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A lei 14.

122/20 alterou a Lei de Falências e


de Recuperação Judicial (lei 11.101/05),
modificando vários institutos e introduzindo
novos conceitos, tal como a insolvência
transnacional, além de alterar a lei que trata
do parcelamento de dívidas tributárias. Em
relação à recuperação extrajudicial, a lei
14.122/20 aprimorou o instituto, tornando-o
mais célere e eficiente, conforme veremos
em seguida.

A recuperação extrajudicial é uma


alternativa prévia à recuperação judicial,
pois pressupõe uma situação financeira e
econômica compatível com uma
renegociação parcial, envolvendo credores
selecionados, aos quais o devedor propõe
A realidade tem demonstrado que credores e
novas condições de pagamento. Nesse
devedor procuram com frequência
modelo da recuperação extrajudicial torna-
regularizar seus negócios
se desnecessária a participação de todos os
extrajudicialmente. Esses acordos têm na
credores e a realização de assembleia geral
informalidade, na rapidez e na discrição as
para aprovar o plano
suas principais vantagens, especialmente se
comparados ao formalismo e à morosidade
das lides forenses.
Na recuperação extrajudicial, o devedor,
para resolver problemas de liquidez, propõe
Apesar de o legislador ter dado ampla a seus credores, na maioria dos casos,
liberdade para as partes sobre o conteúdo remissão parcial do débito ou dilação do
do acordo extrajudicial, há uma questão prazo de pagamento. Esse procedimento –
importantíssima que diz respeito à ineficácia extremamente simples – tem por finalidade
dos atos elencados no art. 129 da lei dar transparência e segurança às
11.101/05. Note-se que os incisos II e III negociações, desde que seja garantido aos
abrigam hipóteses que podem ser utilizadas credores de mesma classe, tenham ou não
nos planos de recuperação extrajudicial, aderido ao contrato, as mesmas condições
como o pagamento de dívidas de forma não de prorrogação de prazo de vencimento ou
prevista pelo contrato ou a constituição de redução percentual do passivo.
direito real de garantia. Os créditos não atingidos pela
Recuperação Extrajudicial.

A lei 14.112/20 alterou a redação do artigo


131, para afastar a ação revocatória
também dos acordos celebrados nos planos Ajuizado o pedido de recuperação
de recuperação extrajudicial, pois o texto extrajudicial, o juiz determinará a publicação
anterior só impedia a declaração de de edital eletrônico, convocando os credores
ineficácia no plano de recuperação judicial. para, querendo, impugnarem o plano (art.
164, com redação conferida pela lei
14.112/20).

A lei 14.112/20 modificou essa norma,


permitindo a inclusão do crédito trabalhista A redação original da lei 11.101 exigia a
e por acidente de trabalho na recuperação publicação do edital no diário oficial e em
extrajudicial, desde que haja negociação jornal de grande circulação nacional ou das
coletiva com o sindicato da respectiva localidades da sede e das filiais do devedor.

categoria profissional. Alteração na


remuneração dos trabalhadores é possível,
desde que prevista em convenção ou acordo
coletivo, na forma do disposto no artigo 7,
VI da Constituição da República.

Em síntese, a lei 14.112/20 trouxe


inovações positivas para o regramento da
recuperação extrajudicial.

O art. 131 passa a ter nova redação para


que, também na recuperação extrajudicial,
ao lado da judicial, sejam eficazes e não
atingidos pela revocatória os atos elencados
nos incisos I a III e VI do art. 129.

A nova lei altera o parágrafo 1º do art. 163,


para permitir a sujeição de créditos de
natureza trabalhista e acidentária na
recuperação extrajudicial, desde que haja
negociação coletiva com o sindicato da
respectiva categoria profissional.

Além disso, reduz o quórum de aprovação


do art. 163 para metade dos créditos de
cada classe, em vez do quórum anterior de
3/5.

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