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“Bens são as coisas materiais ou imateriais que

DOS BENS: tem valor econômico e que podem servir de


objeto a uma relação jurídica” – Agostinho Alvin

Objeto

Credor Devedor
Vínculo Jurídico
I. Bens considerados em si mesmo

Fungíveis
Corpóreos Divisíveis
Podem ser substituídos
São os tem existência Podem ser fracionados
por outros da mesma
material / física. em partes homogêneas e
espécie, qualidade e
Ex: Casa, livro, gás,
distintas, formando cada
quantidade.
eletricidade. qual um todo perfeito.
Ex: Açúcar, carvão,
Ex: Terreno.
dinheiro, serviço.
Incorpóreos
Indivisíveis
Não tem existência física. Infungíveis
Perdem sua utilidade ou
Ex: Direitos autorais, créditos, São os personalizados ou
desvalorizam quando
fundo de comércio, software. individualizados.
divididas.
Ex: Cavalo de corrida, quadro
Ex: Relógio.
de Renoir, n° de série,
serviço.
 Por Natureza
 Por Determinação Legal – Quando a lei expressamente
impede o seu fracionamento.
 Por Vontade das Partes – Um acordo tornará a coisa
comum indivisível, por prazo não maior de 5 anos,
suscetível a prorrogação ulterior (art. 1320, 1°).
Bens considerados em si mesmo

Singulares Consumíveis
Coletivos
Quando contem partes Podem ser fracionados
homogêneas ou da É quando suas partes
em partes homogêneas e
mesma espécie, ligadas heterogêneas foram
distintas, formando cada
entre si. artificialmente unidas.
qual um todo perfeito.
Ex: Animal, vegetal, árvore, Ex: Edifício, máquina,
Ex: Terreno.
cavalo. relógio.

 De Fato – Cujo uso importa destruição imediata da


própria substância do bem. Ex: alimentos.
 De Direito – Destinados a alienação. Ex: Roupas na
Universalidade de Fato Universalidade de Direito
vitrine da loja.
Pluralidade de bens Complexo de relações
singulares, pertinentes a jurídicas, de uma pessoa, Inconsumíveis
mesma pessoa, tenham dotadas de valor econômico.
destinação unitária. (art. 90) Não se destroem pelo
Ex: Herança, patrimônio.
uso, são duráveis.
Ex: Biblioteca, Pinacoteca,
rebanho. Ex: Relógio, roupa, carro.
Bens considerados em si mesmo

Móveis Imóveis
Podem ser transportados Não podem ser
de um lugar para outro, transportados, sem
por força própria ou alheia, destruição, de um
sem deterioração. lugar para outro.
Ex: Semoventes.

- Por natureza: São bens corpóreos - Por natureza: O solo e tudo quanto lhe incorporar naturalmente.
Ex: Árvores, espaço aéreo e subsolo.
naturalmente suscetíveis de movimento.
Ex: materiais antes da obra. - Por acessão física artificial ou industrial: Sua criação é pela
- Por antecipação: Eram imóveis, mas manifestação da vontade humana. Ex: edifícios e construções.
pela vontade humana foram mobilizados. - Por acessão física intelectual ou por destinação do proprietário:
Ex: Árvore cortada, colheita de uma são bens móveis que foram imobilizados pelo proprietário, sendo
plantação. tratado como pertenças. Ex: Tratores ou máquinas, estátuas de
- Por determinação legal: Bens imateriais jardim, ar condicionado.
considerados por lei (art. 83). Ex: Fundo de - Por determinação legal: Ganham o status de imóveis por lei.
comércio, Ex: Direitos reais sobre imóveis (usufruto), direito a sucessão aberta.
II. Bens reciprocamente considerados

Frutos (art. 95)


Utilidades que a coisa produz
Principais (art. 92) Acessórios
periodicamente e a retirada
A existência supõe a do mantém intacta a substância do
Existem sobre si, abstrata
principal. bem principal.
ou concretamente.
Ex: Árvore, contrato de - Naturais
Ex: Solo, contrato de - Industriais (ativ. homem)
locação. fiança.
- Civis (rendimentos)
- Pendentes (presos a coisa princ.)
- Percebidos (retirados da coisa
princ.)
- Estantes (armazenados para
venda)
- Percepiendos (maduras, mas
Benfeitorias (art. 96) não colhidas)
Acessão: acresce a coisa principal - Consumidos (já utilizados)
(art. 1248). Obras ou despesas feitas na
coisa principal, pelo homem.
Pertença: com autonomia (art. 93).
- Necessárias (conservar).
Partes integrantes: sem autonomia Produtos (art. 95)
- Útil (melhorar)
– armário embutido.
- Voluptuária (embelezar) Utilidades que podem ser
retiradas do bem principal
diminuindo a quantidade.
Ex: Petróleo, carvão.
III. Bens considerados em relação ao
titular do domínio

Públicos (arts. 98 a 101) Particulares (arts. 98 a 103)


São do domínio nacional Todos os demais bens são
pertencentes à União, Territórios particulares, pertença a quem for.
ou aos munícipios e às outras Tendo como titular de seu
pessoas jurídicas de direito domínio pessoa natural ou
público interno. pessoa jurídica de direito privado.

- Bens de uso comum do povo: podem ser utilizados sem restrição, gratuita ou
onerosamente, por todos sem necessidade de qualquer permissão especial.
- Bens de uso especial: são utilizados pelo próprio poder público, imóveis
aplicados ao serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual,
territorial ou municipal.
- Bens dominicais: compõem o patrimônio da União, dos Estados, ou dos
Municípios, como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas de direito
público interno.
IV. Bens fora do comércio

Alienáveis Inalienáveis
São os que podem ser São os que não podem ser
transferidos ou apropriados, transferidos de um acervo
passando, gratuita ou patrimonial a outro ou
onerosamente, de um patrimônio insuscetíveis de apropriação.
a outro, quer por sua natureza,
quer por disposição legal.
- Inalienáveis por natureza: coisa de uso inexaurível e direitos de
personalidade.
- Legalmente inalienáveis: bens públicos (art. 100); bens de fundação
(arts. 62 a 69); bens de menores (art. 1.691); lotes rurais inferiores ao
módulo fixado; terras ocupadas pelos índios; bem de família.
- Inalienáveis pela vontade humana: em razão de cláusula de
inalienabilidade em doação ou testamento (art. 1.911).
“Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório,
DIREITO DAS estabelecida entre credor e devedor e cujo objeto
consiste em uma prestação pessoal econômica,
positiva ou negativa devida pelo segundo ao primeiro,
OBRIGAÇÕES: garantindo-lhe o adimplemento através do
patrimônio”. – ..........

Objeto
(Mediato ou imediato)
Sujeito ativo Sujeito Passivo

Imaterial ou Espiritual
Elementos Constitutivos da Obrigação

 Subjetivo (sujeitos)

Podem ser pessoa natural ou jurídica, de qualquer natureza, contudo precisam ser determinados ou determináveis.
- Sujeito ativo: é o credor, aquele em favor de quem o devedor prometeu determinada prestação.

- Sujeito passivo: é o devedor, a pessoa sobre a qual recai o dever de cumprir a prestação convencionada.

 Objetivo (objeto)

É sempre uma conduta humana do devedor (positiva ou negativa), que consiste em: dar, fazer ou não fazer alguma coisa.
Chamado também de prestação ou objeto imediato.

DAR Deve ser Lícito


FAZER O que? (art. 104,II) Possível
NÃO FAZER Determinado ou determinável
Suscetível de apreciação econômica

- O vínculo jurídico da obrigação possui coercibilidade (se não for cumprido espontaneamente pode ser cobrado).

* “SCHULD” (débito) E “HAFTUNG” (responsabilidade)


É a responsabilidade, uma prerrogativa conferida ao credor de executar o patrimônio do devedor, ocorrendo
inadimplência, para obter a satisfação do seu crédito.
É a obrigação que consiste no dever que incumbe ao sujeito passivo de prestar aquilo que comprometeu. (Se cumprida extingue-se)
CLASSIFICAÇÃO

1. Quanto ao Objeto 2. Quanto aos Elementos

- Positiva Dar - Simples 1 credor

Fazer 1 devedor

- Negativa Não fazer 1 objeto


- Compostas ou complexas

- Multiplicidade de objetos
Cumulativas ou conjuntivas (E)
Alternativas ou disjuntivas (OU)
Facultativas
- Multiplicidade de sujeitos
Divisíveis
Indivisíveis
Solidárias (art. 265 – resulta da lei ou das partes)
* Todas sendo ativas ou passivas.
 OBRIGAÇÃO DE DAR “É aquela em virtude da qual o devedor fica
jungido a promover, em benefício do credor, a
tradição da coisa (móvel ou imóvel), já como fim
De entregar De restituir de outorgar um novo direito, já com o de
restituir a mesma ao seu dono” – Limongi França
- Móveis (tradição) Devolução ao credor.
- Imóveis (tradição solene) (Legítimo dono)

 COISA CERTA
Objeto é certo e determinado.
* Destino da obrigação de dar coisa certa em face do perecimento ou da deterioração do objeto da prestação antes
de efetuada a tradição, pode ser:
I – Com culpa do devedor
II – Sem culpa do devedor

 COISA INCERTA
Consiste na relação obrigacional em que o objeto, indicado de forma genérica no início da relação vem a ser
determinado mediante um ato de escolha, por ocasião do seu adimplemento (MHD).
- O objeto não é individualizado, mas indicado pelo gênero e pela quantidade (art. 243).
- Tem duração limitada, pois com a escolha converte-se em coisa certa.
- Não ocorre perecimento e nem deterioração, pois “genus non peret” (gênero não perece) – art. 246.
 OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA
 OBRIGAÇÃO DE FAZER “É a que vincula o devedor à prestação de um
serviço ou ato positivo, material ou imaterial,
seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de
terceira pessoa.” – Maria Helena Diniz

 De natureza infungível ou “intuito personae”


Depende das qualidades individuais de quem se obriga, isto é, o devedor deve cumprir pessoalmente a obrigação.

 De natureza fungível
Aquela cuja prestação pode ser realizada pelo devedor ou por terceiro.

Objeto: qualquer comportamento humano, lícito e possível.


- Trabalho físico ou material
- Serviço intelectual, artístico ou científico
- A prática de certo ato que não configura execução de
qualquer trabalho
Consequências do descumprimento:

I – Por impossibilidade
Ocorre quando a prestação se torna irrealizável.
- Sem culpa do devedor resolve-se a obrigação.
Art. 248, CC
- Com culpa do devedor perdas e danos.

II – Por inadimplemento voluntário


Mera recusa do devedor em cumprir a obrigação.
a) Infungível: execução específica (art. 497, CPC) ou perdas e danos (art. 247, CC).
b) Fungível: perdas e danos ou execução por terceiro, às custas do devedor (art. 249, CC).

 O juiz concede um prazo ao devedor para que este cumpra a obrigação; esgotado o prazo sem
o seu adimplemento, o devedor deverá pagar uma multa até o dia em que a cumprir.
 As “astreintes” são multas destinadas a forçar o devedor indiretamente a fazer o que deve. Elas
visam evitar que haja a reparação do dano, decorrente do inadimplemento da obrigação
 OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER “É aquela em que o devedor assume o
compromisso de se abster de algum ato, que
poderia praticar livremente se não se tivesse
obrigado para atender interesse jurídico do
credor ou de terceiro” – Maria Helena Diniz

Consequências do Descumprimento:

I – Por impossibilidade de abstenção do fato


Havendo força maior ou caso fortuito resolve-se a obrigação, exonerando-se o devedor (art. 250,CC ).
- As partes voltam ao estado anterior (“status quo ante”).

II – Por inexecução culposa do devedor


Se obrigou a não fazer por negligência ou por interesse seu (art. 251,CC).
- Pode o credor exigir que o devedor desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, e pedir perdas e
danos,
- Se for impossível voltar ao estado anterior, há somente indenização por perdas e danos.
“É a que contém duas ou mais prestações com
 OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA objetos distintos, da qual o devedor se libera
com o cumprimento de uma só delas, mediante
escolha sua ou do credor ou de terceiro”

DIREITO DE ESCOLHA – Art. 252, CC


• Do devedor – por força da lei, como regra geral.
• Do credor ou ao terceiro – havendo convenção das partes, nesse sentido
• Ao juiz – se o terceiro não puder ou não quiser realizá-la.
* A escolha é irrevogável e indivisível. Após a concentração, a obrigação torna-se simples.

§1°: um dos objetos da obrigação deve ser prestado por inteiro


§2°: Obrigação de prestações anuais, por exemplo. Ao final de cada ano, o devedor pode optar pelo cumprimento
de qualquer das obrigações

O prazo para escolha pode ser fixado no


contrato, se não for, deve-se notificar a outra
parte para constitui-la em mora.
 OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
“É espécie sui generis de obrigação alternativa. Trata‐se de obrigação simples, em que é
devida uma única prestação, ficando, porém, facultado ao devedor, e só́ a ele, exonerar‐se
mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. É obrigação com faculdade de
substituição. O credor só pode exigir a prestação obrigatória, que se encontra in obligatione. ”

Art. 800, CPC:


Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado
para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não
lhe foi determinado em lei ou em contrato.
§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo
determinado.
§ 2o A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor
exercê-la.
 OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
“As obrigações divisíveis são aquelas cujas prestações possibilitam cumprimento parcial;
indivisíveis, ao inverso, aquelas cujas prestações somente por inteiro podem ser cumpridas” - WBM

Divisibilidade e indivisibilidade nas modalidades de obrigação

• Obrigação de dar:
 Será divisível:
- Se for pecuniária (entregar dinheiro)
- Se for entrega de um certo número de bens da mesma espécie

 Será indivisível:
- Se for bem infungível
- Se for 1 bem indivisível
Divisibilidade e indivisibilidade nas modalidades de obrigação

• Obrigação de restituir:
Geralmente é indivisível. Deve-se devolver na íntegra o que foi emprestado, exceto se a outra parte concordar
em receber só uma parte.

 Obrigação de fazer:

 Divisível (quantidade) – prestação de um ato fungível ou relacionado à divisão do tempo.


ex.: digitar um trabalho de 100 páginas ou plantar 10 árvores.

 Indivisível (qualidade) – a prestação consiste num serviço dotado de individualidade própria.


ex.: pintar um quadro, fazer uma estátua.

 Obrigação de não fazer:


Em regra, é indivisível.
- Uma vez que se começa a fazer, descumpre-se a obrigação.
- Será divisível se a prestação consistir num conjunto de abstenções que não se relacionem entre si.
REGRAS
- Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
- Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por
sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico
- Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
- Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se
desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
- Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em
dinheiro a parte que lhe caiba no total.
- Art. 262. Se um dos credores remitir (= perdoar) a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a
poderão exigir, descontada (=devolvida) a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão
- Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1° Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2° Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
“Nesta classe de obrigações, concorrem vários credores, vários devedores ou vários
credores e devedores, tendo cada credor o direito de exigir e cada devedor o dever de prestar,
integralmente, as coisas, que são objeto da prestação” - Álvaro Villaça Azevedo

CARACTERÍSTICAS:
a) Pluralidade de credores (solidariedade ativa), de devedores (solidariedade passiva), ou de ambos (solidariedade mista
ou recíproca)
b) Integralidade da prestação – cada devedor responde pelo débito todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro.
c) Co-responsabilidade dos interessados:
- O pagamento feito por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos
outros as quotas de cada um.
- O recebimento por parte de um dos credores extingue o direito dos demais, embora aquele que recebeu o todo fique
obrigado, perante os demais, pelas parcelas de cada um.

REGRAS:
- Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com
direito, ou obrigado, à dívida toda.
- Art. 265, CC: a solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes.
- Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo,
ou pagável em lugar diferente, para o outro.
AS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS PODEM SER:

Solidariedade ativa:
• Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação
por inteiro.
• Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer
daqueles poderá este pagar.
• Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi
pago.
• Art. 272. O credor que tiver remitido (remissão = perdão) a dívida ou recebido o pagamento responderá
aos outros pela parte que lhes caiba.
• Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos
outros.
Solidariedade passiva:
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder
ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação
aos demais devedores.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à
concorrência da quantia paga ou relevada.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a
posição dos outros sem consentimento destes.
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente;
mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado
responde aos outros pela obrigação acrescida.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as
exceções pessoais a outro co-devedor.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar
da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente
por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na
obrigação incumbia ao insolvente.
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL E SOLIDÁRIA

1) Obrigação solidária: a unidade do objeto decorre de uma relação jurídica subjetiva (de pessoas).
Obrigação indivisível: a unidade do objeto decorre de uma relação jurídica objetiva (do próprio objeto).

2) Obrigação solidária: no caso de conversão em perdas e danos, o objeto permanece indiviso (já que a
solidariedade não desapareceu) – art. 271, CC
Obrigação indivisível: no caso de conversão em perdas e danos, o objeto perde a qualidade de indiviso (já que
o era pela sua natureza) – art. 263, caput, do CC

3) Obrigação solidária: em caso de morte do credor, extingue-se a solidariedade (o crédito reparte-se entre os
herdeiros); o objeto deixa de ser indiviso, já que o era por força da solidariedade agora extinta. Art. 270 (solid.
Ativa) e art. 276 (solid. Passiva)
Obrigação indivisível: em caso de morte do credor, o objeto permanece indivisível, já que o era por força de
sua natureza.
Transmissão
das
obrigações
Cessão de Crédito
“É o negócio jurídico bilateral pelo qual o credor (creditor) transfere ou aliena
a outra pessoa sua qualidade creditória junto ao devedor, implicando a
transferência do direito de crédito e de seus acessórios e de suas garantias.” -
Álvaro Villaça Azevedo

- Por regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão, constem de título ou não, vencidos ou por
vencer, salvo se a isso se opuser “a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor” (CC, art.
286).

‐ Pode ser total ou parcial e abrange todos os acessórios do crédito, como os juros e os direitos de
garantia (CC, art. 287).

• credor ou cedente - o que cede.


• cessionário ‐ o que recebe, adquire o crédito.
• não tem o devedor ou cedido necessidade de concordar; ele não participa do negócio jurídico.
*Entretanto, o devedor precisa ser cientificado ou notificado da cessão, para que esta tenha eficácia
com relação a ele, para que o devedor conheça seu novo credor (cessionário), para poder cumprir os
termos do negócio da cessão (art. 290, 1a parte).
Espécies de cessão de crédito:

Convencional — Resulta da declaração de vontade entre cedente e cessionário. Pode ser:


a) A título oneroso, hipótese em que o cedente garante a existência e titularidade do crédito no
momento da transferência;
b) A título gratuito, em que o cedente só é responsável se houver procedido de má-fé (CC, art. 295);
c) Total, abrangendo a totalidade do crédito;
d) Parcial, em que o cedente retém parte do crédito, permanecendo na relação obrigacional, salvo se
ceder também a parte remanescente a outrem. Caso o crédito seja cedido a mais de um cessionário,
dividir‐se‐á em dois, independentes um do outro.
Legal — Por força de lei.
Ex: devedor de obrigação solidária que satisfez a dívida por inteiro, sub‐rogando‐se no crédito (CC, art.
283), ou do fiador que pagou integralmente a dívida, ficando sub-rogado nos direitos do credor (CC, art. 831).

Judicial — A transmissão do crédito é determinada pelo juiz.


PROIBIDO ceder créditos que:

a) Pela sua natureza, não podem ser objeto de cessão as relações jurídicas de caráter
personalíssimo e as de direito de família.
b) Em virtude da lei, não pode haver cessão do direito de preempção ou pre‐
ferência (CC, art. 520), do benefício da justiça gratuita (Lei n. 1.060/50, art. 10), da
indenização derivada de acidente no trabalho, do direito à herança de pessoa viva (CC,
art. 426), de créditos já penhorados (CC, art. 298), do direito de revogar doação por
ingratidão do donatário (CC, art. 560).
c) Por convenção das partes pode ser estabelecida a impossibilidade de cessão do
crédito. Mas “a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa fé, se não constar do instrumento da obrigação” (CC, art. 286, segunda parte).
Responsabilidade do cedente em relação ao
cedido, a cessão de crédito pode ser:

• Pro soluto: Quando o cedente apenas garante a existência do crédito, sem responder pela solvência
do devedor. (título oneroso)

• Pro solvendo: Quando ocedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente. Portanto, o
cedente assume o risco da insolvência do devedor. (se expresso)

“Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao
cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas
cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.”
“Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.”
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA:
“É um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa
do credor, transfere a um terceiro, que o substitui, os encargos obrigacionais, de
modo que este assume sua posição na relação obrigacional, responsabilizando‐se
pela dívida, que subsiste com os seus acessórios”. – Carlos Roberto Gonçalves

“Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor,
ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o
ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida,
interpretando-se o seu silêncio como recusa.” (Código Civil 2002)
*A assunção de dívida ou cessão de débito não estava prevista no Código Civil de 1916.

- A assunção pode liberar o devedor primitivo ou mantê-lo “preso” ainda à obrigação, essa é uma opção das
partes, escolha do credor.
- O contrato pode proibir esse fenômeno (cessão de débito), hipótese em que o interessado poderá se opor a ela.
“Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção,
as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor”.
Cessão de posição contratual:
“É a transferência por uma das partes contratuais (cedente), com
consentimento do outro contraente (cedido), para um terceiro (cessio‐
nário), do complexo de posições ativas e passivas criadas por um contrato”.

*Não foi regulamentada no CC.


- Denominada também de cessão de contrato / alienação de contrato / venda de contrato / transferência
de contrato / transferência da relação jurídica (por Pontes de Miranda).
- Ao transferir uma posição contratual, há um complexo de relações que se transfere: débitos, créditos,
acessórios, prestações em favor de terceiros, deveres de abstenção, entre outras.

Existe grande número de transferência de posição contratual no campo da venda em geral, no contrato
de fornecimento, locação, transporte, empreitada, seguro, sociedade, financiamento para construção.
EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:
É a maneira pela qual a obrigação se cumpre.
*PAGAMENTO = “O cumprimento da obrigação, também denominado pagamento ou solução do débito, é a
execução da prestação pelo devedor na forma estabelecida no ato jurídico ou na lei, de acordo com as normas
fixadas quanto ao modo, tempo e lugar de sua realização” – Arnoldo Wald

QUEM DEVE PAGAR?


1. Interessados na extinção obrigacional: devedor ou terceiros (que podem ter seu patrimônio afetado caso não
haja o pagamento). Soendo somente considerado interessado quem possui interesse jurídico na extinção da
dívida.

- O pagamento feito por terceiro interessado faz com que ele fique sub-rogado nos direitos do credor.

2. Terceiros não interessados: Não têm interesse jurídico, mas podem ter interesse moral (decorrente de
parentesco ou amizade).

- Pode pagar em nome do devedor, neste caso não pode cobrar do devedor o que pagou (como se fosse uma
doação, sem direito a reembolso), OU pode pagar em seu próprio nome, neste caso tem o direito a se reembolsar
do devedor, mas não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305, CC).
* Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento (art. 305, § único, CC).
A QUEM SE DEVE PAGAR? (accipiens)

Em regra, quem deve receber a prestação é o credor.


 Aquele a favor de quem foi originariamente constituído o crédito
 Seus sucessores causa mortis (herdeiro, na porção do seu quinhão hereditário) ou inter vivos (cessionário do
crédito, sub-rogado nos direitos creditórios)
Obrigação ao portador: é credor quem apresentar o título.

 Pagamento feito a terceiro desqualificado:


- Se o pagamento não for feito para o credor ou para seu legítimo representante, será inválido.
Somente terá validade se:
a) O credor ratificar o pagamento;
b) O pagamento aproveitar ao credor, ou seja, reverter a seu favor. Mas só será válido até o montante do benefício.
c) c) Pagamento feito de boa-fé ao credor putativo
Segundo CRG, credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. É aquele
que aparenta ser credor, como é o caso do herdeiro aparente
- Dois requisitos: boa-fé do solvens e escusabilidade do erro.
- O credor verdadeiro deve cobrar do falso accipiens (credor putativo).
Hipóteses em que o pagamento não valerá, mesmo que tenha sido feito ao
credor: (o solvens não se liberará)

A) Quando o devedor, ciente, efetua o pagamento para credor incapaz de quitar. O pagamento só será válido
se o devedor provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz.
Em regra, o pagamento feito ao absolutamente incapaz é nulo e o realizado em mãos do relativamente
incapaz pode ser confirmado pelo representante legal ou pelo próprio credor se cessada a incapacidade (CC, art.
172).
- A quitação exige a capacidade, se não, o pagamento não vale. Porém, provado que reverteu em proveito do incapaz,
cessa a razão da ineficácia.
*Será inválido somente o pagamento cientemente feito ao credor incapaz. / Se tiver dolo do credor, por ocultar
maliciosamente sua idade, será válido o pagamento!
B) Se o credor estiver impedido legalmente de receber, por estar o crédito penhorado ou impugnado por
terceiro.
“Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta
por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando -lhe ressalvado o
regresso contra o credor.”

- Será válido o pagamento feito ao representante do credor, seja o representante legal (pai, tutor, curador), judicial
ou convencional, com poderes para receber e dar quitação.
LUGAR DO PAGAMENTO?
Por regra geral, o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor (dívida quesível). Mas se ficar
estipulado que o devedor deverá cumprir a obrigação no domicílio do credor, a dívida será portável.
“Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.”

TEMPO DO PAGAMENTO?

Quando as partes ou a lei não fixam um prazo para o pagamento ou uma condição, a obrigação é
chamada de pura. Mas, se tiver prazo fixado, a obrigação é a termo.
‘Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o
credor exigi-lo imediatamente.”
“Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao
credor a prova de que deste teve ciência o devedor.”
PRESUNÇÃO EM FAVOR DO DEVEDOR:

 Nos contratos, o prazo se presume estabelecido em favor do devedor (CC, art. 133). Assim, se ele quiser, poderá
antecipar o pagamento.
Como é visto nos atigo:
“Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor,
salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do
credor, ou de ambos os contratantes.”

 Se o prazo for estipulado em favor do credor, ele pode não aceitar o pagamento antecipado, por preferir, por
exemplo, continuar recebendo os juros fixados a uma taxa conveniente até́ o dia do vencimento da obrigação.

* Será obrigado a aceitá-lo, porém, e com redução proporcional dos juros, se o contrato for regido pelo Código
de Defesa do Consumidor – Lei 8078/90 (art. 52, § 2o).
“Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento
ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução
proporcional dos juros e demais acréscimos.””
MODO DO PAGAMENTO

O objeto do pagamento é a prestação.


A obrigação deve ser cumprida por inteiro, ainda que tenha objeto divisível, se não se
convencionou o pagamento por partes, segundo diz o art. 314 do CC.
‐ As dívidas em dinheiro “deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal,
salvo o disposto nos artigos subsequentes” (art. 315), que preveem a possibilidade de corrigi‐lo
monetariamente.
*O objeto dessa prestação é o próprio dinheiro, como ocorre no contrato de mútuo. Quando o
dinheiro não constitui o objeto da prestação, mas apenas representa seu valor, diz‐se que a dívida é
de valor.
O CC adotou o princípio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor
nominal que lhe atribui o estado no ato da emissão ou cunhagem.

O credor de coisa certa não é obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa (art. 313).
PROVA DO PAGAMENTO
- A prova do pagamento é a quitação.
- O recibo é o instrumento da quitação.
- O ônus da prova do pagamento é do devedor, exceto na obrigação de não fazer, em que é do credor.

A quitação deverá conter:


“Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da
dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura
do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou
das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida”.

Presunções de pagamento:
O CC estabelece três presunções, que facilitam a prova do pagamento, dispensando a quitação:
a) quando a dívida é representada por título de crédito, que se encontra na posse do devedor;
b) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última; e
c) quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos (arts. 322, 323 e 324).

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