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30 DE NOVEMBRO DE 2016


Debêntures Incentivadas

Estamos tendo no mercado uma série de emissões de debêntures


incentivadas.

A onda de investimentos em infraestrutura é fortemente esperada para


2017, e, muito provavelmente, falaremos sobre várias opções de
investimentos desse tipo ao longo do ano.

Fiquem ligados.

Hoje, quero falar sobre uma opção interessante para o investidor mais conservador, mas que,
mesmo assim, gosta de investir em títulos privados.

A corretora Itaú está oferencendo a seguinte opção, que pode ser um bom investimento para se ter
na carteira de renda fixa:

Debênture incentivada – Comgás

A emissão é de R$ 500 milhões, ou seja, é uma emissão grande, comparada às que geralmente
aparecem nas corretoras.

O rating da emissão é AAA pela Fitch. Esse rating é o mais alto grau de “bom pagador” que existe na
escala das agência.

Na tabela abaixo podemos ver como elas classificam os ativos, ou seja, segundo a Fitch, a emissão
tem um risco mínimo de inadimplência e é destinada exatamente àqueles investidores que não
estão dispostos a correr tanto risco.

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Como tudo na vida, isso tem um lado bom e outro ruim. Risco baixo quer dizer taxa baixa. Se você
não está correndo um grande risco, não precisa ser remunerado por um retorno muito alto.

Para essa emissão, a taxa máxima paga será a mesma da NTNB de duration similar. Ou seja, a NTNB
que tem vencimento parecido.

O vencimento da debênture em questão é em 15 de dezembro de 2023.

Assim, a NTNB correspondente seria a NTNB 2023 também. O bookbuilding coletará todas as taxas
ofertadas e pegará as menores possíveis, em razão do volume que ele quer colocar.

Essa taxa, porém, será limitada por um teto até a taxa correspondente da NTNB 2023.

Aí você se pergunta: ela pagará um juros igual ao do governo? Isso faz sentido, uma vez que ela é
uma empresa e corre um risco maior?

O pulo do gato é que ela é uma debênture de infraestrutura, e, portanto, é completamente isenta
de Imposto de Renda.

Por isso, a isenção faz com que a taxa suba para algo como NTNB 2023 + 1,7%.

E isso sim faz dela uma boa emissão.

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Claro que não sabemos ainda qual é a taxa de fato com que ela vai ser emitida, e pode ser que o
bookbuilding acabe saindo com a taxa ainda mais fechada.

Até 0,5% abaixo da NTNB 2023, ainda seria um investimento ok!

Não precisamos falar muito da empresa, que é conhecida por ter baixa alavancagem e lucro
constante e com pouca volatilidade.

Mas, vamos aos números:

A empresa segura R$ 1,39 bilhão em caixa, o que dá um bom conforto ao credor.

Sua dívida de curto prazo está em R$ 500 milhões, e a dívida total em quase R$ 3 bilhões.

O lucro antes de IR, depreciação e juros, que é o disponível para o pagamento de despesas
financeiras, e que seria uma proxy do que a empresa gera para poder pagar o credor, é cerca de 1/4
da sua dívida líquida (descontando o caixa).

A esse índice damos o nome de: dívida líquida/ Ebitda.

No caso, ele tem um índice levemente abaixo de 2. O que é bem conservador.

Geralmente, empresas alavancadas giram acima de 3,5x.

Quando esse índice sobe demais, a empresa pode começar a ter dificuldades em honrar com o
pagamento de juros e principal.

Mas, definitivamente, não é o caso da Comgás.

Sobre a rentabilidade, a empresa é praticamente um reloginho. O seu ROE (Return on Equity) gira em
torno de 20%, o que é um ótimo retorno (bem acima do CDI), chegando às vezes a números como
30% e 40%.

Ou seja, estamos longe de ter problemas de falência ou algo assim. A empresa é lucrativa.

Resumindo, podemos ficar tranquilos com os números da Comgás, e não por outro motivo ela
recebe o rating AAA.

Quanto ao vencimento e ao indexador, ela vai bem em linha com a “aposta” de curva de juros que
estamos fazendo em renda fixa.

O ciclo de queda dos juros deveria beneficiar títulos prefixados, indexados e, de preferência, com
vencimentos mais longos.

Até 2023 teríamos bastante tempo para o BC fazer um ciclo de queda de juros tranquilo e
duradouro, uma vez que as reformas fossem aprovadas e a desinflação até o centro da meta de
4,5% acontecesse.

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Se as taxas de juros caírem, as taxas dessa debênture também cairiam, mantendo o spread de
crédito constante, e, assim, como nos títulos públicos, você poderia ganhar com a marcação a
mercado.

O período de reserva dessa emissão vai até amanhã, 1o/12/2016. Portanto, se você se interessou
pelo papel, corra para se informar.

Basta você procurar uma corretora que esteja participando da emissão (Itaú, Bradesco ou BB),
colocar seu pedido e aguardar o dia seguinte, que será o bookbuilding.

Lembrando que debêntures são menos líquidas que títulos públicos; então, se você tem interesse
em entrar na emissão, imagine que, muito provavelmente, você terá de segurar o título até o
vencimento.

Vender de forma antecipada no mercado secundário é totalmente possível, mas pode demorar
alguns dias para achar um comprador interessado, e, principalmente, que esteja disposto a pagar o
preço justo que você gostaria de receber.

O Tesouro Direto acaba tendo mais liquidez, e permitindo a você vender o título diariamente, ao
preço justo.

Enfim, acho essa uma boa oportunidade para carteiras conservadoras. A isenção do IR acaba
tornando o papel atrativo, além do vencimento e indexador estarem em linha com nossas carteira
sugerida.

É uma forma segura de dar um boost na sua rentabilidade.

Boas compras!

Marília Fontes, CNPI.

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