Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://novaescola.org.br/conteudo/1229/o-lugar-da-
luta-nas-aulas-de-educacao-fisica
Prática Pedagógica
Para trabalhar com esse assunto, o professor não precisa ser um atleta que
saiba lutar judô, por exemplo. O essencial é estudar o assunto - tal como se
faz com outros, como futebol e alongamento - e se dedicar para que as
informações apresentadas sejam compreendidas pela turma com clareza.
Outro ponto importante que o docente precisa ter claro é que o objetivo não
pode ser transformar os alunos em lutadores profissionais (como ocorre no
caso da prática de esporte de alto rendimento). A ideia é fazer com que eles
conheçam as características comuns às lutas, as técnicas, o histórico, as
vestimentas e os países em que as lutas são praticadas (e também vivenciem
movimentos básicos de cada modalidade).
Foi exatamente isso o que fez Joice Nozaki, quando lecionava para a 5ª e a 7ª
série da EMEF Professor Mario Marques de Oliveira, na capital paulista. Ela
criou um projeto sobre lutas, vencedor do Prêmio Victor Civita - Educador
Nota 10 no ano passado, visando aumentar o repertório cultural dos
estudantes, ampliar e complexificar as experiências motoras deles e mostrar
para a moçada que brigar é, definitivamente, outra coisa (leia mais sobre o
projeto na última página).
Na prática, isso quer dizer elaborar aulas que explorem habilidades motoras e
capacidades físicas que envolvam os seguintes aspectos: força, flexibilidade,
equilíbrio e desequilíbrio, agilidade e corrida ou saltos. Esses são os
elementos básicos para qualquer luta. Sendo assim, vale convidar os
estudantes para experimentar um desafio de queda de braço ou para uma
briga de dedão, em que os oponentes dão as mãos, mantendo os polegares
levantados e, com o braço apoiado em uma mesa, tentar abaixar o dedão um
do outro, por exemplo. O importante é levá-los a compreender quão
fundamental é, em ambos os casos, empregar a força para vencer ao mesmo
tempo em que é fundamental não se descuidar do equilíbrio. Sem se
esquecer também de deixar claro que violência e deslealdade são alvos de
punição.
Há muitas outras atividades que você pode propor aos alunos para trabalhar
as habilidades exigidas pelas lutas. É possível, inclusive, inventar algumas e
convidar os alunos a fazer o mesmo.
As que privilegiam o equilíbrio são as que têm como desafio manter o corpo
estável mesmo diante de quedas e de tentativas de deslocamento do
adversário. Práticas que exigem força devem fazer com que a musculatura
vença a resistência para realizar algum movimento, como empurrar, elevar,
apertar e segurar. Atividades que envolvem agilidade ou rapidez são as que
pedem capacidade de deslocamento, tempo de reação curto entre o estímulo
recebido e o movimento realizado. Já as que têm como foco a flexibilidade
exigem movimentos amplos que atinjam maior amplitude articular para
sustentar algumas posturas, como as de chutes.
Para treinar a força, por exemplo, a turma pode praticar o cabo de guerra e,
para o equilíbrio, vivenciar atividades que exijam ficar em uma perna só e ao
mesmo tempo derrubar o adversário com algum tipo de golpe (leia a
sequência didática).
"Uma das capacidades físicas importantes tanto para o basquete como para o
judô é a força. Porém as condições gerais em que ela aparece em cada
prática são distintas. No jogo, o contato entre adversários nada tem a ver
com o que ocorre na luta. Variam também os materiais e os movimentos, tal
como o objetivo. Enquanto no basquete o propósito é fazer cestas, a intenção
no judô é derrubar o oponente de costas para o chão", explica Carreiro.
Isso comprova como não basta o aluno ter desenvolvido certa capacidade
física num jogo se, no momento de utilizá-la em outro contexto, é preciso
outro foco. Quanto mais vivências diferentes os estudantes tiverem de certa
habilidade, mais hábeis e conscientes de seus movimentos eles serão.
Joice Nozaki
Formada em Educação Física, a professora é especialista em Educação Física
escolar e, atualmente, faz mestrado na área de formação profissional.
1 Sensíveis
diferenças
A turma compara
imagens de brigas
e lutas e percebe
que as primeiras
são
desorganizadas,
enquanto as
outras têm regras.
2 Clube da luta
3 Estudo focado
Para aprender
sobre esgrima,
capoeira e judô, os
estudantes
pesquisam a
história, as regras,
os trajes e os
atletas campeões.
"A meta foi
ampliar o leque de práticas corporais que a garotada conhecia", explica Joice.
4 Resultado final
Fabio D'Angelo,
selecionador de
Educação Física do
Prêmio Victor
Civita - Educador
Nota 10.
CONTATOS
Eduardo Augusto Carreiro
EMEF Professor Mario Marques de Oliveira, tel. (11) 5831-0145
Joice Nozaki