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ARTIGO

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E PODER:


HIERARQUIA, HETERARQUIA, HOLARQUIAS E REDES
CLAUDIA LILIANA PERLO
Instituto Rosario de
ORGANIZATIONAL LEARNING AND POWER: HIERARCHY, Investigación em Ciencias
HETERARCHY, HOLARCHY AND NETWORKS de la Educación (Irice) –
Conicet (Consejo Nacional de
Investigaciones Cientifícas y
Técnicas) Rosario, Argentina.
RESUMO: Apresentamos o resultado de uma in- ABSTRACT: We present outcomes of an inves- E-mail: perlo@irice-conicet.
vestigação em torno das concepções de poder, tigation in relation with the power, hierarchy, gov.ar.
hierarquia, heterarquia e rede que as pessoas heterarchy and web conceptions that people
mantêm nas organizações de trabalho. A mesma hold in labor organizations. This investigation LETÍCIA DEL CARMEN
é parte das investigações que desenvolvemos em is part of the research we are developing in
COSTA
IRICE-CONICET, Argentina. Indagamos o que é IRICE-CONICET, Argentina. The question that
preciso aprender para produzir mudanças reais e leads our observations is what is necessary UADER Facultad de Ciencias
efetivas nas organizações. Procuramos a ligação de la Gestión. Paraná Entre
to learn to produce real and effective changes
Rios - Argentina
entre as possibilidades e limitações para aprender in the organizations? We are seeking about the
com os conceitos que as pessoas usam em sua link between the possibilities and limitations to
atuação. Apresentamos um caso sobre uma co- learn and change with those conceptions that MARIA VERÓNICA LOPEZ
operativa que oferece serviços sociais aos seus people have in their practice. We refer a case ROMORINI
profissionais. Nossa abordagem metodológica se which is about a mutual that offers social servi- Instituto Rosario de
baseia na perspectiva qualitativa por meio do en- ces to their professionals. Our methodological Investigación em Ciencias
quadramento da pesquisa-ação. Os instrumentos approach is base on the qualitative perspective de la Educación (Irice) –
usados para o levantamento de dados que aqui through the action-research design. The tools Conicet (Consejo Nacional
apresentaremos são sequências gráficas, entre- used for gathering were graphics series, in- de Investigaciones Científicas
vistas e discussões em grupo. As conclusões do terviews and discussion groups. The work’s y Técnicas) – UNR, Rosario,
trabalho sugerem o abandono dos modelos anti- conclusions are that it’s require to abandon Argentina.
gos baseados na fragmentação das partes e que the old models tie to the fragmentation of the E-mail: lopezromorini@irice-
configuram uma estrutura organizacional vertical. parts, that configured a vertical organizatio- conicet.gov.ar.
A partir de uma concepção da realidade complexa nal structure. From a complex and reticulated
e em redes, propomos um olhar eco-holárquico conception of reality, we propuse an eco-holo- MARÍA DEL ROSARIO DE
para pensar as estruturas organizacionais. Des- archy view to think the organizational structu- LA RIESTRA
te ponto de vista, as diferenças são entendidas res. From this point of view, the differences are Instituto Rosario de
como subtotalidades na rede, não implicando em understood as sub-totalities in the web. This Investigación em Ciencias
relações de hierarquia de superioridade, mas sim doesn’t simply superior hierarchy relations. It’s de la Educación (Irice)-
como um meio de complementação, colaboração mean a complementation, collaboration and Conicet (Consejo Nacional
e sentido comunitário. community sense. de Investigaciones Científicas
y Técnicas) – UNR, Rosario,
PALAVRAS-CHAVE: Poder, hierarquia, redes KEYWORDS: Power, hierarchy, networks Argentina.

Tradução de
ANNA PINHEIRO DE
VASCONCELLOS
Neste artigo apresentamos conceitos que comprovam o marco teórico de nossa in-
vestigação atual em torno das concepções de poder e hierarquia que as pessoas sus- Recebido em 28/02/2012.
tentam como teorias em uso nas organizações de trabalho (Argyris & Schön, 1978). Aprovado em 17/04/2012.
A abordagem teórico-metodológica se baseia na hermenêutica (Gadamer,
1977), integrando a perspectiva sistêmica e os enfoques complexos (Morín, 1995), * Projeto: aprendizagem e
desenvolvimento organizacional:
a partir da perspectiva qualitativa por meio do estudo de casos. as concepções de poder e sua
Nos estudos anteriores (Perlo, 2008)* observamos que as pessoas geralmente incidência nos processos de
mudança coletiva (2007-2009)
concebem o poder como um objeto/substância proveniente da autoridade do posto, IRICE-Conicet- UNR.
movendo-se verticalmente através de tendida como a existência de níveis de
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uma estrutura piramidal, impedindo os superioridade de uns sobre outros.
processos de participação e fluidez de A partir de uma perspectiva sistêmica
mudança no contexto organizacional. e hologrâmica (Wilber, Böhn, Pribram
Isto provoca um enfraquecimento et al., 2008), é indispensável revisar esta
da rede organizacional que leva ao tra- concepção que responde a um modelo
balho solitário e isolado, diminuindo mecânico da realidade. A administra-
a autonomia reflexiva dos indivíduos ção científica se enraizou neste modelo,
(Dávila & Maturana, 2007), a capaci- configurando relações hierárquicas evi-
dade criativa e a responsabilidade ética dentes nas cadeias de comando.
e social para tomar conta de si mesmos Etimologicamente, hierarquia nos
e do coletivo a que pertencem. conduz ao sentido de graduação das
Indagamos em que medida as pos- pessoas, valores ou dignidade.
sibilidades ou limitações para apren-
der e mudar se encontram fortemente
Um dos aspectos que se destaca em toda
ligadas às concepções de poder e hie-
manifestação de vida é a tendência a
rarquia que apoiam as pessoas na sua
construir estruturas multiniveladas de
atuação. Nesse sentido, nos interessa
sistemas dentro de sistemas (...) desde os
aprofundar o conceito de heterarquia
(McCulloch, 1965). primórdios da biologia organicista estas
Apresentaremos os achados teóricos, estruturas foram denominadas de hie-
produtos da exploração e aprofunda- rarquias. Entretanto, este termo pode ser
mento em torno dos conceitos de hie- equivocado ao tratar-se de hierarquias
rarquia, heterarquia e holarquia vincu- humanas, estruturas rígidas, de domínio
lados à noção de rede, como também o e controle e muito diferentes das encontra-
trabalho de campo realizado em torno das na Natureza. É conveniente observar
destes conceitos. A conclusão propõe o que o importante conceito de rede – trama
conceito de eco-holarquia para confi- da vida – dá uma nova perspectiva sobre
gurar uma nova ordem organizacional as denominadas hierarquias da Natureza
que sustente a convivência democrática (Capra, 2006, p. 47-48).
em nossas instituições.
Consideramos que a perspecti-
va hierárquica não é adequada para
DA PERSPECTIVA TEÓRICA o aprendizado coletivo. É necessário
ampliar o campo de percepção no qual
“O poder é uma forma de autoridade nos encontramos aprisionados siste-
‘superior’ que várias pessoas podem ter. micamente.
Exercem sua autoridade sobre aqueles que Neste sentido é que indagamos sobre
estão em uma camada inferior a sua.” o conceito de heterarquia. Este é apre-
(Entrevistado)
sentado pela primeira vez por Warren
Ou
McCulloch em 1965, num trabalho so-
“Vejo-me em todo o povo, e ninguém é
bre redes neuronais, “McCulloch tirou
nem mais nem menos do que um grão de
o conceito de heterarquia de um prin-
cevada.”
cípio que ele apreciava muito: o prin-
Walt Whitman
cípio do mando potencial, por meio
De hierarquias e heterarquias do qual a informação constitui a au-
toridade (Von Foerster, 1997, p. 141)”.
A indagação parte do questiona- Von Foerster ilustra este princípio
mento da concepção de hierarquia en- com a história da batalha das Ilhas

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Midway, quando a frota japonesa es- Morales (2010), sustentam que as Aprendizagem organizacional
heterarquias são sistemas debilmente e poder 101
teve a ponto de destruir a americana:
Claudia Liliana Perlo, Letícia del Carmen Costa,
acoplados porque têm uma interação Maria Verónica Lopez Romorini e María del...
A capitânia dos americanos foi atingida descentralizada, impulsionada por di-
nos primeiros minutos e a sua frota ficou ferentes interesses individuais que po-
sem comando, passando da hierarquia dem até mesmo ser contraditórios.
para a heterarquia. Então, o comandante Este último ponto nos leva a indagar
de cada navio, grande ou pequeno, assu- em que medida os sistemas guardam
miu o comando de toda a frota quando simultaneamente as duas formas de
se deu conta de que, devido à sua posição organização: hierárquica e heterárqui-
neste momento, tinha melhor conheci- ca? Por que Iannacci e Mitleton-Kelly
mento de como agir. Como todos sabem, caracterizam os sistemas heterárqui-
o resultado foi a destruição de toda a fro- cos como “debilmente acoplados”?
ta japonesa e a virada decisiva da guerra Os sistemas heterárqui-
do Pacífico (Von Foerster, 1997, p. 141). cos são abertos, flexíveis e
multidimensionais, características
Von Foerster (1997) analisa este hoje reconhecidas, a partir dos
tipo de organização por meio do sistemas complexos, como essenciais
conceito “heterarquia”, o qual define para a estabilidade, conservação e
como governo de outros ou governo transcendência. Da mesma forma,
dos outros. Contrariamente, segundo voltamos a nos perguntar por que
sua etimologia, conceitualiza a hierar-
nos sistemas hierárquicos, nos quais a
quia como arquien (governo) e hieros
determinação do macro para o micro
(sagrado). Estes conceitos aparecem
não é garantida, a���������������������
debilidade estrutu-
como opostos. A heterarquia se carac-
ral não é notada?
teriza pela distribuição do poder em
Von Foerster ilumina nossas per-
subsistemas de governo (Kontopoulos,
guntas ao assinalar que a estabilidade
1993), enquanto que, na hierarquia, o
dos sistemas e, além disso, a partir de
poder se concentra na camada supe-
rior, no alto da estrutura piramidal. nossa perspectiva, a força dos mes-
As relações heterárquicas se evi- mos não contra atua em oposição às
denciam na natureza das redes de que forças perturbadoras, existe somen-
fazemos parte, como afirma Barragán te como fonte de criatividade. Estes
Morales (2010), formando um novelo conceitos no complexo organizacional
de interdependências. Este autor con- nos permitem transcender o espaço
sidera que hierarquia e heterarquia di- de luta entre os de cima e os de baixo
zem respeito a um mundo organizado na cadeia hierárquica de comando até
em níveis ou subsistemas. O conceito um espaço de encontro criativo entre
de heterarquia se torna necessário as pessoas. Entendidas estas últimas
para compreender que a determinação como subtotalidades, diversas, únicas
dos processos macro e micro nunca e complementares da trama coletiva
é completa. Os sistemas evidenciam (nós), concebida aqui como totalidade
uma multideterminação de nature- (Böhm, 2008).
za aberta em contínua reorganização,
multidimensional e contraditória, que Da metáfora da pirâmide à metáfora da
requerem uma observação mais ampla rede
e complexa do que a dos níveis exclu-
sivamente hierárquicos. Como se configura a ordem na rede?
Por outro lado, Iannacci e Mitleton- Concebemos uma sociedade em rede
-Kelly (2005), citados por Barragán (Castells, 2006) altamente interconec-

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tada, flexível e cada vez mais indepen- A partir dessa perspectiva, a estru-
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dente. Entender de maneira mecânica tura das redes caracterizada pela flexi-
os fenômenos sociais cria empecilhos bilidade, adaptabilidade e descentrali-
para a compreensão do fluxo dos pro- zação do controle se institui na forma
cessos nos quais estamos imersos. São de uma ordem forte, saudável, inclusi-
eles que constituem a rede dinâmica na va, de sustentação das pessoas dentro
dos sistemas auto-eco-organizados em
qual são reconhecidos os vínculos (fios)
que tramam as organizações como um evolução (Morin, 1996).
produto, uma ordem, uma “comuni- As redes reestruturam o poder e o
dade de prática” (Wenger, 2001). Por fluxo de comunicação, apresentando
sua vez, as organizações são produto- cruzamentos múltiplos; são meios que
ras dessa rede, produzindo o coletivo ampliam as possibilidades do proces-
ou organização, o tecido relacional no samento da informação e de aprendi-
qual as pessoas estão inseridas. As co-zagem, abrindo-se, desse modo, para o
munidades de prática se constituem a aprendizado em colaboração.
partir da presença e da participação. É Entendemos que uma concepção
uma ��������������������������������
rede que está em constante movi- de poder que busque gerar mudanças
mento e transformação. por meio do aprendizado no contex-
Segundo Capra (1995): to organizacional deverá separar-se da
concepção tradicional de hierarquia
(...) a teia da vida consiste em re- associada com a superioridade estabe-
des dentro de redes. Em cada  lecida pelas diferenças.
escala, sob estreito e minucioso exa-
me, os nós da rede se revelam como
redes menores. Tendemos a arranjar A APRESENTAÇÃO DE CASO E
esses sistemas, todos eles aninhados ABORDAGEM METODOLÓGICA
dentro de sistemas maiores, em um sis-
tema hierárquico, colocando os maio- Será apresentado um caso relacio-
res acima dos menores, à maneira  nado com o contexto do tema estuda-
de uma pirâmide invertida. Mas isso é do e sobre o qual as empresas também
uma projeção humana. Na natureza, terão interesse em se informar. Trata-
não há “acima” ou “abaixo”, e não há -se de uma sociedade cuja finalidade é
hierarquias. Há somente redes aninha- oferecer a todos os profissionais afilia-
das dentro de outras redes. dos serviços, subsídios, ajuda econô-
mica, planos de saúde, assessoria jurí-
A partir de uma perspectiva con- dica e cursos. A instituição conta com
vergente, Maturana (2010) assinala diretoria, presidente, chefes de setores
que não existe hierarquia na nature- e o operacional. Tem 60 empregados
za, existe uma ordem que se confunde distribuídos entre a sede e quatro su-
com esse tipo de organização. A ordem cursais em localizações próximas.
vem da disposição das coordenações Os instrumentos utilizados para o
de coordenações das tarefas realizadas. levantamento de dados foram: sequên-
Como mostra Friedrich Von Hayek, cias gráficas, entrevistas e grupos de
citado por Von Foerster, “a única pos- discussão. Aqui nos referimos aos re-
sibilidade de transcender as mentes in- sultados obtidos a partir das sequên-
dividuais é confiar nas forças auto-or- cias gráficas. Formadas por desenhos e
ganizacionais suprapessoais que criam esquemas produzidos a pedido do pes-
uma ordem espontânea (1997, p.133)”. quisador, elas nos dão informações va-

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liosas sobre pressupostos subjacentes e de uma imagem como representante Aprendizagem organizacional
e poder 103
teorias em uso (Argyris & Schön, 1978) da categoria a ser descrita e explicada.
Claudia Liliana Perlo, Letícia del Carmen Costa,
e que dificilmente seriam verbalizados. As imagens protótipos a seguir per- Maria Verónica Lopez Romorini e María del...

O pedido foi: “Desenhe uma organi- tencem a três gerentes. A imagem A


zação.” A partir destas representações corresponde ao exemplo 1 do proces-
começou-se a fazer indagações sobre a so e a imagem B ao exemplo 2, após
percepção do poder e a configuração do a facilitação. Construímos tr����������
��������
s catego-
espaço organizacional. Este método tra- rias: imagens piramidais, circulares e de
ta dos mapas da organização que cada rede. Em cada figura, analisaremos três
pessoa configura a partir de sua própria indicadores: conceito de poder, tipo de
percepção do território organizacional, ordem e configuração espacial.
indo ao encontro do sentido que Mor-
gan (1998) deu em seu livro Imágenes de Da análise das imagens
la organización às diferentes metáforas
que as pessoas constroem e por meio Imagens piramidais:
das quais atuam nas organizações.
Foram preparadas sequências em Dos 12 desenhos separados, 6 cor-
dois momentos da investigação, no respondem a imagens piramidais.
início e no fim do processo. Entre estes
dois momentos foi desenvolvido um Figura I: Imagem piramidal A

processo de facilitação para produzir


mudanças reais e efetivas na organi-
zação. Os seguintes temas aparecem:
liderança, participação, poder, comu-
nicação, redes, construção de relações
colaborativas e diálogo. Eles também
foram abordados a partir de uma
perspectiva complexa, sistêmica e em
rede da organização. Em síntese, as
sequências foram administradas com
dois objetivos: primeiro, levantar os
pressupostos subjacentes prévios para
a facilitação, segundo, examinar os
processos de mudança que facilitam a
intervenção na organização.
Serão apresentados aqui os resul-
tados da análise de 12 desenhos* que Nesta figura, pode ser observado
correspondem a pessoas que ocupam um organograma composto por re-
cargos de gerência desta organização. tângulos que interpretamos como os
Para este artigo, selecionamos 6 lugares ou postos de trabalho. Por sua
imagens que consideramos protótipos vez, estes se encontram emoldurados,
da amostra. Na pesquisa qualitativa, ou melhor, atravessados por uma figu-
entendemos como protótipos os da- ra piramidal. Os retângulos ultrapas-
dos trazidos pelas pessoas que definem sam a moldura. As setas que unem os * A base de dados da equipe
de modo claro e preciso uma catego- postos apresentam diferenças entre a conta com 348 sequências
gráficas, correspondentes
ria ou classe. Assim são utilizadas pelo parte superior e a parte inferior. Na a outras amostras de casos
pesquisador a descrição textual de parte superior, a linha é contínua en- organizacionais que se
encontram em processamento
uma palavra, uma frase ou a utilização quanto que na inferior é descontínua. e análise.

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A estrutura piramidal parece consti- definindo o que está em cima e o que
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tuir-se em um forte “corpete” que deli- está abaixo. Da mesma forma, um
mita e fragmenta o posto de trabalho, dentro e um fora são desenhados de
uma vez que aparecem dois níveis di- forma fragmentada. O entorno não é
ferenciados por uma linha pontilhada. percebido. Esta geografia se constitui
Abaixo e fora da pirâmide emerge ou- “a partir do olhar dicotômico onde o
tra interação, menos visível na arqui- limite separa drasticamente um inte-
tetura piramidal. Nesta cartografia, a rior e um exterior... (Najmanovich,
pirâmide se coloca como um teto por 2008)”.
cima de outros tipos de relações que Neste desenho se observa uma
não estão dentro do corpete. mudança significativa, o posto de
De acordo com nossa perspectiva, trabalho se transformou em pessoa
o poder é percebido como um objeto (figura humana masculina e femini-
neste mapa, algo que vem do lugar/ na). Esta mudança mostra um salto
posto que se ocupa na estrutura pira- qualitativo neste mapa que, embo-
midal. Trata-se de uma ordem hierár- ra piramidal, humaniza o posto de
quica que concebe uma configuração trabalho. Embora a pirâmide vol-
espacial entre um acima e um abaixo, te a aparecer dentro do “corpete”,

Figura II: Imagem Piramidal B

o jogo de relações não está acima se apresenta na figura anterior, evi-


delas, fragmentando-as. Assim mes- denciando uma mudança relevante
mo, neste desenho, os níveis hierár- que vai da organização objeto até
quicos dentro do corpete piramidal a organização pessoa (Schvartein,
aparecem claramente diferenciados. 2002). Nesta configuração espacial se
Aqui existe uma concepção de po- observa uma relação entre o dentro
der e hierarquia similar àquela que e o fora diferentes daquela do pri-

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meiro desenho. As pessoas que estão exteriores estão sustentando tanto Aprendizagem organizacional
e poder 105
fora da organização mantêm relação o círculo como a cadeia que o mes-
Claudia Liliana Perlo, Letícia del Carmen Costa,
com esta última, o que é simbolizado mo contém. A configuração espacial Maria Verónica Lopez Romorini e María del...
pelas linhas pontilhadas. Estas linhas estabelece um fluxo nos términos de
marcam uma diferença com as rela- circulação que denota maior flexibi-
ções estabelecidas entre as pessoas lidade. Este mapa poderia girar como
que se encontram dentro do marco uma roda de engrenagem. A imagem
piramidal. Nestas cartografias (figu- mostra uma concepção de poder di-
ra I e figura II), o que está no ponto ferente da pirâmide onde este já não
mais alto da pirâmide é aquilo que
sobe e abaixa, mas sim, circula.
vai perdendo maior quantidade, va-
riedade e qualidade de vínculos.
Figura IV: Imagem circular B

Imagens Circulares:

Dos 12 desenhos separados, 4 cor-


respondem a imagens circulares.

Figura III: Imagem circular A

Neste mapa circular, a mudança en-


tre as imagens circulares A e B é muito
mais importante do que as encontradas
nos mapas piramidais. A gestalt aqui se
transforma de círculo para rede. A con-
cepção de poder, embora centralizada,
aumenta a interatividade.
Na figura circular A, não existe vin-
culação com a cadeia que, agora sim,
aparece e se inclui na figura B. As co-
nexões que aparecem na figura B evi-
Neste mapa prevalecem as figuras denciam maior inclusão e associação.
circulares. Na configuração espacial A imagem pura do círculo já não é a
fica claro um centro como também mesma. Surge aqui a possibilidade de
um dentro e um fora, sem um acima transitar do círculo para a rede. Esta
ou um abaixo. Nesta configuração não imagem se afasta da engrenagem de
se mostram níveis, status ou hierar- maquinaria, com maiores possibilida-
quias. As relações de poder aparecem des de circularidade e rodagem. Esta
no centro em forma de cadeia que está figura deixa de lado a ideia de lide-
fortemente diferenciada. A presença rança e se inicia a gestação, a gerência
do outro é permanente de um lado a coinspirativa.
outro e em frente.
As relações que se estabelecem já Imagens reticulares:
não se mostram como submissão,
tampouco fica clara a direção do vín- Dos 12 desenhos separados, 2 cor-
culo. Pode-se pensar que as figuras respondem a imagens reticulares.

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Figura V: Imagem reticular A
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Este desenho mostra o dentro e o imagem, indicam uma direção no mes-


fora. Há círculos que podem se co- mo sentido, sugerindo a ideia de aliena-
nectar com outros círculos. As setas se ção até um objetivo comum.
orientam em todas as direções, o que Quanto a ordem, não se trata de
mostra um vínculo multidirecional. Há uma ordem disciplinada e hierárquica,
quantidade e variedade de conexões. mas sim de uma ordem caótica. Isto é
Os círculos e setas são mais assinala- bifurcação, imprevisibilidade e diver-
dos que outros, o que denota diferentes sidade na intensidade do fluxo. Conse-
intensidades dos vínculos, diferentes quentemente o conceito de poder é de
fluxos. Assim mesmo, as três setas com biopoder que se encontra distribuído
volume, que aparecem nos três lados da aleatoriamente entre as relações.

Figura VI: Imagem reticular B

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O mais significativo nesta imagem ganização. Ao mesmo tempo temos Aprendizagem organizacional
ampliada e aprofundada a diversidade e poder 107
é a sinergia que aparece com a orga-
Claudia Liliana Perlo, Letícia del Carmen Costa,
nização de múltiplas interconexões. Se de imagens que mostram diferentes Maria Verónica Lopez Romorini e María del...
organizam num conteúdo em forma configurações em torno da circulari-
de seta que se dirige claramente até a dade e na rede. Observamos um pre-
meta comum. Vê-se um fluxo central domínio das configurações piramidais
(marca do traçado) e esta intensidade sobre as circulares e de rede, já que das
também se repete na ponta da seta. 12 figuras analisadas, 6 das mesmas
Surge a ideia de força e energia que respondem a esta categoria.
embora se destaque neste fluxo mais
intenso pelo traçado, está presente A partir da análise dos três tipos de
na totalidade das interações em jogo. categorias, observamos que, na pirâ-
Os círculos mais marcantes no centro mide, os movimentos se encontram
mostram movimento através de vérti- fortemente controlados, no círculo os
ces e atratores. Existe a ideia de tecido movimentos são previsíveis, enquanto
junto com direção, sendo uma intera- que na imagem da rede o movimento
ção caótica com esta. As concepções de não só é mais intenso como também
ordem e poder são semelhantes a da denota maior interação, fluxo e, ainda,
figura 5, mas, neste caso, o fluxo está mais imprevisibilidade e caos.
potencializado por uma ação coletiva Tanto na pirâmide quanto no círcu-
sinergética, ajustada à meta da orga- lo o padrão é o controle e na configu-
nização. Esta imagem traz a percepção ração da rede o padrão é o caos.
de inclusão do “todo no todo”. Das 6 figuras selecionadas, tanto
nas piramidais, nas circulares e nas de
A síntese da análise rede, observamos modificações signi-
ficativas em duas partes das sequências
Antes da realização da síntese sobre gráficas A e B, de onde surgiu uma fa-
o tema principal desta investigação, cilitação (aprendizagem) que permitiu
consideramos necessário realizar uma ampliar as percepções sobre a organi-
breve precisão metodológica da análi- zação. Nestas modificações, se obser-
se. Explicaremos nossa visão em torno vou uma evolução no movimento que
da relação existente entre os pressu- modificou de alguma forma a confi-
postos ou antecipações de sentido do guração, desde nossa interpretação da
que conta o investigador e os resulta- pirâmide até a rede.
dos encontrados. Em relação ao conceito de poder, o
Os pressupostos são inevitáveis e objeto vai se desenhando ao passar da
guardam estreita relação com o olhar pirâmide para a rede. Na pirâmide, o
mesmo do investigador, aquele que poder se detém, na roda circula de um
determina o observado. Estes conhe- lado ao outro, e na rede flui de manei-
cimentos não buscam simplesmente ra imprescindível e multidimensional.
sua constatação, mas têm a pretensão
de ser modificados e ampliados pelo
processo de investigação, com o pro- CONCLUSÕES
pósito de melhorar a compreensão do
fenômeno. Sobre a hierarquia e a sua ineficácia para
No caso desta investigação em es- compreender a ordem na rede
pecial, foi confirmada a presença de
configurações piramidais nos mapas A partir deste estudo observou-se
mentais das pessoas que atuam na or- que:

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(a) a concepção de poder se associa à Uma concepção de poder que bus-
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hierarquia, superioridade, domina- que gerar mudanças no contexto or-
ção e imposição; ganizacional deverá transformar o
(b) a organização como uma estrutura conceito tradicional de hierarquia,
piramidal ignora a trama organi- associado à superioridade estabeleci-
zacional composta pela intercone- da pelas diferenças. Sustentamos que
xão das condutas individuais; uma visão hierárquica das relações
(c) esta concepção de poder produz humanas plasmadas nas construções
solidão e isolamento quanto mais organizacionais não é a adequada para
alta for a posição das pessoas na compreender o que ocorre na rede na
pirâmide. qual nos encontramos sistemicamente
enredados (Capra, 2006).
A concepção mecânica da realidade Maturana e Dávila (2010, p. 20) di-
social conduz nosso olhar observador zem:
a capturar o espaço organizacional
configurado entre o “acima e o abai- A competência não é o mecanismo de
xo”, nos impedindo de ver a fluidez dos sobrevida diferencial, como assinala Da-
processos em que estamos envolvidos. rwin. Nós dizemos, como uma afirmação
Deste modo, nas organizações escu- biológica e não teórica, que o fenômeno é
tamos de forma mais frequente entre os o desvio natural. Os organismos deslizam
empregados de “hierarquia mais baixa”, pela circunstância do viver sobre a tan-
um discurso que se resume em “nós e gente na qual se conserva a vida. Os que
vocês”. Esta visão fragmentária impede não estão aptos, por exemplo, desapare-
“pensar junto”, diminui nossa partici- cem, mas não por uma relação competiti-
pação na rede, produzindo mal-estar e va. Isto também se aplica às organizações.
doença. Isto nos conduz à reflexão em
torno das limitações que condicionam Perguntamos-nos se estas concep-
nossa coabitação no contexto organi- ções de hierarquias e heterarquia não
zacional. Vimos que o mapa piramidal provêm de uma visão fragmentada
define uma dimensão emocional-rela- e reduzida, pois ambas se referem ao
cional na qual o medo e a raiva cons- poder exercido por um ou pelo outro,
tituem as emoções básicas. Atestamos iludindo o nós.
que esta ordem não é biológica, mas No mesmo sentido, até que pon-
sim cultural e que obedece ao nosso ego to o conceito de heterarquia não se
envaidecido e à necessidade do homem refere a um sentimento nostálgico de
de controlar e dominar. abandono do conceito de hierarquia?
“Positivamente e com uma aprecia- Consideramos a �������������������
heterarquia um con-
ção reducionista desenhamos soluções ceito que nos permite transitar até
para os problemas da nossa sociedade uma ordem não hierárquica, uma
ordem de multiníveis. Existe sempre
organizada, dedicados com empenho
uma ordem configurada por nossa
à construção de cenários que favore-
própria observação. Esta ordem se
cem a frustração e o mal-estar coletivo,
encontra em permanente entropia,
avivando a chama da dor (Perlo, Costa,
desvio natural que flui permanente-
& De la Riestra, 2010).” Tal dimensão
mente da ordem ao caos e do caos a
nos leva a evocar uma concepção so-
nova ordem, num caminho de evolu-
cial expressa no Leviatan de Hobbes,
ção auto-eco-organizado.
“Homo Homini lupus” que significa
É preciso fortalecer a noção de sub-
“O homem é o lobo do homem”.
sistemas e multiníveis que caracterizam

Nova Perspectiva Sistêmica, Rio de Janeiro, n. 43, p. 99-112, ago. 2012.


o universo auto-eco-organizado de (b) uma concepção autopoiética da Aprendizagem organizacional
e poder 109
Morín (1996) do qual fazemos parte. autoridade que possibilite a emer-
Claudia Liliana Perlo, Letícia del Carmen Costa,
É importante voltar a ressaltar que gência do poder gerador e criativo; Maria Verónica Lopez Romorini e María del...

a Natureza se organiza em torno da (c) um enfoque do poder baseado na


coordenação de produções. Ou seja, não holarquia que comporte a apro-
existe hierarquia na Natureza (�������
Matura- priação da ação coletiva através do
na, 2010), a abelha rainha, o líder da ma- reconhecimento ético dos atores da
nada, o rei Lear são categorias humanas, sua inevitável participação na rede;
sociais, que extrapolamos para a condu- Nesse sentido, a percepção em rede
ta animal que desconhece pirâmides e da organização que se conecta com
sistemas de governo tanto monárquicos uma configuração diferente do espaço-
como totalitários ou militares. -tempo-alteridade nos leva à transfor-
Até que ponto o que observamos mação coletiva que reconhece que “a
como competência/mutualismo, pre- trama da vida está constituída por redes
dação/simbiose não são movimentos dentro de redes” (Capra, 2006, p. 82).
diferentes homeostáticos em busca de Aqui cabe uma constatação: desde
equilíbrio dinâmico que a Natureza o interior da equipe de investigação,
requer no seu permanente e inevitável na análise das imagens não existiu di-
movimento para fluir com a mudança? ficuldade para analisar as cartografias
A partir de uma concepção sistêmi- piramidais. Ela apareceu enquanto
ca e em rede dos processos coletivos, fazíamos o estudo das imagens circu-
consideramos que as diferenças não lares e em rede. Neste momento, re-
deveriam estabelecer um sistema de conhecemos de que modo e até que
superioridade, e sim buscar comple- ponto a metáfora piramidal está inte-
mentaridade, colaboração e sentido riorizada por nós. Percebemos que os
compartilhado que possam dar uma recursos racionais de que dispomos
perspectiva hologrâmica da rede. nos guiaram significativamente em
O aprendizado a partir de uma torno da análise piramidal, enquanto
concepção de rede do poder facili- que, para analisar círculos e redes, ne-
ta os processos de mudança coletiva, cessitamos apelar para outros recursos
possibilitando um desenvolvimento que não provêm do racional. À medi-
coevolutivo (Jansch, 1981), produto da que avançamos no processo surgiu
do reconhecimento da natureza não a incerteza que nos mostrou a neces-
hierárquica das relações humanas. “A sidade de novas linguagens para ana-
estrutura ideal para o exercício do po- lisar novos territórios. A possibilidade
der exige modificar profundamente as de configurar mostra que consegui-
presunções básicas (Schein, 1988) de mos diferentes perspectivas, incluindo
autoridade e hierarquia que os atores cortes transversais e movimentos de
sociais assumem na ação coletiva.” varredura, escolha de escala e modo de
Na análise cartográfica das imagens, interação.
chamamos a atenção para as possibi- Em suma, trata-se de um dispositivo
lidades de aprendizagem e transfor- que nos dá a possibilidade de construir
mação organizacional que surgem e se um estilo de indagação caracterizado
potencializam a partir de: pela exploração (Najmanovich, 2008).
(a) uma perspectiva em rede da ação Desta forma, advertimos que todas
coletiva que permita compreen- as cartografias estudadas – a pirâmide,
der o poder como fluxo de inte- o círculo e a rede – estão ali no terri-
rações; tório da potencialidade. As mesmas

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aparecem a partir de diferentes regis- mente que sente com um coração que
110 NPS 43 | Agosto 2012
tros perceptivos e são legitimadas por pensa relacionalmente.
lógicas e éticas muito diversas e daí Nesse estudo investigamos as dife-
diferentes facilitações suscitarem dife- rentes dimensões da ordem: hierar-
rentes cartografias. quias, heterarquias e holarquias. De
Insistimos que todos estes mapas são acordo com Capra (1999), entende-
factíveis em todo o território organiza- mos que, como toda metáfora, o holo-
cional e sabemos que uns estão mais fa- grama é limitado para poder se pensar
cilitados e legitimados que outros pela a configuração da ordem nas orga-
ordem social estabelecida. Podemos nizações. O holograma é uma figura
ressaltar que se existe uma legitimação estática, uma foto; enquanto a ordem
positiva em torno da arquitetura visível que buscamos implica fluxo e movi-
da pirâmide, esta vem perdendo a eficá- mento. Capra (1999) diz:
cia diante das vicissitudes institucionais
que denunciam o padecimento cotidia- A ecologia é realmente a estrutura que
no para sustentá-la em detrimento da melhor abarca a nova visão da realidade.
nossa qualidade de vida. A ecologia apresenta múltiplas manifesta-
ções que vão desde a ciência dos ecos siste-
A eco-holarquia como nova dimensão da mas aos estilos de vida ecológicos, sistemas
ordem na rede de valores, estratégias econômicas, política
e finalmente a filosofia.
Consideramos que seja propício
aclarar, evidenciar, habilitar, reconhe- Para concluir este trabalho propo-
cer a arquitetura do invisível que nos mos considerar um novo conceito: a
conecta com uma visão holográfica do noção de eco-holarquia como nova di-
poder para transformá-lo. Isto implica mensão de ordem. Como a democra-
uma decisão ética e epistêmica, aquela cia não supõe hierarquias, o conceito
de incluir na cena cotidiana o registro de eco-holarquia nos leva a pensar uma
perceptivo, conceitual e significativo nova configuração da ordem na rede.
da holarquia. No espaço organizacional, necessi-
A holarquia coloca ordem no pla- tamos aprender esta nova configura-
no físico onde nenhuma partícula ção para construir uma sociedade hu-
elementar é mais fundamental que mana democrática sustentável; nela, o
outra. Cada elemento de um sistema é exercício de rede do poder é entendido
mais ou menos equivalente em status como uma estrutura configurada pelas
e mutuamente interdependente. To- posições relativas (fluxo permanente)
dos em um e cada um em todos. Para dos sujeitos que participam do siste-
viver e conviver presos na rede, a se- ma. Sistema (holón) no qual nenhuma
nha está em voltar ao “holón” matriz partícula é fundamental.
(totalidade), isto é, voltar à vivência Por meio desse artigo, buscamos
da tribo. “Uma comunidade saudável contribuir com os processos de sus-
compõe um ciclo ou um cesto, que tentação da qualidade de vida junto à
se mant����������������������������
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m entrelaçado pela confian- construção da participação na cidada-
ça mútua, respeito e interdependên- nia como desafio democrático de nosso
cia (Brigg & Peats, 1999, p. 29).” Esta povo. Esperamos que o impacto tenha
profunda observação requer o desen- caráter qualitativo e transformador.
volvimento da “percepção sensível”, A percepção da organização como pi-
aquela que nos permite articular uma râmide rígida e estática nos condena ao

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desencontro com o outro, à impossibili- Gardner, H. (2002). Mentes líderes: un Aprendizagem organizacional
e poder 111
dade de dialogar e apreciar a totalidade anatomia del liderazgo. Barcelona:
Claudia Liliana Perlo, Letícia del Carmen Costa,
na sua multidimensão. A partir de uma Paidos. Maria Verónica Lopez Romorini e María del...

perspectiva divergente, a percepção em Hobbes, T. (1998). Leviatán: o la mate-


rede da organização nos conecta com ria, forma y poder de una república
uma configuração saudável do espaço e eclesiástica y civil. México: Fondo de
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