que dança faz sentido ensinar
aos nossos alunos? (já que a escola não é um centro de excelência e não
pretende formar bailarinos). Como propor uma dança onde os alunos vejam
sentido em estarem dançando? Como fazê-los perceber que a dança, sendo
uma linguagem e assim como a poesia, nos permite nos expressarmos de
forma mais subjetiva, mas nem por isso menos pessoal?

Uma boa maneira de orientar a sequência didática é dar a oportunidade aos


alunos conhecerem mais sobre a dança. Eles deverão saber quais elementos
a compõem para assim adquirirem maior consciência corporal e a
capacidade de se expressarem através do corpo e dos movimentos. É
importante que os estudantes percebam que a dança também é uma forma
de mostrar quem são, o que pensam e o que sentem.

Comece com uma conversa sobre o conceito de contemporâneo de modo


geral e na dança (os conceitos citados na introdução). Lembre que o termo
"contemporâneo" serve para qualificar tudo o que é característico do tempo
que vivemos hoje. Mas, afinal, o que marca nosso presente? Reflita com os
alunos como atualmente nos sentimos ao mesmo tempo iguais e diferentes
uns dos outros.

Questione os estudantes e observe se eles identificam alguns conflitos


característicos de nossa época, como: pessoal x coletivo, ação x emoção,
efemeridade x permanência, excesso de informação x falta de conhecimento,
estabilidade x mutabilidade, público x privado, atenção multifocal x
direcional, corpo natural x corpo produzido, consumismo, solidão x multidão,
etc.

2ª etapa

Passe um vídeo do trecho da obra "Rosas danst Rosas" de 1983, da


coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker. Caso perceba que os alunos
ficaram muito instigados com o filme, mostre também a primeira parte desta
coreografia (em silêncio) inteira e com sua introdução.

Em seguida, faça as crianças perguntas como:

1. Do que se trata a coreografia? Qual é o tema?


2. Algum movimento dessa dança é conhecido? Qual?
3. A coreografia é sempre diferente ou se repete?
4. Essa repetição é sempre a mesma ou tem variações? Quais?
5. Onde as bailarinas estão? Qual a relação da dança com aquele espaço?
Se fosse num outro local faria diferença, num teatro, por exemplo?
6. Relacionar o que difere do trecho com e sem música.

A sugestão é passar o vídeo duas vezes. A primeira sem falar nada sobre a
coreografia ou o que deseja que observem. Diga apenas o título, ano, país e o
nome da coreógrafa, deixando seus olhares livres para captarem o que lhes
impressionar. Na segunda vez então, apresente as questões para que
prestem atenção nos elementos que você quer discutir.

3ª etapa

Em algum espaço amplo da escola (pode ser a sala sem carteiras ou até
mesmo a quadra) peça para os alunos caminharem livremente pelo espaço,
ocupando toda a sala de modo equilibrado (e não uma área cheia e outra
vazia).

É importante que eles não corram nem andem muito lentamente. Oriente
para que procurem olhar nos olhos de todas as pessoas que encontrarem.
Enquanto caminham devem também prestar atenção no próprio corpo: na
respiração, nos ombros, em como os pés tocam o chão, se há tensão em
alguma parte do corpo e no movimento da bacia.

Ao som da palma da professora "congelam", com pausa total de movimento,


como numa fotografia. Durante a pausa voltam a perceber os aspectos
levantados durante a caminhada.
Na palma seguinte, os alunos deverão fazer um movimento que seja bem
característico de cada um, algo que fazem no dia a dia e que tenha a ver com
a sua identidade (parte 1).
Num segundo momento, peça para escolherem movimento(s) que lhe
represente, como se fosse uma auto-apresentação em que, ao invés de
falarem o nome, se movimentam. Peça para os estudantes repetirem!

Num terceiro momento, os alunos vão escolher movimento/os que


representem o modo como acham que os outros os veem. Mais uma vez a
repetição é necessária.
Finalize essa etapa pedindo que as crianças registrem os movimentos que
escolheram para que possam recuperá-los depois. O registro pode ser na
forma de desenho numa folha de papel. Este procedimento é fundamental
quando as aulas acontecem, por exemplo, apenas uma vez na semana.

4ª etapa

Peça aos alunos que, assim como no vídeo da coreografia "Rosas danst
Rosas" que assistiram, trabalhem com a repetição da sua pequena
coreografia propondo variações. As variações podem ser de velocidade
(muito lento, muito rápido, ora lento e ora rápido entrecortado por pausas).
Ou pode ter a ver com a disposição do corpo - que pode ficar mole, como se
estivesse cansado, ou mais rigído. Os alunos poderão variar movimentos
pequenininhos e perto do centro do corpo com outros mais amplos, que
envolvam gestos amplos.

Novamente peça para que componham com estas variações escolhendo no


mínimo 3 delas.
Questione com os alunos que área da escola eles acham que tem a ver com a
sua coreografia. Divida os adolescentes pelas escolhas das áreas e peça que
se organizem na ordem e no espaço eleito. Proponha também que ensaiem
várias vezes para a próxima etapa, da apresentação.
Na hora das apresentações, procure filmar a atividade dos estudantes.

5ª etapa

Passe a filmagem das apresentações para que os alunos se assistam


dançando. Discuta sobre suas escolhas e, principalmente, sobre o resultado
final. Questione o que eles acham que ficou bom, se há algo que poderia ter
sido diferente e que outras possibilidades poderiam ser exploradas. Não
esqueça de deixar clara a forma adequada de se referir à produção dos
colegas para que não haja desrespeito.

Avaliação

Analise a participação dos alunos na apresentação e nas reflexões feitas em


aula. É importante que os estudantes terminem a sequência didática
entendendo o que é a dança contemporânea e que retratar o momento que
vivemos hoje é uma de suas principais propostas.

Créditos: Sandra Cavalinni Formação: Professora na pós-graduação em Dança


e Consciência Corporal da Universidade Gama Filho e da FMU e diretora da
Companhia Giz de Cena de Dança Contemporânea.

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