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RESENHA DA OBRA INTITULADA “RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

E FALÊNCIA” DE EDSON ALVISI E DONES NUNES.


REVIEW OF THE WORK TITLED “BUSSINESS RECOVERY AND
BANKRUPTCY” BY EDSON ALVISI AND DONES NUNES.

Ákllalins Furtado Silva


Fernanda Patrynni de Souza Grijó Freire
Isabel Oliveira de Moraes
Juliana Correia Honorato
Mara Juliana Soares Marques Fontineles
Rafaella Martins Maia
Vládia Costa Pereira¹

RESUMO
Esta é uma resenha do livro “Recuperação de Empresas e Falência” Capítulos
1 e 2. Este livro é de autoria de: Edson Alvisi e Dones Nunes. O livro aqui
resenhado foi publicado pela editora " Instituto de Pesquisa e Estudos da
Empresa, Direito e Sociedade ", no Ano 2021, 1ª Edição.

INTRODUÇÃO
O sistema de recuperação no direito brasileiro abrange a recuperação
extrajudicial, a recuperação judicial e a organização dos órgãos envolvidos. A
recuperação extrajudicial é de natureza contratual, com diferentes modalidades
e acordos que são homologados pelo juiz. Ambos os tipos de recuperação
visam reabilitar empresas em dificuldades financeiras, mas nem todas as
dívidas podem ser incluídas nos planos. Além disso, a recuperação judicial é
um processo mais detalhado com um papel ativo do magistrado, enquanto a
recuperação extrajudicial oferece mais flexibilidade. Os órgãos da recuperação
judicial, como a Assembleia-Geral de Credores, o Comitê de Credores e o
Administrador Judicial, desempenham papéis essenciais na reorganização
financeira e na conformidade com a legislação. Esses mecanismos têm sido
cruciais para a estabilidade e a viabilidade das empresas em dificuldades no
Brasil.
A metodologia adotada neste estudo consiste em realizar uma resenha
descritiva da obra "Recuperação de Empresas e Falência" de Edson Alvisi e
Dones Nunes. A resenha descritiva é uma abordagem qualitativa que visa
resumir e descrever o conteúdo da obra, destacando os principais conceitos,
argumentos e informações relevantes relacionados ao tema da recuperação de
empresas. A obra selecionada servirá como fonte principal de informações para
atender aos objetivos específicos do estudo.

¹ Graduandas em Direito pela Faculdade de Ciências e Educação Sena Aires – FACESA


O estudo provavelmente consistirá em uma análise detalhada do
conteúdo da obra, com ênfase nos aspectos conceituais, requisitos,
legitimidade, natureza dos credores, órgãos envolvidos e outros tópicos
relevantes relacionados à recuperação de empresas. A resenha descritiva
permitirá aos pesquisadores apresentar uma visão geral abrangente do
assunto, com base na obra selecionada.

RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

1. Requisitos para Homologação


1.1. Requisitos subjetivos
O capítulo, de forma eficiente, demonstra haver no art. 48 da LREF
elementos cruciais a ser preenchido pelo devedor que pretende “propor e
negociar com credores plano de recuperação extrajudicial”. Já no art. 161 da
mesma norma, os elementos subjetivos só serão devidos para a homologação
do plano de forma judicial. Da seguinte forma:

Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48


desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de
recuperação extrajudicial.
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que,
no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais
de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,
cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por
sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí
decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de
recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de
recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção
V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador
ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes
previstos nesta Lei.

Cabe salientar que, na forma subjetiva, o devedor não poderá ter


pendência de solicitação de recuperação judicial, ou mesmo ter conseguido tal
pedido há menos de dois anos. Contudo, não há empecilhos nos casos de
indeferimento de plano de recuperação judicial. Por último, existe a
possibilidade de dispensa da homologação que se refere a ocasião em que o
devedor resolve suas pendências com seus credores.

1.2. Requisitos objetivos

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O capítulo aduz de forma pertinente, outro item importante para a
homologação em juízo, que se refere ao requisito objetivo, ligado ao conteúdo,
às questões operacionais e às procedimentais, constantes no plano. Não há
um artigo específico que trate deste requisito, pois ele está regulamentado no
decorrer do capítulo que discorre sobre a Recuperação Extrajudicial na LREF.

Contudo, percebe-se os dois primeiros requisitos objetivos no art. 161,


§2º, da LREF, o qual dispõe que: “O plano não poderá contemplar o pagamento
antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não
estejam sujeitos.” Outro requisito é visto no §1º do art. 163, da lei citada, a qual
diz que o projeto de recuperação extrajudicial abrangerá os credores de
créditos já determinados à data da solicitação de homologação.

Outros dois dispositivos referentes aos requisitos objetivos, podem ser


encontrados no §4º do art. 163, o qual denota que haverá a minoração da
garantia ou sua substituição em caso de anuência declarada pelo credor titular
da referida garantia, nos casos de alienação de bem objeto de garantia real. E
por último, tem-se o quinto requisito encontrado no §5º, art. 163 da LREF, que
discorre sobre as possibilidades de o plano englobar créditos em moeda
estrangeira afastando a variação cambial.

2. Credores Excluídos

O texto aborda a temática da recuperação extrajudicial e os tipos de


dívidas que podem ser sujeitas a esse processo. A recuperação extrajudicial
consiste em um procedimento concursal com o intuito de reorganizar a situação
financeira de uma empresa em crise, possibilitando que ela estabeleça
negociações com seus credores para criar um plano de superação das
adversidades econômicas. No entanto, é enfatizado no texto que nem todas as
categorias de dívidas podem ser abarcadas por esse plano.

Dentro desse contexto, o texto menciona duas notáveis exceções em


relação aos tipos de crédito que não podem ser englobados na recuperação
extrajudicial. A primeira exceção se refere aos créditos tributários, ou seja, as
obrigações fiscais da empresa. Isso ocorre devido ao fato de que esses
créditos são regulamentados por leis de caráter público, só podendo ser
perdoados ou renegociados mediante legislação específica. Portanto, os
credores com dívidas fiscais estão excluídos do processo de recuperação
extrajudicial.

A segunda exceção diz respeito aos credores que detêm a posição de


proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, arrendadores mercantis,
proprietários ou promitentes vendedores de imóveis cujos contratos contenham
cláusulas de irrevogabilidade ou irretratabilidade. Esses tipos de credores

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também não têm permissão para fazer parte do plano de recuperação
extrajudicial.

O texto sublinha a importância de compreender essas exceções, uma


vez que a recuperação extrajudicial representa uma ferramenta crucial para
empresas em dificuldades financeiras, embora nem todos os credores possam
ser incluídos nesse procedimento. A exclusão dos credores com dívidas fiscais
é especialmente justificada devido à natureza específica das obrigações fiscais,
que são reguladas de forma distinta em relação às dívidas comerciais.

Em resumo, o texto oferece informações pertinentes sobre a


recuperação extrajudicial e as exceções relacionadas aos tipos de dívidas que
podem ser objeto desse processo, ressaltando a importância de compreender
as particularidades desse procedimento para empresas enfrentando desafios
financeiros.

3. Processamento
É por diversas variáveis que o plano de recuperação poder ser
entendido. Para fins de didático e com o intuito de ilustrar quanto ao objetivo do
primeiro estudo que são as homologações do plano e conceitos de operações,
requerimento de homologação, efeitos da sentença de recuperação
extrajudicial.
Ainda no âmbito explicativo, a homologação deste plano será facultativa
ou obrigatório-necessária. Tal tema é controverso e bastante relevante para
estudarmos as suas variantes. De acordo com Fabio Ulhoa e o professor
Amado Paes seguem o mesmo entendimento sobre o plano facultativo, que
ocorrerá quando a adesão ocorrer por parte de todos os credores.
São duas razões que Fabio Ulhoa admite que levam o devedor a
requerer a homologação: a reversão do ato que obtém a maior solenidade e a
possibilidade de alienação por leilão judicial de suas filiais, quando a medida
estiver prevista. A segunda razão alude o art. 166, LERF05, que diz sobre
quando houver a prevenção de alienação de filiais a venda dar-se á por hasta,
contudo será necessária a homologação judicial do plano.
Quando se tratar de plano facultativo, o seu requerimento se dará,
quando da apresentação do devedor ao Juízo uma justificativa para a tal
recuperação e juntamente com documentos comprobatórios que contenham
termos e condições deste plano.
De acordo com professor Ulhoa, será estendido aos minoritários
referidos no plano e extraindo-se a necessidade da adesão voluntária, quando
se tratar da homologação judicial da recuperação extrajudicial. A
obrigatoriedade da homologação se dará quando o endividado não conseguir a
totalidade das adesões de seus credores, entretanto será necessário ao menos
3/5 dos credores tenham aceitado o plano.

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Após o recebimento do plano pelo Juiz, será determinado o rito de
acordo com o art. 164, LREF, seja ele facultativo ou obrigatório. Havendo
credores no exterior, os mesmo deverão enviar cartas, no prazo contido no
edital, com informações sobre a divisão do pedido da homologação, condições
e prazos para impugnação. O edital deverá ser publicado em site com própria
destinação de recuperação e ou falência do devedor conforme alude art. 191,
LREF.
Art. 164. Recebido o pedido de homologação do
plano de recuperação extrajudicial previsto nos arts. 162 e
163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de edital
eletrônico com vistas a convocar os credores do devedor
para apresentação de suas impugnações ao plano de
recuperação extrajudicial, observado o disposto no §3º
deste artigo (BRASIL, 2005).
Segundo o professor Negrão, caso o pedido seja indeferido, os credores
obtém o direito de solicitar o valor sem alteração e original. Ou seja, não há
impedimento relacionado apresentação de um novo pedido, desde que se
afaste a causa que levou o pedido a denegação segundo prevê LREF, art. 165,
§2º.
É possível que ocorra no plano, forma diversa que produza seus efeitos
imediatamente, antes da homologação judicial, no entanto a recuperação a que
estamos tratando, gera efeitos pós homologação judicial no art. 165, caput,
LREF114.
4. Desistência de Adesão
O texto aborda a questão da desistência de um credor em relação à sua
adesão a um plano de recuperação extrajudicial sob a Lei de Recuperação de
Empresas e Falência (LREF). Desde 2005, a LREF tem desempenhado um
papel importante na resolução de controvérsias jurídicas relacionadas a esse
assunto.
A questão central envolve a possibilidade de um credor que inicialmente
adere a um plano de recuperação extrajudicial posteriormente desistir dessa
adesão. O texto faz referência ao artigo 161, parágrafo 5 da LREF, que estipula
que, "após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão
desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais
signatários." Isso indica que, após a distribuição do pedido de homologação, a
retirada de um credor requer o consentimento de todos os outros credores
envolvidos no plano.
O autor do texto concorda com essa interpretação jurídica e argumenta
que a concordância tanto do devedor quanto de todos os credores é um
requisito fundamental para que a desistência de um credor seja considerada
válida e eficaz. Isso se deve ao fato de que o plano de recuperação
extrajudicial deve ser considerado como um todo, e a saída de um único credor
poderia ter um impacto substancial sobre o plano como um todo.

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Além disso, o texto ressalta que não é apropriado interpretar o artigo
161, parágrafo 5 da LREF de maneira a permitir que qualquer credor desista
unilateralmente de sua adesão antes da distribuição do pedido de
homologação do plano.
Em resumo, o texto oferece uma análise jurídica sobre a possibilidade
de um credor desistir de sua adesão a um plano de recuperação extrajudicial
de acordo com a LREF, destacando a importância da concordância de todos os
envolvidos após a distribuição do pedido de homologação. Isso contribui para
esclarecer um ponto de disputa nas questões legais relacionadas à
recuperação extrajudicial de empresas.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

1. Natureza
A Lei n. 11.101/2005 contempla a recuperação judicial que sua natureza
pode ser definida como constitucional, civil empresarial, processual, financeira
ou tributária e trabalhista.
No âmbito constitucional, a recuperação judicial tem o objetivo de
preservar o valor social do trabalho, apontando que a preservação da empresa
é um fato que auxilia no desenvolvimento do país através da livre concorrência,
já que a empresa mantém empregos e em diferentes setores da economia
produz bens e serviços.
Do ângulo civil empresarial, a superação da crise econômica e financeira
são o caminho para devedor e credores encontrarem a solução de débitos e
créditos de várias espécies, dessa forma, o art. 47 da LREF tem por objetivo de
função social preservar a empresa. Como pode-se conferir:

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Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo
viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.
Nesse sentido, o capitulo prevê a importância de tornar a manutenção
social da empresa concreta, devendo as empresas efetivas serem objeto de
recuperação. No art. 50 da LREF podemos conferir os meios possíveis:
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial,
observada a legislação pertinente a cada caso, dentre
outros:
I – concessão de prazos e condições especiais para
pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de
sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão
de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos
termos da legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do
devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em
separado de administradores e de poder de veto em
relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento,
inclusive à sociedade constituída pelos próprios
empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e
redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do
passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou
de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a
débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a

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data da distribuição do pedido de recuperação judicial,
aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem
prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico
para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do
devedor.
XVII - conversão de dívida em capital social;
XVIII - venda integral da devedora, desde que garantidas
aos credores não submetidos ou não aderentes
condições, no mínimo, equivalentes àquelas que teriam
na falência, hipótese em que será, para todos os fins,
considerada unidade produtiva isolada.
Do ponto de vista processual a recuperação resulta obrigatoriamente do
processo, sendo um procedimento especial devendo ser interpretado a partir
dos princípios e valores constitucionais.
Na visão do âmbito financeiro ou tributário, registram a necessidade que
o devedor tem de expor as certidões negativas de débitos tributários, de acordo
com os arts. 151, 205 e 206 do Código Tributário Nacional, observamos que o
art. 57 da LREF também registra tal condição, mas, existem doutrinas que
consideram a condição inconstitucional, visto que, não existia uma regra para o
parcelamento especial na recuperação judicial, que foi flexibilizado após a Lei
n. 13.043/2014, dispensando a certidão negativa de débitos e suspendendo a
execução fiscal.
No último ângulo de definição da natureza da recuperação judicial temos
o ponto trabalhista, esse é abordado em: conflitos de competência, negociação
dos empregados, dilação de prazos para pagamento da dívida e a sucessão
trabalhista.
Observamos que nosso autor destaca que é essencial a recuperação
judicial para a preservação da empresa, entendendo que a empresa não é
apenas um meio de lucro para as capitais, mas, uma instituição que atende
interesses de empregados, acionistas e comunidade, promovendo o
desenvolvimento econômico e social do país.
2. Legitimidade
O devedor é o legitimado para instaurar o processo de recuperação
judicial. Credores ou empregados do devedor, sindicatos ou órgãos
governamentais não poderão iniciar o processo de recuperação.

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A possibilidade de uma figura distinta do credor fazer o pedido de uma
recuperação judicial chegou a ser levantada na Câmara dos Deputados, porém
a autorização foi removida, pois conclui-se que essa autorização seria um
pedido de falência indireto, podendo o devedor ter uma maior possibilidade de
falir ao ser surpreendido por um processo pelo qual não planejou.
O parágrafo único do artigo 48 da Lei de Recuperação de Empresas e
Falências diz que o pedido de recuperação judicial se estende ao cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor ou inventariante, no caso de ser
empresário individual falecidos bem como aos sócios remanescentes, quando
se tratar de sociedade empresária.
A LREF, em sua art. 2º excluiu alguns sujeitos da recuperação judicial e
falência: a) Empresa pública e sociedade de economia mista;
b) Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito,
consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de
plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Este rol é exemplificativo e cheio de controvérsias. Ao menos três
observações devem ser feitas sobre o artigo citado.
A primeira está relacionada às Empresas individuais de responsabilidade
limitada (EIRELI). A LREF não antevê sua aplicação à EIRELI. A Reforma
introduzida pela Lei n. 14.112/2020 não consolidou sobre o tema. Assim sendo,
não há razão para retirar a EIRELI desta possibilidade.
A segunda observação relaciona-se à proibição de falência por
empresas públicas e sociedades de economia mista. Existem algumas
perspectivas que tratam sobre o assunto.
• A primeira perspectiva é a constitucional que preconiza pela
possibilidade de as empresas estatais falirem se justifica pelas
incoerências entra a LSA e a Constituição Federal. Amparam que,
caso as empresas estatais estivessem distantes das
possibilidades de falência, estas adquiririam maior vantagem na
disputa. Contudo, a LREF derrubou tal argumento, instituindo a
impossibilidade de aplicação da lei às empresas públicas.
• A perspectiva do serviço público sugere a impossibilidade de as
empresas estatais falirem utilizando-se da justificativa do princípio
da continuidade do serviço público. Sendo que as estatais que
prestassem serviços públicos não poderiam falir e as que
desempenhassem atividades financeiro-econômicas estariam
aptas para tal.
• A perspectiva pragmatista (José Vicente Santos Mendonça – tese
de doutorado), traz que é impossível a falência de empresas
estatais., justificando-se nas dinâmicas pragmáticas das
instituições que envolvem a falência. Concluindo pela
impossibilidade da falência para tais empresas.

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A terceira observação refere-se à possibilidade de sociedades simples
fazerem uso da recuperação judicial e falência. Há dois posicionamentos a
respeito.
Por um lado, Fabio Ulhoa Coelho e Geraldo Fonseca discordam de tal
possibilidade, argumentando que somente empresários podem recuperar.
Por outro lado, Alvisi, Ayoub, Cavalli, Tomazette, Campinho e Filho
concordam com tal possibilidade, argumentando que para preservar a função
social da propriedade e empresa, rejeitando tal formalismo e defendendo a
permissão para associações fazerem uso deste instituto, tendo encontrado
amparo na jurisprudência atual.
Para finalizar, cabe destacar as inovações trazidas pela Lei. N.
14.112/2020 relacionadas a grupo econômico, a consolidação e ao produtor
rural.
A primeira inovação foi a obrigação do devedor indicar o grupo
societário, de fato ou de direito, nos termos do art. 51, II, e da LREF.
A segunda inovação está relacionada à consolidação processual e à
consolidação substancial, nos termos do art. 69-G. A consolidação denota a
possibilidade de deferimento em conjunto de que os devedores dos grupos
econômicos, uma vez que atenda certos requisitos previstos na LREF para
solicitar recuperação judicial.
A terceira inovação foi a possibilidade de o produtor rural solicitar a
recuperação judicial, desde que não exceda 4,8 milhões.
3. Requisitos
A recuperação extrajudicial compartilha o mesmo propósito da
recuperação judicial, que é a reabilitação da empresa em crise. No entanto, na
recuperação judicial, existem procedimentos mais detalhados e o magistrado
desempenha um papel mais ativo, conforme estipulado, por exemplo, a Lei n°
11.101/2005, em seus artigos de 161 a 167, viabiliza a possibilidade de que o
devedor empresário, enfrentando dificuldades financeiras, possa negociar
diretamente com seus credores um acordo que lhe permita levantar-se
financeiramente novamente, estabelecendo um plano de recuperação
extrajudicial, que estabelece as diretrizes para a recuperação judicial de
empresas.
“Em última análise, é fundamental que não haja
uma solicitação pendente de recuperação judicial, ou seja,
o devedor não está autorizado a buscar simultaneamente
tanto a recuperação judicial quanto a extrajudicial. No
entanto, nada impede que ele desista da recuperação
judicial em conformidade com as regras legais e busque
um acordo extrajudicial para homologação, desde que
esses dois processos não se sobreponham. (Tomazette,

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Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 3 - 10ª edição,
2022 (pp. 457-458). Saraiva Jur. Edição do Kindle).”
Para a recuperação extrajudicial, é imprescindível atender a certos
requisitos legais fundamentais, a saber:
- Não ter sido condenado, nem ter alguém condenado por crimes
relacionados à falência, atuando como administrador ou sócio controlador.
- Não ter sofrido a declaração de falência.
- Possuir experiência na condução de atividades empresariais por
um período superior a dois anos.
- Não estar com um pedido de recuperação judicial pendente.
- Não ter obtido a homologação de recuperação extrajudicial nos
últimos dois anos. - Não ter se beneficiado de uma recuperação judicial nos
últimos dois anos.
Sendo assim, é de extrema importância que o empresário siga alguns
requisitos pessoais para solicitar a recuperação extrajudicial, são elas:
- O devedor precisa estar exercendo a atividade empresarial de
forma legal e regular.
- O devedor deve ser um empresário.
- Para produção e circulação de bens e serviços, conforme o artigo
966 do código civil exige, o devedor deve operar uma atividade econômica
organizada.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem
exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa.
4. Órgãos
O texto escrito por Alvisi e Nunes, aborda os principais órgãos
envolvidos no processo de recuperação judicial no contexto judicial no Brasil.
São três os principais órgãos da recuperação no cunho judicial no exterior da
estrutura do Estado: a Assembleia-Geral de Credores (AGC), o Comitê de
Credores e o Administrador Judicial. Esses órgãos desempenham papéis
cruciais na reorganização financeira de empresas em dificuldades e no
cumprimento da legislação de recuperação e falência.
4.1. Assembleia-Geral de Credores (AGC)

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Os autores informam que se trata do órgão deliberativo e colegiado que
tem como responsabilidade a exteriorização do interesse. Mencionam que,
embora seja de grande importância, é inexistente na variante especial do modo
de recuperação judicial. Eles descrevem que sua convocação é capaz de ser
realizada por um juiz nas possibilidades legais, assim como pelos próprios
credores, desde que a somatória dos créditos representem no mínimo 25 % do
valor total das obrigações do devedor em processo de recuperação. Os autores
também mencionam que as instâncias de decisão da AGC incluem as classes
de credores e o plenário. Eles descrevem que as competências da AGC se
encontram previstas no artigo 35 da LREF.
4.2. Comitê de Credores
Os autores destacam que o Comitê de Credores é, em contrapartida, um
órgão opcional, conforme estabelecido nos artigos 26 e 27 da Lei de
Recuperação e Falência. Eles também citam que o artigo 28 da mesma lei
contempla a possibilidade de o Juiz ou o Administrador judicial assumirem suas
funções. De acordo com o texto, o Comitê é estabelecido em casos de
processos de recuperação de cunho judicial, geralmente envolvendo empresas
de grande porte, com capacidade para suportar o custo suplementar de um
determinado órgão, sobretudo voltado à fiscalização do Administrador judicial e
do devedor.
Segundo os autores, o Comitê exerce uma função de supervisão, na
qual tem a capacidade de propor um plano alternativo ao proposto pelo
devedor, tomar decisões a respeito da venda de ativos de longo prazo e
conceder autorização para endividamentos necessários à continuidade dos
negócios, conforme determinado pelo administrador ou pelo juiz.
4.3. Administrador Judicial (AJ)
Alvisi e Nunes abordam a figura do Administrador Judicial como sendo
uma pessoa física ou jurídica de reconhecida integridade e confiabilidade,
selecionada pelo juiz, que, de preferência, possui formação em áreas como
advocacia, economia, administração de empresas ou contabilidade. Os autores
ressaltam que o Administrador Judicial desempenha três funções primordiais
no processo de recuperação judicial:
• A primeira função é realizar a verificação dos créditos, presidir a
Assembleia Geral de Credores e supervisionar o devedor em
recuperação.
• A segunda função envolve a capacidade de gerenciar e atuar
como representante da empresa em processo de recuperação
judicial quando o juiz determina a afastamento dos diretores,
enquanto a eleição do gestor judicial não é estabelecida.
• A terceira e última, o Administrador Judicial tem a prerrogativa de
solicitar a conversão do processo de recuperação em falência ao
tribunal, caso haja descumprimento do plano de recuperação ou
violação das leis de falência,

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Diante das alterações trazidas pela Lei nº 14.122/2020, é relevante
ressaltar algumas inovações que foram incorporadas nesse contexto:
• A primeira inovação é a promoção do estímulo para que o
Administrador Judicial (AJ) empregue "métodos alternativos para
solução de conflitos", como a mediação e conciliação.
• A segunda inovação está relacionada a práticas tecnológicas
avançadas, que incluem a obrigatoriedade de manter um site na
internet e um endereço de e-mail específico para receber as
comunicações relacionadas aos pedidos de habilitação e
divergências. Além disso, nesse contexto, há a responsabilidade
de publicar, nesse endereço eletrônico, dentro de um prazo de 15
dias a partir da apresentação do plano, relatórios mensais das
atividades do devedor e um relatório completo sobre o processo
de recuperação.
• Uma terceira inovação relevante é apresentada no artigo 22,
inciso I da Lei de Recuperação e Falência (LREF), que estabelece
um prazo máximo de 15 dias para que o Administrador Judicial
responda aos órgãos públicos e outros tribunais, dispensando a
necessidade de aprovação prévia do tribunal.

CONCLUSÃO

A recuperação extrajudicial e a recuperação judicial desempenham


funções essenciais no sistema de falência brasileiro, visando a reabilitação de
empresas em crise e a conformidade com as leis de recuperação e falência. A
recuperação extrajudicial permite acordos contratuais entre devedores e
credores, incluindo modalidades facultativas e obrigatórias de homologação.
Enquanto isso, a recuperação judicial é um processo mais detalhado com uma
atuação mais ativa do magistrado, promovendo a preservação do valor social
do trabalho e o desenvolvimento econômico. Além disso, órgãos como a
Assembleia-Geral de Credores, o Comitê de Credores e o Administrador
Judicial desempenham papéis cruciais na supervisão e execução desses
processos, protegendo os interesses de todas as partes envolvidas. Esses
mecanismos são vitais para a estabilidade e a viabilidade das empresas em
dificuldades no Brasil.

REFERÊNCIAS

ALVISI, Edson; NUNES, Dones. Recuperação de Empresas e Falência. Cap. 1


“Recuperação Extrajudicial”. 1ª ed. Instituto de Pesquisa e Estudos da
Empresa, Direito e Sociedade, 2021.

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ALVISI, Edson; NUNES, Dones. Recuperação de Empresas e Falência. Cap. 2
“Recuperação Judicial”. 1ª ed. Instituto de Pesquisa e Estudos da Empresa,
Direito e Sociedade, 2021.

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