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AUTOLESÃO NÃO SUICIDA

*Compreendendo a autolesão não suicida (ou automutilação):

A autolesão não suicida é uma violência dirigida a si mesmo(a), proposital e que não é socialmente aceita
(então exclui tatuagem e bodypiercing). A autolesão não suicida é considerada um transtorno mental de
acordo a última versão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (1).

Perceba que essa autolesão é caracterizada como “não suicida” porque é um tipo de violência sem intenção
consciente de causar a morte. Ela não é uma “falsa” tentativa de suicídio, pois geralmente tem um objetivo
diferente: o de obter alívio de sentimentos ruins.  Apesar disso, uma pessoa com autolesão pode vir a ter
pensamentos suicidas e, na verdade, a autolesão é um fator de risco importante para o suicídio (1).

O objetivo da autolesão geralmente é o alívio de sentimentos negativos por meio da dor física. A autolesão
não suicida não é uma consequência direta de um transtorno mental ou alguma doença física.

A autolesão não suicida é multifatorial, ou seja, existem vários fatores de risco ligados a esse
comportamento. Entre estão fatores psicológicos individuais (impulsividade, baixa autoestima, insegurança,
dificuldade na regulação de respostas emocionais, distorções da imagem corporal), sociais (acesso a
informação irresponsável e romantizada sobre o comportamento, bullying, cyberbullying, influência de
pessoas que se autolesionam, como ídolos teen ou pessoas próximas), vivências traumáticas na infância e
relações familiares (negligência, violência sexual, psicológica ou física, relações familiares disfuncionais,
ausência de um dos pais, histórico de suicídio e uso abuso de álcool e drogas na família, entre outros).

*Como (e por que) ajudar alguém com autolesão não suicida…

É importante entender que a autolesão não suicida é um comportamento dependente, ou seja, a pessoa pode
precisar cada vez mais desse ato para obter alívio. Ela pode pensar constantemente na autolesão, ter
dificuldade de controlar e recorrer com frequência a esse comportamento. Nesse sentido, quanto antes a
pessoa tiver auxílio, melhor…

A autolesão não suicida expressa a existência de sofrimentos emocionais importantes, verdadeiros e que
precisam de cuidado.  É importante não desqualificar o sofrimento de alguém, afinal, como diria Caetano
Veloso “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (2). É importante oferecer apoio e também procurar
ajuda (com mais pessoas próximas e serviços de saúde).

A autolesão não é o recurso saudável ou recomendável para resolução de problemas, por isso é importante
ajudar a pessoa com esse comportamento a ampliar suas habilidades emocionais, capacidade de resoluções
de problemas, além de conhecer e, se possível, prevenir os estressores que podem estar ligados a esse
comportamento (como violência, situações de abuso, luto, entre outras)(3).

Em muitos casos de autolesão, existe o compartilhamento de lâminas (ou outro material perfuro-cortante), o
que está associado a disseminação de doenças infectocontagiosas. Dessa forma, é importante desencorajar o
compartilhamento dos métodos de autolesão não suicida(3).

A autolesão pode gerar conflitos, preocupações, sofrimentos e sentimentos variados entre pessoas próximas
de uma pessoa que se lesiona. Não é fácil saber que alguém querido está se machucando. Alguns
sentimentos como culpa, raiva ou descrédito podem surgir. É acolher, escutar (sem julgamentos) e amparar
quem está próximo de alguém que se autolesiona. Ao serem compreendidos, escutados e acolhidos, essas
pessoas podem se sentir mais preparadas para fazer o mesmo…
E aproveitando que estamos falando de apoio, é importante lembrar que é muito difícil lidar ou se
responsabilizar sozinho por alguém que sofre ou está em risco. E para isso é importante identificar uma rede
de apoio, ou seja, mais pessoas que podem ajudar, família e amigos, serviços de saúde, linhas de ajuda
(Centro de Valorização da Vida – CVV), outros serviços da comunidade (igreja, escolas, esportes e lazer,
entre outros) para oferecer suporte e acompanhamento adequado para a pessoa em sofrimento.

E retomando nossa pergunta inicial “como podemos colaborar para prevenção do comportamento? ”.
Convidamos você, principalmente, a buscar refletir, agir sem julgamentos, acolher, respeitar a diversidade,
conversar e compartilhar esses conhecimentos. Como diria Guimarães Rosa “só se pode viver perto de
outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho
de saúde, um descanso na loucura”

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