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Durante o curso, desde o primeiro período o tema violência e o que vem a ser

violência tem sido objeto de debate e discussão em diversos momentos. É muito difícil
conceituar o que vem a ser violência, pois como aprendemos em momentos anteriores a
violência pode ser objetiva ou subjetiva.

No contexto social, os fenômenos da violência são estudados por diferentes áreas


do saber. Mas a sociologia busca entender esses fenômenos em função do meio e dos
processos que interligam os indivíduos, com uma base teórico-metodológica voltada para
o estudo desses que são considerados fenômenos sociais, tentando explicá-los e
analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. Assim, a sociologia
não busca resolver os “problemas” relacionados a sociologia do crime e da violência, ela
através da construção do conhecimento, vem buscando direcionar a sociedade para
entender que tais fenômenos são inerentes às relações humanas.

Assim, segundo Durkhein , a violência seria definida como "um estado de fratura
nas relações de solidariedade e em relação às normas sociais e jurídicas vigentes em dada
sociedade". Já para o sociólogo Maz Weber, a violência é a capacidade de impor sua
vontade numa relação social, mesmo que haja resistência. Essas são apenas duas
definições do que vem a ser entendido como violência e como foi demonstrado essa
conceituação pode variar de acordo com inúmeros fatores tais como: tempo, lugar,
costumes, cultura, entre outros.

Por mais que a violência esteja associada num contexto geral a agressão física
ou moral, para a sociologia isso não é suficiente, o importante é isolar os determinantes
sociais da interação agressiva ou que produz os efeitos agressivos, ou seja, não basta
analisar o ato violento em si; e sim, entender as motivações e os contextos que envolvem
tais atos.

Para o próprio professor Misse, a violência não significa hoje o que já significou
no passado, segundo ele, a violência é um conceito moderno ainda em construção. o
professor chama a atenção para o papel do Estado no exercício da violência, ainda
segundo Max Weber, o Estado é um aparato administrativo e político que detém o
monopólio da violência legítima dentro de um determinado território, a partir da crença
dos indivíduos em sua legitimidade.
Contudo, a sociedade fabrica padrões de comportamentos, "fatos sociais", a
partir das tradições culturais, da ética, dos costumes, enfim, de um contexto histórico,
assumindo características que legitimam regras/verdades peculiares aquele ambiente, daí
a importância de tratar os fenômenos da violência sob uma visão sociológica, ou seja,
levando em consideração as características do grupo social onde ocorrem. Um
questionamento importante a ser feito, levando em conta a construção da "verdade", é nos
despir da nossa verdade, já que estamos tão acostumados com "verdades absolutas", que
não paramos para questioná-las, ainda mais no que diz respeito as "verdades" acerca dos
fenômenos de ordem social, como a violência. Imperioso reconhecer a necessidade de
quebrar paradigmas, questionando a realidade que nos cerca, pois existe uma
multiplicidade de maneiras de interpretá-la e compreendê-la, podendo coexistir
"verdades" distintas, já que para cumprir nossos papéis nos diferentes cenários, somos
impelidos a legitimar o ilegal e reconstruir o legal para administrar os conflitos e viver
em sociedade.

Por fim, podemos analisar através do conteúdo das aulas que a sociologia do
crime e da violência caminham em passos diferentes. Segundo Aurélio Buarque de
Holanda, crime é qualquer violação muito grave de ordem moral, religiosa ou civil,
punida pelas leis; enquanto violência é o uso da força de forma bruta, o constrangimento
exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer um ato qualquer; coação. Já por
conflito, temos que trata de uma desordem, uma pendência.

Dessa forma nem todo crime leva dose de violência, porém toda violência
repercute em um crime, no mínimo. De certo é que um conflito pode levar à um crime,
que pode ter razões e formas de manifestações violentas.

Trazendo para o cotidiano de um profissional de segurança pública no Brasil,


temos que este deve levar estes conceitos durante o exercício de suas funções e estar
preparado para lidar com cada vertente que surge a cada instante. O profissional de
segurança pública não pode agir com violência em uma situação originada com violência,
não pode fazer parte do contexto e sim auxiliar na solução do problema, no fim do
conflito, reestabelecendo a ordem, a paz. Este profissional também deve saber balancear
a questão do crime, uma vez que não vai depender do primeiro profissional de segurança
pública o veredicto final sobre a questão.
Referencias:

Aula 1: Violência como construção social

PORTO, Maria Stela G. (2010) “Sociologia da violência”: do conceito às


representações sociais. Brasília: Ed. Francis, 2010 [Cap. 1 - A violência entre o fenômeno
e o conceito: possibilidades e limites de definição].

DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social – Vol.9 – no 1 –


JAN-ABR 2016 – pp. 45-63 Violência e teoria social Michel Misse

MISSE, Michel. (2016) “Violência e teoria social”. Dilemas: Revista de Estudos


de Conflito e Controle Social, Vol. 9, n. 1, pp. 45-63.

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