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81-1127 CDD-150
Revisão técnica
Antônio Jayro da Fonseca Mota Fagundes
Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo
Prof, das Faculdades “Farias Brito”
EDSCON
1982
C o o rd e n a ç ã o ed itorial
Valentina Ljubtschenko
C a p a e fo to g rafia
Antônio Jayro da Fonseca Motta Fagundes
(As fotos 11.7 e 11.8 são de Aristides de A.C. Neto)
A rte
Vanderlei Rotta Gomide
F o to lito
Artes Filmes Fotolito
R. M. Fotolito
Im p re ssã o
U N 1 C O P —União de Copiadoras
Coordenador
A ntônio Jayro da Fonseca M otta Fagundes
Su mano
Prefácio _______ 15
Apresentação
Rachel Rodrigues K e rb a u y ______ 17
Introdução _______ 21
UNIDADE 1
UNIDADE 2
A SITUAÇÃO DE OBSERVAÇÃO - I
U N ID A D E 4
A SITUAÇÃO DE OBSERVAÇÃO - II
Texto: o relato das condições em que a observação ocorre
(Critérios para uma descrição adequada.)______ 50
UN ID A D E 5
lo
U N ID A D E 6
UNIDADE. 7
UNIDADE 8
11
UNIDADE 9
A DEFIN IÇ Ã O CIENTÍFICA
U N ID A D E 10
U N ID A D E 11
O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS - I
UN I D A D E 13
O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS - II
15
Estim uladas pelos membros da banca exam inadora e premidas pelas
solicitações de colegas, orientanda e orientadora se dispuseram a retom ar o
trabalho e adaptá-lo para ser publicado como livro. Desde sua primeira aplicação,
o curso original passou por sucessivas reformulações e vem sendo aplicado, de
forma regular, aos alunos de Psicologia do Instituto M etodista de Ensino Superior,
em Sào Bernardo do Campo. O que aqui se apresenta é fruto de uma revisão dos
procedim entos e materiais de ensino assim produzidos. Conservou-se a estrutura
básica do curso original; as modificações dizem respeito principalmente ao
material utilizado - textos e audiovisuais - bem como à elaboração de um
M anual do Professor, que brevemente também será editado.
A publicação deste livro representa uma tentativa de contribuir para o
ensino da observação de com portam ento de forma sistemática. Em bora a obra se
destine, em princípio, a estudantes de Psicologia, seu uso pode ser estendido a
outros estudantes e profissionais que necessitem de semelhante treino, uma vez
que o curso independe de conhecimentos anteriores específicos.
M. A. M.
Apresentação
17
professores de Psicologia que atuem na Universidade. Que o resultado seja fruto
da experiência, conhecim ento e análise de dados, de pessoas que am adureceram
mais ainda, trabalhando. É obra ímpar, porque foi iniciada como pesquisa no
trabalho de dar aulas e pela maneira de apresentar o conteúdo para estudantes de
Psicologia.
As autoras planejam seu material instrucional. Modelam o com portam ento do
estudante e, progressivamente, introduzem conceitos. As perguntas possíveis do
aluno são apresentadas nos primeiros capítulos: por que um curso de observação e
quais as características da observação científica que tornam necessário um
treinam ento. Aos poucos o aluno vai sendo conduzido, não só a entender as
diversas maneiras de ver um fato, como as diferentes maneiras de definir o
com portam ento e a necessidade de definir claram ente os objetivos, para que possa
observar os fatos relevantes para determinada situação. Os exemplos, no decorrer
do livro, vão tornando claro porque existe um sistema de notação mais adequado,
com convenções que facilitam a anotação de dados, bem como da possibilidade
do aluno criar um sistema próprio de observação e de símbolos.
N otam os o cuidado na program ação do material e percebemos como o
mesmo decorre da experiência analisada, quando verificamos os locais em que
várias informações aparecem . De fato, estas encontram-se exatam ente onde
perguntas poderiam ser form uladas pelo leitor. H á ainda os exemplos, o material
de observação e as ilustrações, que abrangem desde o ambiente de interação da
mãe e da criança em sua saía de estar, até uma pessoa patinando. C ada material
está adequado ao que se pretende ensinar a observar naquele momento. Se vamos
aprender a observar expressões faciais, são apresentados rostos de menina,
menino, homem e mulher, e respostas simples, como levantar a mão, são
escolhidas para rediscutir o problema da definição do com portam ento.
Im portante ainda foi a variação de situações, todas diferentes, e as várias
tarefas nos exercícios de estudo, desde erros a corrigir e coleta de dados diante de
projeções, até identificação de eventos. Existe a dificuldade crescente das tarefas
propostas, mas tomou-se cuidado para que com portam entos e conceitos
necessários para a execução de tarefas novas já fossem dom inados pelo
estudante. Ele vai se assegurando de sua m aestria através das questões de estudo
que facilitam sua aprendizagem, servindo quer como roteiro, quer como avaliação
do que aprendeu e, para assegurar-se a eficácia de seu trabalno, há ainda
exercícios de avaliação.
O livro é um trabalho que entusiasma, pois leva o leitor a percorrer o
caminhos propostos. Ao profissional experiente e conhecedor do assunto serve
como modelo de trabalho, obrigando-o a perceber as opções das autoras na
m aneira de program ar seu material. D estaca-se aí a preocupação com a
dem onstração da relevância da observação nas várias áreas de atuação do
psicólogo. Nos exemplos sobre a observação do com portam ento do agricultor ou
do pedreiro pode existir um a am ostra de como o trabalho dos psicólogos pode se
estender. Há ainda a surpresa de verificar que o aluno chega em seu trabalho,
através do livro, até classes de com portam entos.
Ao aluno, é um guia seguro para trabalhar independentemente de seu
referencial teórico. Ele fará algo e prosseguirá em seu trabalho. A ele é dada a
certeza de que as cousas que faz são relevantes para sua aprendizagem* Ele
mesmo poderá ir se avaliando através dos exercícios e verificações apresentadas.
Contingente a seu trabalho, obtém os reforçadores: dominou aquele assunto,
18
poderá seguir sem dificuldade a tarefa seguinte e, no final do livro, sintetizará suas
observações em classes de com portam entos de acordo com sua função ou
morfologia. Mais im portante ainda: poderá iniciar suas próprias observações;
•iíiberá fazê-lo.
Resta ainda um a palavra: a bibliografia citada é geralmente de autores
brasileiros. E o livro em si, como foi realizado, pode servir como modelo de uma
maneira de produzir material relevante, decorrente do trabalho em cursos.
I usinar passará a ser uma m aneira do professor produzir material que será
avaliado por seus próprios alunos, podendo atingir mais adequadamente o
estudante e propiciar ao professor novos reforçadores para seu desempenho. A
educação com eçará a ter o lugar que merece. A sala de aula será o laboratório e a
função do professor, como transm issor de saber e de cultura, poderá ter a
dignidade perdida.
Este livro pode ser o início de um belo caminho para todos nós, por isso
agradeço às autoras por o estarem publicando e permitirem que apresente os
trabalhos de um a antiga aluna de graduação, muito querida, e de uma colega, a
quem respeitamos.
R achel Rodrigues Kerbauy
Prof? do Instituto de Psicologia
da Universidade de Sao Paulo
A necessidade da observação do com portam ento hum ano e um fato
icconhecido pelo psicólogo. A observação está envolvida, de forma direta ou
indireta, em todas as atividades profissionais por ele executadas. Ao fazer uma
m trevista, ao aplicar um teste, ao fazer um a dram atização, durante um
treinamento, o psicólogo está continuamente fazendo uso de observação.
Entretanto, em bora todos admitam sua im portância, a ênfase dada aos
procedimentos de observação e o nível de exigência nos registros variam, em
limção do enfoque teórico do psicólogo. Os psicólogos com portam entais. em
geral, são bastante rigorosos com relação aos procedimentos de observação e
tegistro. Estes psicólogos preferem a observação sistematica aos testes, e a
consideram como um dos principais instrum entos de coleta de dados acerca do
com portam ento e da situação ambiental. Esta preferência pode ser vista no
liiibalho desenvolvido por Mejias (1973), em situação escolar, e nas descrições
sobre o uso da observação, em program as de modificação de comportamento.
Iritas por Windholz (1975) e por Jacquem in e Alves (1976).
Nos últimos anos, sob influência da Etologia. vem ocorrendo um interesse
cirsccnte pela pesquisa observacional do com portam ento humano. Como
rxnnpio podemos citar os estudos de M cGrew (1972), aqueles relatados por Hutt
f llu tt (1974), e Blurton Jones (1972).
No Brasil, já é grande o núm ero de estudos observacionais do
com portam ento em situação natural. Entre eles destacam os os trabalhos que
localizam a interação mãe-criança (Solitto, 1972; Alves. 1973; Batista, 1978); a
interação criança-criança (Carvalho, 1977 e 1978; Ferreira. 1978a; Vieira, 1979-,
r Hranco e Mettel, 1980); a interação professor-aluno (Barreiro e Alves. 1979a e
I 79b; Simonassi e Mettel, 1980); os com portam entos do aluno em sala de aula
(M arturano, 1978 e 1979; Rodrigues, 1979); o brinquedo, a exploração e o jogo
(Mettel e Branco, 1978; Vieira, 1978); e as condições e com portam entos em
I I eches (Secaf e Ferreira, 1980; Borges e Mettel, 1980). Além destes, destacamos
Himla os trabalhos sobre interação verbal m ãe-criança realizados por Marturano
(1975, 1976 e 1977). Stella (1976) e Prorok e Silva (1979), em condições naturais
r de laboratório; e os estudos experimentais de Ferreira (1978b), Secaf e Ferreira
(1978) sobre a reação da mãe e da criança em episódios estruturados de
icparação. R E G .í 8 9 . o G j- / * /
O reconhecim ento da im portância da observação é evidenciado pelo fato de
que cursos de observação do com portam ento vêm sendo incluídos no currículo de
21
Psicologia, quer como disciplinas autônom as, quer como parte do program a de
outras disciplinas, em geral em Psicologia Experimental, Psicologia do
Desenvolvimento e Psicologia Social.
A existência desses cursos, entretanto, traz algumas dificuldades àqueles que
se propõem a ministrá-los. A primeira, relaciona-se à definição dos objetivos e
program a da disciplina. A escolha de objetivos para um curso de observação,
m inistrado ao nível de graduação em Psicologia, devido a diversidade de
finalidades a que a observação atende e a variedade de problemas envolvidos com
a sua utilização, torna-se um a decisão arbitrária. As possibilidades de conteúdo
são muitas e vão desde a discussão dos enfoques observacionais, dos problemas
relativos ao uso da observação, da seleção dos eventos observados, da
interferência do observador na situação, da ética da observação, das técnicas de
registro utilizadas, da fidedignidade dos registros, do estabelecimento de
categorias com portam entais, etc., até o planejam ento e execução de um estudo
observacional.
A segunda dificuldade advém do fato de inexistirem textos de apoio que
forneçam dicas acerca de com o proceder na situação de observação, isto é, textos
que ensinem o aluno a o b servar1. E a terceira, é a dificuldade que o professor
encontra para avaliar e acom panhar o desempenho do aluno durante seu
treinam ento em observação.
Frente à necessidade de planejar um curso de observação, e cientes destas
dificuldades, partimos para a busca de soluções. A proposta de curso que
apresentam os neste livro é um a entre as m uitas possíveis, e foi tom ada tendo em
vista a população à qual desejamos atingir: psicólogos em form ação, que ainda
não se definiram por uma orientação teórica de trabalho.
O curso é introdutório e pretende ajudar a desenvolver algumas habilidade
básicas que sirvam tanto ao futuro pesquisador, que se proponha a conduzir um
estudo observacional, com o ao futuro profissional, que pretenda utilizar a
observação sistemática em seu trabalho. E m bora saibamos que muitas
orientações trabalham de form a diferente, consideram os que o treinam ento em
observação e registro de eventos será útil ao aluno, uma vez que o levará a atentar
para as particularidades do com portam ento e as circunstâncias em que ele ocorre,
coisas que são importantes independente do tipo de orientação teórica abraçada.
Ao definir os objetivos terminais do curso, consideramos como fundamental
a utilização da linguagem objetivauos relatos observacionais. O uso da linguagem
objetiva elimina a confusão com relação a interpretação dos eventos observados
e, segundo Ferster, Culbertson e Boren (1977), permitiria a com unicação das
descobertas realizadas por profissionais de diferentes orientações teóricas.
O utras habilidades consideradas básicas foram: a identificação das
condições em que os com portam entos ocorrem e a classificação e definição dos
com portam entos observados. A descrição das condições em que os
com portam entos ocorrem tem se m ostrado relevante para o estabelecimento de
hipóteses explicativas do com portam ento. A identificação das condições envolve
1. É para tentar sanar esta dificuldade que está surgindo a “Coleção Observação de
Comportamento”, que já tem dois volumes publicados. O lç c: Antônio Jayro F. M.
Fagundes. Descrição, definição e registro de comportamento. Sào Paulo: EDICON,
1981. O 2° volume desta coleção é o presente livro.
â descrição do sujeito, a especificação do iocal onde o organism o se encontra, e as
mudanças no ambiente imediato que ocorrem durante a permanência do
Bfganismo na situação, isto é, os eventos antecedentes e conseqüentes ao seu
nmipoi Lamento.
Por outro lado, o mero registro dos com portam entos em linguagem objetiva
hAo basta. N um a etapa posterior, é necessário que o observador identifique as
« m acterísticas com uns existentes entre os com portam entos observados,
c iflssifique-os e descreva os criíérios utilizados na classificação. Do mesmo modo,
a definição dos critérios permite a com unicação e a repetição, por outros
observadores, dos registros efetuados. D uas são as formas de classificação
alm idadas no livro, um a se refere à morfologia, ou melhor, à postura e padrão do
movimento apresentado; outra se refere à função, ou melhor, ao efeito que o
com portam ento produz no ambiente. A escolha de um a ou outra vai depender dos
objetivos da própria observação.
O utra opção, feita ao planejar o curso proposto, foi com relação à técnica de
registro a ser ensinada. Escolheu-se a técnica de registro continuo porque a mesma
independe de conhecimento anterior da situação a ser observada, permite m anter
a linguagem própria do aluno e, conseqüentemente, pode ser utilizada em
qualquer fase do trabalho. Além disso, a técnica de registro contínuo fornece
informações não só com relação ao tipo de evento observado, mas com relação à
sim seqüência temporal e freqüência.
O curso visa quatro objetivos e é com posto por treze unidades de ensino. As
unidades estão relacionadas a um objetivo ou mais. A tabela, apresentada a
iFguir, m ostra os objetivos terminais do curso e as unidades em que são
desenvolvidos.
Objetivos terminais e unidades correspondentes
23
P ara poder acom panhar e avaliar o desempenho dos alunos nas atividades
de observação e registro, sem a necessidade de fazer uso de atividades de campo,
recorrem os a recursos audiovisuais. Audiovisuais, tais como o videoteipe, têm
sido utilizados para o treinam ento de observadores (Blumberg, 1971; Nay e
Kerhoff, 1974; Jenkins, Nadler, Lawler e Cam m ann, 1975). A utilização de
videoteipe ou de filme para o treinam ento é vantajosa na medida em que:
a) permite selecionar os comportamentos e ambientes a serem apresentados e
graduar suas dificuldades; b) possibilita avaliar com precisão a execução dos
observadores, uma vez que facilita a com paração entre os registros efetuados e
eventos observados; e c) permite a interrupção e repetição das cenas. A
interrupção da cena, por sua vez, possibilita o feedback imediato ao desempenho
do observador, enquanto que a repetição facilita a análise das dificuldades.
Um dos recursos audiovisuais utilizados foi o filme. Foram produzidos três
filmes super 8, destinados às atividades práticas de observação e registro das
unidades 4, 5, 6 e 8. O primeiro filme focaliza o ambiente físico onde a ação se
desenvolverá e, posteriormente, os com portam entos motores apresentados por
um a criança num parque infantil. O segundo, enfoca as expressões faciais e ações
m otoras de uma pessoa num a situação de espera; e o terceiro, o ambiente físico e
social e as interações entre um a pessoa e seu ambiente. Convém esclarecer que
em bora os filmes façam parte do material do curso, o mesmo poderá ser
m inistrado independentemente destes.
O utro material audiovisual utilizado é a fotografia. Fotografias aparecem
corno recurso tanto para a descrição do ambiente, como para a descrição de
com portam entos, principalmente na classificação e definição de classes de
com portam ento.
O livro contém o material escrito referente às treze unidades de ensino. Um
ficha de apresentação antecede o material de cada unidade. A fic h a de
apresentação descreve os objetivos da unidade, o material contido no livro e as
atividades propostas.
O material contido neste livro consiste, basicamente, em textos, questões
exercícios de estudo, instruções para as atividades práticas, protocolo de
observação e folhas de análise.
As atividades propostas são: ler texto e/ou instrução, responder questões de
estudo, resolver exercício de estudo, participar de discussão, observar e registrar,
analisar os registros, responder questões ou resolver exercício de avaliação. Seria
im portante que, antes de ler qualquer texto de instrução, o aluno se familiarizasse
com os objetivos descritos na ficha de apresentação da unidade respectiva.
Igualmente, tem m ostrado nossa experiência que, se o aluno executar as
atividades indicadas nessa ficha, na ordem em que estão listadas, seu
aproveitam ento será maior, porque sua aprendizagem será cumulativa.
Os textos procuram fundam entar o trabalho a ser realizado. As instruções
visam orientar o leitor com relação à atividade prática a ser desenvolvida. Elas
descrevem o objetivo do trabalho a ser realizado, o material a ser utilizado, bem
com o fornecem informações sobre o preenchimento do protocolo de observação e
folhas de análise. As questões de estudo pretendem levar o leitor a rever e analisar
o texto lido. Os exercícios de estudo tentam favorecer a aprendizagem. Eles
consistem na análise de relatos de observação ou de definições, e na descrição de
situações e com portam entos. As situações e com portam entos a serem descritos
24
existentes com relação ao material, assim como fornecer feedback aos
i niiiportam entos apresentados nas atividades anteriormente realizadas.
As atividades de observação e registro, nas unidades 4, 5, 6 e 8, são feitas
m orrendo-se a projeção de filmes. O professor poderá substituir os filmes por
Outros recursos, tais como dram atização ou observação em situação natural.
I »cscrições detalhadas de como utilizar os filmes ou de como substituí-los são
fornecidas no M anual do Professor. Ao realizar um a atividade prática, o
observador deverá preencher o protocolo de observação, e no caso da Unidade 8,
liimbém as folhas de análise.
UNIDADE 1
A N E C E S S ID A D E
DA O BSERVAÇÃO
EM C IÊ N C IA
objetivos
A<> final da unidade, o leitor deverá ser capaz de verbalizar sobre:
• A observação co m o um instrum ento para a coleta de dados acerca do
com portam ento e, da situação am biental
• A im portância da observação para o p sicólogo
• As características da ob servação científica
• A necessidade de treinam ento em observação
itvateriaE
• lex to : “ Por que um curso de ob serv a çã o ? ”
• (Questões de estudo
«tívidades
• I rr o texto “ Por que um curso de ob serv a çã o ? ”
• itfsponder as questões de estudo
• i*flrticipar de um a discu ssão sobre as questões de estudo
• Hraponder as questões de avaliação
27
Por que um curso de observação?
28
o§ modos pelos quais essas conseqüências se distribuem no tempo determinam
«liirientes padrões de com portam ento; que o com portam ento pode ficar sob
influencia de estímulos particulares do ambiente, em detrimento de outros.
29
O tipo de dado a ser coletado depende do objetivo para o qual a observaç
está sendo realizada. Se a observação tem por objetivo identificar o repertório de
comportamento1 de um sujeito, o psicologo registrará todos os com portam entos
que o sujeito apresenta durante a observação. (N aturalm ente, que ao registrar
todos os com portam entos do sujeito, o grau de precisão da observação torna-se
m enor do que quando o observador seleciona os com portam entos a serem
registrados.) Se a observação tem por objetivo identificar as variáveis que
interferem com um dado com portam ento, o observador registrará toda vez que o
com portam ento ocorrer, bem como as circunstâncias ambientais que
antecederam e seguiram a esse com portam ento. Por exemplo, registrará o local
em que o sujeito se encontra, o que acontece neste local antes e depois da
ocorrência do com portam ento, bem como o com portam ento de outras pessoas
que estão presentes no local. Se o objetivo da observação é detectar a eficácia de
um procedim ento sobre um dado com portam ento, o observador registrará o
com portam ento antes, durante e após a aplicação do procedimento, bem como as
características de que se reveste a aplicação daquele procedimento.
30
A obser\'ação cien tífica é um a obsen-ação
siste m á tic a e objetiva.
P a ra a ten d er as ca ra cterística s de um a
observação cien tífica é necessário u m treino
específico.
ubjetivos
P a d o um relato de observação, o leitor deverá ser cap az de:
• Identificar os trechos do relato que contrariam as características de uma
linguagem científica
» Identificar as características da linguagem científica que estã o sendo
violadas em cada um desses trechos
material
• Icxto: “ A linguagem científica”
• (Questões de estudo
• I xcrcício de estudo
atividades
• Ir r o texto “ A linguagem cien tífica”
• Hrsponder as questões de estudo
• Kr solver o exercício de estudo
• l*«rlicipar de um a d iscussão sobre as questões e/o u exercício de estudo
• Resolver o exercício de avaliação
I. ' r ' ■ \ ■ v v 'o ■ ■ 1c. \J \--o \
i"'- ' ’■
A linguagem científica
Relato n° 1 Relato n9 2
1) s ’anda à procura de um lugar para 1) Ônibus com todos os assentos
se sentar. ocupados. S dentro do ônibus, de
pé, anda em direção à porta
dianteira do ônibus.
2) Com o não encontra, pára em 2) Ônibus com todos os assentos
frente ao primeiro banco, atrás do ocupados. S parada em frente ao
m otorista. Tenta pedir um lugar primeiro banco, atrás do motorista,
aos passageiros que se encontram de pé, vira a cabeça em direção aos
sentados naquele banco. passageiros que estão sentados no
banco.
3) Com o ninguém se incom oda, 3) Ônibus com todos os assentos
cansada, ela desiste. ocupados. S parada em frente ao
primeiro banco atrás do motorista,
de pé; passageiros do banco olham
em direção à rua, S expira fundo e
fecha os olhos.
1. Nos relatos de observação é costume, para evitar a divulgação nos nomes, identificar,
através de letras, as pessoas presentes na situação. A letra maiúscula 5 é, em geral,
utilizada para designar o sujeito observado.
Possivelmente, se outro observador estivesse presente na situação, interpretaria as
iições do sujeito de um modo diferente. O segundo relato elimina as divergências
m ire os observadores, na medida em que descreve exatamente as ações que
ocorrem.
Alguém poderia, entretanto, argum entar que a linguagem objetiva não
fxprime com veracidade o que está ocorrendo, um a vez que elimina informações
relevantes acerca do fenômeno, informações que dão sentido à ação. Neste caso
responderíamos dizendo que um a descrição mais refinada, que inclua gestos,
verbalizações, entonação de voz, expressões faciais etc., forneceria ao leitor a
imagem requerida.
De uma maneira geral, os principais erros contra a objetividade que devem
! ‘.ri evitados num relato são:
A IK IB U IR IN T E N Ç Õ E S AO SU JEITO
A TM BUIR F IN A L ID A D E S À A Ç Ã O O BSERV A D A
________________
lielato n9 3 Relato n ? 4
I ) Sobre o tapete, a meio metro da 1) Sobre o tapete da sala está um a
mesa de centro, está um a bola bola pequena.
Vermelha de 5 cm de diâmetro.
,') Um menino, de aproxim adam ente 2) Uma criança movimenta-se em
quatro anos de idade, anda em direção à bola.
direção à bola.
I ) 1>e Trente à bola, o menino agacha- 3) De frente à bola, a criança m uda
sr e a pega. de postura e a pega.
•I ) I evanta-se. Permanece parado de 4) Levanta-se. Por algum tempo
pé, segurando a bola por permanece parado de pé,
aproximadam ente 10 segundos. segurando a bola.
5) Grita “ô ”, “ô” e joga a bola em 5) Grita: “ ô ”, “ ô ” e joga a bola em
direção à porta, direção à porta.
fi) Corre em direção à bola. 6) Movimenta-se em direção à bola.
rER M O S AM PLOS
Isto é, term os cujo significado inclui, uma série de ações. Por exemplo,
“brincar” pode significar" "jogar bola” , “jogar peteca”, “ n ad ar”, “pular corda”
ile,
Lm lugar de utilizar term os amplos, o observador deve especificar os
vomportamentos apresentados pelo sujeito. Ao invés de registrar “o menino
Hriiu a com a bola”, o observador especificará cada um a das ações apresentadas
pelo garoto, ou seja, “o menino anda em direção à bola, pega a bola, joga-a no
fhão, chuta-a com o pé” etc. No exemplo dado anteriorm ente, deixará de registrar
!‘a ci íança m ovimenta-se”, e indicará como o menino se movimenta, se ele anda,
tuire, engatinha etc.; ao invés d e “S m uda de postura”, o observador registrará a
fmulunça de postura ocorrida, se ele se agacha, deita, ajoelha etc.
TERM O S IN D E F IN ID O S OU VAGOS
Isto é, term os que não identificam o objeto ou identificam parcialmente os
atributos do objeto. Por exemplo, os term os “ bola pequena”, “por algum tem po” ,
"criança”, em pregados no relato n 9 4.
Ao invés de utilizar term os indefinidos ou vagos, o observador deve
eipecifícar o objeto ao qual a ação é dirigida, e fornecer os referenciais físicos
utilizados para a descrição dos atributos do objeto; referenciais relativos a cor,
tamanho, direção etc. Por exemplo, deixará de registrar “ bola pequena”, e
fornecera o diâmetro da bola, ou anotara o referencial de com paração (bola
menor do que as outras); ao inves de registrar "a criança jogou durante algum
tem po", o observador anotara "um menino de aproxim adam ente 4 anos jogou
futebol durante mais ou menos 30 minutos", isto e. ele especificara o sexo e a
idade da criança, a ação que ocorre e o tempo de duração da ação. Convém
lembrar que se um termo tiver sido anteriorm ente definido, poderá ser empregado
no registro. Por exemplo, se o observador especificar, no início do registro, que o
termo “ criança'1 se refere a um menino de aproxim adam ente 4 anos, poderá
utilizar este termo posteriormente.
Exercício de estudo
Seguem-se três relatos de observação onde são cometidos erros em relação à
objetividade ou clareza e precisão. C ada relato é apresentado primeiro como um
Indo c em seguida é subdividido em trechos. Para realizar este exercício, você
deverá:
a) sublinhar no relato (apresentado como um todo) as palavras que contrariam as
características da linguagem científica, justificando;
b) Assinalar com “ I” (no parênteses ao lado esquerdo), trechos do relato que
violam a característica de objetividade na linguagem; e '
ti) Dentre os trechos do relato que você considerou objetivos, isto cujos~7
parênteses estão em branco (não assinalados), assinalar com “ II” aquele(s) que
viola(m) a característica de clareza e precisão.
Hl l ATO N? 1
“./ e M estão nam orando. Em determ inado momento, M fica nervosa. J,
Üilgftdo, pega o paletó para sair. A nda em direção à porta. Próximo à porta,
Urrpciule-se e vira-se na direção de M . M lhe faz um a desfeita. J não gosta do
tttmpoi lamento de M . Vira-se em direção à porta, coloca a mão na maçaneta,
giití’ m porta e sai da sala” .
41
REL A T O N 9 2
“ C sobe no selim da bicicleta e pedala. Sua mãe o observa apreensivamente,
enquanto ele vai até a esquina e volta. Ao chegar diz a ela: “ N ão quero mais
brincar” . Sua mãe não responde mas certam ente ouviu. C puxa o braço da mãe
para saber porque ela não responde. Em seguida, entra em casa para assistir
desenho anim ado” .
R EL A T O N 9 3
“ Quando L entrou no carpo, seu gato quis entrar também. O gato gosta de
ficar olhando à janela. Ao entrar no carro, o gato sujou as coisas que estavam
sobre o assento. L , aborrecida, pegou o gato pelo cangote e colocou-o na calçada.
O gato se queixou. L abriu o porta-luvas e pegou algo para limpar as m arcas do
gato” .
objetivos
Ao final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
• V erbalizar so b re :
* a im p o rtâ n c ia d a esp ecificação d a s c o n d içõ es em que a o b se rv a ç ã o
ocorre
• a c a ra c te riz a ç ã o d o sujeito, d o am b ien te físico e do am b ien te social
* O b serv ar e fa z e r o d ia g ra m a de u m a situ a ç ã o
material
* írx to : “ O p ro to c o lo de o b s e rv a ç ã o ”
• (Questões e ex ercício de estu d o
atividades
* I r r o texío “ O p ro to c o lo de o b s e rv a ç ã o ”
§ R esponder as q u estõ es e reso lv er o exercício de estu d o
i P articip ar de u m a d isc u ssã o sobre as q u estõ es e exercício de estu d o
• R esponder a q u e stã o e reso lv er o exercício de a v a liação
43
O protocolo de observação
% PR O T O C O L O DE OBSERV A ÇÃ O
1. Nome do observador
2. Objetivo da observação
3. D ata da observação ■ /
4. Horário da observação
5. Diagram a da situação
6. Relato do ambiente físico
7. Descrição do sujeito o b s e rv a d o ^ '"'-
8. Relato do ambiente social
9. Técnica de registro utilizada e
registro propriam ente dito
10. Sistema de sinais e abreviações
44
Um protocolo de observação contém
basicam ente três conjuntos de irtformações:
I — identificação geral; 2 — identificação das
condições em que a observação ocorre; e 3 —
registro dos com portam entos e circunstâncias
ambientais.
45
© o form ato do local ou quando possível, suas dimensões:
© o numero, tipo e diposição de portas, janelas, móveis e demais objetos
presentes;
@ as condições da iluminação existente, por exemplo, luz natural, duas lâmpadas
centrais acesas, etc; e
® as condições relacionadas ao funcionamento dos objetos, por exemplo,
televisão ligada, ruído de motor. etc.
C aso haja alguma característica pouco comum à situação, esta
característica deve ser mencionada. Por exemplo, a existência de uma parede
esburacada, um móvel quebrado, etc.
Exemplo de descrição do ambiente físico: sala de estar da residência do
sujeito. A sala mede aproxim adam ente 2.50m por 4,50m. A janela está
localizada na parede frontal da sala. a 0,90 m do chão. A janela mede 2.00 m
de com prim ento por 1,10 m de altura. A sala possui duas portas. A porta,
localizada à esquerda da janela, dá acesso à uma varanda e a outra, localizada
no extremo oposto, dá acesso à sala de jantar. A sala contém os seguintes
moveis e objetos, um sofá. duas poltronas, um aparelho de televisão, uma
estante, uma mesa de centro, duas mesas laterais, um porta-revistas e dois
vasos com plantas. A estante abriga um conjunto de som. A sala e acarpetada.
No m om ento da observação, a iluminação é natural e a televisão está ligada.
Descrever o ambiente social significa identificar as pessoas que estão
presentes no local (com exceção do sujeito que é identificado a parte) e descrever
a atividade geral que aí esta ocorrendo.
Ao identificar as pessoas presentes no ambiente, o observador fornece
informações com relação ao número, sexo, idade e função destas pessoas (as
pessoas devem ser identificadas por letras maiúsculas). Se existirem
características comuns às pessoas presentes, é im portante especificar também
estas características. As características comuns a que nos referimos são o nível
sócio-económico. o grau de escolaridade, particularidades físicas, etc. Por
exemplo crianças faveladas que freqüentam a Escola-Parque da Prefeitura; jovens
de ambos os sexos, entre 15 e 17 anos. pertencentes ao grupo de jovens da
Paróquia Santo António, etc.
Descrever a atividade geral significa identificar a atividade que está sendo
desenvolvida no local, por exemplo: aula de matemática, aula de ginástica, etc;
identificar a localização das pessoas e descrever sucintamente o que elas estão
fazendo. A descrição da atividade geral é uma descrição estática, é uma
“fotografia” do ambiente social.
Exemplo de descrição do ambiente social: “ Estão presentes na sala. além do
sujeito (5), quatro pessoas. A observadora (Ob), de aproxim adam ente 20 anos,
aluna de Psicologia; a mãe (A/), com aproxim adam ente 35 anos, professora
primária, a tia (7), de aproxim adam ente 20 anos, estudante de Pedagogia, e a
irmã do sujeito (/), de 4 anos de idade. A mãe e a tia estão sentadas no sofá,
assistindo televisão e conversando. A observadora está sentada em uma das
poltronas e a irmã de ,S na outra poltrona. A irmã está folheando uma revista.
46
I'ara descrever o ambiente físico e social, o observador utiliza de dois
fü »ti sos: o relato e o diagrama.
() relato é a descrição verbal do ambiente. Os exemplos dados anteriormente
l|i> »Ir relatos do ambiente físico e do ambiente social.
0 diagram a é a representação do ambiente através de um desenho
tiqucm ático e de legendas informativas (é uma planta do local). O diagram a
fiprrscnta simbolicamente a área observada e os elementos que estão dentro dela:
i*mns, janelas, móveis e pessoas. A utilidade do diagram a é a de facilitar a
vjiiinli/ação, por terceiros, do ambiente observado, além de fornecer ao
nhsFivador pontos de referência para o registro dos com portam entos. Por
«MPinplo, vendo o diagram a o leitor tem condições de visualisar em que direções o
iUjfitn unda.
Ao fazer o diagram a, o observador deve:
• utilizar escalas proporcionais às dimensões reais da área;
1 utilizar a mesma escala para representar as portas, janelas e móveis;
° localizar, corretam ente, na área as portas, janelas e moveis;
& manter a proporção relativa das distâncias existentes entre portas, janelas
c móveis; e
* utilizar símbolos de fácil com preensão.
I egendas:
s h e d parede —J— mesa de centro M mãe
11 111 I II r r m janela televisão T tia
i---------n porta 1 irmã
estante @ vaso Ob observadora
□ sofá
1 porta-revistas
S localização
inicial
m esa lateral do sujeito
poltrona
Quando as pessoas presentes permanecem num local fixo, ou quando
permanecem a maior parte do tempo num local, o observador poderá indicai', no
diagram a, a localização destas pessoas. É costume indicar tam bém no diagram a,
a localização inicial do sujeito.
Para facilitar a elaboração do diagram a adotam os as seguintes convenções:
© as janelas, portas e móveis são representados por simbolos. É conveniente que
você utilize os símbolos que considerar mais adequados (móveis semelhantes
devem ser representados por símboios semelhantes);
® paredes ou lados da área são identificados por letras minúsculas;
® os objetos, por núm eros (exemplo o n? 1 representa um poría-revistas); e
© as pessoas por letras m aiúsculas; a letra S é reservada para indicar o
sujeito e as letras Ob para indicar o observador.
Questões de estudo
1) Quais são as informações que um protocolo de observação deve conter?
2) Por que é necessário identificar as condições em que a observação ocorre?
3) Com relação ao sujeito, quais são as informações a serem fornecidas?
4) Com relação ao ambiente físico, quais são as informações a serem fornecidas?
5) Com relação ao ambiente social, quais são as informações a serem fornecidas?
6) Quais são os recursos utilizados pelo observador para descrever a situação
ambiental? Explique cada um.
7) Para que serve o diagram a?
8) Explique quais são os cuidados que o observador deve tom ar ao fazer o
diagrama.
9) Explique as convenções adotadas com relação ao diagram a.
Exercício de estudo
Fazer o diagram a do ambiente físico de um dos recintos de sua casa.
UNIDADE 4
A S IT U A Ç A O
D E O B S E R V A Ç A O - II
nbjetivos
Au final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
« I a/er o diagram a de uma situação
• Fazer o relato, em linguagem científica, do am biente físico, do sujeito, e
«lo ambiente social desta situação
itifiterial
« fcxto: “ O relato das co n d ições em que a ob servação ocorre”
* I xcrcício de estudo
* Instruções para a atividade prática
* Protocolo de observação: parte inicial
ãiividades
Partf A
• 1 rr o texto “ O relato das con d içõ es em que a ob servação ocorre”
l I • H riolver o exercício de estudo
• Participar de uma discu ssão sobre o exercício de estudo
i aMr B
49
O relato das condições
em que a observação ocorre
50
FIGURA 4.1. Situaçao de observaçao
grau de coordenação m otora que o sujeito apresenta” . O segundo observador tem
como objetivo “ estudar a interação m ãe-criança” . Ao descrever as condições em
que a observação ocorre, os dois observadores fornecerão as seguintes
informações gerais:
Relato do ambiente físico. Sala de estar da residência do sujeito, medindo
aproxim adam ente 4 metros de com prim ento por 3 metros de largura. A sala
contém duas portas, um a janela e os seguintes móveis: um sofá, um a poltrona, um
tapete e um vaso com plantas. Sobre o tapete estão espalhados os seguintes
brinquedos: um a girafa, um elefante, um a boneca, um vagão de trem e sete cubos.
A iluminação é natural.
Descrição do siyeito observado.S, menina de 2 anos de idade,classe média.
Relato do ambiente social. M , mãe de S, de 30 anos de idade. A mãe está
sentada no sofá e interage continuam ente com S.
Além destas, cada observador acrescentará informações especificas em seu
relato.
O observador 1 incluirá no relato do ambiente físico, inform ações acerca:
a)do form ato do brinquedo; b) do material que é feito o brinquedo; e c) do tam anho
do brinquedo.
O observador 2, por sua vez, incluirá no relato do ambiente social,
inform ações acerca: a) do grau de escolaridade da mãe; b) da profissão da mãe; e
na descrição do sujeito; c) da família (número de pessoas que vivem
na casa, idade e relação de parentesco com o sujeito)
Exercício de estudo
A foto 4.2. m ostra a seguinte situação de observação:
Relato do ambiente físico. Sala de brinquedo de um conjunto residencial,
medindo aproxim adam ente 4 m de com primento, por 3m de largura. A sala
possui duas portas, um a janela e um a escada. A parede de fundo é interrom pida
dando acesso a um corredor. N esta parede existe uma im itação de janela em
m iniatura. As paredes da sala estão pintadas com desenhos de flores.
A sala está mobiliada com móveis próprios para crianças: um sofá e duas
poltronas. Pela sala estão espalhados os seguintes brinquedos: três bolas, três
ursos de pelúcia, três vagões de trem, duas bonecas, uma de plástico e outra de
pano e 10 cubos. A iluminação é natural.
Descrição do sujeito observado. S, menina de 3 anos de idade, classe média,
m oradora do conjunto.
Relato do ambiente social. D uas crianças, um menino (F) e uma menina (/),
am bos com 3 anos de idade, classe média, vizinhos de 5 e m oradores do conjunto
residencial. As crianças estão brincando. Elas estão sob os cuidados da mãe de /,
que esta na sala ao lado.
Suponhamos que dois observadores estejam registrando esta situação, cada
um com um objetivo. O primeiro observador tem como objetivo “identificar as
condições e circunstâncias em que S apresenta o com portam ento de im itação” . O
segundo observador tem como objetivo “identificar a preferência de S pelos
brinquedos”.
Observe a fotografia 4.2. D am os a seguir uma lista de itens que estes
observadores registraram. Identifique qual foi o observador que registrou cada
FIGURA 4.2. Situação de observaçao
item. Coioque dentro dos parênteses ós números que designam os observadores.
A saber: 1 - observador 1; 2 - observador 2. y,
a) - (pl.) cor dos brinquedos;
b) - ( 8 ) com que freqüência essas crianças brincam juntas;
c) - (vi ) tamanho dos brinquedos;
d) - ( quem pertence cada um dos brinquedos;
e) - ( ) ) características comportamentais de F e I (por exemplo, liderança,
cooperação, etc); e
0 - (~ ) novidade ou não do brinquedo.
54
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
1) Nome do observador: _
2) Objetivo da observação:
1) Data da observação: __
4) Horário da observação:
i) Diagram a da situação:
6 ) R elato do am biente fisico:
56
UNIDADE 5
O REGISTRO DO
COMPORTAMENTO!
objetivos
An final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
* Observar e registrar continuamente, em linguagem científica, os
comportamentos motores emitidos por um sujeito numa situação
iikiterial
§ Ifxto: “A técnica de registro contínuo”
É• Questões de estudo
fe I Instruções para a atividade prática
* Protocolo de observação: parte final
atividades
A
I m o texto “A técnica de registro contínuo”
fUsponder as questões de estudo
Píflieipar de uma discussão sobre as questões de estudo
ܧ B
|# i a** instruções para a atividade prática
fjtwfivnr e registrar comportamentos
A técnica de registro contínuo
Dentre as várias técnicas utilizadas pelo observador para o registro dos
com portam entos e circunstâncias ambientais, destaca-se a técnica de registro
continuo1.
A técnica de registro contínuo consiste em, dentro de um período
ininterrupto de tem po de observação, registrar o que ocorre na situação,
obedecendo à seqüência tem poral em que os fatos se dão. I
N o exemplo abaixo, temos um trecho do registro do com portam ento de uma
criança em situação de refeição. O registro foi realizado em um a creche, no
refeitório, no horário previsto para alim entação das crianças, conforme a rotina
da instituição. N a observação usou-se registro contínuo com o fim de levantar
dados para o treinam ento de atendentes.
‘ S se encontra no canto cd (canto form ado pelas pareces c e d) da sala de
refeição, de pé, defronte da mesa 6, a aproxim adam ente 20 cm desta mesa.
Atendente entra na sala com toalha na mão. 5 olha em direção à atendente.
Atendente coloca a toalha sobre a mesa 6. S vira-se de costas, anda em direção à
mesa 2. De pé, retira a toalha da mesa 2. D obra a toalha. Toalha dobrada em
form a aproxim ada de bola. S joga a toalha em direção a um menino. Meninc
pega a toalha. S sorri.”
Como se vê, o registro contínuo é um a espécie de “filmagem” do que
acontece. Ao regitrar, o observador conta o que presencia, na seqüência em que
os fatos ocorrem.
1. L O C A L IZ A Ç Ã O DO SUJEÍTO
1. Este livro focaliza apenas a técnica de registro contínuo. Informações sobre outras
técnicas, bem como sobre registradores de comportamento e cálculo de concordância
entre observadores, podem ser encontradas em Antônio Jayro F. M. Fagundes.
Descrição, definição e registro de comportamento. São Paulo: EDICON, 1981.
58
2. POSIÇÃO E POSTURA DO SUJEITO
3. EV EN TO S C O M PO R T A M E N T A IS
(V EVENTOS A M BIEN TA IS
60
ü objetivo do estudo determina a variedade e tipo de com portam entos a
setrin registrados. Dependendo do objetivo o observador poderá: a) fazer um
ftgistro ampio das ações, isto è, registrará os com portam entos motores
{mudanças na postura ou na posição, m anipulação de objetos ou pessoas e
Int omoções), as expressões faciais e os com portam entos vocais; b) selecionar a
Éiiíivsc de com portam ento a ser registrada, registrando unicam ente os
§§mportamentos motores ou unicamente as expressões faciais, etc; c) focalizar a
observação e registro em determinada parte do corpo, tal com o boca ou mãos. Por
Mfinplo, se o objetivo do estudo for “verificar o problem a de articulação
áfiirscntado por um a criança’’, o observador focalizará o com portam ento vocal,
»! posturas e os movimentos bucais; se o objetivo do estudo for “identificar
problemas de m anipulação m otora fina”, o observador focalizará as posturas,
punções e movimentos de mão.
(>l
SISTEM Á TICA D E R EG ISTR O
S vira-se de costas.
Anda em direção à mesa 2.
Retira a toalha da mesa 2.
D obra a toalha.
9); Registre os eventos simultâneos num a mesma linha. Separe cada um dos
eventos com barras verticais. Por exemplo: Atendente coloca toalha sobre a
m esa 6 / S vira-se de costas.
10) yUtilize uma flecha vertical para indicar a continuidade da ação. A flecha de
continuidade indica que o com portam ento continua enquanto outros sào
emitidos simultaneamente.
A flecha de continuidade elimina o emprego de termos desnecessários, tais
• orno: começa, continua, pára, etc. Nesse sentido, a flecha funciona como o sinal
*Ir aspas e deve ser usado para assinalar repetição. A fecha deve ser colocada
puire uma linha e outra, indicando a repetição da ação. Por exemplo:
Além das convenções descritas acim a, que serão adotadas e que você deve
memorizar, dam os a seguir duas sugestões, que visam diminuir > tempo gasto
toin o registro (você poderá seguir ou não tais sugestões).
I ) Você pode utilizar símbolos para se referir a aspectos do ambiente físico, tais
como janelas, portas e móveis; letras minúsculas para identificar as paredes ou
lados, de um a área; números para se referir aos objetos; e letras maiúsculas
para identificar as pessoas que emitem as ações ou são objeto de uma ação.
Os símbolos, números e letras devem ser especificados na legenda do
diagrama, no relato do ambiente físico ou no relato do ambiente social (veja
Unidade 3).
63
2j) Você pode utilizar, tam bem , sinais ou abreviaturas para registrar os
com portam entos observados. Por exemplo: utilizar "pg ” para “ pega”, “nd"
para “ andar", etc.
A expressão “ em direção a" poderá ser substituída por uma flecha
horizontal. Por exemplo: “ S anda em direção ao quarto" poderá ser
substituído por “ S anda — q uarto” .
Se utilizar sinais ou abreviaturas para registrar os com portam entos, ao
term inar o registro, você deve apresentar uma legenda referente a estes sinais e
abreviaturas.
Q u e s tõ e s d e estu d o
1) O que é um registro contínuo?
2) Identifique a utilidade do registro contínuo para o psicólogo.
3) Quais são as dificuldades existentes com relação ao registro continuo?
4) Quais são as m aneiras de resolver este problema
(dificuldades com relação ao registro contínuo)?
5) Explique os fatores que influenciam o grau de detalham ento de um registro.
6) Explique o que determ ina a variedade e tipo de com portam ento a ser
registrado.
7) Explique a diferença entre postura e posição.
8) Explique os tipos de com portam ento motor.
9) O que é uma sistemática de registro?
10) Explique os cuidados que o observador deve tom ar com relação ao tempo do
verbo e seus complementos. Dê exemplos.
11) Com o fazer para indicar a direção da ação?
12) Com o indicar eventos sucessivos e eventos simultâneos?
13) Com o indicar a continuidade de uma ação?
14) Qual a vantagem de se utilizar símbolos ou abreviaturas?
64
í $tttbretes
|. Se a atividade for feita com uso de outros recursos, o professor fornecerá as instruções
adicionais necessárias.
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
(tbjetívos
A'> final da unidade o leitor deverá ser capaz de:
9 Observar e registrar continuamente, em linguagem Científica, os
comportamentos motores e as expressões faciais
apresentadas por um sujeito
ninterial
9 Irxto: “O registro das expressões faciais”
WÊ I xrrcicio de estudo
j* instruções p ara a atividade p rática
I» Protocolo de observação
.jMividades
ftfi# A
§ I pí o texto “O registro das expressões faciais”
■ ||#i4)lver o exercício de estudo
S Pirtlcipar de uma discussão sobre o exercício de estudo
Ml* B
I L§? u*. instruções para a atividade prática
£ f]twrv«r c registrar comportamentos
O registro das expressões faciais
N a atividade prática da unidade anterior, focalizamos unicamente os
com portam entos motores. N esta unidade focalizaremos, além dos
com portam entos m otores, as expressões faciais apresentadas pelo sujeito.
O registro das expressões faciais envolve o registro da direção do olhar da
pessoa (fixação visual) e o registro das modificações que ocorrem no rosto (testa,
sobrancelhas, olhos, nariz, boca. bochechas e queixo). Expressões faciais são
m ovim entos tais como: enrugar a testa; franzir as sobrancelhas; franzir o nariz;
abrir ou fechar os olhos; apertar, lamber ou m order os lábios; inflar as bochechas;
trem er o queixo; m ostrar a língua; abrir ou fechar a boca, etc.
A dificuldade em registrar as expressões faciais é devida ao fato dos
m ovim entos ocorrerem , em geral, em conjunto, isto é, ocorrerem modificações
sim ultâneas de duas ou mais partes do rosto. A dificuldade está relacionada
tam bém ao fato das expressões faciais freqüentemente acom panharem os
com portam entos m otores do sujeito.
2) D escrição:
3) D escrição:
4) D escrição:
1
FIGURA 6.2 Rosto 1 FIGURA 6.3 Rosto 2
L
b) os com portam entos m otores (m udanças na postura ou posição, manipulações
de objetos ou pessoas e locomoçÕes) e as expressões faciais (fixações visuais e
modificações que ocorrem no rosto) que o sujeito apresenta.
Lembretes
74
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
I ) Nome do observador: _
t ) Objetivo da observação:
4) Horário da observação:
i) Diagrama da situação:
6) R elato do am biente físico:
78
UNIDADE I____
OS EVENTOS AMBIENTAIS
EM Q UE O
COMPORTAMENTO SE IN S E R E -
o b je tiv o s
Ao final d a u n id a d e o leitor d e v e rá :
• V erbalizar so b re :
• ev ento s físicos e sociais
• a re la ç ã o q u e os ev en to s a m b ie n ta is m an têm co m o c o m p o rta m e n to
do sujeito
• D ado um re la to de o b se rv a ç ã o , id en tificar os ev en to s físicos e sociais e
estab elecer su a re la ç ã o com o c o m p o rta m e n to d o sujeito
material
• T exto: “ E v e n to s físicos e so c ia is ”
• Q uestões de estu d o
• F xercício de estu d o
«tividades
• U r o tex to “ E v en to s físicos e so ciais
• R espond er as q u estõ es de e s tu d o
• R esolver o exercício de estu d o
• P a rtic ip a r de u m a d isc u ssã o so b re a s q u estõ es e exercício de estu d o
• R esolver o ex ercício de a v a lia ç ã o
79
E ventos físicos e sociais
80
EVENTOS FÍSICOS
As relações entre o com portam ento e os eventos físicos ficam mais claras
quando se transcreve os dados em três colunas: eventos antecedentes,
com portamentos do sujeito e eventos conseqüentes.
Ao transcrever nossos exemplos, terem os:
S pega o telefone.
Som do telefone.
5 diz: “ alô” .
8]
EVENTOS SOCIAIS
82
Eventos antecedentes C om portam entos do sujeito Eventos conseqüentes
2.a.
S escreve no caderno
J pega a borracha de S„
S d i z : - “ Devolva logo”. J balança
afirmativamente a
cabeça.
3.a.
J passa no corredor. S olha em direção a J.
3.b.
Um grupo de crianças S anda em direção
pula amarelinha. às crianças.
Tam bém as relações entre os eventos sociais e os com portam entos do sujeito
são melhor analisados ao se transcrever os dados em três colunas: eventos
antecedentes, com portam entos do sujeito e eventos conseqüentes. A o transcrever
os exemplos citados, teremos:
83
Eventos antecedentes Com portam entos do sujeito Eventos conseqüentes.
Relações funcionais:
i - . - r . .......
c.
Relações funcionais:
►
Questões de estudo
1) Explique porque é necessário registrar os eventos físicos e sociais.
2) Defina eventos físicos e eventos sociais.
3) Dê um exemplo de um evento físico que anteceda ao com portam ento do
sujeito.
4) Dê um exemplo de um evento social que anteceda ao com portam ento do
sujeito.
5) Dê um exemplo de um evento físico que se segue ao com portam ento do sujeito.
6) Dê um exemplo de um evento social que se segue ao com portam ento do
sujeito.
7) Explique as situações em que o observador deveria registrar os eventos sociais.
8) Explique o modo de representar as relações entre os eventos am bientais e os
com portam entos do sujeito.
Exercício de estudo
D am os, a seguir, dois relatos de observação. Você deve identificar os
eventos físicos e sociais existentes em cada relato e estabelecer a relação desses
eventos com os com portam entos do sujeito. Transcreva o relato em três colunas.
Proceda da seguinte maneira:
o inicialmente, comece identificando e sublinhando os eventos ambientais
(físicos e sociais) existentes no relato;
© a seguir, identifique os com portam entos do sujeito que estão relacionados
aos eventos ambientais sublinhados;
© transcreva, então, os com portam entos do sujeito e eventos ambientais nas
colunas apropriadas para a análise;
© coloque entre parênteses, após cada evento ambiental, as siglas EF e E S
quando se tratar, respectivamente, de um evento físico ou de um evento
social; e
© finalmente, complete a análise descrevendo as relações funcionais que
supõe existir entre os eventos ambientais e com parlam entais relatados.
F aça isso no espaço apropriado que é dado a seguir.
88
FIGURA 12.3 Comportamento 2
FIGURA 12.2 Comportamento
5) finalmente, complete sua análise, descrevendo as relações funcionais que você
supõe existir entre os eventos ambientais e com portam entais registrados. Faça
isso na quarta folha de análise.
r:
►í;
!;
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO
i 3) D ata da ob servação:__
4) H orário da observação:
5) D iagram a da situação:
6) R elato do ambiente físico:
o
T3
<S
UNIDADE 9
A DEFINIÇÃO CIENTIFICA
objetivos
Ao final da unidade o leitor deverá ser capaz de:
© D ada um a definição, identificar se a linguagem em pregada é objetiva,
clara, precisa e direta; se a definição é explícita e com pleta; e se só inclui
elem entos que lhe são pertinentes
99
A d e fin içã o d e eventos
com portam entais e am b ientais
E X E R C ÍC IO 1
São apresentadas dez fotos na Figura 9.1. Observe cada uma, procurando
identificar aquelas que representam o com portam ento “levantar a m ão’'. Escreva,
no espaço existente para a resposta, as letras correspondentes às fotos que
representam o com portam ento “ levantar a m ão” .
R esposta:
10J
Segundo C unha3, o im portante num a definição “é que se procure descrever
um fenômeno de modo que ele seja, não referido apenas, mas colocado sob os
olhos de outra pessoa exatam ente como foi visto, ouvido, tocado, enfim,
observado”. ________________________ ______________________
D çfinir é descrever as características através
das quais o observador identifica o evento. A
dçfinição garante a com unicação e fa c ilita a
compreensão dos eventos observados.
a) LIN G U A G E M C IE N T ÍF IC A
b) FO R M A D IRETA
A definição deve ser feita de forma direta ou afirmativa . isto é, deve indicar
as características do objeto ou do com portam ento, evitando-se o erro comum de
dizer o que ele não é.
Exemplo: definir “ ficar em pé” por “ deixar de estar sentada”.
Com o você pode observar, esta definição indica o que a pessoa não está
fazendo. Neste sentido, além de contrariar o item b, viola também as
características de clareza e precisão (item a), uma vez que não se especifica o que
o sujeito faz ou como ele se encontra quando “ deixa de estar sentado”.
E X E R C ÍC IO 2
D am os a seguir, duas definições que estão erradas. Os erros estão
relacionados aos cuidados que o observador deve ter ao definir, a saber: ser
objetivo, claro, preciso e direto. Identifique e explique, no espaço existente após a
definição, os erros cometidos.
1) Proximidade física: “quando um a pessoa se encontra não muito distante do
sujeito” .
d) E L E M E N T O S PE R T IN E N T E S
Incluir som ente elementos pertinentes , que constituam características
intrínsecas, ao fenômeno ou objeto que está sendo defmido. As propriedades
definidoras de um evento são os elementos fundam entais, cujas presenças
identificam o evento, distinguindo-o de outro. Por exemplo, se definíssemos
“balançar chocalho” como: “estando a criança no berço com um chocalho entre
as mãos, consiste em flexionar sucessivam ente a m ão que segura o chocalho, de
forma a deslocar o chocalho alternadam ente no espaço, produzindo ou não o som
dos guizos”, estaríam os incluindo na definição um aspecto nào essencial ao
com portam ento de balançar chocalho, a localização da criança no berço. Tal
iocalização pode ocorrer em algum as ocasiões, mas não é peculiar ao
com portam ento “ balançar chocalho” .
106
Ao definirmos eventos comportamentais e
ambientais, devemos ser: objetivos, claros,
precisos e diretos; devemos cuidar para que a
definição seja explicita e completa e só inclua
elementos que lhe sejam pertinentes.
1) O que é definir?
2) Explique a im p o rtân cia, em ciência, de um a boa definição.
3) Explique o que vem a ser um a linguagem objetiva, clara e precisa.
4) P or que a definição de “ ficar em pé” , com o “ deixar de estar se n ta d a ” , é um a
definição que contém erro?
5) Explique o u tro s cuidados que devem ser tom ados ao elab o rar um a definição.
6) D efina o seguinte evento c o m p o rta m e n ta l: P entear cabelos.
UNIDADE 1 0
DEFINIÇÕES MORFOLÓGICAS
E FUNCIONAIS DO
COMPORTAMENTO-I
material
® Texto com exercício de estudo: “Às maneiras de definir um
com portamento”
• Questões de estudo
atividades
© L e r o texto “Á s maneiras de se definir um com portam ento” e resolver o
exercício d e estudo que o acompanha
© R e s p o n d e r às questões d e estudo
© P a r tic ip a r d e u m a d is c u s s ã o sobre o exercício e questões de estudo
© R e s o lv e r o e x e rc íc io d e a v a lia ç ã o
IOV
A s m aneiras d e se d e fi nir
um co m p o rtam en to
N a U nidade 9 m ostram os a im portância de um a definição e identificam os as
principais características que um a definição deve atender. N esta unidade, verem os
as diferentes m aneiras de se definir com portam ento.
A o analisar um co m portam ento, há basicam ente dois aspectos a serem
co n sid erados: o m orfológico e o funcional.
M orfologia diz respeito à form a do co m portam en to , isto ê, à p o stu ra,
ap arên cia e m ovim entos ap resentados pela pessoa. F u n ção diz respeito às
m odificações ou efeitos produzidos pelo co m p o rtam en to no am biente. Por
exem plo, q uando você relata que M está com os om bros caídos, e pálida, ou que
m ove a cab eça lateralm ente p ara a direita, você está focalizando os aspectos
m orfológicos dos co m portam entos apresentados por M (um a p o stu ra: om bros
caídos; um a aparência pálida; e urn m ovim ento: m ove a cab eça lateralm ente p a i;1
a direita). Q u an d o diz que M aproxim a-se da janela, ou que M abre a bolsa, você
está en fatizando os aspectos funcionais dos com p o rtam en to s, isto é, os efeitos
produzidos no am biente (proxim idade da ja n ela e bolsa ab erta, re sp e c tiv a m e n te )^
As definições com portam entais podem focalizar asp ecto s m orfológicos,
asp ectos funcionais, ou am bos. As que dão ênfase à descrição da fo rm a do
co m p o rtam en to serão denom inadas de definições morfológicas'; e aquelas que
enfatizam o efeito produzido no am biente, de definições funcionais. C h am arem o s
de mistas, as que incluem ta n to aspectos m orfológicos com o funcionais.
V ejam os alguns exem plos de definição de co m p o rtam en to :
Beijar: “ estando os lábios ju n to s, projetados p ara frente, num a form a
arred o n d ad a e franzida, consiste em en c o n ta r ou n ão os lábios num a
superfície e inspirar o ar pela boca, estalan d o os láb io s2” .
M a rc ar gol: “ quando um a bola, ch u tad a por um jo g a d o r, p en etrar entre as
trav es” .
A tirar: “ estando um objeto preso entre os dedos, consiste em estender o
antebraço ab ru p tam en te e, sim ultaneam ente, abrir a m ão,
produzindo o lançam ento do objeto p ara longe do c o rp o 3” .
110
A definição de “ beijar" é um a definição m orfologica na m ed:da em que
descreve a p o stu ra dos lábios (lábios ju n to s, projetados p ara frente, num a fo rm a
arred o n d ad a e franzida) e os m ovim entos que ocorrem (inspiração do ar pela
boca. estalando os labios); e a definição de “ m arcar gol” , por o utro lado, é um a
definição funcional. N ela não se teve a p reocupação de identificar os asp ecto s
m orfológicos (partes do corpo que executam o m ovim ento, nem o m ovim ento que
ocorre), m as apenas de descrever o efeito do co m p o rtam en to de chutar, “ a bola
p en etrar entre as trav e s” . A definição de " a tir a r ” é co n sid erad a um a definição
m ista, pois focaliza ta n to aspectos m orfológicos (extensão a b ru p ta de an teb raç o e
ab ertu ra d a m ão), com o aspectos funcionais (lançam entos do objeto p ara longe
do corpo).
A escolha do tipo de definição a ser utilizado depende do objetivo do estudo
observacional. Em geral, qu an d o a o bservação visa a seleção ou avaliação de
pessoas, definições funcionais são suficientes. E ntretan to , q u an d o a o b serv ação
visa o treinam ento da pessoa, é necessário especificar tam b ém a m orfologia do
co m p o rtam ento.
Se o objetivo é a seleção ou avaliação profissional, b a s ta verificar se o efeito
desejado foi obtido, ou m elhor, se a ta re fa foi feita de ac o rd o com os critérios
estabelecidos. P or exem plo, posso avaliar a eficiência de um pedreiro, verificando
o p ro d u to do seu trabalho. N este caso, o co m p o rtam en to do pedreiro de
“ construir p a re d e s” será definido funcionalm ente, descrevendo-se os efeitos do
m esm o (tijolos sobrepostos, unidos e alinhados). E n treta n to , se o objetivo for o
trein am ento do pedreiro, será necessário recorrer a definições que descrevam n ão
só o efeito, m as tam bem as p o stu ras e m ovim entos que ele ap resen ta ao co n stru ir
a parede, na seqüência em que estes m ovim entos e p o stu ras ocorrem . N este caso,
será necessário descrever a form a com o ele pega a pá. com o alisa o cim ento,
com o coloca o tijolo, etc.
A d escrição da m orfologia do com p o rtam en to e especialm ente im p o rtan te
no caso de tra ta m e n to ou recu p eração de pessoas com deficiências de n atu reza
física. Por exem plo, quando o psicólogo trab a lh a na rec u p eraçã o de um a crian ça
com lesão cerebral, a evolução do trab alh o , isto e, a m u d a n ça de critério p ara
requerer dela novos co m p o rtam en to s, vai depender de peq u en as alterações na
form a do co m p o rtam e n to (no m odo pelo qual a criança co lo ca o pé ao an d ar, no
seu jogo de pern as e coxas etc, ou na seqüência em que estes m ovim entos
ocorrem ). N este caso, p ara p oder ac o m p a n h ar o prog resso da criança, o
psicólogo deve recorer a definições que identifiquem e diferenciem cad a um a
destas pequenas alterações.
E X E R C ÍC IO D E A N Á L IS E D E D E F IN IÇ Õ E S
112
r -
V am os ver se você acertou?
A prim eira definição e m ista. Ela focaliza tanto os asp ecto s m orfológicos
(flexão seguida de extensão da perna), com o os funcionais (estabelecim ento de
co n tato dos pés com a bola e d eslocam ento da bola de sua posição).
A segunda e a terceira definição são exclusivam ente funcionais, na
m edida em que se lim itam a descrever os efeitos dos co m p o rtam en to s (na
segunda, o deslocam ento e p ro d u çã o do clique da b a rra ; e na terceira, a
in tro d u ção e envolvim ento do garfo no alimento). A fo rm a destes
co m p o rtam entos, isto é, com o a b a rra é pressionada, ou com o o garfo e
m anipulado (p o stu ras e m ovim entos) é um elem ento ausente nas definições
dois a três.
A q u a rta é um a definição m orfológica. Ela focaliza exclusivam ente as
alterações na fo rm a do co m p o rtam e n to (m ovim ento dos lábios e dim inuição
da distância entre eles),._-__ - .......- ....... .......- .............. -------------------- ^
R esum indo, definições m orfológicas focalizam a p o stu ra, aparência e
m ovim entos ap resen tad o s pela p essoa; definições funcionais salientam os
efeitos p rod u zid o s peio co m p o rtam e n to no am biente; e definições m istas
focalizam am bos~Tsío é: aspectos m orfológicos e asp ecto s funcionais.
*"■— -Nar-práticà, você pode seguir a seguinte “dica". P ara diferenciar um a
definição m orfológica de um a funcional, verifique se o referencial utilizado na
definição é o sujeito ou o am biente externo. As definições m orfológicas
descrevem o que o co rre com o sujeito (m ovim entos, p o stu ras, aparências),
tendo com o referencial o próprio sujeito. Isto é, um m ovim ento de b raço e
descrito com o um a flexão que resulta num determ inado ângulo de ab ertu ra do
braço em relação ao corpo do individuo. As defnições funcionais refcrem -se a
efeitos p ro duzidos no am biente físico e social (alteração no estado, ou posição
ou localização de objetos ou p essoas; p rodução de sons ou ruídos): ou nas
reiações que o sujeito m antem com este am biente (na lo calização ou posição
do sujeito ou de um a parte de seu corpo). Exemplo de alterações em objetos e
pessoas seria "J abre a po rta e e m p u rra C para fo ra " (neste caso, os
com p o rtam e n to s de J produzem , respectivam ente, um a m u d a n ça na posição
da p o rta e na localização de C). C om o exem plo de alteraç ão nas relações que
o sujeito m antém com o am biente físico, tem os: "J estende o b raço em direção
a m açan eta da porta... J sai da s a la ” . 'N e ste exem plo, os efeitos produzidos
são, prim eiro, um a m u dança na posição do braço em relação a porta. e.
depois, um a m ud an ça na localização de J).
LLl
Q u e s tõ e s de estudo
1) E xplique as características:
a) de um a “ definição m orfológica" do com p o rtam en to :
b) de um a “ definição funcional" do co m p o rtam e n to ; e
c) do que é cham ad o um a “ definição m ista".
3) Indique, nos exem plos abaixo, que tipo de definição seria m ais provavelm ente
usada. Justifique sua escolha.
E ncolher-se.
C a n ta r.
F ra n zir as sobrancelhas.
A brir os olhos.
S u ssu rra r.
114
UNIDADE 11
MORFOLÓGICAS
D E F IN IÇ Õ E S
E FUNCIONAIS DO
COMPORTAMENTO- II
material
© Texto com exercício de estudo: “ Morfologia e função do
com portamento”
atividades
® Ler o texto “Morfologia e função do com portamento”, e resolver
exercício de estudo que o acompanha
® Participar de uma discussão sobre o exercício de estudo
® Resolver o exercício de avaliação
M o rfo lo g ia e função
do com portam ento
127
3.3. D efinição m ista do com p o rtam en to
(F ig u ra 11.5 O refrigerante)
material
® T e x to : “ A g ru p a m e n to d o s c o m p o r ta m e n to s e m c la s s e s ”
• E x e rc íc io d e e s tu d o
atividades
® L er o te x to “ A g ru p a m e n to d o s c o m p o r ta m e n to s e m c la s s e s ”
© R e s o lv e r o e x e rc íc io d e e s tu d o
® P a r tic ip a r d e u m a d is c u s s ã o s o b re o te x to e s o b r e o e x e rc íc io d e e s tu d o
® R e s o lv e r o e x e rc íc io d e a v a lia ç ã o
A g ru p a m e n to dos
com portam entos em classe
1 - A G R U P A M E N T O S P E L A M O R F O L O G IA
O s co m portam entos que apresentam sem elhanças no m ovim ento, e/ou
p o stu ra, e/ou aparência podem ser agrupados segundo essas sem elhanças, tal
ag ru p a m en to será dito “ m orfológico” (pela m orfologia).
V am os ao exemplo. O s com po rtam en to s: “ ap a g ar com a b o rra c h a ” , “ riscar
com a c a n e ta ” e “ lixar a u n h a ” apresentam sem elhanças m orfológicas. N os três, a
p o stu ra dos dedos que prendem o objeto (b o rrach a, can eta e lixa) é sem elhante:
“ os dedos estão flexionados” ; e os m ovim entos que o co rrem tam b ém são
sem elhantes: “ m ovim entos do an teb raço e/ou m ão em vai-e-vem ” . O fato de estes
três co m p o rtam en to s ap resentarem certas sem elhanças com relação à m orfologia
perm ite que eles sejam colocados n u m a m esm a classe, a qual denom inarem os de
“ fric cio n ar” . Pense em outros com po rtam en to s que poderiam ser incluídos nesta
classe.
E videntem ente que, dependendo dos objetivos, essa classe poderia ser
subdividida em m uitas ou tras. N este caso eu po d eria levar em co n ta as diferenças
no ritm o ou na força dos m ovim entos com que a p essoa apaga, risca ou lixa.
132
C onvém salientar que os co m p o rtam en to s analisados acim a, além das
sem elhanças m orfológicas, apresen tam tam bém um a sem elhança com relação à
função, um a vez que produzem o deslocam ento de um objeto sobre um a
superfície.
A u tilização de critérios exclusivam ente m orfológicos o co rre, em geral,
q u ando o interesse é o de identificar e descrever as p róprias p o stu ras, ap arên cias e
m ovim entos apresentados.
P od em os lem brar aqui um a o casião em que ag ru p a m en to s m orfológicos se
m o strariam particu larm en te úteis. V ejam os. Se precisássem o s estu d ar o
fun cio n am ento de um a determ in ad a p arte do corpo que critério u tilizaríam o s?
O bviam ente, o critério m orfológico. S uponham os que o objetivo do m eu estudo
fosse “ identificar po r que os operário s de um a d eterm in ad a fábrica ap resen tam
d eform ações de p o stu ra após um ce rto tem po de tra b a lh o ” . N este caso,
incia lm ente eu poderia descrever, u sa n d o um a classificação m orfológica, os
p ro b lem as de p o stu ra encontrados. P osteriorm ente, eu iria verificar as ca u sa s
destes p ro b lem as. P oderia, por exem plo, classificar m orfologicam ente tam b ém as
p o stu ras que os o p erário s exibem d u ran te o trab a lh o , verificando se estas seriam
a s cau sas d as deform ações de p o stu ra.
2 - A G R U P A M E N T O S P E L A F U N C IO N A L ID A D E
134
FIGURA 12.1 Comportamento 1
“
FIGURA 12.1 C om po r t a m e n t o 3
D o p o n to de vista das sem elhanças funcionais, podem os dizer que nos três
casos o corre a “ introdução e deslocam ento da faca no objeto (pão, carn e oik
cebola), de form a a produzir a divisão do m esm o” . C o m p are, ag o ra, su a resp o sta
com esta descrição funcional.
N u m a descrição das sem elhanças m orfológicas, diríam os que, n as fotos, as
pessoas apresentam o dedo indicador da m ão direita estendido e os d ed o s m édio,
an u lar e m ínim o flexionados, com a falange e falangeta v o ltad as p a ra d en tro ;
en q u a n to que n a m ão esquerda, os dedos, na m aioria das fotos, estao
ap ro x im ad am en te estendidos e unidos, com exceção do poleg ar que se en c o n tra
afa stad o dos dem ais. F ocalizaríam os, tam bém , os m ovim entos que o co rrem ,
dizendo que o antebraço e a m ão direita se deslocam p a ra frente e p a ra trá s; e
que, e n q u a n to isso, a m ão esq u erd a se m antém p raticam en te imóvel. V erifique se
a sua d escrição contém esses elem entos.
Amplitude do agrupamento
139
2 9) T o d o s os co m p o rtam e n to s o bservados e reg istrad o s devem ser
classificados, não im p o rtan d o que p a ra isso se criem classes com um único
elem ento com p o rtam en tal. E m o u tra s palavras, o observ ad o r pode e deve definir
ta n ta s classes q u an tas forem n ecessárias p ara que seu trab a lh o fique com pleto.
3?) O o b serv ad o r deve ser coerente com o critério utilizado, isto é, se
o p to u pelo critério m orfológico deve utilizá-lo exclusivam ente, e o g rau de
especificidade deve ser o m esm o p ara to d as as classes.
O ideal seria que estas três reg ras fossem utilizadas por todos. N o tam o s,
co n tu d o , q ue em alguns estudos, elas nem sem pre são seguidas, especialm ente a
terceira. A lgum as vezes, o n ão seguim ento da 3- regra é justificável. P o r exem plo,
se o objetivo do trab a lh o for descrever as form as de in te raçã o social en tre um a
crian ça e su a m ãe, e se os recursos e tem po disponíveis p a ra realização do
tra b a lh o são lim itados, não há p o r que aplicar critérios rig o ro so s, ex trem am en te
específicos n a classificação de co m p o rtam e n to s que n ão estejam d iretam en te
relacio n ados ao objetivo. N este caso, é com um que se use um critério duplo
(m orfológico e funcional) b astan te específico p a ra os co m p o rtam e n to s de
in teração. P orém , q u an to aos dem ais co m p o rtam e n to s (com o os que oco rrem na
ausência d a m ãe, ou que, o co rren d o em sua p resença n ão rep resen tam in teração )
é adm issível u sa r um a classificação m ais am pla e geral.
Exercício de estudo
A nalise as q u atro figuras ap resen ta d as (F iguras 12.2; 12.3; 12.4 e 12.5). As
fotos a. b e c de cad a figura representam diferentes m om entos de um
co m p o rtam en to . A o analisar as figuras, p rocure identificar as sem elhanças
existentes entre os co m p o rtam en to s ilustrados (sem elhanças na form a e/o u no
efeito produzido).
A seguir, agrupe os q u a tro co m p o rtam e n to s em classes. U se. em prim eiro
lugar o critério funcional, depois o m orfológico, e, po r últim o, o critério duplo.
Atenção! A o utilizar um determ inado critério, especifique q u an tas classes
foram fo rm a d as e descreva as características de cad a classe.
P ara descrever as características de cad a classe:
a) identifique os com p o rtam en to s incluídos, ou seja. liste os co m p o rtam e n to s que
você incluiu em cad a classe;
b) descreva as sem elhanças existentes entre os co m p o rtam e n to s incluídos na
classe, de aco rd o com o critério ad o tad o ;
c) se a classe for form ada por um único co m p o rtam e n to , descreva as
características deste co m p o rtam e n to ;
d) verifique se todos os co m p o rtam en to s foram incluídos; e
e) verifique se não há sobreposição de classes.
140
1. A g ru p am en to s pela funcionalidade.
L l. Q u an tid ad e de ciasses fo rm a d as
material
© Texto: “A definição de classes de comportamento”
© Exercício de esíudo
atividades
© L e r o texto “A definição de classes de com portamento”
© Resolver o exercício de estudo
® P a r tic ip a r d e uma discussão sobre o exercício de estudo
® R e s o lv e r o exercício de avaliação
A d e fin iç ã o d e classes
d e com portam ento
150
com a en xada ou en x a d ão ” , deveria focalizar o efeito com um p roduzido, “ sulcos
na terra e revolvim ento da m esm a” . P or outro lado, e ain d a do m esm o m odo,
num ag ru pam ento duplo, a definição focalizaria as sem elhanças na form a e no
efeito dos com portam entos. A ssim , a definição do ag rupam en to duplo, que inclui
os co m p o rtam en to s “ cortão p ã o ” , “ c o rta r cebola” e “ co rta r ca rn e ” , deveria
descrever a p o stu ra dos dedos que seguram a faca e a p o stu ra dos dedos que
seguram os objetos (pão, cebola e carne), os m ovim entos que ocorrem e o efeito
produzido na seqüência natural em que os eventos ocorrem .
U m a definição completa focalizaria todas as sem elhanças existentes entre os
co m p o rtam en to s, ou seja, além de focalizar as sem elhanças relativas ao critério
utilizado, a definição descreveria tam bém as sem elhanças referentes às condições
necessárias p a ra que o co m p o rtam en to ocorra. O u seja, a definição do
ag ru p am ento m orfológico dos co m p o rtam en to s “ ap a g ar com a b o rra c h a ” ,
“ riscar com a c a n e ta ” e “ lixar a u n h a ” deveria referir-se ao fato de que o objeto
(b o rrach a, can eta e lixa) está preso entre os dedos da pessoa, e que um a p arte do
objeto está em co n tato com um a superfície. N o ag ru p am en to funcional dos
co m p o rtam en to s “ p assar o tr a to r ” , “ p a ssa r o ara d o an im al” e “ cav ar com a
enxada ou en x a d ão ” , a definição deveria referir-se ao uso de instrum entos. E no
ag ru p am ento duplo dos co m p o rtam en to s “ co rta r p ã o ” , “ c o rta r ceb o la” , “ co rta r
c a rn e ” , a definição deveria referir-se ao fato da faca estar entre os dedos de um a
m ão, e o objeto (pão, cebola e carne) estar apoiado sobre um a superfície e
im obilizado pela o u tra m ão.
Além disso, um a definição com pleta especificaria tam b ém a unidade de
análise considerada^JU nidade de análise são os critérios utilizados pelo
observ ad o r p a ra delim itar o início e o fim de um co m p o rtam e n to ou seqüência
co m p o rtam ental. S ua explicitação se faz necessária qu an d o se q uer q u an tificar os
co m p o rtam entos, pois a precisão n a contagem dos eventos depende desta
explicitação.
P o rta n to , as definições das classes de co m p o rtam en to só estariam com pletas
se ac rescentássem os a inform ação referente à unidade de análise. Por exem plo, a
definição do ag ru p am en to “ co rta r p ã o ” , “ co rtar c a rn e ” , “ co rta r ceb o la” , estaria
com pleta se especificássem os que “ u m a unidade inicia q u an d o o co rre o
deslocam ento do an teb raço e d a m ão, e term ina q u an d o : a) é interrom pido o
co n tato d a faca com o objeto (pão, cebola, carne) ou, b) o co rre um a in terru p ção
na seqüência de m ovim entos que produzem o corte, in te rru p ç ão esta de 10 ou
m ais seg u ndos” .
Em geral, a identificação do início da prim eira unidade é feita a p artir da
identificação do evento co m p o rtam en tal e das condições necessárias p ara su a
ocorrência. A identificação do início d as unidades subseqüentes é feita a p artir,
obviam ente, do térm ino das unidades anteriores.
A delim itação da unidade de análise possibilita a quan tificação precisa dos
co m p o rtam en to s. Se não tivéssem os estabelecido a unidade de análise na
definição d a classe descrita anteriormente, e o sujeito, ap ó s ter produzido um
co rte no p ão (sem porém separá-lo em partes distintas) levantasse a faca e,
im ediatam ente após, voltasse a introduzi-la no corte existente, certam ente os
observ ad o res ficariam em dúvida se o sujeito havia co rta d o um a ou duas vezes o
pão. Pela especificação da unidade a ser considerada, fica claro que, neste caso,
existiriam dois cortes, isto é, d u as unidades.
A ex a ta delim itação da unidade de análise é arb itrária, ela v aria em função
das conveniências do observ ad o r (facilidades no registro) e dos objetivos do
estu d o observacional. A ssim , ao invés da unidade de análise estabelecida
an terio rm en te, poderíam os ter definido o térm ino d a unidade de corte pela
“ o co rrên c ia d a divisão do objeto em duas p arte s d istin tas” . N esta caso, a
o co rrên c ia do co m p o rtam e n to só seria co n ta d a q u an d o o objeto fosse
co m p letam en te seccionado, n ão im p o rtan to o n úm ero de in terru p çõ es nos
m o v im entos, ou no co n tato d a faca com o objeto.
Um últim o cuidado a ser to m a d o com relação ao p ro b lem a de definição de
classes, diz respeito à denominação a ser d ad a à classe. É im p o rta n te atribuir
nom es às classes analisad as, pois isso facilita o processo de co m u n icação , bem
com o su a referência posterior, elim inando a repetição co n stan te de su a definição.
S egundo C u n h a 2, o nom e ad o tad o deverá ser o que m ais p ro n ta e
o b jetiv am ente evoque a definição da classe. N o exem plo an alisado, a
d en o m in aç ão “ c o rta r alim ento com fa c a ” é ap ro p riad a , um a vez que sugere ao
leitor a a ç ã o que está sendo definida.
R esum indo os cu idados que um observ ad o r deve to m a r ao definir um a
classe, pod eríam o s dizer que:
P a ra verificar até que p o n to o que foi dito n esta unidade foi ap ren d id o por
você, seria conveniente que relesse o texto referente à U n id ad e 12, “ A g ru p am en to
dos co m p o rtam e n to s em classe” , e tentasse identificar se os cuidados
m en cio n ad o s n a U nidade 9, bem com o nesta, estão sendo levados em conta.
E xistem três exem plos, no texto da U nidade 12, que contêm descrições de
ag ru p a m en to s. E ssas descrições poderiam , agora, ser reelaboradas por você, sob
a fo rm a de um a definição de classe com p o rtam en tal. F a ç a isso em folhas à parte.
C o m o definir é um a ta re fa com plexa e difícil, e a fim de que você n ão om ita
nen h u m item , fornecem os abaixo um p a d rã o p a ra orientá-lo na fo rm a de
ap re sen ta r definições. Isto é, após analisar as descrições dos ag ru p am en to s,
segundo os critérios e cuidados já m encionados, sugerim os que tra n sc re v a o
resu ltad o de sua análise do seguinte m odo:
152
1) C ritério de agrupam ento e exem plo de co m portam ento s incluídos na classe;
' 2) D en o m inação da classe;
3) D escrição das condições;
4) D escrição dos eventos em sua seqüência; e
5) D escrição d a unidade de análise.
A pós realizar esta tarefa, co m p are suas definições com as que ap resen tam o s
a seguir:
EX EM PLO 1
Denominação-. F riccionar.
Condição: E stando os dedos de um a das m ãos flexionados ao red o r de um
objeto de m odo a prendê-lo, e um a p arte do objeto em co n tato
com um a superfície;
Eventos em
sua seqüência : consiste em m over o antebraço e/ou a m ão, que prende o objeto,
em vai-e-vem.
Unidade de
análise : A unidade inicia q u an d o inicia o m ovim ento do an teb raço e/o u
d a m ão, e term ina qu an d o ocorre: a) u m a in terru p ção m aio r do
que 10 segundos, n a seqüência dos m ovim en to s; ou b) p erd a de
co n tato do objeto com a superfície; ou c) perda de co n tato d a
m ão com o objeto.
EX EM PLO 2
E xercício
O exercício'de estudo que irem os realizar te rá com o base a U nidade 12. O u
seja. você irá analisar as F ig u ras 12.2 C o m p o rta m e n to 1; 12.3 C o m p o rta m e n to
2; 12.4 C o m p o rta m e n to 3 e 12.5 C o m p o rta m e n to 4 do exercício de estudo da
U nidade 12.
O b ed eça o p a d rã o ad o tad o :
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1) Considere a F ig u ra 12.2 C o m p o rta m e n to 1 e a F ig u ra 12.5 C o m p o rtam en to
4. U sando o critério m orfológico, defina a classe que contém o
co m p o rtam ento 1 e o co m p o rtam e n to 4.
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R e fe rê n c ia s b ib lio g rá fic a s
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