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SEMINÁRIO BÍBLICO DE TEOLOGIA CRISTÃ DO RIO DE JANEIRO

Seminário Interdenominacional – Entidade Mantenedora: COMUNIDADE CRISTÃ VIDA NOVA


Caixa Postal 46024 CEP 20560.970 – Rio de Janeiro/RJ

INTRODUÇÃO

A violência doméstica é um problema que atinge milhares de crianças,


adolescentes, e mulheres. Esta página começava assim, até que recebi e-
mail de um leitor ressaltando a falha e injustiça de excluir, do rol dos
prejudicados, os homens. Portanto, podemos começar de novo dizendo que:
A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de
pessoas, em grande número de vezes de forma silenciosa e
dissimuladamente.

Trata-se de um problema que acomete ambos os sexos e não costuma


obedecer nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural específico,
como poderiam pensar alguns.

Sua importância é relevante sob dois aspectos; primeiro, devido ao sofrimento


indescritível que imputa às suas vítimas, muitas vezes silenciosas e, em
segundo, porque, comprovadamente, a violência doméstica, incluindo aí a
Negligência Precoce e o Abuso Sexual, podem impedir um bom
desenvolvimento físico e mental da vítima.

Segundo o Ministério da Saúde, as agressões constituem a principal causa de


morte de jovens entre 5 e 19 anos. A maior parte dessas agressões provém
do ambiente doméstico. A Unicef estima que, diariamente, 18 mil crianças e
adolescentes sejam espancados no Brasil. Os acidentes e as violências
domésticas provocam 64,4% das mortes de crianças e adolescentes no País,
segundo dados de 1997.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA INFANTIL


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Violência Doméstica, segundo alguns autores, é o resultado de agressão
física ao companheiro ou companheira. Para outros o envolvimento de
crianças também caracterizaria a Violência Doméstica.
A vítima de Violência Doméstica, geralmente, tem pouca auto-estima e se
encontra atada na relação com quem agride, seja por dependência
emocional ou material. O agressor geralmente acusa a vítima de ser
responsável pela agressão, a qual acaba sofrendo uma grande culpa e
vergonha. A vítima também se sente violada e traída, já que o agressor
promete, depois do ato agressor, que nunca mais vai repetir este tipo de
comportamento, para depois repetí-lo.

Em algumas situações, felizmente não a maioria, de franca violência


doméstica persistem cronicamente porque um dos cônjuges apresenta uma
atitude de aceitação e incapacidade de se desligar daquele ambiente, sejam
por razões materiais, sejam emocionais. Para entender esse tipo de
personalidade persistentemente ligada ao ambiente de violência doméstica
poderíamos compará-la com a atitude descrita como co-dependência,
encontrada nos lares de alcoolistas e dependentes químicos (veja co-
dependência).

Para entender a violência doméstica, deve-se ter em mente alguns


conceitos sobre a dinâmica e diversas faces da violência doméstica, como
por exemplo:

Violência Física

Violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não


marcas evidentes. São comum murros e tapas, agressões com diversos
objetos e queimaduras por objetos ou líquidos quentes. Quando a vítima é
criança, além da agressão ativa e física, também é considerado violência os
atos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis.

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Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é
praticada diretamente. Tendo em vista a habitual maior força física dos
homens, havendo intenções agressivas, esses atos podem ser cometidos por
terceiros, como por exemplo, parentes da mulher ou profissionais contratados
para isso. Outra modalidade são as agressões que tomam o homem de
surpresa, como por exemplo, durante o sono. Não são incomuns, atualmente,
a violência física doméstica contra homens, praticados por namorados(as) ou
companheiros(as) dos filhos(as) contra o pai.

Apesar de nossa sociedade parecer obcecada e entorpecida pelos


cuidados com as crianças e adolescentes, é bom ressaltar que um bom
número de agressões domésticas são cometidos contra os pais por
adolescentes, assim como contra avós pelos netos ou filhos. Dificilmente
encontramos trabalhos nessa área.

Não havendo uma situação de co-dependência do(a) parceiro(a) à


situação conflitante do lar, a violência física pode perpetuar-se mediante
ameaças de "ser pior" se a vítima reclamar à autoridades ou parentes. Essa
questão existe na medida em que as autoridades se omitem ou tornam
complicadas as intervenções corretivas.

O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A


Embriagues Patológica é um estado onde a pessoa que bebe torna-se
extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha
feito durante essas crises de furor e ira. Nesse caso, além das dificuldades
práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades, ou
porque o agressor quando não bebe "é excelente pessoa", segundo as
próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for detido todos
passarão necessidade, a situação vai persistindo.

Também portadores de Transtorno Explosivo da Personalidade são


agressores físicos contumazes. Convém lembrar que, tanto a Embriagues
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Patológica quanto o Transtorno Explosivo têm tratamento. A Embriagues
Patológica pode ser tratada, seja procurando tratar o alcoolismo, seja às
custas de anticonvulsivantes (carbamazepina). Estes últimos também úteis
no Transtorno Explosivo.

Mesmo reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas


situações, as mulheres vítimas de violência física podem ter alguma parcela
de culpa quando o fato se repete pela 3a. vez. Na primeira ela não sabia que
ele era agressivo. A segunda aconteceu porque ela deu uma chance ao
companheiro de corrigir-se mas, na terceira, é indesculpável.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram agredidas


fisicamente por seus parceiros entre 10% a 34% das mulheres do mundo. De
acordo com a pesquisa “A mulher brasileira nos espaços públicos e privados”
– realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2001, registrou-se
espancamento na ordem de 11% e calcula-se que perto de 6,8 milhões de
mulheres já foram espancadas ao menos uma vez.

Violência Psicológica

A Violência Psicológica ou Agressão Emocional, às vezes tão ou mais


prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação,
discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de
uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente
causa cicatrizes indeléveis para toda a vida.

Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos


comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro
para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A
intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família,
tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de

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saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e
tolerância (veja Transtornos Histéricos).

É muito importante considerar a violência emocional produzida pelas


pessoas de personalidade histérica, pelo fato dela ser predominantemente
encontrada em mulheres, já que, a quase totalidade dos artigos sobre
Violência Doméstica dizem respeito aos homens agredindo mulheres e
crianças. Esse é um lado da violência onde o homem sofre mais.

No histérico, o traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa


teatralidade. O histrionismo é um comportamento caracterizado por colorido
dramático e com notável tendência em buscar atenção contínua.
Normalmente a pessoa histérica conquista seus objetivos através de um
comportamento afetado, exagerado, exuberante e por uma representação
que varia de acordo com as expectativas da platéia. Mas a natureza do
histérico não é só movimento e ação; quando ele percebe que ficar calado,
recluso, isolado no quarto ou com ares de “não querer incomodar ninguém” é
a atitude de maior impacto para a situação, acaba conseguindo seu objetivo
comportando-se dessa forma.

Através das atitudes histriônicas o histérico consegue impedir os demais


membros da família a se distraírem, a saírem de casa, e coisas assim. Uma
mãe histérica, por exemplo, pode apresentar um quadro de severo mal estar
para que a filha não saia, para que o marido não vá pescar, não vá ao
futebol com amigos... A histeria quando acomete homens é pior ainda (veja
Histeria em Homens). O homem histérico é a grande vítima e o maior mártir,
cujo sacrifício faz com que todos se sintam culpados.

Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior,


dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional
dissimulada mais terríveis. A mais virulenta atitude com esse objetivo é
quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com
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o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua
incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se
sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de
agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos, quando esses não
estão saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em relação às
esposas.

O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão


Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente
àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem
alguém esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando
isso é reprovado, etc. Até as pequenas coisinhas do dia-a-dia podem servir
aos propósitos agressivos, como deixar uma torneira pingando, apertar o
creme dental no meio do tubo e coisas assim. Mas isso não serviria de
agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se não
fossem intencionais.

Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos


que depreciam a comida da esposa e, por parte da esposa, que,
normalmente se aborrecendo com algum sucesso ou admiração ao marido,
ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ele faça.

Esses agressores estão sempre a justificar as atitudes de oposição como


se fossem totalmente irrelevantes, como se estivessem corretas, fossem
inevitáveis ou não fossem intencionais. "Mas, de fato a comida estava sem
sal... Mas, realmente, fazendo assim fica melhor..." e coisas do gênero.
Entretanto, sabendo que são perfeitamente conhecidos as preferências e
estilos de vida dos demais, atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas
podem estar sendo propositadamente agressivas. Veja Agressões
Emocionais na Família

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As ameaças de agressão física (ou de morte), bem como as crises de
quebra de utensílios, mobílias e documentos pessoais também são
consideradas violência emocional, pois não houve agressão física direta.
Quando o(a) cônjuge é impedida(a) de sair de casa, ficando trancado(a) em
casa também se constitui em violência psicológica, assim como os casos de
controle excessivo (e ilógico) dos gastos da casa impedindo atitudes
corriqueiras, como por exemplo, o uso do telefone.

Violência Verbal

A violência verbal normalmente se dá concomitante à violência psicológica.


Alguns agressores verbais dirigem sua artilharia contra outros membros da
família, incluindo momentos quando estes estão na presença de outras
pessoas estranhas ao lar. Em decorrência de sua menor força física e da
expectativa da sociedade em relação à violência masculina, a mulher tende a
se especializar na violência verbal mas, de fato, esse tipo de violência não é
monopólio das mulheres.

Por razões psicológicas íntimas, normalmente decorrentes de complexos e


conflitos, algumas pessoas se utilizam da violência verbal infernizando a vida
de outras, querendo ouvir, obsessivamente, confissões de coisas que não
fizeram. Atravessam noites nessa tortura verbal sem fim. "Você tem
outra(o) .... você olhou para fulana(o) ... confesse, você queria ter ficado com
ela(e)" e todo tido de questionamento, normalmente argumentados sob o
rótulo de um relacionamento que deveria se basear na verdade, ou coisa
assim.

A violência verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em


pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um
comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala, emudece e,
evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma
coisa.
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Nesses casos a arte do agressor está, exatamente, em demonstrar que
tem algo a dizer e não diz. Aparenta estar doente mas não se queixa, mostra
estar contrariado, "fica bicudo" mas não fala, e assim por diante. Ainda
agrava a agressão quando atribui a si a qualidade de "estar quietinho em seu
canto", de não se queixar de nada, causando maior sentimento de culpa nos
demais.

Ainda dentro desse tipo de violência estão os casos de depreciação da


família e do trabalho do outro. Um outro tipo de violência verbal e psicológica
diz respeito às ofensas morais. Maridos e esposas costumam ferir
moralmente quando insinuam que o outro tem amantes. Muitas vezes a
intenção dessas acusações é mobilizar emocionalmente o(a) outro(a), fazê-
lo(a) sentir diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser dado aos
comentários depreciativos sobre o corpo do(a) cônjuge.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - 2

Afinal, se a criança e o adolescente não conseguem encontrar segurança e


estabilidade em suas próprias casas, que visão levarão para o mundo lá fora?
Os conflitos nas crianças podem resultar da disparidade entre o que diz a
mãe, sobre ter medo de estranhos, e a violência sofrida dentro de casa,
cometida por pessoas que a criança conhece muito bem. Além disso a
violência doméstica pode ainda perpetuar um modelo de ração agressiva e
violenta nas crianças que estão com a personalidade em formação.

A violência doméstica é considerada um dos fatores que mais estimula


crianças e adolescentes a viver nas ruas. Em muitas pesquisas feitas, as
crianças de rua referem maus-tratos corporais, castigos físicos, violência
sexual e conflitos domésticos como motivo para sair de casa.

A dinâmica do casal
Dos 849 processos analisados até agora, referentes a casos apresentados na

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Primeira DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de São Paulo, em 1988, e na
Terceira DDM de São Paulo, em 1988 e 1992, 81,5% se referem a lesões
corporais dolosas, ou seja, houve evidências de agressão suficientes para
que a Polícia levasse o caso a Justiça.

Dos casos restantes, 4,47% se referem a estupro ou atentado violento ao


pudor; 7,77% a ameaças; e 1,53% a seduções.

QUEM DENUNCIA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Na maioria dos casos de arquivamento dos processos, ele parte de uma


intervenção da própria agredida, que chega a mudar seu depoimento,
quando o processo já está correndo na Justiça. A dependência emocional,
mais que a econômica, é que faz a mulher suportar agressões. Isso acontece
mesmo quando uma boa parte desses casos tem origem em algo muito mais
sério do que pequenas rusgas familiares.

Alguns dados ajudam a traçar um perfil da mulher agredida em casa:

- 50% têm entre 30 e 40 anos,


- 30% têm entre 20 e 30 anos.
- 50% dos casos o casal tinha entre 10 e 20 anos de
convivência e,
- 40% entre um e dez anos.
Esses dados mostram que, depois da queixa:
- 40% dos casais se separam.
- 60% continuam a viver conjugalmente.

Em 1988, 85% das denúncias registradas nas primeiras e terceira DDM de


São Paulo foram de agressão e 4,17% de ameaças. Em 1992, nas mesmas
delegacias, as denúncias de agressão caíram para 68% dos casos, com as
ameaças subindo para 21,3%. Essa alteração é um indicador de que, em

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alguns casos, a mera apresentação da queixa numa delegacia e uma
advertência da autoridade policial consegue cessar a violência.

Quem agride

Na maioria os agressores são homens (67,4%), cônjuge e/ou ex-cônjuge


da vítima. Não há trabalhos explícitos sobre incidência de patologias
psiquiátricas nos agressores, entretanto, considera-se válido que os
agressores se dividem entre portadores de: Transtorno Anti-social da
Personalidade, Transtornos Explosivo da Personalidade (Emocionalmente
Instável), Dependentes químicos e alcoolistas, Embriagues Patológica,
Transtornos Histéricos (histriônico), Outros transtornos da personalidade, tais
como, Paranóia e Ciúme Patológico.

Questionário preditivo de violência doméstica. A


pessoa que convive com você...
1. Agride na maior parte do tempo?
2. Acusa constantemente de ser infiel?
3. Desencoraja-a as suas relações de amizade
com a sua família e amigos?
4. Priva-a de trabalhar, de estudar?
5. Critica-a por pequenas coisas?
6. É agressivo com facilidade, quando está bêbado
ou drogado?
7. Controla as finanças, obriga-a e força-a a
comprar só o que ele acha importante?
8. Humilha-a em frente de outros?
9. Destrói objetos pessoais e com valor
sentimental?
10. Agride ou espanca seus filhos?
11. Usa e/ou apontou alguma arma contra você?

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12. Obriga a ter relações sexuais contra sua
vontade?

Em relação à idade dos agredidos os dados também podem surpreender;


os mais agredidos foram as crianças menores (2 anos). Isso ocorre,
possivelmente, devido ao fato dessa faixa etária ser a que mais desperta
interesse na denúncia. E quem denuncia ? Esses dados estão na outra
tabela. Os denunciantes anônimos estão em terceiro lugar, seguidos pelos
vizinhos.

POR DENUNCIANTE

DENUNCIANTE NÚM %
MÃE 773 45,0
PAI 448 26,1
DEN. ANON. 317 18,5
VIZINHO 59 3,4
TIO(A) 54 3,1
IRMÃ(O) 22 1,3
CONHECIDO 20 1,2
PMPE 7 0,4
N.I. 6 0,3
AVÔ(Á) 5 0,3
VÍTIMA 3 0,2
CUNHADO(A) 1 0,1
MADRASTA 1 0,1
TOTAL 1.716 100

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Entre as três formas mais importantes de violência doméstica, a mais
complexa delas é a violência sexual. Esta, tende a ficar escondida dentro das
casas devido ao medo de represália, vergonha ou temor de que ninguém
acreditará na vítima. Aliás, não acreditar na filha violentada pelo pai pode
interessar a muita gente, principalmente à mãe, normalmente, complacente
sob a máscara de ignorar.

Outra forma de violência cometida contra crianças e adolescentes é a


psicológica. Ela ocorre, por exemplo, quando os adultos usam ameaças ou
estratégias semelhantes para exigir que a criança obedeça a um comando,
quando eles comparam as crianças a outras, depreciando-as, ou quando lhes
negam afeto. A terceira forma mais importante de violência doméstica é a
Negligência, que acontece quando os responsáveis deixam de prover os
recursos mínimos, como por exemplo alimentação, atenção e higiene, ou a
conhecida Negligência Precoce, que diz respeito à oferta de atenção afetiva
(veja as conseqüências disso em Criança Adotada e de Orfanato).

POR IDADE DO AGREDIDO

Idade Núm. %
2 Anos 119 6,9
3 Anos 118 6,9
4 Anos 116 6,8
5 Anos 115 6,7
1 Ano 113 6,6
6 Anos 113 6,6
8 Anos 102 5,9
16 Anos 102 5,9

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7 Anos 92 5,4
10 Anos 89 5,2
12 Anos 90 5,2
15 Anos 90 5,2
11 Anos 88 5,1
13 Anos 87 5,1
9 Anos 84 4,9
17 Anos 84 4,9
14 Anos 69 4,0
N.I. 40 2,3
0 Anos 5 0,3
Total 1.716 100

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - 3
Quem é agredido(a)

As mulheres são vítimas em 84,3% dos casos. Com mais freqüência, as


vítimas estão nas seguintes faixas etárias: 24,6% de 18 a 35 anos, 21,3% de
36 a 45 anos e 13% de 46 a 55 anos.
Segundo estes trabalhos, as mulheres que apanham do parceiro têm alguns
aspectos psicológicos comuns.

Muitas vezes, elas até mantêm uma certa cumplicidade com as atitudes
agressivas do parceiro. Algumas destas mulheres vêm de famílias onde a
violência e os castigos físicos faziam parte do cotidiano e é como se fossem
obrigadas a repetir estas situações em suas relações atuais.

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No momento de escolher um parceiro, podem, mesmo não sendo consciente,
escolher homens mais agressivos, inocentemente admirardos por elas nos
tempos de namoro. O namorado brigão era visto como protetor e o ciúme
exagerado que ele expressava era considerado uma "prova" de amor.

É importante para os pais pensarem um pouco se ao educar as filhas


mulheres, não estão formando nelas a idéia de que são seres frágeis, que
precisam de proteção permanente e que ser corrigidas (mesmo que seja por
tapas) pelo pai será benéfico para o futuro.

Um elemento comum na maioria destas mulheres é o medo de não ter


condição financeira para se manter ou aos filhos, se saírem da relação. O
dinheiro entra aí como fator de controle sobre a mulher. Voltamos a sugerir
que os pais pensem se na educação dos filhos não condicionam a liberdade
deles pelo dinheiro, ameaçando cortar o apoio financeiro como forma de obter
respeito e obediência. Esta atitude pode criar tanta insegurança na filha, ao
ponto dela se sentir incapaz de resolver sozinha seus próprios problemas
quando adulta.

Algumas mulheres se sentem muito frustradas e culpadas por não


"conseguirem" ter feito o casamento dar certo. Estas foram educadas para
cumprir o papel de mulher bem casada e se sentem incapazes de encarar o
fato de terem errado na escolha.

Para elas, neste caso, falhar no casamento é pior que manter uma relação,
aindaque péssima. Por vergonha e constrangimento, costumam esconder de
todos que apanham dos parceiros, pois têm a esperança que eles mudem
com o tempo. Mas a situação se arrasta ou se complica e ela não vê saída.

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Portanto, a vítima, quase sempre tem uma relação de dependência com o
agressor. Mais que a dependência econômica com relação ao homem, é a
dependência emocional que faz a mulher suportar as agressões. Há casos
de maridos que vão ao local de trabalho da mulher e a agridem diante de
colegas, e de abusos sexuais de pais contra filhas depois que ela se afastou
do domicílio comum.

Mesmo a separação não significa o fim da violência. Numerosas vezes, o


marido continua a importunar a ex-mulher, especialmente quando ela vive só
ou com os filhos. O caso pode mudar, contudo, quando a mulher passa a
viver com um novo marido ou companheiro.

Negligência

A Negligência, subentendida como Negligência Precoce, é o ato de


omissão do responsável pela criança ou adolescente em prover as
necessidades básicas para seu desenvolvimento. Vamos considerar
Negligência Precoce a situação onde não há uma interação satisfatória entre
mãe e filho durante uma fase crítica na vida da criança. Essa ocorrência
caracteriza uma das condições capazes de interferir no desenvolvimento
infantil.
Dependendo da dimensão psicológica e neurológica dessa Negligência
Precoce, mesmo que a criança tenha recebido cuidados materiais e físicos
adequados mas, tenha sido, esse relacionamento, emocionalmente
indiferente ou carente, os danos causados podem ser permanentes.

Síndrome do bebê sacudido (Shaken Baby Syndrome)

Esta síndrome se refere a lesões de gravidade variáveis, que ocorrem


quando uma criança, geralmente um lactente, é severa ou violentamente
sacudida.
Podem ocorrer em consequência:

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1. Cegueira ou lesões oftalmológicas
2. Atraso no desenvolvimento
3. Convulsões
4. Lesões da espinha
5. Lesões cerebrais
6. Morte

Síndrome de Münchausen

Entidade relativamente rara, de difícil diagnóstico, caracterizado pela


fabricação intencional ou simulação de sintomas e sinais físicos ou
psicológicos em uma criança ou adolescente, levando a procedimentos
diagnósticos desnecessários e potencialmente danosos.

De qualquer maneira, a violência doméstica não é exclusividade de


nenhuma classe social, intelectual ou de etnia. Atinge todos os países e
culturas, com formas e incidências variadas. Não existe no Brasil um tipo de
violência contra a mulher, como a ablação do clitóris e a sutura dos grandes
lábios da vulva, comuns em países africanos, ou a prática do sati, o costume
indiano que obriga a viúva a imolar-se na mesma pira em que é cremado o
corpo do marido.

Há oscilações dos direitos da mulher mesmo em sociedades mais antigas.


Na França, por exemplo, qualquer relação sexual entre cônjuges que não
seja consentida é considerada estupro - o que não ocorre no Brasil, onde a
mulher deve estar sempre disponível para o companheiro.

Na Grã-Bretanha a mulher que mata o marido normalmente recebe pena


maior que o assassino da esposa. A lei inglesa parte do princípio de que,
como a mulher é mais fraca fisicamente, só conseguirá matar um homem se
houver premeditação. Esta constitui um agravante, que eleva a pena.
No Brasil, nunca se realizou pesquisa sobre o assunto. Quanto aos homens

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que assassinam suas companheiras, em geral, ou não são punidos ou são
apenas brandamente, pois se considera como atenuante o muitas vezes
alegado estado de forte emoção do indivíduo, critério ainda presente na
legislação brasileira.

Violência Sexual

Em São Paulo, 10% das mulheres afirmam ter sofrido abuso sexual de
seus companheiros; em Pernambuco, as vítimas da violência chegam a 14%.
No Rio de Janeiro, 8% das mulheres acima de 16 anos foram violentadas
sexualmente.

A pesquisa do Serviço de Advocacia da Criança revelou que violência


sexual chega a 13% do total das denúncias de violência recebidas pelo
serviço. A família foi responsável por 62% desses casos de violência sexual.
O pai aparece como o principal agressor em 59% das vezes, seguido pelo
padrasto em 25%. Entre os meninos, o pai foi o violentador principal em 48%
dos casos, seguido dos padrastos e dos tios. As violências sexuais aparecem
também vinculadas a outras formas de agressão, como as violências físicas
e a restrição à liberdade (Violentados. Crianças, adolescentes e justiça, de
Edson Passetti. Ed.Imaginário, 1995, São Paulo). Portanto, o grande
agressor sexual doméstico é o pai.

Esse assunto costuma ser muito polêmico e difícil de se resolver.


Normalmente mexe com padrão e dinâmica da família, envolve punições e
separações. Não é raro que a criança vitimada por violência sexual seja
severamente punida depois de relatar sua experiência para outros familiares;
ou é considerada mentirosa, promotora de discórdia, difamadora, ou é
considerada facilitadora e estimuladora da agressão.

As transgressões sexuais acabam acarretando culpa, vergonha e medo na


vítima e mesmo nos possíveis denunciantes solidários à vítima. Assim, a

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ocorrência desses crimes sexuais tende a ser ocultada. Temos visto
inúmeras mães que negam a ocorrência da violência sexual por parte de
seus maridos sobre suas filhas porque temem suas conseqüências sociais e
policiais, temem as conseqüências intra-familiares, preferem viver juntas com
seus maridos do que separadas deles, enfim, há uma complacência omissa
que pode ser tão criminosa quanto a agressão.

No Brasil, de um modo geral, as pesquisas são poucas e, às vezes


contraditórias. Nos Estados Unidos sabe-se, com maior precisão, que o
abuso sexual ocorre em um terço das famílias. Mas lá, tanto quanto aqui, a
pequena vítima não revela seu segredo à mãe, por temer magoá-la. E
quando a mãe toma conhecimento dos fatos, ela costuma escolher uma das
seguintes atitudes;

1 - Denunciar o agressor. A grande maioria das mães que


optam por essa alternativa não a faz de imediato. Elas
costumam levar anos para terem coragem para enfrentar o
marido e as conseqüências. Quando ocorre a denúncia, em
cerca de dois terços dos casos, as mães levam a notícia do
crime à autoridade policial e se separam do companheiro.
2 - Não acreditar que seu companheiro ou marido seja capaz
de abusar sexualmente da própria filha.
3 - Suspeitar que possa ser verdade mas não têm certeza de
que o marido ou companheiro seja um agressor sexual. Essas
mães preferem viver eternamente na dúvida do que investigar
a veracidade dos fatos pois, de modo geral, a certeza costuma
ser muito ameaçadora. Algumas vezes, quando as evidências
são incontestáveis, ainda arriscam acreditar que a filha foi
quem "seduziu" o pai.

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Na maioria dos casos, de algum modo quase toda mãe sabe o que está
acontecendo. Mas é um conhecimento que os mecanismos de defesa do Ego
empurra para os porões do inconsciente. Portanto, as mães negam e
reprimem esse fato para subterrâneos onde ele incomoda menos, negam
esse conflito para se desobrigarem de atitudes severas em relação ao
companheiro.

Nessa situação a mãe costuma ser outra vítima e cúmplice


simultaneamente. Ao contrário do que se pensa com freqüência, a violência
sexual doméstica não ocorre em famílias sempre desestruturadas (veja os
Mitos do Abuso Sexual em Delito Sexual).

Abuso de poder no qual a vítima (criança, adolescente ou mulher) é usada


para gratificação sexual do agressor sem seu consentimento, sendo induzida
ou forçada a práticas sexuais com ou sem violência física.
Segundo dados do CRAMI - Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na
Infância (Campinas) temos o seguinte quadro de distribuição da Violência
Doméstica contra a criança:

O CRAMI - Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância, de


Campinas, publica na os seguintes números sobre a Violência Doméstica:

1.98
5 à VIOLÊNCI NÚM
AGRESSÕES % %
1.99 A .
7
1.71 47, 1.12 65,
Agressão Física Viol. Física
7 1 1 3
Viol.
Negligência/ 20, 14,
737 Psicológic 254
Abandono 2 8
a

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Negligênci 11,
Abuso Sexual 216 6,0 195
a 4
Mau trato 10, Viol.
397 146 8,5
Psicológico 9 Sexual
15,
Improcedente 577
8
3.64 .... 1.71
Total Total 100
4 . 6

Boas estatísticas (de 1999) também podem ser obtidas no site da Polícia
Civil de Pernambuco, os quais transcrevemos abaixo. Os números dos tipos
de violência diferem do CRAME talvez pela metodologia e pelas qualificações
desses tipos.
Nestes dados observamos que a violência física é a mais comum, seguida
pela Violência Psicológica e pela Negligência. Acontece que para nós,
psiquiatras, a violência psicológica e a negligência são terrenos que se
misturam, notadamente o tipo de negligência que a psiquiatria forense
classifica como Negligência Psicológica. Para entender mais sobre
Negligência, veja Criança Adotada e de Orfanato, sob o título Negligência
Precoce.
Para sabermos quem é o agressor doméstico, a Polícia Civil de Pernambuco
divulga os seguintes resultados:

A AGRESSÃO FOI IMPUTADA POR :

AGRESSOR NÚM %
PAI 652 38,0
MÃE 579 33,7
PADRASTO 148 8,6
PAI / MÃE 91 5,3

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TIO(A) 86 5,0
COMPANHEIRO/MARIDO 55 3,2
IRMÃO(Ã) 28 1,6
AVÔ(Ó) 24 1,4
MADRASTA 19 1,1
PRIMO(A) 12 0,7
PAI/MADRASTA 8 0,5
CUNHADO(A) 8 0,5
PADRASTO/MÃE 3 0,2
AVÔ E AVÓ 2 0,1
SOGRO 1 0,1
TOTAL 1.716 100

O crime escondido

Há milhares de mulheres que sofrem de alguma forma de violência nas


mãos dos seus maridos e namorados em cada ano. São muito poucas as
que contam a alguém - um amigo, um familiar, um vizinho ou à polícia. As
vítimas da violência doméstica provêm de vários estilos de vida, culturas,
grupos, várias idades e de todas as religiões. Todas elas partilham
sentimentos de insegurança, isolamento, culpa, medo e vergonha.

É bastante surpreendente o fato do padrasto e da madrasta agredirem


muitíssimo menos que os pais biológicos, ao contrário do que pode se pensar
ou se apregoar culturalmente. Surpreende também os números muito
próximos do pai e da mãe como agressores.

Na tabela abaixo, são mostrados dados sobre o tipo da violência e o tipo


do agressor, notando-se claramente a questão da negligência ser bastante
mais comum vindo das mães do que dos pais e, mais curioso ainda,

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muitíssimo mais das mães biológicas que das madrastas. Mesmo a Violência
Sexual foi mais comum entre os pais biológicos que padrastos.

TIPO DE VIOLÊNCIA POR AGRESSOR

AGRESSOR FÍSICA SEXUAL PSICOL. NEGLIG. TOTAL


PAI 374 77 134 67 652
MÃE 423 4 43 109 579
PADRASTO 81 47 20 0 148
PAI E MÃE 79 1 0 11 91
TIO(A) 50 10 24 2 86
COMPANHEIRO/MARIDO 41 0 13 1 55
IRMÃO(Ã) 25 0 3 0 28
AVÔ(Ó) 12 3 6 3 24
MADRASTA 13 0 4 2 19
PRIMO(A) 5 2 5 0 12
PAI E MADRASTA 8 0 0 0 8
CUNHADO(A) 6 2 0 0 8
PADRASTO E MÃE 3 0 0 0 3
AVÔ E AVÓ 0 0 2 0 2
SOGRO 1 0 0 0 1
TOTAL 1.121 146 254 195 1.716

CONSEQÜÊNCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Portanto, a questão da negligência não deve ser atribuída exclusivamente


à pobreza material dos pais. O não proporcionar recursos materiais devido à
pobreza, não caracteriza a Negligência mas sim a carência, uma vez que tais
recursos seriam providos caso houvessem. Negligência é a atitude omissa,
seja materialmente, seja afetivamente (Negligência Material e Negligência
Emocional). Inúmeros trabalhos mostram que o apoio afetivo, o carinho e o
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amor são tanto ou mais essenciais para o desenvolvimento da pessoa quanto
a mesa farta.

A Violência Física (espancamento) é a agressão mais comum, sendo que


alguns agressores chegam a amarrar as crianças com cordas ou correntes e
espancá-los com objetos como cinto, vassoura, panelas, martelos, etc.

A Violência Física engloba ainda outros atos de verdadeiro sadismo, como


por exemplo queimaduras com pontas de cigarro, água fervendo, privação de
comida e água, etc. A atitude de agredir, covardemente prevalecida da maior
força física dos pais pode resultar em severos traumatismos. São casos onde
adultos que batem com a cabeça ou atiram a criança contra a parede. Muitas
vezes essas trucidades levando à morte.

Além das marcas físicas, a violência doméstica costuma causar também


sérios danos emocionais. Normalmente é na infância que são moldadas
grande parte das características afetivas e de personalidade que a criança
carregará para a vida adulta.

Acontece que as crianças aprendem com os adultos, normalmente e


primeiramente dentro de seus lares, as maneiras de reagirem à vida e
viverem em sociedade. As noções de direito e respeito aos outros, a própria
auto-estima, as maneiras de resolver conflitos, frustrações ou de conquistar
objetivos, tolerar perdas, enfim, todas formas de se portar diante da
existência são profundamente influenciadas durante a idade precoce. É
assim que muitas crianças abusadas, violentadas ou negligenciadas na
infância se tornam agressoras na idade adulta.

Alguns indícios de mau desenvolvimento de personalidade podem ser


observados em idade precoce. Algumas dessas características podem ser
manifestadas por dificuldades para se alimentar, dormir, concentrar-se.
Essas crianças podem começar a se mostrarem exageradamente
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introspectivas, tímidas, com baixa auto-estima e dificuldades de
relacionamento com os outros, outras vezes mostram-se agressivas,
rebeldes ou, ao contrário, muito passivas.

Crianças que estão atravessando problemas domésticos relacionados à


violência invariavelmente apresentam problemas na escola e no grupo social
ao qual pertencem. Podem, não obstante se recusarem a falar sobre esses
problemas, quer com o adulto que cometeu a agressão, quanto com
familiares e professores. Falta-lhes confiança nos adultos em geral.

Últimos Números

Uma reportagem do Jornal do CREMESP (Conselhor Regional de


Medicina de S. Paulo), no. 185 de janeiro de 2003 comenta sobre duas
pesquisas divulgadas no final de 2002 pelo Departamento de Medicina
Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
chamam a atenção para a violência contra a mulher.
Um dos estudos, orientado pela Organização Mundial da Saúde, tratou da
violência doméstica e foi realizado simultaneamente em oito países. Deveu-
se à parceria do Departamento de Medicina Preventiva da USP com as
organizações não-governamentais Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde,
de São Paulo, e SOS Corpo - Gênero e Cidadania, de Pernambuco.
Coordenado pelas médicas Lilia Blima Schraiber e Ana Flávia Pires
d'Oliveira, o estudo brasileiro comparou dados da cidade de São Paulo com a
região rural de Pernambuco.
Outra pesquisa, também coordenada por Lilia Schraiber, traça um
diagnóstico da Violência Doméstica e Sexual entre Usuárias dos Serviços de
Saúde na Grande São Paulo.
De acordo com a pesquisadora, para muitas entrevistadas a pesquisa
revelou-se como a primeira oportunidade de falar do seu problema. Muitas
mulheres alegaram não saber com quem falar.

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Foram visitados 4.299 domicílios na cidade de São Paulo (SP) e na Zona da
Mata, em Pernambuco, para que fossem entrevistadas 2.645 mulheres, com
idade entre 15 e 49 anos.
Das conclusões, destaca-se que 29% das mulheres pesquisadas em São
Paulo já sofreram algum tipo de violência física ou sexual cometida por
parceiro ou ex- parceiro, enquanto na Zona da Mata de Pernambuco esse
número foi de 37%.
A violência física, referida como tapa, empurrão, soco, chute,
estrangulamento, queimadura, ameaça com arma branca ou de fogo, foi
relatada por 27% das mulheres em São Paulo e 34% na Zona da Mata.
Em São Paulo, 10% declararam ter sofrido violência sexual e, em
Pernambuco, 14%.
Entre as lesões foram encontrados cortes, perfurações, mordidas, contusões,
esfolamento, fraturas, dentes quebrados e outros. Das agredidas, 36%
ficaram muito machucadas e necessitaram de assistência médica.
Dores, desconfortos severos, dificuldades de concentração, tonturas,
tentativas de
suicídio e alcoolismo são problemas mais comuns entre as mulheres vítimas
da violência, quando comparadas à população feminina que não sofreu
violência.
As crianças entre 5 e 12 anos, filhos de mulheres que sofreram violência,
também apresentam mais problemas, tais como pesadelos, timidez,
agressividade, atos como chupar o dedo e urinar na cama, repetência e
abandono da escola.
A violência durante a gravidez, a exemplo de socos e pontapés na barriga, foi
relatada por 8% das mulheres pesquisadas em São Paulo e 11% em
Pernambuco.
Um dado muito curioso é que em São Paulo, 28% das mulheres agredidas
fizeram aborto, contra 8% das pernambucanas. Mais de 20% das vítimas,
nas duas regiões, nunca relataram a violência a ninguém e, quando o

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fizeram, procuraram por amigos e familiares. Polícia, hospitais ou centros de
saúde, igreja, serviços jurídicos, delegacia de defesa da mulher e justiça
foram outras instituições procuradas.
Entre as usuárias de 19 serviços de saúde pública na Grande São Paulo,
40% das mais de 3.000 mulheres entrevistadas relataram violência física ou
sexual cometida pelo parceiro. É um dado alarmante se considerarmos ser
quase metade das usuárias desses serviços, no entanto, dos 1.902
prontuários médicos investigados, apenas quatro apresentavam registros de
violência física e dois de violência sexual.
Entre as mulheres que já engravidaram, 17% foram agredidas durante a
gravidez. Além disso, 20% relatou violência física e/ou sexual cometida por
estranhos.

OBS.: A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro publicou em


2002 resultados das estatísticas sobre Violência Doméstica, mais
especialmente contra a mulher:

Alguns dados são os seguintes:

"No Brasil, entre os anos de 1999 e 2000, 54.176 pessoas efetuaram


registros de ocorrência de crimes sexuais.

No estado do Rio de Janeiro, entre 1991 e 2001, as mulheres foram vítimas


de 12.855 estupros e de 4.923 ocorrências de atentado violento ao pudor,
notificados à polícia.

Cabe lembrar que, em muitos casos, os crimes sexuais não são denunciados,
o que significa que os números aqui expostos representam apenas uma
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parcela dos estupros e dos atentados violentos ao pudor realmente
cometidos.

Em 2001, no Estado do Rio de Janeiro:[1]


Mais de 3.000 vítimas registraram a ocorrência de crimes sexuais.

O número de vítimas de estupros notificados à polícia chegou a 1.395 e o de


vítimas de atentado violento ao pudor a 1.761.

A maior parte dos autores de violência sexual é conhecida da vítima.

70,4% dos atentados violentos ao pudor foram praticados por pessoas


conhecidas (parentes, amigos, vizinhos, colegas, maridos, namorados,
amantes etc) da vítima. Em 5,5% dos casos, o crime foi praticado por alguém
que mantinha relação conjugal ou amorosa com a vítima.

52,2% das vítimas de estupro foram agredidas por pessoas conhecidas.


13,5% foram atacadas pelo parceiro íntimo.

As vítimas de atentado violento ao pudor são, predominantemente, crianças e


adolescentes, enquanto As vítimas de estupro são Mulheres de todas as
idades.

48% das vítimas de estupro e 75% das vítimas de atentado violento ao pudor
são crianças e adolescentes.

As Pessoas de cor parda são as maiores vítimas da violência sexual

A proporção de mulheres pardas e pretas vitimadas por estupro (37,7% e


13,6%, respectivamente) é superior à proporção de mulheres pardas e pretas
na população (25,1% e 12,6%, respectivamente), enquanto o percentual de
brancas estupradas (48,7%) é inferior ao de mulheres brancas na população
do estado (62,2%).

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A proporção de pessoas negras vitimadas por atentado violento ao pudor
(37,8% de pardas e 11,5% de pretas)[3] é superior ao conjunto da população
negra residente no estado do Rio de Janeiro (24,5% de pardas e 12,2% de
pretas, considerando-se homens e mulheres, já que o atentado violento ao
pudor atinge ambos os sexos). As pessoas brancas vitimadas por atentado
violento ao pudor, representam 50,6% do conjunto das vítimas, enquanto, na
população do estado, os brancos perfazem o total de 59,4%.

A maioria dos crimes sexuais acontece na própria residência da vítima

59% dos estupros e 68% dos atentados violentos ao pudor foram cometidos
dentro da casa da vítima.

Mesmo quando o criminoso é desconhecido da vítima, em muitos casos a


residência é o palco da violência sexual

23,6% dos estupros e 20,6% dos atentados violentos ao pudor praticados por
desconhecidos da vítima ocorreram em sua própria residência.

15,2% dos estupros e 17,7% dos atentados violentos ao pudor praticados por
conhecidos da vítima ocorreram fora de sua residência (vias públicas, praças,
escolas, hospitais, termas, clubes, bares, ônibus, metrô, caixas eletrônicos
etc.)" veja o site.

De acordo com informe divulgado pela Organização Mundial da Saúde


(OMS) em novembro de 2002, quase metade das mulheres que morrem por
homicídio no mundo são assassinadas por seus maridos ou ex-parceiros. A
violência causa aproximadamente 7% dos problemas de saúde das mulheres
entre 15 e 44 anos.
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Além de destruir centenas de milhares de vidas, a violência contra a mulher
causa lesões físicas, dores crônicas, depressão, comportamentos suicidas e
dificuldades em obter ou permanecer no emprego. Em alguns países,
sobretudo os países pobres e em desenvolvimento, chega a 70% o número
de mulheres vítimas de agressões físicas e em 47% as mulheres que
tiveram iniciação sexual forçada.

O risco de um homem agredir fisicamente a mulher está relacionado,


principalmente, com a pobreza, a educação precária, a delinqüência e o
consumo excessivo de álcool. As mulheres são mais vulneráveis nas
sociedades onde há grandes desigualdades entre os sexos.

A OMS conclui que a violência contra a mulher é um problema de saúde


pública e os serviços de saúde devem trabalhar em conjunto com a polícia, a
justiça e a área de educação (Jornal do CREMESP, no. 185 de janeiro de
2003).

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