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Agressividade e violncia

A agressividade sempre está relacionada com as atividades de


pensamento. Portanto, alguém muito “bonzinho” pode ter fantasias altamente destrutivas, ou
sua agressividade pode manifestar-se pela ironia, pela omissão de ajuda, ou seja, a
agressividade não se caracteriza exclusivamente pela humilhação, constrangimento ou
destruição do outro, isto é, pela ação verbal ou física.

A educação e os mecanismos sociais da lei e da tradição buscam


o controle dessa agressividade. Assim, desde criança o
ser humano aprende a reprimir e a não expressá-la de modo
descontrolado,.

A cultura é importante na vida social como reguladoras dos


impulsos destrutivos. Essa função controladora ocorre no processo de
socialização, no qual, espera-se que, a partir de vínculos significativos
que o indivíduo estabelece com os outros, ele passe a internalizar os
controles.

A violência é o uso desejado da agressividade, com fins


destrutivos. Esse desejo pode ser:

• voluntário (intencional), racional (premeditado e com objeto


“adequado” da agressividade) e consciente,

• involuntário, irracional (a violência destina-se a um objeto substituto,


por exemplo, por ódio ao chefe, o indivíduo bate no filho) e inconsciente.

A agressividade está na constituição da violência, mas não é o


único fator que a explica. É necessário compreender como a organização
social estimula, legitima e mantém diferentes modalidades de violência.

O estímulo pode ocorrer tanto no incentivo à competição escolar e no


mercado de trabalho, como no incentivo a que cada um dos cidadãos dê
conta de sua própria segurança pessoal. A legitimação pode ocorrer na
guerra, no combate ao inimigo religioso, ao inimigo político.

A manutenção da violência ocorre quando se conservam milhões de


cidadãos em condições subumanas de existência, o que acaba por
desencadear ou determinar a prática de delitos associados à
sobrevivência (roubar para comer, a prostituição precoce de crianças e
jovens).

A violência está presente também quando as condições de vida


social são pouco propícias ao desenvolvimento e realização pessoal e
levam o indivíduo a mecanismos de autodestruição, como o uso de
drogas, o alcoolismo, o suicídio.

Jurandir F. Costa, em seu livro Violência e Psicanálise, afirma que


podemos entender como violência aquela situação em que o indivíduo
“foi submetido a uma coerção e a um desprazer absolutamente
desnecessários ao crescimento, desenvolvimento e manutenção de seu
bem-estar, enquanto ser psíquico”
Isso significa que é
necessário deixar de
considerar como violência
exclusivamente a prática de
delitos, a criminalidade.

Hélio Pellegrino, psicanalista brasileiro, afirma que a violência


crescente só pode ser entendida a partir da constatação de que vivemos
um momento histórico em que se rompeu o pacto social (o direito ao
trabalho, por exemplo), e isto faz com que se rompa o pacto edípico, isto
é, a autoridade, a norma, a lei internalizada. Essa ruptura retira o controle
sobre os impulsos destrutivos, e estes emergem com sua força
avassaladora.

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