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Contextualização desta relação nas sociedades atuais. Que papel têm os média e os
novos média na produção, percepção e reacção à criminalidade? Caminhar no sentido de
desconstruir o discurso do senso comum sobre o assunto:
Desde os finais do século XIX, assistimos a ondas de medo e indignação pública com
ondas de crime percebidos como ligados a cada nova inovação nos meios de comunicação e
informação: cinema, fotografia, imprensa, rádio, TV, internet, etc.
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4. Outros pensam que a violência é nociva simplesmente porque pode traumatizar,
especialmente as crianças mais novas. Poder atribuído sobretudo à televisão, às
imagens. Efeitos temidos não são da ordem do comportamento, mas da
perturbação psíquica.
As cenas de violência são numerosas nos média e, quanto mais forem as cenas, mais
evidente é a sua natureza nefasta.
Mas há venenos que deixam de atuar para além de uma certa dose: sendo em
dose maciça, atua?
Cenas de violência: o que compreendem?
Nem todos os média contém conteúdos violentos; e há violência fora dos média,
na literatura, como por exemplo na bíblia.
Não é fácil medir a violência representada nos média. Não é fácil medir o
desenvolvimento da violência na realidade social. Aumento da violência pode ser devido a
muitos fatores. E mesmo que se pudesse demonstrar aumento concomitante da violência nos
média e na vida social, nem por isso ficaria demonstrado que uma causa o outro.
A reflexão sobre as representações da violência nos média e o seu impacto deve levar
em conta os contextos em que elas são produzidas e interpretadas.
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mensagens são recebidas. Não se pode inferir os efeitos a partir do conteúdo. O
seu sentido varia segundo a posição do telespectador face à mesma posição, essa
que por sua vez varia me função da idade, etnia, género, etc.
Histórico, cultural e societal: As cenas de violência situam-se em obras ou géneros
que encontram o seu lugar no horizonte de uma cultura, num determinado
momento histórico.
É inegável o poder das representações mediáticas sobre os públicos, mas estes são
receptores passivos, mas intérpretes ativos, e essa influência exerce-se numa interação
complexa com outras práticas sociais e culturais. É necessário repensar e questionar o que está
em causa quando se fala no poder dos média em matéria criminal.
As mudanças nas representações mediáticas não veem de outro planeta. Fazem parte
de mudanças sociais maiores de perceções e práticas sociais. Há uma relação dialética entre
média, sociedade e cultura.
É difícil isolar os efeitos que os média têm sobre o sistema face a outras forças. O
visionamento de shows de crime está correlacionado com a perceção de que esse tipo de
programa tem uma função educativa (Hayes & Levett, 2012). Porém não se pode dizer que
esse hábito causa esse ponto de vista da mesma forma que não se pode dizer que o foco
mediático em assuntos de crime causa comportamentos criminosos.
Ponto de partida - situar essa relação no contexto actual, quer em termos societais,
quer em termos de paisagem mediática, não esquecendo que o referente dessa discussão
tende a ser unilateral, que dizer, centrados nos chamados países do Norte.
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Traços dominantes da sociedade contemporânea
1. A sociedade em rede - as linguagens e as tecnologias digitais de produção e
comunicação de registo em imagem e a democratização do acesso às mesmas, em
contraponto com o aumento das desigualdades de todo o tipo, incluindo no acesso
às novas tecnologias.
2. Domínio da cultura visual, digital e móvel - Cultura dos ecrãs - privilégio da
imagem.
3. Sociedade de controle - Processos de reforço de vigilância, controlo e disciplina
associados à tendência crescente de visualizar a existência, aumentando a sua
visibilidade (Mirzoeff, 2015). Importa, portanto, perguntar, como o poder social,
incluindo os média e as empresas digitais, operam para controlar as imagens
expostas à sociedade. As culturas estão repletas de prescrições sobre o que se
deve obrigatoriamente ver, assim como sobre o que não se deve ver (caso em que
se converte em tabu), assim como prescrições sobre quem pode ou quem não
pode ver, e quem deve ou não deve ser visto. Exemplo: Nas sociedades talibãs a
imagem é altamente policiada quando estão em causa corpos femininos.
4. A estetização do quotidiano: Culto do corpo, da aparência, das pulsões e
sensações: padrões corporais, ou seja, importância física do ser humano.
5. Processos de globalização cultural: Protagonismo das indústrias culturais e globais
e os média fornecem-nos mediascape: “comunidades imaginadas”: “O aspeto mais
importante destas paisagens mediáticas é que fornecem especialmente sob a sua
forma de televisão, cinema e cassete, vastos e complexos reportórios de imagens,
narrativas e etnopaisagens a espetadores em todo o mundo, e nelas estão
profundamente misturados o mundo das notícias e da política”. Tendem a ser
explicações centradas na imagem, com base narrativa, de pedaços da realidade, e
o que oferecem aos que as vivem e as transformam é uma série de elementos
(como personagens, enredos e formas textuais) a partir dos quais podem formar
vidas imaginadas, as deles próprios e as daqueles que vivem noutros lugares.”
(Appadurai, 2004, pp. 53-54).
Clássicos:
Claro que há sobreposição: jornais impressos estão agora disponíveis nas redes sociais.
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Os média como indústrias culturais na sociedade em rede
Convergência do telefone, computador e média, integração de negócios e de
mercados.
Publicidade;
Notícias;
Entretenimento;
Infoentretenimento (o que era meramente informativo passou a ser
entretenimento com informação; notícias dos jornais, radio, TV, documentários,
ficção, séries, filmes, reality show.)
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Grupo Confina - Presidido por Paulo Fernandes, este é o maior grupo de Imprensa
português, detendo diversos títulos de informação, desde jornais diários (Correio
da Manhã, Record, Jornal de Negócios e Destak, a revistas como a Sábado, a TV
Guia e a Máxima, além de projetos exclusivamente online como Aquela Máquina e
Flash.
Global Media - Em termos de imprensa e online, e além de participação em títulos
regionais como o Açoriano Oriental e o Diário de Notícias da Madeira, conta com
títulos como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo, Dinheiro Vivo, Delas,
Evasões e Volta ao Mundo. Detém ainda a Rádio Notícias que, através de várias
frequências, emite a rádio TSF Press. O grupo é ainda o maior acionista privado da
agência Lusa.
Grupo Impresa – Presidência executiva Francisco Pedro Balsemão; detém oito
canais de televisão (SIC, SIC Caras, SIC Internacional, SIC K, SIC Mulher, SIC Notícias,
SIC Radical e DStv – estação emitida apenas em África), o jornal Expresso e as
publicações Blitz e Volante. A Impresa é também acionista da agência de notícias
Lusa, na qual tem uma participação de 22,35%. Alienou recentemente à Trust in
News uma série de publicações (Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier
Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Telenovelas, TV Mais,
Visão, Visão História e Visão Júnior).
Grupo Sonaecom – Controlado em quase 90% por empresas do universo Sonae,
da família Azevedo, é o único acionista da Público - Comunicação Social, que detém
o jornal diário com o mesmo nome, além de 50% da Sociedade Independente de
Radiodifusão Sonora (SIRS), a empresa que controla a Rádio Nova (os restantes
50% são detidos, em partes iguais, pelos empresários Álvaro Covões e Luís
Montez) e 1,38% da agência Lusa. Tem 50% da Zopt (os restantes são da
empresária angolana Isabel dos Santos) que, por sua vez, controla 52,15% da NOS,
que tem 25% da Sport TV.
Observador – Nasceu como um jornal generalista digital, uma linha que mantém
até hoje apesar de já ter colocado à venda nas bancas cinco edições especiais em
papel. A publicação online é detida pela empresa Observador On Time, que tem no
empresário português Luís Amaral o seu grande acionista. Através da Amaral e
Hijas Holdings, o dono do grupo polaco Eurocash controla mais de 45,6% da dona
do Observador que, de resto, conta com vários empresários portugueses no seu
capital.
A Renascença – Com uma participação de 60% do Patriarcado de Lisboa e de 40%
da Conferência Episcopal Portuguesa, é um dos principais operadores de rádio em
Portugal, detendo diversas frequências que são utilizadas pelas suas rádios: RFM,
Renascença, Megahits e RádioSim.
Grupo RTP – Detido a 100% pelo Estado português, é, em termos de dimensão e
recursos humanos, a maior empresa de comunicação social do País, detendo oito
canais de televisão (RTP 1, RTP 2, RTP 3, RTP Memória, RTP Açores, RTP Madeira,
RTP Internacional, RTP África) e oito emissoras de rádio (Antena 1, Antena 2,
Antena 3, RDP Memória, RDP Açores, RDP Madeira, RDP Internacional e RDP
África).
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Media Capital – um dos maiores grupos de comunicação social portugueses.
Detida pela empresa espanhola Promotora de Informaciones (Prisa), através da
Vertix, detém 94,69% da (o também espanhol “Abanca” é dono de 5,05% das
ações) A Media Capital detém, a 100%, seis canais de televisão, dos quais o
destaque vai para a TVI, que emite em sinal aberto. No cabo, o grupo conta com a
TVI 24, TVI Ficção e TVI Reality, enquanto a nível internacional a aposta passa pela
TVI África e TVI Internacional. A nível editorial, e depois da venda em 2013 dos
seus últimos títulos em papel (Lux, Lux Woman e Revista de Vinhos), o projeto
editorial com mais notoriedade é a página online do Mais Futebol. O grupo é
também um dos maiores operadores de rádio em Portugal, controlando, a 100%,
cerca de 20 empresas detentoras de licenças de emissão radiofónica. As
frequências controladas por estas instituições estão ao serviço das diversas
emissoras do grupo: Rádio Comercial, M80, Cidade FM, Smooth FM e Vodafone
FM.
Agência Lusa – Tem no Estado o seu acionista maioritário (50,14%). Apesar de
pública e de receber anualmente uma indemnização compensatória pelo serviço
que presta (em 2018 o valor foi de 15,838 milhões), a Lusa conta com vários
acionistas privados, acima citados.
Sociedade Vicra Desportiva – Proprietária do jornal desportivo A Bola, a revista de
automóveis Autofoco.
Sport TV – Nasceu em 1998, sendo o primeiro canal premium português. Inserida
no universo da Olivedesportos, Grupo detido por Joaquim Oliveira ficou com
“apenas” 25% da empresa de canais de desporto (oito estações, dos quais duas em
exclusivo para África). As operadoras de telecomunicações MEO, NOS e Vodafone
detêm, cada uma, uma fatia de 25% da Sport TV. Além dos canais em sinal
fechado, o grupo lançou há dois anos a Sport TV +.
Estão disponíveis mais conteúdos, mais formatos por mais meios, incluindo
artefactos da realidade virtual;
É cada vez maior a interação entre os média e as redes sociais.
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Tipos de conteúdo mediático ou géneros discursivos associados ao
crime
Para além dos noticiários, existem os publicitários, os de entretenimento e os de
ficção.
Mais rapidez;
Maior alcance;
Encorajam reciclagem de conteúdos e convergência de tecnologias;
Globalização da informação;
Os alvos e os conteúdos são mais definidos;
O consumo é feito pela escolha do consumidor;
Interatividade: consumidor pode ser participante ativo no desenvolvimento do
conteúdo (jogos de vídeo);
Interatividade em tempo real ou assíncrona.
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Servem para:
Novas formas de crimes antigos: a privacidade em risco na luta contra o crime feita via
vigilância das forças policiais.
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mundo que acreditam existir - com base nas suas experiências pessoais e em conhecimentos
adquiridos através das interacções sociais.
Na nossa sociedade, são os média que continuam a ter mais peso na formação
da realidade simbólica, suplementam e muitas vezes substituem o nosso
conhecimento limitado derivado da realidade que experienciamos e das
informações da realidade simbólica que recebemos de outras pessoas e
instituições.
É porque muito do nosso conhecimento social é adquirido simbolicamente
através dos média que há preocupação com as representações do crime e da
justiça que produzem.
Não esquecer, porém, o peso das redes sociais, se bem que, como dissemos
média e redes sociais estão interligados.
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Os discursos e as imagens mediáticas são hoje a principal fonte de experiência e
conhecimento social sobre crime e justiça:
Receber uma multa de trânsito continua a ser a forma mais comum de contato
entre os cidadãos e as autoridades policiais.
Entre as vítimas de crimes, ser alvo de um roubo é muito mais provável do que
a vitimização violenta.
Para a maioria de nós, é preferível enfrentar crimes e justiça através dos
média, do que enfrentar diretamente eventos de crimes e justiça.
Poucos procuram a experiência de serem vítimas de crimes, mas muitos
gostam de ver e ler sobre crimes.
Todas as visões da realidade são construídas, e estar ciente disso ajuda a decidir quais
as construções concorrentes de crime e justiça que adotamos. O processo de construção social
não é inerente pernicioso ou maligno, mas devemos reconhecer o processo para avaliar
cuidadosamente as políticas de justiça criminal resultantes:
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É descrever;
É mostrar, trazer à mente, por via da descrição, ou do retrato, ou da imaginação,
pessoas, objetos ou eventos;
Colocar algo de semelhante à coisa em frente à nossa mente ou sentidos.
Representar também significa simbolizar, estar em vez de, substituir. No
cristianismo, a cruz representa o sofrimento e a crucificação. Nos dois sentidos, o
de mostrar e o de simbolizar, “representar” significa tornar presente aquilo que o
não é - tanto pode tomar o lugar de uma ausência, como pô-la em exibição, como
nas representações políticas.
Representar significa evocar alguma coisa, que existe ou não, ideal ou concreta,
real ou imaginária, que é passada ou presente, e torná-la presente por outros
meios diferentes dela.
Representar também tem o sentido de apresentar em jeito de prova – apresentar
os documentos, ou apresentar várias vezes (representação teatral). “Mostrar-se
em representação de” não significa estar ausente, mas aparecer com ostentação.
Como damos significados às coisas, ao mundo, aos objetos, à nossa realidade social?
(Stuart Hall, 1997) Representar através de gestos, palavras aquilo que eu estou a sentir, a
realidade que estou a sentir por exemplo com um médico. Os média utilizam sistemas
simbólicos para construir uma ação de uma determinada maneira, seja a linguagem verbal,
imagem, som etc. é desse processo que resulta uma determinada representação.
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Os signos estão em vez dos conceitos e das relações concetuais entre eles
que temos na cabeça; e juntos fazem os sistemas de significado da nossa
cultura;
A relação entre coisas, conceitos e signos está no centro da produção do
significado na linguagem. Ao processo que liga estes 3 elementos chama-se
representação (Hall, 1990).
Representações mediáticas
Na abordagem cultural dos estudos dos média, o termo representação refere-se ao
processo social de representar: processo de pôr em formas ou signos concretos crenças,
valores, ideologias, estereótipos ou visões do mundo, através do uso da linguagem, da imagem
ou outros códigos. As representações são o produto desse processo.
Essas escolhas não são, porém, livres, nem puramente subjectivas, já que estão
intimamente ligadas à ordem social.
Nem todas as representações têm o mesmo valor ou eficácia social uma vez que estão
relacionadas com a questão do poder, de legitimidade social e de interesses. Quem detém
esse poder e legitimidade, detém os mecanismos que permitem controlar a produção e a
circulação das representações no discurso público.
Representações do Crime
Walter Lippman (1922) diz: “Na maioria das vezes, não vemos primeiro e depois
definimos. Definimos primeiro e depois vemos…. Escolhemos o que a nossa cultura já definiu
para nós e tendemos a perceber o que escolhemos na forma estereotipada que a nossa cultura
nos forneceu.” A verdade é que nem os cientistas escapam a este tipo de preconceito social
que existe para legitimar a falta de poder, como no exemplo do artigo publicado no Jornal
Público relativo aos videojogos.
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estratégias e formas: diferentes factos sobre o que aconteceu; diferentes explicações;
oferecem cursos de ação para resolver a situação que definem como problema – políticas
públicas.
5 frames:
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4. Racist system: Culpa o sistema de ser racista, ou seja, o crime resulta de uma
sociedade racista, sendo que a maior parte das pessoas que estão nas prisões são
afro-americanos e estão rotulados como indivíduos criminosos.
5. Violent media: Acusa os média de serem violentos e, portanto, será necessário o
controlo mediático pelo governo.
As narrativas são centrais nos média de entretenimento, como por exemplo, séries,
mas também comum em notícias e infotainment (programas da manhã na TV portuguesa.
Importa perceber que também aquilo que é excluído nas representações, como por
exemplo, o crime de colarinho branco, não significa que tenham essa representação real
quando cometidos na sociedade, sendo que o impacto social de um crime nem sempre é igual
ao seu valor noticioso. Os retratos de crimes económicos são raros e, quando produzidos, são
enquadrados de formas diferentes aos crimes de rua.
Esta questão da exclusão é importante porque se não aparece nos média, parece que é
um crime que não existe. O crime é representado como amplamente causado por deficits
individuais e é importante perceber as explicações que põem em causa a estruturação social e
o seu papel na criminalidade, sendo que são secundarizadas ou excluídas.
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Regra geral – o crime é representado como amplamente causado por deficits
individuais.
Nas Ciências da Comunicação, já foi provado que a ideia de uma possível relação
causal direta entre consumo dos média e resposta comportamental não tem fundamento
empírico.
Investigações pioneiras sobre este assunto: Estudos empíricos sobre os efeitos dos
média, desenvolvidas nos EUA, entre 1940 e 1960.
Representações
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Preocupações com a segurança pessoal.
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3. O facto de o crime estar menos abertos do que outros assuntos públicos
a definições alternativas e competitivas:
o Não se contrabalança a declaração de um polícia com a de um
criminoso, embora, como já constatamos, a Internet, as redes
sociais e a tecnologia móveis tinham vindo a alterar este cenário.
4. O facto de os criminosos não serem vistos como fontes legítimas, nem
estarem organizados- assume-se que o criminoso, pelas suas ações,
perdeu o seu direito de cidadania de resposta até que que pague pela sua
dívida.
Conclusão:
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Eles não são, a maioria das vezes, os definidores primários dos eventos noticiados,
mas a relação estruturada que têm com o sistema de controlo do crime por razoes
organizacionais/profissionais, têm o efeito de lhes atribuir um papel secundário,
mas ainda assim crucial, na reprodução das definições daqueles que têm um
acesso privilegiado, como se de um direito se tratasse, aos média como fontes
credíveis;
Daí que, na visão de muitos investigadores os média desempenham um papel
chave na reprodução da ideologia dominante, sendo, portanto, atires
fundamentais no exercício do controlo social;
Tal não exclui a possibilidade de conflito de visões entre os média e as fontes
institucionais, que ocorre, na verdade de forma regular- a relação entre os média e
as fontes institucionais é uma relação amor-ódio.
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Previsibilidade (um acontecimento tem maior probabilidade de
ser notícia pela sua imprevisibilidade), no caso em concreto. No
caso prático, este é improvável por estarmos a falar de uma
professora catedrática, ou seja, um caso imprevisível de
acontecer.
Simplificação (notícias concisas, breves, o mais claro possível,
noticias em pirâmide, ou seja, primeiro o mais importante e
depois o menos importante). No caso prático, há várias
explicações para o assédio moral e laboral, poder desigual entre
trabalhador e patrão por exemplo (desigualdade de poder) bem
como fatores organizacionais. A notícia tem muito a ver com as
referências que o publico tem. Personalização e polarização
subjacente a este valor-notícia.
Individualismo - neste caso prático já havia um precedente, a
instituição não fez nada. Culpa centrada na professora, sendo que
a Universidade já deveria ter feito algo há muito tempo.
Risco associado à vulnerabilidade e as próprias emoções
associadas à insegurança. No caso prático, para os funcionários,
docentes. Passa a ideia de que nada se fez e que a professora
continua a trabalhar sem que nada tivesse sido feito, ou seja,
novamente a questão da insegurança.
Sexo – estereótipos sexistas associados às expressões que a
própria professora utiliza.
Celebridade ou pessoa com estatuto elevado – no caso prático,
associado à própria universidade, a segunda melhor do país e
depois pelo facto de ser uma professora catedrática o que agrava
e negatividade da eventual ação da senhora.
Violência pelo teor da própria notícia e pelos próprios detalhes
incluídos.
Proximidade - no caso prático pelo facto da proximidade cultural.
Espetáculo e emergência gráfica - Violência de imagem mental,
no sentido, da forma como foi escrita a notícia, pela descrição
detalhada que é feita.
Crianças – no caso prático não se aplica.
Ideologia conservadora e diversão política – no caso prático sim
está presente, diferenças de poder associadas à personalização
que contribui para o desvio da responsabilização da pessoa para a
instituição.
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Em função da representação que fazem dos seus públicos, os jornais
apropriaram-se dos pontos de vista oficiais e sujeitam-se a um determinado
tratamento, tornando-o inteligível para as suas audiências;
Stuart Hall fala a esse propósito no “idioma público dos média” e na “Retórica
do apelo” - que servem para naturalizar o discurso oficial dentro de um quadro
de compreensões prévias atribuídas aos públicos, o que tem o efeito de tornar
as notícias mais reais, ou seja, plausíveis. E, no longo prazo, serve para
consolidar o senso comum, ou seja, o conhecimento que se assume ser
partilhado por todos os membros de uma sociedade, o que obviamente tem
efeitos conservadores, podendo impedir a mudança social.
Desde os finais do séc. XIX assistimos a ondas de medo e indignação pública com ondas
de crime percebidos como ligados a cada nova inovação nos meios de comunicação e
informação: fotografia, imprensa, rádio, cinema, internet, TV.
Mcquail, 2003 (figura central no estudo dos média) apresenta as diferentes fases do
pensamento sobre esta questão dos média:
1ª fase – séc. XX até 1930: os média tinham um poder limitado e direto sob os
comportamentos individuais, por causa das próprias características do momento
histórico que se vivia (processo de industrialização, anomia social, deslocação
para espaços urbanos), tudo isto contribui para criar um pânico em torno da
influência dos média. Importa focar o período da 1ª guerra mundial e depois a 2ª
guerra mundial e o papel da radio, cinema e imprensa nestes contextos.
Experiência de guerra, regimes ditatoriais (nazismo, união soviética), todo este
contexto económico, político e social contribuiu para alimentar o pânico moral em
torno da influência dos media sob os comportamentos individuais, daí a questão
dos média como o todo-poderoso.
3ª fase - 1960 - 1980: marca a ideia de que se calhar o mais importante não é
perceber como os média afetam diretamente os comportamentos individuais,
mas sim os efeitos a longo prazo e os efeitos cumulativos, ou seja, o modo como o
público vê o mundo e o avalia.
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4ª fase - 1980-2000: o papel dos média no processo de construção social da
realidade, os elementos que constituem o público dos média não podem ser
vistos como pessoas individuais, mas sim pessoas sociais, com identificações
sociais e que têm um papel ativo na receção das imagens.
Tipo de efeitos:
Quadro temporal:
Contexto histórico:
A noção de multidão surgiu na passagem do séc. XIX para o séc. XX (Gustavo Le Bon).
Assim, corresponde ao momento em que as pessoas se reúnem, são sugestionáveis a
influências externas e tornam-se irracionais e, até mesmo animalescas.
Com alargamento da cultura aos públicos mediáticos, as pessoas que estavam mais
ligados a cultura de elite, consideram que há uma cultura alta e outra baixa, lamentavam a
criação de uma cultura mediática porque a consideravam de menos valor do que a cultura
letrada.
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Tudo isto gerou o medo da “multidão” e precipitou a teoria da sociedade de massa.
Desenvolveu-se nos últimos anos do séc. XIX e início do séc. XX, tornando-se firmemente
estabelecida como uma teoria sociológica após a segunda guerra mundial.
Média como os únicos agentes ativos no processo e o público é apenas aquele que
recebe a mensagem e é passivo face às mensagens transmitidas e por isso a preocupação
neste tipo de representação do processo de comunicação tem a ver com o passar a mensagem
da forma mais rápida possível e com o mínimo de ruido possível. Isto foi pensado para a
comunicação entre máquinas sobretudo. Este modelo foi transposto para a comunicação
humana que acaba por ser mais complexo.
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Abordagens empíricas de tipo empírico-experimental no quadro da psicológica
experimental – fenómenos psicológicos individuais que constituem a relação
comunicativa.
o Pesquisa administrativa – durante a Segunda Guerra Mundial, para o
exército americano, governo norte-americano ou de empresas. Carl
Hovland do Departamento de Psicologia de Yale fez um estudo dos efeitos
dos média em situações de campanha eleitoral (propaganda) e de
campanhas publicitárias.
o Interesse na comunicação persuasiva – o centro da questão era a
persuasão e como usar os média para mudar comportamentos individuais.
Conclusões:
Os efeitos dos média sob os comportamentos individuais não são diretos, universais.
Há aspetos cognitivos que medeiam a relação e variam de indivíduo para indivíduo. Papel dos
recetores não é passivo. Logo, os efeitos dos média não são nem imediatos nem uniformes.
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1. Aquilo que se conhece sobre determinados assuntos influência claramente as
atitudes sobre os mesmos;
2. As atitudes sobre os temas influenciam o modo de estruturar conhecimento em
torno deles e a quantidade e qualidade de nova informação que se adquire sobre
eles;
3. Credibilidade do emissor: a reputação da fonte influência as mudanças de opinião.
Efeitos dos média sobre comportamentos individuais não são automáticos nem
mecânicos, mas potenciais;
Realçam defesas individuais, analisam motivos de fracasso, realçam possibilidade de
obter efeitos de persuasão desde que mensagens estruturadas de acordo com perfil
psicológico.
Teoria hipodérmica
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A novidade do próprio fenómeno das comunicações de massa;
Ligação desse fenómeno às trágicas experiências totalitárias do regime naquele
período histórico.
É uma abordagem global dos mass media. A principal componente desta teoria é a
presença de uma teoria da sociedade de massa, uma teoria da propaganda e sobre a
propaganda.
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Quem – controlo do que é difundido;
Diz o quê? – analise do conteúdo das mensagens;
Através de que canal? – análise dos meios;
Com que efeito?
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Contexto social e efeitos dos mass media
Falamos numa lógica de ambiente social totalmente sulcado por interações e processo
de influência pessoal em que a personalidade do destinatário se configura a partir dos seus
grupos de referência.
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