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SEMINÁRIO BÍBLICO DE TEOLOGIA CRISTÃ DO RIO DE JANEIRO

Seminário Interdenominacional – Entidade Mantenedora: COMUNIDADE CRISTÃ VIDA NOVA


Caixa Postal 46024 CEP 20560.970 – Rio de Janeiro/RJ

Neste estudo trataremos dos Livros Apócrifos contidos no Canôn


Católico. Saberemos porque foram incluídos junto com os livros
Canonicos aceitos pela comunidade Judaica e Protestante. Não
trataremos de livros inverídicos que circulam por aí, tais como certos
"evangelhos", que não passam de meras invenções, como Evangelho
de Tomé e Maria Madalena, que não passam de artigos publicados
por neófitos em busca de mais mentiras a respeito da própria vaidade
humana. Este é um estudo Teológico que trata dos Livros Apócrifos de
maneira sistemática e verdadeira, contendo fatos históricos e
composições poéticas.

O LIVRO DOS MACABEUS

Os dos Livros dos Macabeus são assim denominados por causa do


apelido do mais ilustre filho de Matatias, Judas, chamado o Macabeu
("martelo"). Não constam na Bíblia Hebraica e são considerados
Apócrifos pelos Judeus e pelas Igrejas Protestantes. Na Igreja Católica
foram incluídos nas listas de Livros Canonicos desde o Sec. IV.
Definitivamente inseridos no Cânon Católico durante o Concílio de
Trento ( 1546 ), os dois livros dos Macabeus completam a lista dos

OS LIVROS APÓCRIFOS
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sete livros Deuterocanônicos ( definição católica). Ambos foram


transmitidos em grego, mas 1 Mc foi provavelmente traduxzido de um
original hebraico, que se perdeu.

O tema geral dos dois livros é o mesmo: Descrevem as lutas dos


Judeus lideradas por Matatias e seus filhos, contra os reis Sírios
( Selêucidas ) e seus aliados Judeus, pela libertação política e
religiosa da nação.

O primeiro Livro dos Macabeus se ocupa de um período mais amplo


da guerra de libertação do que II macabeus. Começa com a
perseguição Antíoco Epífanes ( 175 A.C. ) e vai até a morte de Simão
( 134 A.C. ), o último dos filhos de Matatias. Depois de uma breve
introdução sobre os governos de Alexandre Magno e seus sucessores
( 1,1-9 ), o autor passa a mostrar como Antíoco Epífanes tenta
introduzir à força os costumes gregos na Judéia ( 1,10-63 ). Descreve
a revolta de Matatias ( 2,1-70 ), Cuja bandeira da libertação passa
primeiro a Judas Macabeu ( 3,1 - 9.22 ), Depois a seu irmão Jônatas
( 9,23 - 12,53 ) e por fim a Simão ( 13,1 - 16,24 ). Graças a estes três
líderes, a liberdade religiosa é recuperada, o país se torna
independente e o povo torna a gozar de paz e tranquilidade.

OS LIVROS APÓCRIFOS
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O autor é um Judeu da Palestina, conhece bem os livros sagrados e


imita a maneira tradicional de escrever história dos autores bíblicos.
Deve ter composto sua obra pelo ano 100 A.C. De fato não parece
estar longe dos fatos narrados e tem simpatia pelos Romanos, que
ocuparam a Palestina em 63 A.C. . Ao narrar as lutas pela libertação o
autor é sóbrio e procura ser objetivo. Mesmo assim, nota-se que tende
a favor dos Macabeus e está contra os gregos e o judeus apóstatas,
seus aliados.

Na luta de seus heróis ele vê uma "Guerra Santa", a intervenção divina


para salvar Israel. Deus, contudo parece distante e separado dos
homens, aos quais cabe a iniciativa nas nações. Por respeito ao nome
de Deus evita chamá-lo de "Senhor". Refere-se a Deus com
expressões como "Salvador de Israel" ( 4,30 ), "Céu" ( 3,18-19-60 -
4,24 - 12,15 ) ou "Ele". Tem veneração pelos Livros Sagrados ( 1,56 -
3,48 - 12,9 ), sobretudo pela Lei, intimamente ligada à Aliança ( 2,22-
27-50 ). Vê nas desgraças do povo um castigo por seus pecados e
infidelidades. Mas procura levá-lo a confiar em Deus ( 3,20-53 ), pois
ele não abandona os que lutam para lhe serem fiéis ( 2,61 - 3,18 - 4,10
). Os heróis d I Macabeus invocam a Deus antes das batalhas ( 4, 10-
30-33 - 5,33 - 7,40-42 - 9,46 - 11,72 ), certos de que mais vale a ajuda
do Céu do que a força dos exércitos ( 3,19 ).

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O SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS não é uma continuação dos


fatos narrados por I Macabeus. É antes um relato paralelo a I
Macabeus. Começa com os fatos do Templo do Sumo Scerdote Onias
III e do Rei Seleuco IV ( 180 A.C. ) e termina pouco antes da morte de
Judas Macabeu, com a derrota de Nicanor ( 161 A.C. ). Apresenta-se
como um resumo de uma obra mais ampla em 5 volumes, d um tal
Josão Cirene ( 2,19-32 ). Este Josão mostra-se bem informado ao
menos sobre a situação em Jerusalém, a administração Selêucida e
seu funcionalismo.

Não é fácil precisar até onde vai o trabalho do autor do resumo,


Contudo, além de ter inserido duas cartas no início de sua obra escrita
em grego, a ele devemos atribuir o prefácio ( 2.19-32 ) e o epílogo
( 15,37-39 ), além de algumas reflexões moralizantes ( 5,7-20; 6,12-
17 ). O seu "resumo" consiste em se alongar em alguns episódios que
lhe interessam: As partes onde é mais conciso que I Macabeus
servem para ligar tais episódios selectos.

O autor do resumo é um desconhecido, profundamente religioso,


talvez um Fariseu. É um apaixonado pela causa dos judeus e grande
admirador de Judas Macabeu, seu herói principal. A obra de Jasão de
Cirene deve ter sido composta em torno de 130 A.C. E o "resumo"
deve ser posterior a 124 A.C. (data da primeira carta 1,9 ) e anterior a

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63 A.C. quando Jerusalém foi ocupada pelos Romanos. Como se nota


pelas duas cartas iniciais e pelo prólogo o "resumo" foi composto em
Alexandria e sobretudo para leitores da comunidade judaica local. O
autor quer interessá-los na recente história conturbada dos judeus na
Palestina, finalmente libertados por Deus através da iniciativa de
Judas Macabeu, e convida-los a participar na festa da Dedicação ao
Templo. Ao longo de seu livro quer deixar claro que Deus continua a
amar, protejer e salvar o povo eleito, apesar do pecado de alguns de
seus membros.

Para atingir o seu fim, recorre ao gênero literário, grquente ao


helenismo, da "história patética", Isto é, os fatos históricos são
embelezados com vários recursos literários de modo a levar o leitor a
participar nos sentimentos de dor, repulsa, alegria e admiração do
autor. Esta é também a finalidade das frequentes exortações e das
aparições maravilhosas ( 14,15 ). Apezar do caráter religioso da obra,
do gênero literário empregado e do exagero nas cifras de vítimas e
forças militares em jogo, não faltam elementos históricos seguros na
obra, inclusive documentos provavelmente autênticos.

Além dos temas doutrinários tradicionais, aparecem no livro alguns


temas mais recentes, que terão repercussão no N.T. : A criação do
mundo do nada ( 7,28 ), a ressurreição dos justos no último dia ( 7;

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12,43-45; 14,46 ), A intercessão dos vivos pelos vivos ( 3,31-36 ) e


pelos mortos ( 12,38-45 ), e dos santos nos céus pelos vivos ( 15,11-
16 ).
OBS: Como podemos constatar nas duas últimas referencias
mencionadas, observamos a aparição de HERESIAS para com o
Canôn legítimo, ( intercessão pelos mortos, e intercessão dos santos
nos céus pelos vivos), veja que destes pequenos textos os católicos
basearam grande doutrina, não observando porém a verdade,
provavelmente estes textos de Macabeus foram usados na idade
Média pelo clero católico para justificação do "purgatório" e
"pagamento de indulgências e orações, por mortos e santos".

O LIVRO DE TOBIAS

Tobias é um dos sete livros deuterocanônicos, isto é, incluídos


definitivamente na lista dos livros inspirados da Igreja Católica só no
concílio de Trento ( 1546 ). O livro é considerado Apócrifo pelas
Igrejas Protestantes; Por isso não consta em suas Bíblias, como
também nas Bíblias Hebraicas.

Este livro deveria se intitular Tobit, o pai de Tobias e personagem


principal desta bela historieta familiar de sabor patriarcal; O relato de
cunho novelístico, conta uma história edificante, na qual são

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atualizados e recomendados certos ensinamentos da Lei, dos Profetas


e dos sábios israelitas e pagãos. Um israelita piedoso, chamado Tobit
é deportado pa Nínive, no tempo de Salmanasar, rei da Assíria, pouco
antes da destruição de Samaria ( 722 A.C. ). Depois de conquistar
uma posição de influência junto a Salmanasar, é denunciado pelos
ninivitas por dar sepultura aos seus correligionários, mortos pelo rei.
Em consequência perde todos os seus bens e pouco depois acaba
ficando cego. Nesta desoladora situação, sua mulher Ana passa a
afligi-lo, criticando a inutilidde das obras de misericórdia por ele
praticadas. Tobit recorre então a Deus em sua oração e chega a
desejar a morte. Lembra-se porém de um depósito em dinheiro que
havia deixado com um certo Gabael, em Rages, na Média, resolve por
isso enviar para lá o seu filho Tobias para recuperar a quantia.

Simultaneamente em Ecbátena, na média, outra família judia, parente


de Tobit, está aflita: Sua filha única, Sara, havia perdido sete maridos
na noite de núpcias, por maldade do demônio Asmodeu.
Desesperada, Sara também ora, Deus envia então seu anjo Rafael,
disfarçado na figura de Azarias, para resolver os problemas de Tobit e
Sara. Azarias acompanha Tobias na viagem para Rages. Os dois
viajantes hospedam-se na casa de Ragilel, parente de Tobit e pai de
Sara. Rafael aconselha Tobias a pedir a mão de Sara, que seria curad
do mau espírito pelo remédio extraído do peixe durante a viagem. O
casamento se realiza o dinheiro é recuperado e, na volta, Tobit é

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curado. Depois que ambas as famílias reencontram a felicidade,


Rafael se revela e desaparece.

O relato é perpassado de orações de louvor e súplica, ( 3,2-6, 11-15;


8,5-8. 15-17; 11,14; 13,1-18 ), de ensinementos sapienciais ( 4,3-19;
12,6-20; 14,10s ) e de cenas pitorescas e familiares: O choro de Ana
da despedida do filho ( 5,17-23 ), o cão que acompanha Tobias ( 6,1;
11,4 ), a Serva que com uma lampada vai espiar os noivos dormindo
( 8,13 ), a impaciente espera pela volta do filho ( 10,1-7 ).

Apesar de Tobias estar incluído entre os livros históricos e das


referências a fatos, lugares e personagens da história universal, não
passa de um relato popular didático e de cunho edificante. As
informações históricas são imprecisas e o autor não parece conhecer
a geografia e a topografia dos locais onde a história se passa. Além de
se valer da literatura legislativa, profética e sapiencial de Israel o autor
recorre à história e aos ensinamentos do sábio Assírio Aicar, famosos
em todo Médio Oriente. Chega até mesmo a fazer de Aicar o sobrinho
de Tobit ( veja a nota em Tb 1,21-22 ).

O livro de Tobias foi escrito provavelmente, em Hebraico ou Aramaico,


mas o texto se perdeu. Conhecemos o livro pelas versões Latina e
Grega. A versão latina é da Vulgata; Jerônimo a fez, corrigindo a
versão latina anterior ( Vetus Latina ) com base em um manuscrito
Aramaico. A versão grega é representada por dois grupos de

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manuscritos: hà uma versão mais longa, representada pelo códice


sinaítico do sec. IV D.C. , e outra mais curta, em uso nas Igrejas
Gregas e em algumas traduções modernas, representada pelos
códices Vaticano e Alexandrino.

O Livro de Tobias foi escrito provavelmente por volta do ano 200 A.C.
seu autor é desconhecido e o local de composição é ignorado. Os
destinatários parecem ser os Judeus da diáspora, isto é, que moram
fora da Palestina. A estes judeus desprotegidos no meio dos pagãos o
autor propõe o exemplo de Tobias. Recomenda-lhes a confiança na
providência divina, representada pelo anjo Rafael, a fidelidade à Lei, a
prática da esmola, o amor aos pais, a oração e o jejum, a integridade
do matrimônio e o cuidado e respeito pelos mortos. Quer mostrar que
o Israelita fiel a Deus e à sua religião nunca está só, mas é objeto da
especial proteção divina. Manifesta também a esperança de quando
Deus reunir o seu povo de todas as nações ( 13,5 ), então também os
pagãos se converterão ao Senhor para formarem um único povo de
Deus ( 14,6s ).

O LIVRO DE JUDITE

O livro recebeu o nome de seu personagem principal, uma mulher. Ela


personifica os ideais religiosos e nacionais do judaísmo, que resiste às

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potências pagãs e opressoras de todos os tempos. No livro elas são


representadas por Nabucodonosor e por seu General Holofernes.

Na primeira parte do livro ( cap, 1-3 ) Nabucodonosor é apresentado


como vencedor dos Medos e o conquistador do ocidente. Na segunda
parte ( cap 4-7 ) se descrevem as angústias de Betúlia, uma cidade
fortaleza cercada por Holofernes por ousar resistir ao seu avanço
sobre Jerusalém. Esta parte é dominada pela figura do Amonita
Aquior, o qual, durante um conselho de guerra no acampamento de
Holofernes, faz um resumo da História de Israel ( cap, 5-6 ). Aquior
aconselha a não atacar sem antes verificar se eles são culpados
diante de Deus; É que o povo eleito é salvo sempre que se mantém
fiel ao seu Deus. Acusado de colaborar com o inimigo, Aquior é
entregue nas mãos dos Judeus e Betúlia é sitiada. A terceira parte
( cap, 8-16 ) descreve como a cidade, após 30 dias de cerco e sem
água, está prestes a se render ao inimigo, sob a pressão da população
angustiada. Neste momento intervém uma jovem viúva, piedosa e
cheia de coragem. Depois de se preparar com jejuns e orações dirige-
se ao acampamento inimigo, fingindo querer entregar a cidade. Com
sua beleza, astúcia e abilidade nas palavras consegue enganbelar
Holofernes. No momento oportuno após o banquete, decapita o
General que estava bebado e leva triunfante sua cabeça a Betúlia. Ao
se verem sem chefe, os inimigos se põe em fuga e são facilmente
desbaratados pelos judeus. Aquior se converte, o povo louva a Deus e

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a coragem de Judite e esta compõe um cântico de ação de graças. O


livro termina com sacrifícios de ação de graças em Jerusalém e uma
notícia sobre a morte de Judite, após longa e feliz velhice.

continua....

CONTINUAÇÃO DO LIVRO DE JUDITE

Apesar do nacionalismo que transparece em todo livro, Judite não foi


incluído no Cânos judaico; por isso as igrejas Protestantes o
consideram Apócrifo. Na Igreja Católica após algumas dúvidas iniciais,
sobre tudo da parte de Jerônimo, o livro foi aceito como canônico e
definitivamente incluído no Cânon Católico pelo concilio de Trento
( 1546 ).

Judite foi escrito provavelmente, em Hebraico ou Aramaico. Mas o


texto que veio até nós é o da versão grega dos Setenta
( Septuaginta ). A versão da Vulgata resultou de uma revisão que
Jerônimo fez da antiga versão latina feita da versão grega, corrida à
luz de um texto Aramaico.

Á primeira vista Judite parece relatar fatos históricos o episódio da


libertação de Betúlia é colocado dentro de um contexto histórico;
Aparecem nomes de povos , pessoas e cidades e mencionam-se fatos

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que pertencem à história. Mas o leitor atento logo notará que o


interesse do livro não é histórico: Nabucodonosor é apresentado como
rei dos Assírios em Nínive ( 1,1.7.11;4,1 ), ele que reinou na Babilonia
( 604 - 562 A.C. ) quando Nínive já fora destruída ( 612 A.C. ); O retor
no do exílio da Babilônia é apresentado como um fato recente ( 4,3 ) e
o Templo como já reconstituído; Há nomes de cidades e roteiros de
campanhas militares puramente fictícios. O autor mistura com a maior
naturalidade fatos históricos de épocas distintas. No episódio de
Judite, inspira-se em modelos relatados em outros livros Bíblicos: Nas
figuras de Débora e Jael em luta contra o General cananeu Sísara ( Jz
4 ao 5 ) , na ástúcia de Simeão e Levi ( Gn 34 ), de Tamar ( Gn 38 ),
de Aod (Jz 3,12-30 ) e de Gedeão (Jz 6 ao 8 ).

O livro de Judite é pois, uma novela histórica, um escrito edificante


( Midraxe Hagádico ) para ilustrar a tese do autor a respeito do papel e
do destino de Israel na História. O próprio nome da heropina principal
é simbólico: Judite significa ( A judia ). A mulher simboliza portanto, a
coragem que o autor quer transmitir aos judeus nos momentos
trágicos de sua história.

O autor é um judeu desconhecido que, provavelmente, escreve na


Palestina após o ano 150 A.C. Ele quer encorajar os seus
contemporânios, ainda tramautizados pela perseguição de Antíoco

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Epífanes, a se manterem fiéis à Lei de Deus e aos costumes da


nação. Pois Deus está presente na história do povo eleito que se
mantém fiel à sua Fé, como o lembra Judite: " O nosso Deus está
conosco..." ( 13,11 ). Deus salva os que lhe são fiéis;
quando os castiga, nem sempre é para punir possíveis pecados, mas
para provar os que lhes estão próximos ( 8,25-27 ). Judite é, pois, um
instrumento da justiça divina que age na história em favor de seu povo
ameaçado. No caso de Holofernes é aplicada a lei do Talião: Ele
queria seduzir o povo eleito à idolatria ( como Antíoco Epífanes ); Por
isso foi seduzido e morto por uma mulher. Judite, enfim, é o modelo de
fidelidade para todos os que confiam e esperam na proteção divina.
Deus é que salva. Mas ele pode exigir como no caso de Judite, uma
participação generosa e mesmo heróica de alguns para salvar o seu
povo.

O LIVRO DE BARUC

Con o título geral de "Livro de Baruc" aparecem dois tipos de escritos


diferentes: O Livro de Baruc propriamente dito, e a carta de Jeremias.
Esta aliás nas edições gregas, é separado do Livro pela inserção das
Lamentações de Jeremias entre ambos.

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Mas o próprio Livro de Baruc tem uma composição complexa: Além da


introdução histórica, que situa a redação do livro na Babilônia, cinco
anos após a destruição de Jerusalém (1,1-14 ), distingui-se duas
partes: A primeira em prosa ( 1,5 - 3,8 ), é uma confissão dos pecados
e uma súplica, a serem feitas pelos israelitas diante de Deus; A
segunda em verso ( 3,9 - 5,9 ), encerra uma exortação sapiencial ( 3,9
- 4,4 ) e um oráculo de restauração (4,5 - 5,9 ).

O autor é pós-exílico, talvez do sec II A.C. mas atribui seu escrito ao


secretário de Jeremias, reproduzindo em ( 1,1 ) sua genealogia,
apresentada em Jr 32,12. Assim a situação do exilio é revivida pelos
integrantes da diáspora, ansiosos também eles pela restauração de
Israel.

O principal ensinemento doutrinário é que as tribulações do povo eleito


são consideradas consequência de suas infidelidades a Deus e à Lei.
Esta, apresentada como o caminho da Sabedioria, e o meio de se
restaurar a liberdade e a paz.

A "Carta de Jeremias", inspirada na carta do Profeta à primeira leva de


exilados ( Jr 29,4 - 23 ) e reproduzindo, quanto ao conteúdo, as idéias
de seu oráculo contra os ídilos ( Jr10,1 - 16 ), desenvolve

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exaustivamente o tema já abordado pelo Sl 115 É um escrito pseudo-


Epigráfico, redigido também no sec. II , vizando a preservar da
idolatria os judeus dispersos (menção ao II "livro de Isaías, um
pseudo-epígrafo ).

Ambos os escritos não se encontram na Bíblia Hebraica: se redigidos


originalmente em hebraico, como o dá a entender a versão de
Teodocião ( que só inclui textos traduzidos do Hebreu ou do
aramaico ), esse original se perdeu, restando apenas o texto grego.
Por isso integram o grupo dos Deuterocanônicos. Ambos são
preciosos como testemunho: São os únicos da Bíblia além do de
Tobias que se referem à vida dos judeus dispersos, firmemente unidos
na contrição e na esperança, a seu povo.

O LIVRO DA SABEDORIA

Titulo e conteúdo: Sabedoria é um dos cinco livros chamados


sapienciais. Nos manuscritos gregos, língua original em que foi escrito,
seu nome é "Sabedoria de Salomão". Na vulgata de Jerônimo é
chamado "Livro da Sabedoria", nome pelo qual hoje é conhecido.

OS LIVROS APÓCRIFOS

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