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E N S IN A N D O O B S E R V A Ç Ã O

CIP - Brasil. Catalogação-na-Fonte


Câmara Brasileira do Livro, SP

Danna, Marilda Fernandes.


D194e Ensinando observaçao : uma introdução / Marilda
Fernandes Danna, Maria Amelia Matos ; revisão
técnica Antonio Jayro da Fonseca Motta Fagundes.
— São Paulo : KDICOX, 198 2.
(.Coieçao observaçao de comporta­
mento ; 2)
Bibliograf ia.

"Um livro didático para ensinar registro


continuo, class ificaçao e definição de
comportamento".
1. Comportamento humano 2. Observaçao (Psicologia)
I. Matos, Maria Amélia. II. Título.

81-1127 CDD-150

índices para catálogo sistemático:


1. Comportamento : Observaçao : Psicologia 150
2. Comportamento humano : Psicologia 150
3. Observaçao comportamental : Psicologia 150
4. Psicologia do comportamento 150
ENSINANDO OBSERVAÇÃO-:
UMA INTRODUÇÃO

Marilda Fernandes Danna


Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo
Prof* do Instituto Metodista de Ensino Superior

Ma ria Amél ia Matos


Ph. D. pela Columbia University
Prof* do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

Revisão técnica
Antônio Jayro da Fonseca Mota Fagundes
Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo
Prof, das Faculdades “Farias Brito”

Um livro didático p a ra ensinar registro contínuo,


classificação e definição de com portam ento

EDSCON
1982
C o o rd e n a ç ã o ed itorial
Valentina Ljubtschenko

C a p a e fo to g rafia
Antônio Jayro da Fonseca Motta Fagundes
(As fotos 11.7 e 11.8 são de Aristides de A.C. Neto)

A rte
Vanderlei Rotta Gomide

F o to lito
Artes Filmes Fotolito
R. M. Fotolito

Im p re ssã o

U N 1 C O P —União de Copiadoras

O s d ireito s desta o b ra e stã o reserv ad o s. A su a p ro a u ç a o p arcial ou total,


sem c o n se n tim e n to d a e d ito ra , sujeita os in fra to res, de ac o rd o com a Lei
6.895 de 1 7 /1 2 /8 0 , à reclu são de 1 a 4 an o s e m u lta de 10 a 50 mil cruzei-

E D IC O N — E ditora e Consultoria Ltda.


Av. Paulista, 2073, H orsa 1 , conj. 907, fo n e 2HV 7477
CEP 01311 - São Paulo — SP
Impresso no fírasil — P rinted in B razil
R ef.: 8.202
Coleção “Observação de Comportamento ” -

Coordenador
A ntônio Jayro da Fonseca M otta Fagundes
Su mano

Prefácio _______ 15
Apresentação
Rachel Rodrigues K e rb a u y ______ 17
Introdução _______ 21

UNIDADE 1

A NECESSIDADE DA OBSERVAÇÃO EM CIÊNCIA

Texto: Por que um curso de observação? ______ 28


(O uso da observação na coleta de dados; a
importância dos objetivos na observação;
características da observação científica.)

Questões de estu d o ____ __ 31

UNIDADE 2

A IM PORTÂNCIA DA LINGUAGEM CIENTÍFICA

Texto: A linguagem científica............ 34


(Linguagem científica e linguagem coloquial;
características da linguagem científica; termos e
expressões a serem evitados.)

Questões e exercício de esíuâo 41


9
UNIDAD E 3

A SITUAÇÃO DE OBSERVAÇÃO - I

Texto: O protocolo de observação______ 44


(A necessidade de descrever as condições em que
o comportamento ocorre; a descrição do sujeito
observado; o relato do ambiente físico e social; a
diagramação do ambiente; sistema notacional
adotado no diagrama.)
Questões e exercício de estu d o ______ 48

U N ID A D E 4

A SITUAÇÃO DE OBSERVAÇÃO - II
Texto: o relato das condições em que a observação ocorre
(Critérios para uma descrição adequada.)______ 50

Exercício de estudo, fazendo uso de fotografias_______52

Atividade prática: Descrição do sujeito, do ambiente físico


e do ambiente so c ia l______ 54

UN ID A D E 5

O REGISTRO DO COM PORTAM ENTO - I

Texto: A técnica de registro contin u o ______ 58


(Observação e registro; quando usar o registro
contínuo; a escolha dos comportamentos a serem
registrados; a sistemática de registro.)

Questões de e stu d o ______ 64

Atividade prática: Registro de comportamentos


motores ______ 64

lo
U N ID A D E 6

O REGISTRO DO COM PORTAMENTO - II

Texto: O registro das expressões faciais---------- 70


(O olhar e a fisionomia; as dificuldades do registro
das expressões faciais.)

Exercício de estudo, fazendo uso de fotografias---------- 72

Atividade prática: Registro de comportamentos motores e


expressões faciais_______ 74

UNIDADE. 7

OS EVENTOS AMBIENTAIS EM QUE O


COMPORTAMENTO SE INSERE - I

Texto: Eventos físicos e so ciais______ 80


(Às mudanças no ambiente físico e social; eventos
ambientais antecedentes e conseqüentes; as relações
entre o comportamento e os eventos ambientais.)

Questões e exercício de e stu d o ______ 85

UNIDADE 8

OS EVENTOS AMBIENTAIS EM QUE O


COMPORTAMENTO SE INSERE - II

A tividade prática: Registro de eventos comportamentais e


ambientais e análise destes reg istro s---------- 88

11
UNIDADE 9

A DEFIN IÇ Ã O CIENTÍFICA

Texto: A definição de eventos compor lamentais e


am bientais_______ 100
(A importância de definição para a comunidade
científica; a objetividade e clareza na definição; a
definição direta e afirmativa; explicitação e
enumeração completa; pertinência; exercícios de
análise de definições.)
Questões de e stu d o ______ 107

U N ID A D E 10

D EFIN IÇÕES M ORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO


COM PORTAM ENTO - I

Texto: As maneiras de se definir um


com portam ento______ 1 io
(A identificação de características morfológicas e
funcionais; o que determina o tipo de definição a ser
empregado; exercício de análise de definições.)

Questões de e stu d o ______ 114

U N ID A D E 11

DEFINIÇÕES M ORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO


COM PORTAM ENTO - II

Texto: Morfologia e função do


com portam ento______ H 6
(A descrição de aspectos morfológicos do
comportamento; a descrição de aspectos funcionais
do comportamento; exercício análise de definições.)
12
U N ID A D E 12

O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS - I

Texto: Agrupamento dos comportamentos em


classes______ 132
(A importância da classificação; critérios
morfológicos e critérios funcionais; a intersecção de
critérios; a escolha do critério e o objetivo de trabalho
do observador; a amplitude do agrupamento e o grau
de especificidade dos critérios adotados; algumas
regras para o agrupamento dos comportamentos
observados.)
Exercício de estudo, fazendo uso de
fotografias---------- 140

UN I D A D E 13

O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS - II

Texto: A definição de classes de


com portam ento_______150
(Características da defmição de uma classe
comportamental; o problema da unidade de análise;
como denominar uma classe.)

Exercício de estu d o _______ 154

Referências bibliográficas ---------- 157


13
Prefácio

Em 1976, três colegas do Curso de Pós-gradução do Instituto de Psicologia


dii Universidade de São Paulo reuniam-se sistematicamente para discutir
problemas ligados à pratica do m étodo observacional, como instrumento de
coleta de dados em Psicologia. Cecilia estava interessada em desenvolver um
msicma de treinam ento para pais que possibilitasse a prevenção de problemas
com portam entais cotidianos que, se acum ulados, podem representar uma crise.
I*nra isso se propunha observar o cotidiano de uma familia. especificamente, a
interação de pais e filhos. Jaíde, as voltas com seu D outoram ento, estava
preocupada em analisar seqüências com portam entais apresentadas por
retardados profundos institucionalizados, análise esta que possibilitasse a
identificação das condições próximas e distantes, que antecedem ou sucedem ao
comportamento. Para estabelecer relações funcionais desta ordem, pretendia
observar os sujeitos nas diversas situações existentes na instituição. Marilda
estava preocupada com a form ação do aluno de Psicologia. Considerava que a
observação é um dos principais instrum entos de trabalho que o psicólogo dispõe e
que o aluno deveria ser ensinado a utilizar adequadam ente este instrumento.
O resultado dessas discussões foi o estabelecimento de uma seqüência de
objetivos com portam entais relativos à atividade de um observador que atuasse
i oi mo auxiliar em um a pesquisa observacional. A partir daí. o grupo se desfez e
ciula integrante prosseguiu seu trabalho, no sentido que lhe era próprio e
necessário. Jaide aplicou o program a de treinam ento de observadores que tinha
sido elaborado, e iniciou suas próprias observações. Cecília produziu um catálogo
dos com portam entos emitidos em situação natu ral1. M arilda elaborou um curso
introdutório de observação de com portam ento, destinado a estudantes de
Psicologia. A análise do material elaborado, bem como dos resultados obtidos
com a aplicação desse curso foi feita, e serviu como seu tema da dissertação de
m estrado2.

I ( ccilia G. Batista. Catálogo de comportamentos motores obser\'ados durante uma


situação de refeição. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia
d« Universidade de São Paulo. São Paulo, 1978.

M.iiilda F. Danna. Ensinando observação: análise e avaliação. Dissertação de


Mcstiado apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São
Paulo. 1978.

15
Estim uladas pelos membros da banca exam inadora e premidas pelas
solicitações de colegas, orientanda e orientadora se dispuseram a retom ar o
trabalho e adaptá-lo para ser publicado como livro. Desde sua primeira aplicação,
o curso original passou por sucessivas reformulações e vem sendo aplicado, de
forma regular, aos alunos de Psicologia do Instituto M etodista de Ensino Superior,
em Sào Bernardo do Campo. O que aqui se apresenta é fruto de uma revisão dos
procedim entos e materiais de ensino assim produzidos. Conservou-se a estrutura
básica do curso original; as modificações dizem respeito principalmente ao
material utilizado - textos e audiovisuais - bem como à elaboração de um
M anual do Professor, que brevemente também será editado.
A publicação deste livro representa uma tentativa de contribuir para o
ensino da observação de com portam ento de forma sistemática. Em bora a obra se
destine, em princípio, a estudantes de Psicologia, seu uso pode ser estendido a
outros estudantes e profissionais que necessitem de semelhante treino, uma vez
que o curso independe de conhecimentos anteriores específicos.

M. A. M.
Apresentação

A m aneira de ensinar alunos, seja quanto ao conteúdo ou à forma, vem


sendo analisada há séculos e pesquisada mais sistematicamente nas últimas
décadas. Pontos extremos e médios nesse continuum permitem posições diversas.
11á aqueles que duvidam até mesmo da possibilidade de ensinar um professor a
ensinar, pois isto é um a arte, e há aqueles que defendem um a program ação
rigorosa de todas as situações de ensino. Além dessas posições, há os que nem
mesmo se preocupam com discussões sobre como tornar o ensino mais eficiente,
pois o professor não pode ensinar, mas, simplesmente, ajudar o estudante a
aprender.
Em toda essa controvérsia, há pessoas que assumiram suas posições, como é
d caso das autoras deste livro. Preocuparam -se com o com portam ento de quem
aprende e procuram planejar as condições para seu aprendizado.
Essa tom ada de posição é decorrente do trabalho que am bas desenvolvem
lanto em Psicologia, como em Educação. Ambas ensinam. Ambas têm um
referencial teórico comum.
Neste livro, encontram o-nos diante de um a fase do processo de ensinar que
ilrve ser reforçador para ambas. De um trabalho de m estrado de Marilda
I n ii andes D anna, no qual se percebia a contribuição significativa do orientador,
da sugestão da banca exam inadora, da qual fazíamos parte, de que efetuassem
modificações na tese para transform á-la em livro, surgiu um trabalho novo.
Possivelmente, o resultado desse trabalho, como se apresenta hoje, é um reforço
paia a aluna que passa a trabalhar com sua orientadora em co-autoria.
Maria Amélia M atos tem se destacado por sua atuação em congressos,
conferências, sociedades científicas em geral e na Universidade de São Paulo
como professora de Psicologia Experimental, tanto a nível de graduação, como de
pós graduação. Nesse trabalho didático, os reforçadores adicionais à professora
são poucos: fica apenas a gratidão e a admiração de seus orientandos e a
aprendizagem que ocorre, após a orientação segura, da qual a tese é produto final,
r possivelmente, a satisfação de form ar pessoas que atuem proficuamente em sua
éiea de pesquisa. É portanto reconfortante verificarmos que esse livro traz a
t olaltoração tanto da orientanda como de sua orientadora, podendo ser um
lefoiçador adicional não cogitado: a passagem por diversas etapas de trabalho,
obrigando novas form as de relacionam ento e a satisfação de ter um livro
publicado.
I importante, pois, que um trabalho que tem como objetivo ensinar alunos a
coletar dados sobre o com portam ento em situação am biental, seja feito por

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professores de Psicologia que atuem na Universidade. Que o resultado seja fruto
da experiência, conhecim ento e análise de dados, de pessoas que am adureceram
mais ainda, trabalhando. É obra ímpar, porque foi iniciada como pesquisa no
trabalho de dar aulas e pela maneira de apresentar o conteúdo para estudantes de
Psicologia.
As autoras planejam seu material instrucional. Modelam o com portam ento do
estudante e, progressivamente, introduzem conceitos. As perguntas possíveis do
aluno são apresentadas nos primeiros capítulos: por que um curso de observação e
quais as características da observação científica que tornam necessário um
treinam ento. Aos poucos o aluno vai sendo conduzido, não só a entender as
diversas maneiras de ver um fato, como as diferentes maneiras de definir o
com portam ento e a necessidade de definir claram ente os objetivos, para que possa
observar os fatos relevantes para determinada situação. Os exemplos, no decorrer
do livro, vão tornando claro porque existe um sistema de notação mais adequado,
com convenções que facilitam a anotação de dados, bem como da possibilidade
do aluno criar um sistema próprio de observação e de símbolos.
N otam os o cuidado na program ação do material e percebemos como o
mesmo decorre da experiência analisada, quando verificamos os locais em que
várias informações aparecem . De fato, estas encontram-se exatam ente onde
perguntas poderiam ser form uladas pelo leitor. H á ainda os exemplos, o material
de observação e as ilustrações, que abrangem desde o ambiente de interação da
mãe e da criança em sua saía de estar, até uma pessoa patinando. C ada material
está adequado ao que se pretende ensinar a observar naquele momento. Se vamos
aprender a observar expressões faciais, são apresentados rostos de menina,
menino, homem e mulher, e respostas simples, como levantar a mão, são
escolhidas para rediscutir o problema da definição do com portam ento.
Im portante ainda foi a variação de situações, todas diferentes, e as várias
tarefas nos exercícios de estudo, desde erros a corrigir e coleta de dados diante de
projeções, até identificação de eventos. Existe a dificuldade crescente das tarefas
propostas, mas tomou-se cuidado para que com portam entos e conceitos
necessários para a execução de tarefas novas já fossem dom inados pelo
estudante. Ele vai se assegurando de sua m aestria através das questões de estudo
que facilitam sua aprendizagem, servindo quer como roteiro, quer como avaliação
do que aprendeu e, para assegurar-se a eficácia de seu trabalno, há ainda
exercícios de avaliação.
O livro é um trabalho que entusiasma, pois leva o leitor a percorrer o
caminhos propostos. Ao profissional experiente e conhecedor do assunto serve
como modelo de trabalho, obrigando-o a perceber as opções das autoras na
m aneira de program ar seu material. D estaca-se aí a preocupação com a
dem onstração da relevância da observação nas várias áreas de atuação do
psicólogo. Nos exemplos sobre a observação do com portam ento do agricultor ou
do pedreiro pode existir um a am ostra de como o trabalho dos psicólogos pode se
estender. Há ainda a surpresa de verificar que o aluno chega em seu trabalho,
através do livro, até classes de com portam entos.
Ao aluno, é um guia seguro para trabalhar independentemente de seu
referencial teórico. Ele fará algo e prosseguirá em seu trabalho. A ele é dada a
certeza de que as cousas que faz são relevantes para sua aprendizagem* Ele
mesmo poderá ir se avaliando através dos exercícios e verificações apresentadas.
Contingente a seu trabalho, obtém os reforçadores: dominou aquele assunto,

18
poderá seguir sem dificuldade a tarefa seguinte e, no final do livro, sintetizará suas
observações em classes de com portam entos de acordo com sua função ou
morfologia. Mais im portante ainda: poderá iniciar suas próprias observações;
•iíiberá fazê-lo.
Resta ainda um a palavra: a bibliografia citada é geralmente de autores
brasileiros. E o livro em si, como foi realizado, pode servir como modelo de uma
maneira de produzir material relevante, decorrente do trabalho em cursos.
I usinar passará a ser uma m aneira do professor produzir material que será
avaliado por seus próprios alunos, podendo atingir mais adequadamente o
estudante e propiciar ao professor novos reforçadores para seu desempenho. A
educação com eçará a ter o lugar que merece. A sala de aula será o laboratório e a
função do professor, como transm issor de saber e de cultura, poderá ter a
dignidade perdida.
Este livro pode ser o início de um belo caminho para todos nós, por isso
agradeço às autoras por o estarem publicando e permitirem que apresente os
trabalhos de um a antiga aluna de graduação, muito querida, e de uma colega, a
quem respeitamos.
R achel Rodrigues Kerbauy
Prof? do Instituto de Psicologia
da Universidade de Sao Paulo
A necessidade da observação do com portam ento hum ano e um fato
icconhecido pelo psicólogo. A observação está envolvida, de forma direta ou
indireta, em todas as atividades profissionais por ele executadas. Ao fazer uma
m trevista, ao aplicar um teste, ao fazer um a dram atização, durante um
treinamento, o psicólogo está continuamente fazendo uso de observação.
Entretanto, em bora todos admitam sua im portância, a ênfase dada aos
procedimentos de observação e o nível de exigência nos registros variam, em
limção do enfoque teórico do psicólogo. Os psicólogos com portam entais. em
geral, são bastante rigorosos com relação aos procedimentos de observação e
tegistro. Estes psicólogos preferem a observação sistematica aos testes, e a
consideram como um dos principais instrum entos de coleta de dados acerca do
com portam ento e da situação ambiental. Esta preferência pode ser vista no
liiibalho desenvolvido por Mejias (1973), em situação escolar, e nas descrições
sobre o uso da observação, em program as de modificação de comportamento.
Iritas por Windholz (1975) e por Jacquem in e Alves (1976).
Nos últimos anos, sob influência da Etologia. vem ocorrendo um interesse
cirsccnte pela pesquisa observacional do com portam ento humano. Como
rxnnpio podemos citar os estudos de M cGrew (1972), aqueles relatados por Hutt
f llu tt (1974), e Blurton Jones (1972).
No Brasil, já é grande o núm ero de estudos observacionais do
com portam ento em situação natural. Entre eles destacam os os trabalhos que
localizam a interação mãe-criança (Solitto, 1972; Alves. 1973; Batista, 1978); a
interação criança-criança (Carvalho, 1977 e 1978; Ferreira. 1978a; Vieira, 1979-,
r Hranco e Mettel, 1980); a interação professor-aluno (Barreiro e Alves. 1979a e
I 79b; Simonassi e Mettel, 1980); os com portam entos do aluno em sala de aula
(M arturano, 1978 e 1979; Rodrigues, 1979); o brinquedo, a exploração e o jogo
(Mettel e Branco, 1978; Vieira, 1978); e as condições e com portam entos em
I I eches (Secaf e Ferreira, 1980; Borges e Mettel, 1980). Além destes, destacamos
Himla os trabalhos sobre interação verbal m ãe-criança realizados por Marturano
(1975, 1976 e 1977). Stella (1976) e Prorok e Silva (1979), em condições naturais
r de laboratório; e os estudos experimentais de Ferreira (1978b), Secaf e Ferreira
(1978) sobre a reação da mãe e da criança em episódios estruturados de
icparação. R E G .í 8 9 . o G j- / * /
O reconhecim ento da im portância da observação é evidenciado pelo fato de
que cursos de observação do com portam ento vêm sendo incluídos no currículo de

21
Psicologia, quer como disciplinas autônom as, quer como parte do program a de
outras disciplinas, em geral em Psicologia Experimental, Psicologia do
Desenvolvimento e Psicologia Social.
A existência desses cursos, entretanto, traz algumas dificuldades àqueles que
se propõem a ministrá-los. A primeira, relaciona-se à definição dos objetivos e
program a da disciplina. A escolha de objetivos para um curso de observação,
m inistrado ao nível de graduação em Psicologia, devido a diversidade de
finalidades a que a observação atende e a variedade de problemas envolvidos com
a sua utilização, torna-se um a decisão arbitrária. As possibilidades de conteúdo
são muitas e vão desde a discussão dos enfoques observacionais, dos problemas
relativos ao uso da observação, da seleção dos eventos observados, da
interferência do observador na situação, da ética da observação, das técnicas de
registro utilizadas, da fidedignidade dos registros, do estabelecimento de
categorias com portam entais, etc., até o planejam ento e execução de um estudo
observacional.
A segunda dificuldade advém do fato de inexistirem textos de apoio que
forneçam dicas acerca de com o proceder na situação de observação, isto é, textos
que ensinem o aluno a o b servar1. E a terceira, é a dificuldade que o professor
encontra para avaliar e acom panhar o desempenho do aluno durante seu
treinam ento em observação.
Frente à necessidade de planejar um curso de observação, e cientes destas
dificuldades, partimos para a busca de soluções. A proposta de curso que
apresentam os neste livro é um a entre as m uitas possíveis, e foi tom ada tendo em
vista a população à qual desejamos atingir: psicólogos em form ação, que ainda
não se definiram por uma orientação teórica de trabalho.
O curso é introdutório e pretende ajudar a desenvolver algumas habilidade
básicas que sirvam tanto ao futuro pesquisador, que se proponha a conduzir um
estudo observacional, com o ao futuro profissional, que pretenda utilizar a
observação sistemática em seu trabalho. E m bora saibamos que muitas
orientações trabalham de form a diferente, consideram os que o treinam ento em
observação e registro de eventos será útil ao aluno, uma vez que o levará a atentar
para as particularidades do com portam ento e as circunstâncias em que ele ocorre,
coisas que são importantes independente do tipo de orientação teórica abraçada.
Ao definir os objetivos terminais do curso, consideramos como fundamental
a utilização da linguagem objetivauos relatos observacionais. O uso da linguagem
objetiva elimina a confusão com relação a interpretação dos eventos observados
e, segundo Ferster, Culbertson e Boren (1977), permitiria a com unicação das
descobertas realizadas por profissionais de diferentes orientações teóricas.
O utras habilidades consideradas básicas foram: a identificação das
condições em que os com portam entos ocorrem e a classificação e definição dos
com portam entos observados. A descrição das condições em que os
com portam entos ocorrem tem se m ostrado relevante para o estabelecimento de
hipóteses explicativas do com portam ento. A identificação das condições envolve

1. É para tentar sanar esta dificuldade que está surgindo a “Coleção Observação de
Comportamento”, que já tem dois volumes publicados. O lç c: Antônio Jayro F. M.
Fagundes. Descrição, definição e registro de comportamento. Sào Paulo: EDICON,
1981. O 2° volume desta coleção é o presente livro.
â descrição do sujeito, a especificação do iocal onde o organism o se encontra, e as
mudanças no ambiente imediato que ocorrem durante a permanência do
Bfganismo na situação, isto é, os eventos antecedentes e conseqüentes ao seu
nmipoi Lamento.
Por outro lado, o mero registro dos com portam entos em linguagem objetiva
hAo basta. N um a etapa posterior, é necessário que o observador identifique as
« m acterísticas com uns existentes entre os com portam entos observados,
c iflssifique-os e descreva os criíérios utilizados na classificação. Do mesmo modo,
a definição dos critérios permite a com unicação e a repetição, por outros
observadores, dos registros efetuados. D uas são as formas de classificação
alm idadas no livro, um a se refere à morfologia, ou melhor, à postura e padrão do
movimento apresentado; outra se refere à função, ou melhor, ao efeito que o
com portam ento produz no ambiente. A escolha de um a ou outra vai depender dos
objetivos da própria observação.
O utra opção, feita ao planejar o curso proposto, foi com relação à técnica de
registro a ser ensinada. Escolheu-se a técnica de registro continuo porque a mesma
independe de conhecimento anterior da situação a ser observada, permite m anter
a linguagem própria do aluno e, conseqüentemente, pode ser utilizada em
qualquer fase do trabalho. Além disso, a técnica de registro contínuo fornece
informações não só com relação ao tipo de evento observado, mas com relação à
sim seqüência temporal e freqüência.
O curso visa quatro objetivos e é com posto por treze unidades de ensino. As
unidades estão relacionadas a um objetivo ou mais. A tabela, apresentada a
iFguir, m ostra os objetivos terminais do curso e as unidades em que são
desenvolvidos.
Objetivos terminais e unidades correspondentes

Objetivo terminal Unidade

O bservar e descrever o sujeito, o ambiente físico e o


ambiente social, utilizando linguagem científica; 2-3-4
O bservar e registrar os eventos com portam entais e
ambientais, utilizando linguagem científica; 2-5-6-7-8
Identificar os eventos antecedentes e conseqüentes
ao com portam ento; 7-8
Definir classes de com portam ento pela morfologia
e/ou pela função. 9-10-11-12-13

Devido á escassez de publicações sobre como observar e registrar, tivemos


quF escrever os textos destinados ao curso. Os textos descrevem, justificam e
exemplificam as etapas do trabalho de observação, sendo completados por
eifieicios e instruções para as atividades práticas de observação e registro. Os
t#stos estão relacionados aos objetivos da unidade, mas, se necessário, poderão
mm utilizados isoladam ente por professores, procurando extrair material e
sugestões para cursos de observação.

23
P ara poder acom panhar e avaliar o desempenho dos alunos nas atividades
de observação e registro, sem a necessidade de fazer uso de atividades de campo,
recorrem os a recursos audiovisuais. Audiovisuais, tais como o videoteipe, têm
sido utilizados para o treinam ento de observadores (Blumberg, 1971; Nay e
Kerhoff, 1974; Jenkins, Nadler, Lawler e Cam m ann, 1975). A utilização de
videoteipe ou de filme para o treinam ento é vantajosa na medida em que:
a) permite selecionar os comportamentos e ambientes a serem apresentados e
graduar suas dificuldades; b) possibilita avaliar com precisão a execução dos
observadores, uma vez que facilita a com paração entre os registros efetuados e
eventos observados; e c) permite a interrupção e repetição das cenas. A
interrupção da cena, por sua vez, possibilita o feedback imediato ao desempenho
do observador, enquanto que a repetição facilita a análise das dificuldades.
Um dos recursos audiovisuais utilizados foi o filme. Foram produzidos três
filmes super 8, destinados às atividades práticas de observação e registro das
unidades 4, 5, 6 e 8. O primeiro filme focaliza o ambiente físico onde a ação se
desenvolverá e, posteriormente, os com portam entos motores apresentados por
um a criança num parque infantil. O segundo, enfoca as expressões faciais e ações
m otoras de uma pessoa num a situação de espera; e o terceiro, o ambiente físico e
social e as interações entre um a pessoa e seu ambiente. Convém esclarecer que
em bora os filmes façam parte do material do curso, o mesmo poderá ser
m inistrado independentemente destes.
O utro material audiovisual utilizado é a fotografia. Fotografias aparecem
corno recurso tanto para a descrição do ambiente, como para a descrição de
com portam entos, principalmente na classificação e definição de classes de
com portam ento.
O livro contém o material escrito referente às treze unidades de ensino. Um
ficha de apresentação antecede o material de cada unidade. A fic h a de
apresentação descreve os objetivos da unidade, o material contido no livro e as
atividades propostas.
O material contido neste livro consiste, basicamente, em textos, questões
exercícios de estudo, instruções para as atividades práticas, protocolo de
observação e folhas de análise.
As atividades propostas são: ler texto e/ou instrução, responder questões de
estudo, resolver exercício de estudo, participar de discussão, observar e registrar,
analisar os registros, responder questões ou resolver exercício de avaliação. Seria
im portante que, antes de ler qualquer texto de instrução, o aluno se familiarizasse
com os objetivos descritos na ficha de apresentação da unidade respectiva.
Igualmente, tem m ostrado nossa experiência que, se o aluno executar as
atividades indicadas nessa ficha, na ordem em que estão listadas, seu
aproveitam ento será maior, porque sua aprendizagem será cumulativa.
Os textos procuram fundam entar o trabalho a ser realizado. As instruções
visam orientar o leitor com relação à atividade prática a ser desenvolvida. Elas
descrevem o objetivo do trabalho a ser realizado, o material a ser utilizado, bem
com o fornecem informações sobre o preenchimento do protocolo de observação e
folhas de análise. As questões de estudo pretendem levar o leitor a rever e analisar
o texto lido. Os exercícios de estudo tentam favorecer a aprendizagem. Eles
consistem na análise de relatos de observação ou de definições, e na descrição de
situações e com portam entos. As situações e com portam entos a serem descritos

24
existentes com relação ao material, assim como fornecer feedback aos
i niiiportam entos apresentados nas atividades anteriormente realizadas.
As atividades de observação e registro, nas unidades 4, 5, 6 e 8, são feitas
m orrendo-se a projeção de filmes. O professor poderá substituir os filmes por
Outros recursos, tais como dram atização ou observação em situação natural.
I »cscrições detalhadas de como utilizar os filmes ou de como substituí-los são
fornecidas no M anual do Professor. Ao realizar um a atividade prática, o
observador deverá preencher o protocolo de observação, e no caso da Unidade 8,
liimbém as folhas de análise.
UNIDADE 1
A N E C E S S ID A D E
DA O BSERVAÇÃO
EM C IÊ N C IA

objetivos
A<> final da unidade, o leitor deverá ser capaz de verbalizar sobre:
• A observação co m o um instrum ento para a coleta de dados acerca do
com portam ento e, da situação am biental
• A im portância da observação para o p sicólogo
• As características da ob servação científica
• A necessidade de treinam ento em observação

itvateriaE
• lex to : “ Por que um curso de ob serv a çã o ? ”
• (Questões de estudo

«tívidades
• I rr o texto “ Por que um curso de ob serv a çã o ? ”
• itfsponder as questões de estudo
• i*flrticipar de um a discu ssão sobre as questões de estudo
• Hraponder as questões de avaliação

27
Por que um curso de observação?

É a pergunta natural que surge no início do curso. Os alunos, em geral, estão


interessados em saber em que medida o curso de observação contribuirá para
sua form ação profissional. Para responder a esta questão, é necessário analisar a
im portância do uso da observação na atividade profissional do psicólogo.
O psicólogo, quando atua corno cientista do com portam ento, investi
descreve e/ou aplica princípios e leis do com portam ento. Q uer na descoberta,
quer na aplicação dos princípios e das leis, o psicólogo lida principalmente com
inform ações a respeito do com portam ento e das m udanças no ambiente físico e
social que se relacionam àquele com portam ento. Assim, poderíam os dizer que um
psicólogo esrtá basicam ente interessado em responder a duas questões gerais: O
que os organism os fazem? Em que circunstâncias ou sob que condições
am bientais?
Ao longo do desenvolvimento da Psicologia como ciência, a observação tem
se m ostrado o instrum ento mais satisfatório na coíeta dos dados que respondem
àquelas duas questões. Por quê? [O .uso de informações obtidas através da
observação parece colocar o cientista mais sob a influência do que acontece na
realidade do que sob a influência de suposições, interpretações e preconceitos.
Isto, é claro, possibilita um a melhor com preensão da natureza e ações
* transform adoras mais eficazes. Por exemplo, um a pessoa supõe que um fenômeno
tem um a determ inada causa; se a sua suposição se baseia em dados obtidos
através da observação, provavelmente esta pessoa não só explicará, como poderá
prever, produzir, interrom per ou evitar o fenômeno como um a possibilidade de
acerto maior do que quem usa outros recursos. M as, não basta que esse indivíduo
sozinho tenha observado o fenômeno para eíe ser tom ado como real. E não há
m aiores méritos em fazer esr>e trabalho, se a sociedade não pode participar dele. O
cientista que_registra e relata as suas observações, permite que outros possam
repetir o que ele está fazendo. A ssim, seus procedim entos e conclusões podem ser
criticados, aperfeiçoados e aplicados por outras pessoas. A observação é um
instrum ento de coleta de dados que permite a socialização e conseqüentemente a
J avaliação do trabalho do cientista. A través da observação sistemática do
; com portam ento dos organismos, em situação natural ou de laboratório, os
pesquisadores têm conseguido identificar algum as das relações existentes entre o
com portam ento e certas circunstâncias ambientais.
Por exemplo, o uso da observação tem permitido descobrir que o
com portam ento é influenciado pelas conseqüências que produz no ambiente; que

28
o§ modos pelos quais essas conseqüências se distribuem no tempo determinam
«liirientes padrões de com portam ento; que o com portam ento pode ficar sob
influencia de estímulos particulares do ambiente, em detrimento de outros.

A observação é utilizada para coletar dados


acerca do comportamento e da situação
ambiental.

Além disso, a observação é utilizada pelo psicólogo nas diferentes situações


dr aplicação da Psicologia, tais como, clinica, escola e indústria. Na clínica o
psicólogo recorre ã observação ao investigar, por exemplo, a queixa apresentada
pelo cliente, isto é, para identificar o que vem a ser “ agressividade”,
"nervosism o”, “ dificuldades na aprendizagem ” , “tim idez”, “ ciúmes” , etc; sua
Ireqiiência, assim como as situações em que estes com portam entos ocorrem. Os
psicólogos escolares recorrem à observação para identificar dificuldades de
socialização, deficiências na aprendizagem, assim como deficiências no ensino
ministrado ou mesmo no currículo da escola. O psicólogo industrial recorre à
observação para identificar as necessidades de treinam ento, a dinâmica dos
gmpos de trabalho, para fazer análise de função, etc.
Baseado nessas observações, o psicólogo faz o diagnóstico preliminar da
fiiiiiação-problema, isto é, identifica as deficiências existentes, identifica as
^vnriáveis que afetam o com portam ento e os recursos disponíveis no ambiente,
t om estes elementos, ele é capaz de decidir quais são as técnicas e procedimentos
(mais adequados para obter os resultados que pretende atingir.
A observação, entretanto, não se limita a estas duas fases iniciais. Ao
liniroduzir modificações na situação, isto é, durante e após aplicação de um
procedim ento, o psicólogo utiliza a observação tam bém para avaliar a eficácia
fins técnicas e procedimentos empregados. O psicólogo clínico observa o
desempenho de seu cliente; o psicólogo escolar, o desempenho de alunos e
pioíessores; o psicólogo industrial, o desempenho dos funcionários para verificar
a ocorrência ou não de alterações com portam entais. Através deste
acompanhamento, o psicólogo tem condições de avaliar o grau de m udança na
situação e, portanto, a eficácia de suas técnicas terapêuticas, dos program as de
insino e treinam ento utilizados.

O s dados coletados p o r observação são usados


p a ra diagnosticar a situação-problema, para
V escolher as técnicas e procedim entos a serem
em pregados e para avaliar a eficácia dessas
técnicas e procedim entos.

Os dados coletados por observação referem-se aos comportamentos


exibidos pelo sujeito: contatos físicos com objetos e pessoas, vocalizações e
verbalizações, movimentações no espaço, expressões faciais, gestos, direções do
olhar, posturas e posições do corpo, etc. Os dados referem-se também à situação
ambiental, isto é, às características do meio físico e social em que o sujeito se
encontra, bem como às m udanças que ocorrem no mesmo. *

29
O tipo de dado a ser coletado depende do objetivo para o qual a observaç
está sendo realizada. Se a observação tem por objetivo identificar o repertório de
comportamento1 de um sujeito, o psicologo registrará todos os com portam entos
que o sujeito apresenta durante a observação. (N aturalm ente, que ao registrar
todos os com portam entos do sujeito, o grau de precisão da observação torna-se
m enor do que quando o observador seleciona os com portam entos a serem
registrados.) Se a observação tem por objetivo identificar as variáveis que
interferem com um dado com portam ento, o observador registrará toda vez que o
com portam ento ocorrer, bem como as circunstâncias ambientais que
antecederam e seguiram a esse com portam ento. Por exemplo, registrará o local
em que o sujeito se encontra, o que acontece neste local antes e depois da
ocorrência do com portam ento, bem como o com portam ento de outras pessoas
que estão presentes no local. Se o objetivo da observação é detectar a eficácia de
um procedim ento sobre um dado com portam ento, o observador registrará o
com portam ento antes, durante e após a aplicação do procedimento, bem como as
características de que se reveste a aplicação daquele procedimento.

O objetivo da observa çã o d e te rm in a q u a is serã o


% os dados a serem c o le ta d o s.

Neste ponto é necessário esclarecer que a observação a que nos referimos


\ neste texto difere da observação casual que fazemos no nosso dia-a-dia. A
observação científica a que nos referimos é um a observação sistemática e
objetiva. f
f ** Entendemos que a observação é sistem ática pelo fato de ser planejada e
) conduzida em função de um objetivo anteriorm ente definido. Com o já foi dito, a
definição do objetivo ajuda o investigador a selecionar, entre as inúmeras
possibilidades, aquelas características que transm item a inform ação relevante. As
^observações científicas são realizadas em condições explicitamente especificadas.
Especificar as condições, ou melhor, planejar as observações, significa
estabelecer:

• onde: em que local e situação a observação será realizada;


• quando: em que momentos ela será realizada;
(1 • quem: quais serão os sujeitos a serem observados;
• o que: que com portam entos e circunstâncias ambientais devem ser
observados; e
® como: qual a técnica de observação e registro a ser utilizada.

( p ~ A objetividade na observação significa ater-se aos fatos efetivamente


j observados. Fatos que sejam visíveis, audíveis, palpáveis, degustáveis, cheiráveis,
enfim, perceptíveis pelos sentidos. Desta forma deixam-se de lado todas as
im pressões subjetivas e interpretações pessoais.

1. Repertório comportamental: conjunto de comportamentos de um organismo.

30
A obser\'ação cien tífica é um a obsen-ação
siste m á tic a e objetiva.

Por que um curso de observação? - perguntamos. Tendo em vista que a


observação científica é utilizada pelo psicólogo como um instrumento para coletar
dados, e que a observação científica é uma observação sistemática e objetiva, que
rrijuer a adoção de procedimentos específicos de coleta e de registro de dados,
i otisideramos de fundamental im portância um curso que possibilite o treinamento
ili alunos no uso deste instrumento.
O curso proposto tem por objetivo oferecer um treinam ento em observação
f registro do com portam ento e das circunstâncias em que este com portam ento
ocorre. Um treinam ento que atenda as exigências de sistem atização e objetividade
(ifi observação. Ao longo do curso discutiremos tambem alguns cuidados técnicos
e cticos que o observador precisa e deve atender durante o seu trabalho.

P a ra a ten d er as ca ra cterística s de um a
observação cien tífica é necessário u m treino
específico.

I ) Por que considerar a observação um instrum ento de trabalho para o


psicólogo?
í) Identifique quatro situações em que o psicólogo utiliza a observação.
Pxemplifique.
3) Para que servem os dados coletados por observação?
4i (Juc tipo de dados são coletados por observação'?
Pm que medida o objetivo da observação se relaciona ao tipo de dado
coletado?
ti) Quais são as características de uma observação científica?
1 ) 0 que é um a observação sistem ática?
Bl () que é uma observação objetiva?
Ml Por que é im portante um curso de observação?
10) Pxplique o objetivo deste curso.
UNIDADE 2
A IM P O R T Â N C IA D A
L IN G U A G E M C IE N T ÍF IC A

ubjetivos
P a d o um relato de observação, o leitor deverá ser cap az de:
• Identificar os trechos do relato que contrariam as características de uma
linguagem científica
» Identificar as características da linguagem científica que estã o sendo
violadas em cada um desses trechos

material
• Icxto: “ A linguagem científica”
• (Questões de estudo
• I xcrcício de estudo

atividades
• Ir r o texto “ A linguagem cien tífica”
• Hrsponder as questões de estudo
• Kr solver o exercício de estudo
• l*«rlicipar de um a d iscussão sobre as questões e/o u exercício de estudo
• Resolver o exercício de avaliação
I. ' r ' ■ \ ■ v v 'o ■ ■ 1c. \J \--o \

i"'- ' ’■

A linguagem científica

A m aioria das pessoas costum a observar ocorrências e relatá-las a outrem.


D ependendo do objetivo a que servem, observação e relato de ocorrências podem
ser feitos de diferentes maneiras. Para a ciência, cujo objetivo é predizer e
controlar os eventos da natureza, um fato só adquire im portância e significado "e
t com unicado a outros através de urna linguagem que obedece a certas
características. E é sobre as características da linguagem cientifica que irernc;
falar neste texto.
A linguagem cientifica difere da que usam os em nossa vida diária, a
linguagem coloquial, bem como da usada na literatura.
No exemplo a seguir, temos um trecho extraído da literatura. Q uando você
está lendo um rom ance, provavelmente encontra relatos de acontecimentos que
fazem uso de uma linguagem semelhante a esta:
“ Deolindo V enta-G rande (era uma alcunha de bordo) saiu do Arsenal da
M arinha e enfiou pela R ua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a
fina flor dos m arujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos.
A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à
terra tão depressa alcançou licença. Os com panheiros disseram-lhe, rindo:
- Ah, Venta-Grande! Que noite de almirante você vai passar! Ceia, viola e os
braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva . . . cham ava-se Genoveva,
caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido”. (M achado de
Assis - Noite de almirante. Em Antologia escolar de contos brasileiros. Rio
de Janeiro: Ed. de O uro, 1969, p. 15.)
Analisemos o exemplo. Trata-se de um relato literário. Evidentemente o
autor não pretende descrever apenas o que aconteceu realmente. Também não
necessita fazê-lo da m aneira mais fiel possivel. Lógico! O trabalho de um escritor
não exige que o que ele conta seja constatado da mesma maneira pelos outros. Ele
não quer dem onstrar fatos. Sua tarefa é mais com unicar e produzir impressões
sobre coisas que podem até não ter acontecido. O objetivo de um escritor permite,
e até exige, que “dê asas à sua im aginação” .
Se o com portam ento de Deolindo e os aspectos do ambiente que atuam
sobre seu com portam ento estivessem sendo descritos cientificamente, seria
aproxim adam ente assim:
“ Deolindo é marujo. A corveta à qual serve encontra-se no porto, após uma
viagem de 6 meses. Deolindo, 10 minutos após ter obtido licença, dirigiu-se á
terra. Saia do Arsenal da M arinha e os com panheiros disseram, sorrindo:
-A h! Venta-Grande! Que noite de almirante você vai passar! Ceia, viola e os
braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva . . .
Genoveva é cabocla, tem vinte anos e olhos pretos. Às três horas da tarde,
Deolindo dirigiu-se à R ua de B ragança”.
O que parece logo “ saltar aos olhos” é que o relato aproximadamente
científico não tem poesia. Isto mesmo! Um relato científico não usa o recurso dá 0
linguagem figurada, não recorre a interpretações, nem a impressões subjetivas.' *
A objetividade é uma característica fundamental da linguagem científica^
Tentemos agora observar algumas m udanças sofridas pelo texto quando foi
transform ado em linguagem aproxim adam ente científica:
O apelido Venta-Grande bem como a inform ação que estava entre
parênteses foram suprimidos. T rata-se de uma linguagem coloquial. Também
loram suprimidos o termo batiam (referente às horas), e as frases: “ Era a fina flor
dos marujos e, de mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos” . Excluiu-se,
do mesmo modo, os termos esperta (referente a Genoveva) e atrevido (atributo
para o olho de Genoveva). Tais m udanças excluem recursos de linguagem, os
quais representam impressões subjetivas do autor e se referem a eventos ou
características que não foram observados.
Observemos também que os term os longa (referente à viagem) e depressa
(referente à saída de Deolindo para a terra), foram substituídos por medidas (6
meses; 10 minutos). Um a linguagem científica não com porta termos como
"longa” e “depressa”, os quais permitem várias interpretações a respeito do *
tempo real.
A ordem de alguns trechos da descrição foi m udada. Num relato científico,^/
na maioria das vezes, a apresentação dos eventos na ordem em que ocorreram é f
da maior im portância. Já imaginou se você fosse descrever o com portam ento da-/í
abelha fazer mel e citasse as ações da abelha fora de ordem ? E se isso acontecesse
com um relato científico das ações envolvidas no preparo de um bolo?
Bom, voltemos às m udanças na estória do Deolindo. Em bora seja uma
linguagem coloquial e com figuras de estilo, a fala dos companheiros de Deolindo
imo foi suprim ida ou alterada. Por quê? Trata-se de um a reprodução do que
rela mente foi dito. É a linguagem dos personagens, não do autor. Em alguns
cusos, o cientista pode ter como objetivo descrever as características das
inlnnções verbais entre pessoas. Poderá então usar transcrições no seu relato.
Não vam os agora esperar que todas as pessoas passem a usar uma
linguagem científica. O que determ ina a adequação das características da
linguagem é o objetivo. É óbvio que a estória do Deolindo, se fosse contada pelo
rs n ilor de modo aproxim adam ente científico, não teria beleza. Seria um desastre!
!■ o que dizer de duas amigas que contassem as “ novidades” daquela m aneira?
Um escritor, um cientista e um a pessoa comum, pretendem influenciar seus
ouvintes e leitores, de m aneira diferentes. Portanto, usam linguagens com
• aiHcteristicas diferentes.

Psicólogos e cientistas do com portam ento são


pessoas comuns que usam linguagem coloquial
no seu dia-a-dia. M as na sua atividade *
profissional, quando estão interessados em
descrever, explicar e alterar o com portam ento
d evem usar uma linguagem científica.
35
C A R A C T E R ÍST IC A S DA LIN G U A G E M C IE N T ÍF IC A

C om o já foi sugerido, a objetividade é a característica fundamental da j


linguagem científica. Pela objetividade, o relato científico se distingue dos demais. !
Sem objetividade não teríam os bases sólidas para estudar um fenômeno;
estaríam os estudando apenas a opinião das pessoas que supostam ente estão
.“ descrevendo'' o fenômeno.
A linguagem objetiva busca eliminar todas as impressões pessoais e
subjetivas que o observador possa ter, ou interpretações que ele possa dar acerca
dos fatos.
Vimos anteriormente como seria o relato em linguagem objetiva da estória
de Deolindo. Vejamos outro exemplo. São dadas, a seguir, duas descrições dos
com portam entos apresentados por uma senhora dentro de um ônibus; a primeira
é um relato não objetivo e a segunda é feita em linguagem objetiva.

Relato n° 1 Relato n9 2
1) s ’anda à procura de um lugar para 1) Ônibus com todos os assentos
se sentar. ocupados. S dentro do ônibus, de
pé, anda em direção à porta
dianteira do ônibus.
2) Com o não encontra, pára em 2) Ônibus com todos os assentos
frente ao primeiro banco, atrás do ocupados. S parada em frente ao
m otorista. Tenta pedir um lugar primeiro banco, atrás do motorista,
aos passageiros que se encontram de pé, vira a cabeça em direção aos
sentados naquele banco. passageiros que estão sentados no
banco.
3) Com o ninguém se incom oda, 3) Ônibus com todos os assentos
cansada, ela desiste. ocupados. S parada em frente ao
primeiro banco atrás do motorista,
de pé; passageiros do banco olham
em direção à rua, S expira fundo e
fecha os olhos.

Ao analisar os relatos verificamos que o term o “cansado'’ se refere a uma


im pressão do observador acerca do estado do sujeito, e que o mesmo foi
eliminado e substituído, no segundo relato, pela descrição dos com portam entos
exibidos pelo sujeito naquele momento, “ expira fundo e fecha os olhos”. Foram
tam bém eliminadas, no segundo relato, as interpretações: “ à procura de
um lugar para sentar” ; “ como não encontra” ; “tenta pedir um lugar aos
passageiros” ; “como ninguém se incom oda” e “ela desiste” .
A im portância da objetividade na linguagem torna-se evidente quando sei’
com param os dois relatos. No primeiro, as ações do sujeito são descritas de
acordo com um determ inado ponto de vista, que pode ou nao estar correto.

1. Nos relatos de observação é costume, para evitar a divulgação nos nomes, identificar,
através de letras, as pessoas presentes na situação. A letra maiúscula 5 é, em geral,
utilizada para designar o sujeito observado.
Possivelmente, se outro observador estivesse presente na situação, interpretaria as
iições do sujeito de um modo diferente. O segundo relato elimina as divergências
m ire os observadores, na medida em que descreve exatamente as ações que
ocorrem.
Alguém poderia, entretanto, argum entar que a linguagem objetiva não
fxprime com veracidade o que está ocorrendo, um a vez que elimina informações
relevantes acerca do fenômeno, informações que dão sentido à ação. Neste caso
responderíamos dizendo que um a descrição mais refinada, que inclua gestos,
verbalizações, entonação de voz, expressões faciais etc., forneceria ao leitor a
imagem requerida.
De uma maneira geral, os principais erros contra a objetividade que devem
! ‘.ri evitados num relato são:

* U TILIZAR TER M O S QUE D E SIG N E M ESTA D O S SUBJETIVOS

Tais como “ cansada”, “triste”, “ alegre”, “nervosa” etc. Ao invés de utilizar


in mos que exprimam uma impressão pessoal acerca do estado do sujeito, o
observador deve descrever aquilo que observou, ou melhor, os indicadores
t omportam entais de um estado subjetivo. Indicadores tais como, postura
corporal, gestos e expressões exibidos pelo sujeito. Por exemplo, ao invés de
registrar “S está alegre”, o observador registrará “S so rri” .

A IK IB U IR IN T E N Ç Õ E S AO SU JEITO

Por exemplo: “ tenta pedir um lugar aos passageiros” , “ a professora ia


pegíir o apagador” etc.
Ao invés de interpretar as intenções do sujeito, o observador deve descrever
j is ações observadas. Nos exemplos, ao invés de registrar “ tenta pedir um lugar
aos passageiros”, o observador registrará “ vira a cabeça em direção aos
. passageiros” ; ao invés de registrar “ a professora ia pegar o apagador”, o
nlr.ei vadar registrará “ a professora estende a mão em direção ao apagador” .

A TM BUIR F IN A L ID A D E S À A Ç Ã O O BSERV A D A

1 Por exemplo, “S fecha a porta porque venta”, “ 5 anda á procura de um


iugm para sentar” etc.
Ao invés de interpretar os motivos que levaram o sujeito a se com portar, o
tíHsn vador deve descrever o com portam ento e as circunstâncias em que ele.
yefítuiir. Nos exemplos, em lugar de escrever “S fecha a porta porque venta”, o
nHsn vador registrará “ S fecha a porta. Venta lá fora” ; ao invés de registrar “ S1
amJn ii procura de um lugar para sentar”, o observador registrará “S anda em
t}ÍFf(,iio à porta do ônibus à procura de um lugar para sentar, mas não é objetivo
íllíf lo, uma vez que o sujeito pode fechar a porta por outros motivos, assim
yonio a senhora do nosso exemplo, que pode ter andado para a frente do ônibus
ptiique ia descer no próximo ponto, ou porque viu um a pessoa que lhe pareceu
timhccida ou sem nenhum a finalidade especial.
Algumas vezes, ocorrem eventos os quais têm alguma relação entre si e
íteontcecm um após o outro, de form a que o primeiro cria oportunidade para o
§§|§utldo e assim sucessivamente. Um exemplo seria a situação onde alguém se
37
dirige a um arm ário, abre-o, retira um doce da lata que há dentro do arm ário e
leva o doce à boca. Nesses casos, alguns relatos tendem a referir às últimas ações
com o um a finalidade em função da qual ocorrem as a^ões iniciais. “ Abriu o
arm ário para comer doce” . Uma linguagem científica prescinde de atribuir
intenções às pessoas que estão sendo observadas. O correto seria relatar os
eventos na ordem em que ocorrem, evitando term os que indicam atribuição de
finalid a d e - “ abnu o arm ário para comer doce” - ou de causalidade - ‘'porque
estava com fome” .

Um relato objetivo evita:


a) u tilizar termos que designem estados
subjetivos;
b) interpretar as intenções do sujeito; e
c) interpretar as fin alidades da ação.

O utro aspecto que caracteriza um relato científico é o uso de uma linguagem


clara e precisa. Uma linguagem é considerada clara e precisa quando: a) obedece
os critérios de estrutura gram atical do idioma; b) usa termos cujo significado,
para a comunidade que terá contato com o relato, não é ambíguo: isto é, as
palavras usadas são freqüentemente aceitas na comunidade como referentes a
certos fenômenos e eventos e não a outros; c) indica as propriedades definidoras
dos termos, fornecendo referências quantitativas e empíricas, sempre que: o relato
pode ser usado por com unidades diferentes (cientistas e/ou leigos de diferentes
áreas de conhecimento, grupos social, econômica e culturalmente diferentes) ou
quando, mesmo para um a com unidade restrita, os termos sem a indicação dos
referenciais podem ser relacionados pelo leitor a eventos de diferentes naturezas e
magnitudes. Por exemplo, termos como “ longe” , “im ediato”, “ rápido” , “ alto”
etc., que dizem respeito a aspectos mensuráveis da natureza (distância, latência,
velocidade, freqüência etc.) devem em geral estar acom panhados da indicação da
amplitude de valores à qual se referem.
Se retom arm os a leitura do trecho literário que fala a respeito do
personagem Deolindo, poderemos verificar que, diferentemente do relato
científico, a linguagem literária não necessita obedecer rigorosam ente à exigência
de clareza e precisão. Assim, não é de surpreender que o autor se sinta
inteiramente à vontade para dizer sobre Deolindo: . . .“ levava um grande ar de
felicidade nos olhos” . . . “veio à terra tão depressa alcançou licença” . . .
Um cientista teria que explicitar o que observou nos olhos de Deolindo e qu<
tom ou como indicador de felicidade; seria uma m udança no brilho? em quantí
m udou? seria nos movimentos palpebrares? ou seria no tam anho da pupila? C
que quer que fosse, deveria ser descrito com precisão. A respeito de “ vir à terr;
tão depressa alcançou a licença”, o que quer dizer a palavra depressa? Quanto
tempo exatamente transcorreu entre a licença e a saída?
Para ser considerado claro e preciso, um relato deve responder previamente
a essas interrogações.
Vejamos outro exemplo. A seguir, são apresentados dois relatos de uma
mesma cena. O primeiro relato (n9 3) é claro e preciso, e no ouíro (n9 4)
cometeram-se erros com relação à clareza e precisão.

________________
lielato n9 3 Relato n ? 4
I ) Sobre o tapete, a meio metro da 1) Sobre o tapete da sala está um a
mesa de centro, está um a bola bola pequena.
Vermelha de 5 cm de diâmetro.
,') Um menino, de aproxim adam ente 2) Uma criança movimenta-se em
quatro anos de idade, anda em direção à bola.
direção à bola.
I ) 1>e Trente à bola, o menino agacha- 3) De frente à bola, a criança m uda
sr e a pega. de postura e a pega.
•I ) I evanta-se. Permanece parado de 4) Levanta-se. Por algum tempo
pé, segurando a bola por permanece parado de pé,
aproximadam ente 10 segundos. segurando a bola.
5) Grita “ô ”, “ô” e joga a bola em 5) Grita: “ ô ”, “ ô ” e joga a bola em
direção à porta, direção à porta.
fi) Corre em direção à bola. 6) Movimenta-se em direção à bola.

r p ; ■>!/■. /V" f t ') /


Ao analisar os dois relatos, verificamos que os term os ou expressões
“movimenta-se” e “ m uda de p ostura” , utilizados no relato n9 4, não descrevem
. laramcnte quais foram as ações observadas. E que os term os “bola pequena”,
"i i imiça” e “ por algum tem po” carecem de um referencial físico de com paração,
ou soja, falta-lhes precisão.
l’ara preencher os requisitos de clareza e precisão na linguagem, o
observador deve evitar o uso de:

rER M O S AM PLOS

Isto é, term os cujo significado inclui, uma série de ações. Por exemplo,
“brincar” pode significar" "jogar bola” , “jogar peteca”, “ n ad ar”, “pular corda”
ile,
Lm lugar de utilizar term os amplos, o observador deve especificar os
vomportamentos apresentados pelo sujeito. Ao invés de registrar “o menino
Hriiu a com a bola”, o observador especificará cada um a das ações apresentadas
pelo garoto, ou seja, “o menino anda em direção à bola, pega a bola, joga-a no
fhão, chuta-a com o pé” etc. No exemplo dado anteriorm ente, deixará de registrar
!‘a ci íança m ovimenta-se”, e indicará como o menino se movimenta, se ele anda,
tuire, engatinha etc.; ao invés d e “S m uda de postura”, o observador registrará a
fmulunça de postura ocorrida, se ele se agacha, deita, ajoelha etc.

TERM O S IN D E F IN ID O S OU VAGOS
Isto é, term os que não identificam o objeto ou identificam parcialmente os
atributos do objeto. Por exemplo, os term os “ bola pequena”, “por algum tem po” ,
"criança”, em pregados no relato n 9 4.
Ao invés de utilizar term os indefinidos ou vagos, o observador deve
eipecifícar o objeto ao qual a ação é dirigida, e fornecer os referenciais físicos
utilizados para a descrição dos atributos do objeto; referenciais relativos a cor,
tamanho, direção etc. Por exemplo, deixará de registrar “ bola pequena”, e
fornecera o diâmetro da bola, ou anotara o referencial de com paração (bola
menor do que as outras); ao inves de registrar "a criança jogou durante algum
tem po", o observador anotara "um menino de aproxim adam ente 4 anos jogou
futebol durante mais ou menos 30 minutos", isto e. ele especificara o sexo e a
idade da criança, a ação que ocorre e o tempo de duração da ação. Convém
lembrar que se um termo tiver sido anteriorm ente definido, poderá ser empregado
no registro. Por exemplo, se o observador especificar, no início do registro, que o
termo “ criança'1 se refere a um menino de aproxim adam ente 4 anos, poderá
utilizar este termo posteriormente.

% TERM O S OU E X PR ESSÕ ES A M BÍG U A S


Isto é, quando num a expressão, um term o pode ser referente tanto ao sujeito
da frase quanto a seu complemento, o observador deve usar termos adicionais que
indiquem precisamente a que ou^quem o term o se refere. Por exemplo: ao
registrar “P am arra o sapato. Encosta na parede”, alguém poderia indagar : P
encostou-se ou encostou o sapato à parede? Cuidado semelhante deve ser tom ado
quando se usam palavras que podem ter vários significados. Por exemplo, em
algumas regiões do Brasil, se alguem registra: “A/ quebrou as cadeiras”,
certam ente se perguntará: quebrou moveis que servem de assento, ou fraturou os
ossos ilíacos?

Num relato claro é preciso evitar:


a) term os am plos;
V b) term os indefinidos ou vagos; e
c) term os ou expressões ambíguas.

Para facilitar o trabalho de registrar o com portam ento e os aspectos do


ambiente com objetividade, clareza e precisão, o observador deve usar:
a) Verbos que identifiquem a ação exibida pelo sujeito. Tais como: correr, andar,
bater etc.
b) Term os que identifiquem os objetos ou pessoas presentes na situação e suas
características. Por exemplo, termos tais com o: sap ato,'bola, homem, cor
vermelha, janela fechada etc.
c) Referenciais físicos. Os referenciais utilizados são as partes do corpo do sujeito,
os objetos e pessoas presentes no ambiente e os padrões de medida adotados
oficialmente (metro, quilo, litro etc.). Exemplo do uso de referenciais: “coloca a
ponta do dedo sobre o nariz”, “ é o menino mais alto da classe” etc.

Para garan tir a objetividade, clareza e precisão


nos registros, o observador utiliza:
a) verbos que descrevem a ação observada;
b) termos que indentificam os objetos ou
pessoas presentes, e
c) referenciais físicos.
Questões de estudo
I ) Quais são as características de um a linguagem científica?
.’)<) que é um a linguagem objetiva?
1) lím relação à objetividade como característica da linguagem científica, que tipo
de erro um observador menos cuidadoso comete?
•1)0 que significa clareza e precisão na linguagem?
FiI ( 'om relação à clareza e precisão na linguagem, que tipo de erro pode ocorrer?
fiM omo o observador deve proceder para registrar os fatos com linguagem
científica?

Exercício de estudo
Seguem-se três relatos de observação onde são cometidos erros em relação à
objetividade ou clareza e precisão. C ada relato é apresentado primeiro como um
Indo c em seguida é subdividido em trechos. Para realizar este exercício, você
deverá:
a) sublinhar no relato (apresentado como um todo) as palavras que contrariam as
características da linguagem científica, justificando;
b) Assinalar com “ I” (no parênteses ao lado esquerdo), trechos do relato que
violam a característica de objetividade na linguagem; e '
ti) Dentre os trechos do relato que você considerou objetivos, isto cujos~7
parênteses estão em branco (não assinalados), assinalar com “ II” aquele(s) que
viola(m) a característica de clareza e precisão.
Hl l ATO N? 1
“./ e M estão nam orando. Em determ inado momento, M fica nervosa. J,
Üilgftdo, pega o paletó para sair. A nda em direção à porta. Próximo à porta,
Urrpciule-se e vira-se na direção de M . M lhe faz um a desfeita. J não gosta do
tttmpoi lamento de M . Vira-se em direção à porta, coloca a mão na maçaneta,
giití’ m porta e sai da sala” .

í) <- ) / e M estão nam orando


I)1 ( 11 ) Em determ inado momento,
1)! < ) M fica nervosa.
é) ( ) J, zangado, - oL ■i
1) < ) pega o paletó para sair.
fil ( ) A nda em direção à porta. -
I i) < ) Próximo à porta,
\ §) < ) arrepende-se
U| (1 ) e vira-se na direção de M . c /\ -
itl) ( ) M lhe faz uma desfeita. ciL v‘ •
i il t ) ./ não gosta do com portam ento de M.
il\ 1 ) Vira-se em direção à porta,
Üi i ) coloca a m ão na m açaneta,
14) ( ) abre a porta
|l ) i ) c sai da sala.

41
REL A T O N 9 2
“ C sobe no selim da bicicleta e pedala. Sua mãe o observa apreensivamente,
enquanto ele vai até a esquina e volta. Ao chegar diz a ela: “ N ão quero mais
brincar” . Sua mãe não responde mas certam ente ouviu. C puxa o braço da mãe
para saber porque ela não responde. Em seguida, entra em casa para assistir
desenho anim ado” .

1) - V ò C sobe no selim da bicicleta c J i ,


2) - e pedala.
3) - ' -1 ) Sua mãe o observa apreensivamente,
4) - f ■) enquanto ele vai até a esquina ^
5) - ' ) e volta, o-rrrjo ,
6) - '■))) Ao chegar diz a ela: “ N ão quero mais brincar”
7) - ?! ) Sua mãe não responde c i ­
8) - rnas certam ente ouviu, o j
■t )
9) - C puxa o braço da mãe r , h
10) - i ) para saber porque ela não responde, r
11) - Em seguida, entra em casa .
12) - ^ ) para assistir desenho animado.

R EL A T O N 9 3
“ Quando L entrou no carpo, seu gato quis entrar também. O gato gosta de
ficar olhando à janela. Ao entrar no carro, o gato sujou as coisas que estavam
sobre o assento. L , aborrecida, pegou o gato pelo cangote e colocou-o na calçada.
O gato se queixou. L abriu o porta-luvas e pegou algo para limpar as m arcas do
gato” .

D - ( li Q uando L entrou no carro,


2) - & seu gato quis entrar também. .
3) - (X O gato gosta de ficar olhando à janela.
4) - CU Ao entrar no carro, o gato sujou as coisas que estavam sobre o
assento.
5) - (X L, aborrecida, pegou o gato pelo cangote
6) - (IV e colocou-o na calçada. °
7) - ( - - O gato se queixou.
8) - ( t L abriu o porta-luvas
9) - (*•: e pegou algo
10) - ( para limpar as m arcas do gato. r
UNIDADE 3
A SITUAÇÃO
DE O B S E R V A Ç Ã O - I

objetivos
Ao final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
• V erbalizar so b re :
* a im p o rtâ n c ia d a esp ecificação d a s c o n d içõ es em que a o b se rv a ç ã o
ocorre
• a c a ra c te riz a ç ã o d o sujeito, d o am b ien te físico e do am b ien te social
* O b serv ar e fa z e r o d ia g ra m a de u m a situ a ç ã o

material
* írx to : “ O p ro to c o lo de o b s e rv a ç ã o ”
• (Questões e ex ercício de estu d o

atividades
* I r r o texío “ O p ro to c o lo de o b s e rv a ç ã o ”
§ R esponder as q u estõ es e reso lv er o exercício de estu d o
i P articip ar de u m a d isc u ssã o sobre as q u estõ es e exercício de estu d o
• R esponder a q u e stã o e reso lv er o exercício de a v a liação

43
O protocolo de observação

Protocolo de observação é a folha onde o observador registra os dados


coletados. Um protocolo contém uma série de itens, que abrangem as
informações relevantes para a análise dos com portam entos. Uma das habilidades
requeridas do observador é a de preencher corretam ente esses itens.
Apresentamos, a seguir, um modelo de protocolo.

% PR O T O C O L O DE OBSERV A ÇÃ O
1. Nome do observador
2. Objetivo da observação
3. D ata da observação ■ /
4. Horário da observação
5. Diagram a da situação
6. Relato do ambiente físico
7. Descrição do sujeito o b s e rv a d o ^ '"'-
8. Relato do ambiente social
9. Técnica de registro utilizada e
registro propriam ente dito
10. Sistema de sinais e abreviações

Os itens deste protocolo estão relacionados basicamente a três conjuntos de


inform ação, a saber:
1) os itens 1 e 2 referem-se à identificação geral.
2) os itens 3 a 8 referem-se à identificação das condições em que a observação
ocorre. Este conjunto inclui especificações com relação a “ quando” e “onde” a
observação foi realizada e “quem ” foi observado; e
3) os itens 9 e 10 referem-se ao registro de comportamentos e circunstâncias
ambientais. Esse conjunto inclui informações sobre “com o” a observação foi
realizada, isto e, a técnica de registro, o sistema de sinais e abreviações
utilizado e informação sobre “o que” foi observado, isto é, o registro
propriam ente dito.
N esta unidade, focalizaremos essencialmente os itens referentes ao segundo
conjunto de informações, ou melhor, os relacionados à identificação das
condições em que a observação ocorre. O primeiro conjunto de informações -
identificação geral - não será focalizado, uma vez que o item 1 não necessita de
explicações para o seu preenchimento, e que o item 2 depende do trabalho a ser
realizado. O terceiro conjunto de informações - registro dos com portam entos e
circunstâncias ambientais - será objeto da Unidade 5.

44
Um protocolo de observação contém
basicam ente três conjuntos de irtformações:
I — identificação geral; 2 — identificação das
condições em que a observação ocorre; e 3 —
registro dos com portam entos e circunstâncias
ambientais.

A identificação das condições em que a observação ocorre é importante, na


medida em que fornece elementos indispensáveis à análise e interpretação dos
í omportamentos.
Sabemos que o número e tipo de respostas que um organismo apresenta
psláo relacionados tanto às características individuais do organismo (sua espécie,
r t n p a de m aturação biológica, história de vida), como ao ambiente em que ele se
encontra, isto sig n ifica que_determinados_-comportamentos têm maior
probabilidade de ocorrer em uma situação do que em outra. Por exemplo, é mais
provável que eu sorria e dance num a festa do que num velório. É mais provável
que uma criança dê cam balhotas na sala de estar de sua casa, onde existe um
tfll >cte macio, quando as pessoas presentes riem e conversem, do que num pátio de
timento ou num a casa desconhecida, ou quando as pessoas presentes falem baixo
ou chorem. Neste caso, a sala, o tapete e o com portam ento das pessoas presentes
indicam ocasiões para dar uma cam balhota.
Vejamos, então, quais são as condições que devem ser identificadas pelo
I uimervador.
I Jma das condições a ser identificada é quando a observação ocorre, isto é, a
data (item 3 do protocolo) e o horário (item 4 do protocolo) em que a observação
foi realizada. Estas informações são im portantes porque alguns com portam entos
islfio relacionados a datas e horários, isto é. a probabilidade de ocorrência destes
t omportamentos é maior em determ inadas horas do dia. em determinados dias da
5 ffituma ou do mês.
( >utra condição a ser identificada é quem foi observado, ou melhor, o sujeito
da observação (item 7 do protocolo).
Mfct Ao descrever o sujeito deve-se fornecer informações com relação a: espécie,
iií*lr. sexo e cxperiênáa anterior do organismo com relação à situação. Quando se
1 jfaiH dc seres hum anos, é necessário informar também o nível sócio-econômico e
f ü ginii de escolaridade. Se o sujeito é portador de alguma deficiência ou usa
ippfHlios corretivos, estas particularidades devem ser mencionadas.
hxemplo de descrição do sujeito: T, sexo feminino, 7 anos e 6 meses de
kíiiiir, classe média-baixa. freqüenta a 1® série do l 9 grau da “ Escola Sorriso” . T
«Ma óculos e aparelho nos dentes.
() terceiro aspecto a ser identificado diz respeito ao ambiente onde a
fitisff vação é realizada. A descrição do onde implica na descrição do ambiente
jlsiuo c rociai.
I »escrever o ambiente físico significa descrever o local em que o sujeito se
I n ç o n u a . Ao descrever o ambiente físico deve-se, em primeiro lugar, identificar o
jgtsil em que o sujeito se encontra (por exemplo: pátio de uma escola, escritório de
ufiHi In ma, etc.), e em seguida fornecer suas características. As características
rfctetiHites, isto é, características a serem descritas são:

45
© o form ato do local ou quando possível, suas dimensões:
© o numero, tipo e diposição de portas, janelas, móveis e demais objetos
presentes;
@ as condições da iluminação existente, por exemplo, luz natural, duas lâmpadas
centrais acesas, etc; e
® as condições relacionadas ao funcionamento dos objetos, por exemplo,
televisão ligada, ruído de motor. etc.
C aso haja alguma característica pouco comum à situação, esta
característica deve ser mencionada. Por exemplo, a existência de uma parede
esburacada, um móvel quebrado, etc.
Exemplo de descrição do ambiente físico: sala de estar da residência do
sujeito. A sala mede aproxim adam ente 2.50m por 4,50m. A janela está
localizada na parede frontal da sala. a 0,90 m do chão. A janela mede 2.00 m
de com prim ento por 1,10 m de altura. A sala possui duas portas. A porta,
localizada à esquerda da janela, dá acesso à uma varanda e a outra, localizada
no extremo oposto, dá acesso à sala de jantar. A sala contém os seguintes
moveis e objetos, um sofá. duas poltronas, um aparelho de televisão, uma
estante, uma mesa de centro, duas mesas laterais, um porta-revistas e dois
vasos com plantas. A estante abriga um conjunto de som. A sala e acarpetada.
No m om ento da observação, a iluminação é natural e a televisão está ligada.
Descrever o ambiente social significa identificar as pessoas que estão
presentes no local (com exceção do sujeito que é identificado a parte) e descrever
a atividade geral que aí esta ocorrendo.
Ao identificar as pessoas presentes no ambiente, o observador fornece
informações com relação ao número, sexo, idade e função destas pessoas (as
pessoas devem ser identificadas por letras maiúsculas). Se existirem
características comuns às pessoas presentes, é im portante especificar também
estas características. As características comuns a que nos referimos são o nível
sócio-económico. o grau de escolaridade, particularidades físicas, etc. Por
exemplo crianças faveladas que freqüentam a Escola-Parque da Prefeitura; jovens
de ambos os sexos, entre 15 e 17 anos. pertencentes ao grupo de jovens da
Paróquia Santo António, etc.
Descrever a atividade geral significa identificar a atividade que está sendo
desenvolvida no local, por exemplo: aula de matemática, aula de ginástica, etc;
identificar a localização das pessoas e descrever sucintamente o que elas estão
fazendo. A descrição da atividade geral é uma descrição estática, é uma
“fotografia” do ambiente social.
Exemplo de descrição do ambiente social: “ Estão presentes na sala. além do
sujeito (5), quatro pessoas. A observadora (Ob), de aproxim adam ente 20 anos,
aluna de Psicologia; a mãe (A/), com aproxim adam ente 35 anos, professora
primária, a tia (7), de aproxim adam ente 20 anos, estudante de Pedagogia, e a
irmã do sujeito (/), de 4 anos de idade. A mãe e a tia estão sentadas no sofá,
assistindo televisão e conversando. A observadora está sentada em uma das
poltronas e a irmã de ,S na outra poltrona. A irmã está folheando uma revista.

As condições a serem identificadas são: data e


horário da observação , sujeito observado,
ambiente físico e ambiente social.

46
I'ara descrever o ambiente físico e social, o observador utiliza de dois
fü »ti sos: o relato e o diagrama.
() relato é a descrição verbal do ambiente. Os exemplos dados anteriormente
l|i> »Ir relatos do ambiente físico e do ambiente social.
0 diagram a é a representação do ambiente através de um desenho
tiqucm ático e de legendas informativas (é uma planta do local). O diagram a
fiprrscnta simbolicamente a área observada e os elementos que estão dentro dela:
i*mns, janelas, móveis e pessoas. A utilidade do diagram a é a de facilitar a
vjiiinli/ação, por terceiros, do ambiente observado, além de fornecer ao
nhsFivador pontos de referência para o registro dos com portam entos. Por
«MPinplo, vendo o diagram a o leitor tem condições de visualisar em que direções o
iUjfitn unda.
Ao fazer o diagram a, o observador deve:
• utilizar escalas proporcionais às dimensões reais da área;
1 utilizar a mesma escala para representar as portas, janelas e móveis;
° localizar, corretam ente, na área as portas, janelas e moveis;
& manter a proporção relativa das distâncias existentes entre portas, janelas
c móveis; e
* utilizar símbolos de fácil com preensão.

I egendas:
s h e d parede —J— mesa de centro M mãe
11 111 I II r r m janela televisão T tia
i---------n porta 1 irmã
estante @ vaso Ob observadora

□ sofá
1 porta-revistas
S localização
inicial
m esa lateral do sujeito
poltrona
Quando as pessoas presentes permanecem num local fixo, ou quando
permanecem a maior parte do tempo num local, o observador poderá indicai', no
diagram a, a localização destas pessoas. É costume indicar tam bém no diagram a,
a localização inicial do sujeito.
Para facilitar a elaboração do diagram a adotam os as seguintes convenções:
© as janelas, portas e móveis são representados por simbolos. É conveniente que
você utilize os símbolos que considerar mais adequados (móveis semelhantes
devem ser representados por símboios semelhantes);
® paredes ou lados da área são identificados por letras minúsculas;
® os objetos, por núm eros (exemplo o n? 1 representa um poría-revistas); e
© as pessoas por letras m aiúsculas; a letra S é reservada para indicar o
sujeito e as letras Ob para indicar o observador.

P a ra d escrever o a m b ien te fís ic o e so c ia l o


o b serva d o r u tiliza dois recursos: o rela to e o
d ia g ra m a

Questões de estudo
1) Quais são as informações que um protocolo de observação deve conter?
2) Por que é necessário identificar as condições em que a observação ocorre?
3) Com relação ao sujeito, quais são as informações a serem fornecidas?
4) Com relação ao ambiente físico, quais são as informações a serem fornecidas?
5) Com relação ao ambiente social, quais são as informações a serem fornecidas?
6) Quais são os recursos utilizados pelo observador para descrever a situação
ambiental? Explique cada um.
7) Para que serve o diagram a?
8) Explique quais são os cuidados que o observador deve tom ar ao fazer o
diagrama.
9) Explique as convenções adotadas com relação ao diagram a.

Exercício de estudo
Fazer o diagram a do ambiente físico de um dos recintos de sua casa.
UNIDADE 4
A S IT U A Ç A O
D E O B S E R V A Ç A O - II

nbjetivos
Au final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
« I a/er o diagram a de uma situação
• Fazer o relato, em linguagem científica, do am biente físico, do sujeito, e
«lo ambiente social desta situação

itifiterial
« fcxto: “ O relato das co n d ições em que a ob servação ocorre”
* I xcrcício de estudo
* Instruções para a atividade prática
* Protocolo de observação: parte inicial

ãiividades
Partf A
• 1 rr o texto “ O relato das con d içõ es em que a ob servação ocorre”
l I • H riolver o exercício de estudo
• Participar de uma discu ssão sobre o exercício de estudo

i aMr B

f I n as instruções para a atividade prática


• OHiervar e registrar uma situ ação estipulada

49
O relato das condições
em que a observação ocorre

Identificamos, na Unidade 3, quais são as informações que o observador


deve fornecer ao fazer a descrição do sujeito, do ambiente físico e do ambiente
social. Em determ inadas ocasiões, entretanto, é necessário que além destas
informações gerais, o observador forneça informações mais específicas acerca
dessas condições.
O tipo de inform ação a ser fornecida dependerá do objetivo do estudo
observacional. O objetivo do estudo determ inará quais serão as características,
não citadas anteriormente, que deverão ser descritas, ou o grau de detalhes com
que um a dada característica deverá ser focalizada.
Por exemplo, se o objetivo do estudo for “verificar se o professor utiliza
corretam ente o material didático”, será necessário fornecer, no relato do
ambiente físico, mais detalhes com relação ao material didático existente
(espécie, quantidade, material de que é feito, formato, tam anho, cor,
funcionam ento, estado de conservação, onde está localizado, etc).
Se o objetivo do estudo for “verificar se o professor atende às características
individuais dos alunos” , será necessário fornecer, no relato do ambiente social,
informações detalhadas de cada aluno: nível sócio-econômico, particularidades
físicas (deficiência física ou uso de aparelhos corretivos) e de com portam ento (tais
como, ser rápido, ser lento, cometer erros de linguagem, trocar letras, etc).
Se o objetivo do estudo for “verificar como uma criança que apresenta
dificuldades de aprendizagem interage com os colegas”, será necessário
caracterizar, na descrição do sujeito, a dificuldade da criança' (se ela troca letras,
se é dispersiva, etc).
Por estes exemplos, vemos que as informações específicas estão baseadas
em hipóteses, lançadas pelo observador, acerca dos fatores que poderiam afetar o
com portam ento em estudo. Estas informações mais específicas poderão ser
obtidas por observação direta, por análise de documentos (relatórios, plantas,
fichas de matrícula, etc) ou por entrevistas.

O objetivo do estudo observacional determ ina o


grau de detalhes com que o relato do ambiente
físico, do ambiente social e do sujeito será
realizado.
Vejamos outro exemplo. A foto 4.1 m ostra uma situação de observação.
Suponhamos que dois observadores estejam registrando esta situação, cada
um com um objetivo. O primeiro observador tem como objetivo “ determinar o

50
FIGURA 4.1. Situaçao de observaçao
grau de coordenação m otora que o sujeito apresenta” . O segundo observador tem
como objetivo “ estudar a interação m ãe-criança” . Ao descrever as condições em
que a observação ocorre, os dois observadores fornecerão as seguintes
informações gerais:
Relato do ambiente físico. Sala de estar da residência do sujeito, medindo
aproxim adam ente 4 metros de com prim ento por 3 metros de largura. A sala
contém duas portas, um a janela e os seguintes móveis: um sofá, um a poltrona, um
tapete e um vaso com plantas. Sobre o tapete estão espalhados os seguintes
brinquedos: um a girafa, um elefante, um a boneca, um vagão de trem e sete cubos.
A iluminação é natural.
Descrição do siyeito observado.S, menina de 2 anos de idade,classe média.
Relato do ambiente social. M , mãe de S, de 30 anos de idade. A mãe está
sentada no sofá e interage continuam ente com S.
Além destas, cada observador acrescentará informações especificas em seu
relato.
O observador 1 incluirá no relato do ambiente físico, inform ações acerca:
a)do form ato do brinquedo; b) do material que é feito o brinquedo; e c) do tam anho
do brinquedo.
O observador 2, por sua vez, incluirá no relato do ambiente social,
inform ações acerca: a) do grau de escolaridade da mãe; b) da profissão da mãe; e
na descrição do sujeito; c) da família (número de pessoas que vivem
na casa, idade e relação de parentesco com o sujeito)

Exercício de estudo
A foto 4.2. m ostra a seguinte situação de observação:
Relato do ambiente físico. Sala de brinquedo de um conjunto residencial,
medindo aproxim adam ente 4 m de com primento, por 3m de largura. A sala
possui duas portas, um a janela e um a escada. A parede de fundo é interrom pida
dando acesso a um corredor. N esta parede existe uma im itação de janela em
m iniatura. As paredes da sala estão pintadas com desenhos de flores.
A sala está mobiliada com móveis próprios para crianças: um sofá e duas
poltronas. Pela sala estão espalhados os seguintes brinquedos: três bolas, três
ursos de pelúcia, três vagões de trem, duas bonecas, uma de plástico e outra de
pano e 10 cubos. A iluminação é natural.
Descrição do sujeito observado. S, menina de 3 anos de idade, classe média,
m oradora do conjunto.
Relato do ambiente social. D uas crianças, um menino (F) e uma menina (/),
am bos com 3 anos de idade, classe média, vizinhos de 5 e m oradores do conjunto
residencial. As crianças estão brincando. Elas estão sob os cuidados da mãe de /,
que esta na sala ao lado.
Suponhamos que dois observadores estejam registrando esta situação, cada
um com um objetivo. O primeiro observador tem como objetivo “identificar as
condições e circunstâncias em que S apresenta o com portam ento de im itação” . O
segundo observador tem como objetivo “identificar a preferência de S pelos
brinquedos”.
Observe a fotografia 4.2. D am os a seguir uma lista de itens que estes
observadores registraram. Identifique qual foi o observador que registrou cada
FIGURA 4.2. Situação de observaçao
item. Coioque dentro dos parênteses ós números que designam os observadores.
A saber: 1 - observador 1; 2 - observador 2. y,
a) - (pl.) cor dos brinquedos;
b) - ( 8 ) com que freqüência essas crianças brincam juntas;
c) - (vi ) tamanho dos brinquedos;
d) - ( quem pertence cada um dos brinquedos;
e) - ( ) ) características comportamentais de F e I (por exemplo, liderança,
cooperação, etc); e
0 - (~ ) novidade ou não do brinquedo.

instruções para a atividade prática


A atividade a ser realizada é um exercício de observação e registro das
condições existentes durante a observação.
O objetivo geral da observação é o de identificar os comportamentos
motores que u.ma pessoa apresenta num a determinada situação.
O registro dos dados deverá ser efetuado na folha de protocolo que
acompanha estas instruções.
É importante lembrar que a atividade proposta se limita ao preenchimento
dos itens 1 a 8 do protocolo, referentes à identificação geral e à identificação das
condições existentes. É importante lembrar também que o objetivo geral,
especificado acima, só será completamente atingido quando estivermos de posse
das informações referentes aos comportamentos apresentados pela pessoa. Como
já dissemos, você aprenderá a fazer esse registro na Unidade 5.
As instruções, a seguir, aplicam-se unicamente quando a atividade de
observação e registro é feita utilizando-se um filme. Quando a atividade é feita
fazendo-se uso de outros recursos, o professor fornecerá as instruções adicionais
necessárias1.

instruções para a observação e regisfro feita com o uso de projeção ãe filme


As instruções referem-se à seqüência de comportamentos que o observador
deve apresentar durante o exercício de observação.
1) Preencha os itens 1, 2, 3 e 4 do protocolo de observação.
2) Sente-se numa posição que favoreça uma boa visualização da tela onde será
feita a projeção e aguarde o seu início.
3) Durante a projeção, olhe para a tela procurando memorizar tudo o que vê.
4) Após a projeção, preencha o item 5 do protocolo de observação. Você terá
aproximadamente 5 minutos para esta atividade. Após esíes 5 minutos, a
projeção será repetida,
5) Durante a repetição da projeção, olhe novamente para a tela. Apenas olhe,
nào anote, nem escreva coisa alguma. (Esta segunda projeção é feita para que
voce possa completar ou corrigir a descrição das condições existentes.)
6) Após a repetição, reveja as anotações referentes ao item 5 e modifique onde
necessário. A seguir, preencha os itens 6, 7 e 8.

1. Lembrete ao professor. A parte III do Manual do Professor descreve o filme produzido


para esta atividade, assim como sugere outros recursos que poderiam substituí-lo.

54
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO

1) Nome do observador: _
2) Objetivo da observação:

1) Data da observação: __
4) Horário da observação:
i) Diagram a da situação:
6 ) R elato do am biente fisico:

7) Descrição do sujeito observado:

8) R elato do am biente social:

56
UNIDADE 5
O REGISTRO DO
COMPORTAMENTO!

objetivos
An final da unidade, o leitor deverá ser capaz de:
* Observar e registrar continuamente, em linguagem científica, os
comportamentos motores emitidos por um sujeito numa situação

iikiterial
§ Ifxto: “A técnica de registro contínuo”
É• Questões de estudo
fe I Instruções para a atividade prática
* Protocolo de observação: parte final

atividades
A
I m o texto “A técnica de registro contínuo”
fUsponder as questões de estudo
Píflieipar de uma discussão sobre as questões de estudo

ܧ B
|# i a** instruções para a atividade prática
fjtwfivnr e registrar comportamentos
A técnica de registro contínuo
Dentre as várias técnicas utilizadas pelo observador para o registro dos
com portam entos e circunstâncias ambientais, destaca-se a técnica de registro
continuo1.
A técnica de registro contínuo consiste em, dentro de um período
ininterrupto de tem po de observação, registrar o que ocorre na situação,
obedecendo à seqüência tem poral em que os fatos se dão. I
N o exemplo abaixo, temos um trecho do registro do com portam ento de uma
criança em situação de refeição. O registro foi realizado em um a creche, no
refeitório, no horário previsto para alim entação das crianças, conforme a rotina
da instituição. N a observação usou-se registro contínuo com o fim de levantar
dados para o treinam ento de atendentes.
‘ S se encontra no canto cd (canto form ado pelas pareces c e d) da sala de
refeição, de pé, defronte da mesa 6, a aproxim adam ente 20 cm desta mesa.
Atendente entra na sala com toalha na mão. 5 olha em direção à atendente.
Atendente coloca a toalha sobre a mesa 6. S vira-se de costas, anda em direção à
mesa 2. De pé, retira a toalha da mesa 2. D obra a toalha. Toalha dobrada em
form a aproxim ada de bola. S joga a toalha em direção a um menino. Meninc
pega a toalha. S sorri.”
Como se vê, o registro contínuo é um a espécie de “filmagem” do que
acontece. Ao regitrar, o observador conta o que presencia, na seqüência em que
os fatos ocorrem.

R egistro continuo consiste em, dentro de um


período ininterrupto de tempo de observação,
registrar o que ocorre na situação, obedecendo
à seqüência tem poral em que os fa to s se d ã o .

Os fatos registrados pelo observador referem-se a:

1. L O C A L IZ A Ç Ã O DO SUJEÍTO

O observador descreve a localização do sujeito no ambiente,..indica onde o


sujeito se encontra. No exemplo apresentado: “S se encontra no canto cd (canto
form ado pelas paredes c e d) da sala de refeição” .

1. Este livro focaliza apenas a técnica de registro contínuo. Informações sobre outras
técnicas, bem como sobre registradores de comportamento e cálculo de concordância
entre observadores, podem ser encontradas em Antônio Jayro F. M. Fagundes.
Descrição, definição e registro de comportamento. São Paulo: EDICON, 1981.

58
2. POSIÇÃO E POSTURA DO SUJEITO

O observador descreve como o sujeito se encontra, faz referência à posição e


postura do sujeito. Por exemplo, em pé (ereto ou curvo); ajoelhado; agachado;
deitado (encolhido ou distendido); etc.
Cabe aqui fazer a distinção entre postura e posição. Quando se fala de
postura1 o referencial é o próprio corpo, (por exemplo: curvo, ereto, encolhido,
distendido, etc), enquanto que ao se tratar de posição o referencial é o ambiente
(p o r exemplo: em pé, deitado, etc). O critério que diferencia estes term os é,
portanto, o referencial utilizado.

3. EV EN TO S C O M PO R T A M E N T A IS

Os eventos comportamentais que ocorrem , isto é, as ações do sujeito. As


nçôes a serem registradas sao:
3.1. O comportamento motor. Com portam entos que resultam no
rslahelecimento de contato físico do sujeito com o ambiente ou com portam entos
t|iie mudam o contato físico existente.
Incluímos entre os com portam entos motores:
3.1.1. Mudança na postura ou na posição. Com portam entos tais
como: agachar-se; levantar-se, virar a cabeça para trás; erguer o braço, etc.
3.1.2. Manipulações de objetos ou pessoas. C om portam entos tais
como: apanhar a boneca, colocar a boneca sobre a cam a, chutar a bola, es­
crever no caderno, beliscar o menino, colocar o dedo no nariz, passar a mão
no cabelo, etc.
3.1.3. Locomoções. C om portam entos que resultam no deslocamento
do sujeito em relação a pontos fixos do esp a ço . Comportamentos como: andar,
correr, engatinhar, subir, descer, saltar, etc.
3.2. A s expressões faciais. Com portam entos tais como: enrugar a testa,
lianzir as sobrancelhas, sorrir, piscar os olhos, etc.
3.3. O comportamento vocaP. Sons, articulados ou não, produzidos pelo
aparelho fonador. Por exemplo: cantar, assobiar, dar gargalhadas, m urm urar,
sons onom atopaicos4, falar, etc.

O registro dos eventos com portam entais inclui:


o registro de com portam entos m otores
(m udanças na postura ou na posição,
m anipulações de objetos ou pessoas e
locomoções); as expressões fa c ia is e os
com portam entos vocais ,

y ( ' u n h a d e f i n e postura como “disposições espaciais estacionárias de partes do


o r g a n i s m o umas em relação a outras”. (Walter Hugo A. Cunha. O Estudo Etológico
d o Comportamento Animal. Ciência e Cultura, 1975, 27, 265.)
V D a d o s os objetivos estabelecidos, focalizaremos durante as atividades práticas apenas
os comportamentos motores e as expressões faciais.
4 S o n s o n o m a t o p a i c o s : a q u eles q u e im ita m o so m n atu ral d a c o is a sigrJficM a. E xem p lo:
I//. b aru lh o d e b o m b a p u lv eriza d o ra .
59
Além dos fatos diretam ente relacionados ao sujeito (sua localização; postura
e posição; e os eventos com portam entais que ocorrem), o observador registrai
tam bém os eventos ambientais.

(V EVENTOS A M BIEN TA IS

Isto é, m udanças que ocorrem no ambiente durante a observação. Os


eventos ambientais podem ser:
4.1. Eventos físicos: m udanças no ambiente físico. Por exemplo: a bola bate
na trave, o telefone toca, etc.
4.2. Eventos sociais: com portam entos das outras pessoas presentes no
ambiente. Por exemplo: “ Uma menina se aproxim a de S e coloca o dedo na
palm a da mão de S ”, “ O menino joga a bola em direção a S ”, “ O pai entra na
sala e diz: Você quer passear?”, etc.

Qs fa to s registrados através da técnica de


registro contínuo são: I) a localização do
sujeito; 2) sua postura e posição; 3) os eventos
comportamentais; e 4) os eventos ambientais.

O registro contínuo é, em geral, utilizado durante a fase inicial de um


trabalho ou de uma pesquisa, quando o observador faz o levantamento do
repertório comportam ental do sujeito e das circunstâncias ambientais. A partir da
análise dos dados coletados e de acordo com o objetivo do estudo observacional,
o observador seleciona os com portam entos ou classes de com portam ento a serem
observadas, numa segunda etapa de trabalho. Este é o caso do exemplo, dado no
começo deste texto. O registro contínuo, feito na situação de refeição da creche,
foi repetido com outras crianças por um total de 7 dias e em diferentes horários de
refeição. Os dados obtidos nas sessões de observação, permitiram selecionar os
comportam entos a serem observados separadam ente, mediante o uso de outras
técnicas, diferentes do registro contínuo.

O registro contínuo é freqüentem ente utilizado


para um levantamento inicial do repertório
com portam ental do sujeito e das circunstâncias
ambientais.

Além de possibilitar um levantamento dos eventos na seqüência temporal em


que ocorrem - com portam entos do sujeito e circunstâncias ambientais - o
registro contínuo possibilita referir a uma vasta gama de com portam entos e
eventos ambientais, sem a imposição da definição prévia daquelas ocorrências.
O difícil, entretanto, ao se utilizar esta técnica é estabelecer o grau de
detalhamento que deve ser dado no registro. É impossível para o ser humano
observar e registrar tudo com o máximo de detalhes, por isso, ao observar e
registrar continuamente, podemos selecionar determinados eventos, em
detrimento de outros. A seleção dos eventos é feita em função do objetivo do
estudo observacional.

60
ü objetivo do estudo determina a variedade e tipo de com portam entos a
setrin registrados. Dependendo do objetivo o observador poderá: a) fazer um
ftgistro ampio das ações, isto è, registrará os com portam entos motores
{mudanças na postura ou na posição, m anipulação de objetos ou pessoas e
Int omoções), as expressões faciais e os com portam entos vocais; b) selecionar a
Éiiíivsc de com portam ento a ser registrada, registrando unicam ente os
§§mportamentos motores ou unicamente as expressões faciais, etc; c) focalizar a
observação e registro em determinada parte do corpo, tal com o boca ou mãos. Por
Mfinplo, se o objetivo do estudo for “verificar o problem a de articulação
áfiirscntado por um a criança’’, o observador focalizará o com portam ento vocal,
»! posturas e os movimentos bucais; se o objetivo do estudo for “identificar
problemas de m anipulação m otora fina”, o observador focalizará as posturas,
punções e movimentos de mão.

O objetivo do estudo determ ina a variedade e


tipo de comportamento a ser registrado.

A seleção dos com portam entos a serem observados possibilita o


refinamento dos registros, isto é, o detalham ento dos com portam entos. Quando o
fhscrvador registra poucos eventos, ele pode fornecer um núm ero maior de
jftfni mações acerca destes eventos. Por exemplo, pode identificar se o sujeito
a bola com a mão direita ou com a esqueida”.
A riqueza de detalhes que o observador fornece em um registro contínuo
«bpnide:
si l)a variedade de tipos de comportamento que ele observa e registra
simultaneamente. Se ele observar apenas os com portam entos motores ele
poderá fornecer descrições mais detalhadas do que se ele observar:
iom portam entos motores, expressões faciais e com portam entos vocais;
I) I )n velocidade com que os eventos ocorrem. Um observador consegue dar
uma descrição mais detalhada quando os eventos ocorrem com maior
morosidade, do que quando ocorrem com rapidez. Por exemplo, compare as
srguintes situações: um adulto lendo um jornal e um a criança pulando
umarelinha. A morosidade dos com portam entos exibidos na primeira situação
propícia mais informações acerca das posturas do adulto, suas expressões
faciais, etc, inform ações quase que impossíveis de se registrar na segunda
situação; e
II I >o grau de treinamento do observador. O treinam ento do observador implica
numa fam iliarização com a situação de observação, com o material a ser
uiili/.ado (prancheta, protocolo de observação, cronôm etro, gravador, etc.), e
com a sistem ática de registro. REG.S 6 L1 • C(; 1 ( l >

O grau de detalhamento que um observador


forn ece num registro contínuo depende: a) da
variedade de tipos de comportamento
observados b) da velocidade dos eventos
observados: e c) do treinamento do observador.

(>l
SISTEM Á TICA D E R EG ISTR O

A sistemática de registro envolve não só os procedimentos específicos- da


técnica de registro utilizada, como o conjunto de convenções adotadas pelo
observador. As convenções variam em função a técnica de registro utilizada, e em
alguns casos, em função do trabalho que está sendo realizado.
As convenções que estamos adotando, com relação ao registro contínuo,
visam uniformizar as condições de registro, bem como garantir a compreensão
dos mesmos. A seguir, especificamos as convenções adotadas:
1)) Inicie o registro inform ando a localização do sujeito e como ele se encontra.
Por exemplo: “ 5 se encontra no canto cd da sala de refeição, de pé, defronte
à mesa 6, a aproxim adam ente 20 cm desta m esa”.
2)) Indique a pessoa que emite a ação. Por exemplo: “ 5 olha em direção à
atendente”.
3) Ao registrar os eventos, empregue o verbo no tempo presente. Por exemplo:
“ S vira-se de costas, anda em direção à mesa 2”.
4) No caso dos verbos transitivos, indique os complementos do verbo. Por
exemplo: “ 5 vira-se de costas retira \a toalha da mesa 2".
5) No caso da ação ter uma direção, indique no registro em que direção a açãq
ocorre. Por exemplo: “ S anda em direção à mesa 2”, “S joga a toalha em'
direção a um menino''.
Os referenciais a serem utilizados para indicar direção são:
a) objetos, pessoas ou partes do ambiente; por exemplo: “ S anda até a
cama ”, “ £ conversa com uma menina ” , “ S vai até o corredor” ; e
b) partes do corpo do próprio sujeito; por exemplo: “ £ põe a mão na testa''.
6) Use o grau normal ao se refeir aos objetos. Por exemplo:
“S ergue o braço da boneca” (ao invés de “S ergue o bracinho áí
bonequinha”).
7) Registre as ações que ocorrem e não as que não ocorrem. É errado registrar
a ausência de um com portam ento. Por exemplo: “ 5 cai mas não chora”.
8), Registre eventos sucessivos em linhas separadas. Os eventos sucessivos
devem ser registrados um abaixo do outro. Por exemplo:

S vira-se de costas.
Anda em direção à mesa 2.
Retira a toalha da mesa 2.
D obra a toalha.

9); Registre os eventos simultâneos num a mesma linha. Separe cada um dos
eventos com barras verticais. Por exemplo: Atendente coloca toalha sobre a
m esa 6 / S vira-se de costas.
10) yUtilize uma flecha vertical para indicar a continuidade da ação. A flecha de
continuidade indica que o com portam ento continua enquanto outros sào
emitidos simultaneamente.
A flecha de continuidade elimina o emprego de termos desnecessários, tais
• orno: começa, continua, pára, etc. Nesse sentido, a flecha funciona como o sinal
*Ir aspas e deve ser usado para assinalar repetição. A fecha deve ser colocada
puire uma linha e outra, indicando a repetição da ação. Por exemplo:

A tendente entra na sala com toalha na mão.


11? olha em direção à atendente.
Atendente coloca toalha sobre a mesa 6.
/ S vira-se de costas.
/ S anda em direção à mesa 2.
S retira a toalha da mesa 2.

No exemplo acima, logo após a atendente entrar na sala, S olhou em sua


direção. S continuou olhando na direção da atendente, enquanto ela colocava a
toalha na mesa 6. Antes da atendente term inar de colocar a toalha, S virou-se de
rostas e andou em direção à mesa 2. Q uando S retirou a toalha da mesa 2, a
«tendente já havia term inado de colocar a toalha na mesa 6.
I I ) Terminada a observação, numere os eventos registrados. Por exemplo, o
registro apresentado anteriorm ente ficaria assim:

S no canto cd da sala, de pé, defronte à mesa 6,


a aproxim adam ente 20 cm desta mesa.
(1) Atendente entra na sala com toalha na mão.
w / (2) S olha em direção à atendente.
| / (3) Atendente coloca toalha sobre a m esa 6.
~ | / (4) S vira-se de costas.
\ / (5) S anda em direção à mesa 2.
(6) S retira a toalha da mesa 2.
(7) D obra a toalha em form a aproxim ada de bola.
(8) Joga a toalha em direção a um menino.
(9) Menino pega a toalha / (10) S sorri.

Além das convenções descritas acim a, que serão adotadas e que você deve
memorizar, dam os a seguir duas sugestões, que visam diminuir > tempo gasto
toin o registro (você poderá seguir ou não tais sugestões).
I ) Você pode utilizar símbolos para se referir a aspectos do ambiente físico, tais
como janelas, portas e móveis; letras minúsculas para identificar as paredes ou
lados, de um a área; números para se referir aos objetos; e letras maiúsculas
para identificar as pessoas que emitem as ações ou são objeto de uma ação.
Os símbolos, números e letras devem ser especificados na legenda do
diagrama, no relato do ambiente físico ou no relato do ambiente social (veja
Unidade 3).

63
2j) Você pode utilizar, tam bem , sinais ou abreviaturas para registrar os
com portam entos observados. Por exemplo: utilizar "pg ” para “ pega”, “nd"
para “ andar", etc.
A expressão “ em direção a" poderá ser substituída por uma flecha
horizontal. Por exemplo: “ S anda em direção ao quarto" poderá ser
substituído por “ S anda — q uarto” .
Se utilizar sinais ou abreviaturas para registrar os com portam entos, ao
term inar o registro, você deve apresentar uma legenda referente a estes sinais e
abreviaturas.

Q u e s tõ e s d e estu d o
1) O que é um registro contínuo?
2) Identifique a utilidade do registro contínuo para o psicólogo.
3) Quais são as dificuldades existentes com relação ao registro continuo?
4) Quais são as m aneiras de resolver este problema
(dificuldades com relação ao registro contínuo)?
5) Explique os fatores que influenciam o grau de detalham ento de um registro.
6) Explique o que determ ina a variedade e tipo de com portam ento a ser
registrado.
7) Explique a diferença entre postura e posição.
8) Explique os tipos de com portam ento motor.
9) O que é uma sistemática de registro?
10) Explique os cuidados que o observador deve tom ar com relação ao tempo do
verbo e seus complementos. Dê exemplos.
11) Com o fazer para indicar a direção da ação?
12) Com o indicar eventos sucessivos e eventos simultâneos?
13) Com o indicar a continuidade de uma ação?
14) Qual a vantagem de se utilizar símbolos ou abreviaturas?

Instruções p a ra a a tiv id a d e prática


A atividade consiste no registro contínuo dos com portam entos motores
apresentados por uma pessoa numa situação.
O objetivo geral da observação è o de identificar os com portam entos
m otores que a pessoa apresenta na situação.
A atividade proposta é continuação daquela realizada na Unidade 4. Por
essa razão você receberá de volta o protocolo preenchido na Unidade anterior. A
este protocolo será acrescentado um novo item (9), referente ao registro continuo.
D urante a sessão você deverá observar e simultaneamente registrar:
a) a localização inicial do sujeito e como ele se encontra (postura e posição): e
b) os com portam entos m otores (m udanças na postura ou posição, manipulações
de objetos ou pessoas, e locomoções) que o sujeito apresenta.

64
í $tttbretes

• Focalize sua atenção nos com portam entos motores. N ão se preocupe


cm registrar as expressões faciais que o sujeito possa apresentar.
• Obedeça às convenções de registro que foram estabelecidas. Não se
esqueça de num erar, após a observação, os eventos registrados.
• Procure seguir também as sugestões dadas. (As sugestões não entram
no critério de avaliação.)
• Se utilizar sinais ou abreviaturas para registrar os com portam entos, ao
lerminar o registro, acrescente um 109 item ao protocolo. Nele você
cspecificará o sistema de sinais e abreviações utilizado.

Instruções para o registro feito com o uso de projeção de filme

As instruções a seguir aplicam-se somente quando a atividade é feita


uiili/.ando-se um filme5.
O filme foi produzido num a velocidade mais lenta, de modo a facilitar a
observação e registro dos com portam entos apresentados pela pessoa. A projeção
loineça com as seguintes palavras “ Registro C ontínuo” . Estas palavras indicam o
inicio da sessão de observação.

|. Se a atividade for feita com uso de outros recursos, o professor fornecerá as instruções
adicionais necessárias.
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO

V) Técnica de registro continuo:


UNIDADE 6
O R E G IS T R O D O
C O M P O R T A M E N T O -II

(tbjetívos
A'> final da unidade o leitor deverá ser capaz de:
9 Observar e registrar continuamente, em linguagem Científica, os
comportamentos motores e as expressões faciais
apresentadas por um sujeito

ninterial
9 Irxto: “O registro das expressões faciais”
WÊ I xrrcicio de estudo
j* instruções p ara a atividade p rática
I» Protocolo de observação

.jMividades
ftfi# A
§ I pí o texto “O registro das expressões faciais”
■ ||#i4)lver o exercício de estudo
S Pirtlcipar de uma discussão sobre o exercício de estudo

Ml* B
I L§? u*. instruções para a atividade prática
£ f]twrv«r c registrar comportamentos
O registro das expressões faciais
N a atividade prática da unidade anterior, focalizamos unicamente os
com portam entos motores. N esta unidade focalizaremos, além dos
com portam entos m otores, as expressões faciais apresentadas pelo sujeito.
O registro das expressões faciais envolve o registro da direção do olhar da
pessoa (fixação visual) e o registro das modificações que ocorrem no rosto (testa,
sobrancelhas, olhos, nariz, boca. bochechas e queixo). Expressões faciais são
m ovim entos tais como: enrugar a testa; franzir as sobrancelhas; franzir o nariz;
abrir ou fechar os olhos; apertar, lamber ou m order os lábios; inflar as bochechas;
trem er o queixo; m ostrar a língua; abrir ou fechar a boca, etc.
A dificuldade em registrar as expressões faciais é devida ao fato dos
m ovim entos ocorrerem , em geral, em conjunto, isto é, ocorrerem modificações
sim ultâneas de duas ou mais partes do rosto. A dificuldade está relacionada
tam bém ao fato das expressões faciais freqüentemente acom panharem os
com portam entos m otores do sujeito.

O registro das expressões fa c ia is envolve o


registro: a) da direção do olhar da pessoa;
b) das modtficações que ocorrem no rosto
(testa, sobrancelhas, olhos, nariz, boca.
bochechas e queixo).

P ara esclarecer melhor estas colocações, antes do exercício de observação,


vam os fazer alguns exercícios de descrição das expressões faciais. Para tanto,
vejam os um exemplo. A fotografia 6.1 m ostra o rosto de uma menina.
Se fôssemos descrever a expressão facial desta menina, diríamos: “ A menina
está com a bochecha direita levantada, boca aberta com exposição dos dentes
superiores e sobrancelhas franzidas” . Esta é um a descrição mais objetiva do que
dizer que ela está “ assustada”, “ com d o r” ou “ m edo” .
FIGURA 6.1 Rosto de menina
E xercício d e estu d o
As fotografias seguintes mostram o rosto de pessoas. Observe as fotos e
descreva abaixo as expressões faciais apresentadas pelas pessoas.

a) D escrição :__________ _____ _—- -------------------------------------------- ----- — —

2) D escrição:

3) D escrição:

4) D escrição:
1
FIGURA 6.2 Rosto 1 FIGURA 6.3 Rosto 2

FIGURA 6.4 Rosto 3 FIGURA 6.5 Rosto 4


instruções p a ra a a tiv id a d e p rá tic a
N a unidade anterior fizemos o registro continuo dos com portam entos
m otores apresentados por um a pessoa. N esta unidade, além dos com portam entos
m otores, iremos registrar tam bém as expressões faciais de pessoas.
O objetivo geral da observação é identificar os com portam entos que
pessoa apresenta num a situação.
Ao term inar a leitura destas instruções, preencha os itens 1, 2, 3 e 4 dc
protocolo de observação.
A sessão de observação constará de duas partes. N a primeira parte, você
descreverá o sujeito e o ambiente em que ele se encontra, itens 5, 6, 7 e 8 do
protocolo de observação. N a segunda parte da sessão, deverá registrar
continuam ente os com portam entos do sujeito. N esta parte você deverá observa
e sim ultaneam ente registrar:
a) a localização inicial do sujeito e como ele se encontra; e

L
b) os com portam entos m otores (m udanças na postura ou posição, manipulações
de objetos ou pessoas e locomoçÕes) e as expressões faciais (fixações visuais e
modificações que ocorrem no rosto) que o sujeito apresenta.

Lembretes

® O bedeça as convenções de registro que foram estabelecidas. Term inada a


observação, numere os eventos registrados.
® Se usar sinais ou abreviaturas, acrescente o item 10 ao protocolo,
especificando o sistema de sinais e abreviaturas utilizado.

Instruções para o registro feito com o uso de projeção de film e


N a primeira parte da sessão, a projeção focalizará o sujeito e o ambiente em
que a ação ocorre.
D urante a projeção, olhe para a tela procurando m em orizar tudo o que vê.
Após a projeção preencha o item 5 do protocolo. Você terá aproxim adam ente 5
m inutos para esta atividade. Após estes 5 minutos, a projeção será repetida.
Finda a segunda projeção, reveja as anotações referentes aos item 5,
modificando onde se fizer necessário. A seguir preencha os itens 6, 7 e 8 do
protocolo.
Term inada esta parte, a projeção continuará. Ao iniciar a segunda parte da
sessão, a projeção m ostrará as palavras “ Registro C ontinuo” . Estas palavras
indicam o início da cena a ser observada e registrada a seguir.

74
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO

I ) Nome do observador: _

t ) Objetivo da observação:

f) Data da observa çã o :__

4) Horário da observação:

i) Diagrama da situação:
6) R elato do am biente físico:

7) D escrição do sujeito observado:

8) R elato do ambiente social:


W Técnica de registro contínuo
-

78
UNIDADE I____
OS EVENTOS AMBIENTAIS
EM Q UE O
COMPORTAMENTO SE IN S E R E -

o b je tiv o s
Ao final d a u n id a d e o leitor d e v e rá :
• V erbalizar so b re :
• ev ento s físicos e sociais
• a re la ç ã o q u e os ev en to s a m b ie n ta is m an têm co m o c o m p o rta m e n to
do sujeito
• D ado um re la to de o b se rv a ç ã o , id en tificar os ev en to s físicos e sociais e
estab elecer su a re la ç ã o com o c o m p o rta m e n to d o sujeito

material
• T exto: “ E v e n to s físicos e so c ia is ”
• Q uestões de estu d o
• F xercício de estu d o

«tividades
• U r o tex to “ E v en to s físicos e so ciais
• R espond er as q u estõ es de e s tu d o
• R esolver o exercício de estu d o
• P a rtic ip a r de u m a d isc u ssã o so b re a s q u estõ es e exercício de estu d o
• R esolver o ex ercício de a v a lia ç ã o

79
E ventos físicos e sociais

Em geral, o obsèrvador do com portam ento está interessado em obter dados


referentes não só às características próprias do com portam ento - duração,
freqüência, form a etc. - mas também, e principalmente, referentes às
circunstâncias nas quais o com portam ento ocorre. Procedendo desse modo, o
observador pode identificar relações funcionais entre eventos. A identificação e
descrição de tais relações funcionais permite ao cientista analisar, predizer e
alterar, se for o caso, os eventos observados. Por exemplo, pouco se pode fazer
com a inform ação de que uma criança chora em média um a hora e meia por dia.
Por outro lado, se além de informações sobre a duração do choro, o registro
permitir identificar o momento em que o choro ocorre mais freqüentemente, o
local, há quanto tempo após a última refeição, condições físicas da criança, o que
as pessoas fazem quando a criança chora, o observador poderá identificar se há
problem as, a sua natureza e o que deve ser feito para modificar a situação.
Independentemente de haver ou não problema, poderá descrever condições
físicas, sòcio-econômicas e culturais, como por exemplo características de um
grupo de crianças que apresentam choro de maior duração, e com parar com outro
grupo.
A indicação das circunstâncias sob as quais o com portam ento ocorre é uma
inform ação im portante para o entendimento do fenômeno, qualquer que seja a
técnica de registro usada.
Ao falarmos, na Unidade 3, sobre as condições em qué a observação ocorre,
estávam os nos referindo a algumas destas circunstâncias. A descrição das
condições, isto é, de quando (data e horário da observação) e onde (ambiente
físico e social) a observação foi realizada e quem (sujeito) foi observado, fornece
alguns dos elementos indispensáveis à análise do com portam ento. Essa descrição
porém é estática e não basta. Para analisar completamente o com portam ento, é
necessário identificar também as interações que ocorrem, num determinado
período de tempo, entre o sujeito e o ambiente, isto é, m udanças no ambiente que
sejam decorrentes da ação do sujeito (ou de fatores não identificados) e mudanças
no ambiente que produzam m udanças no com portam ento do sujeito. Esta dupla
descrição é o que tentarem os fazer nesta unidade.
Os com portam entos de um a pessoa não só alteram as condições do
ambiente, mas, por sua vez, também são afetados por alterações que ocorrem
neste ambiente. As m udanças que ocorrem no ambiente durante a observação são
denom inadas de eventos ambientais.
Os eventos ambientais podem ser físicos ou sociais.

80
EVENTOS FÍSICOS

São as m udanças no ambiente físico. Por exemplo: o ambiente se iluminar


ou escurecer quando o sujeito acende ou apaga a luz; o som do telefone; a porta
bater pela ação do vento etc.
Os eventos físicos podem aparecer em decorrência de um a ação da pessoa
observada, ou da ação de outras pessoas, ou ainda da natureza. Ao analisar os
rvcntos físicos citados acima verificamos que: a iluminação ou escurecimento do
ambiente é decorrente de um a ação da pessoa observada; o som do telefone é
dccorrente da ação de outras pessoas (não observadas); e que a batida e
conseqüente fechamento da porta, é decorrente da ação da natureza (o vento). Se
completarmos o segundo e o terceiro exemplo dizendo que o sujeito pega o
lelcfone e diz “ alô”, ou que o sujeito se levanta e tranca a porta, poderemos
mialisar as relações entre o com portam ento e os eventos ambientais. No primeiro
rxcmplo, o evento físico (iluminação e escurecim ento do ambiente) ocorreu após a
i^ão do sujeito e em conseqüência desta ação. Dizemos que este é um evento
conseqüente ao com portam ento do sujeito. No segundo e no terceiro exemplos, os
eventos físicos ocorreram antes da ação do sujeito. Neste caso dizemos que eles
mio eventos antecedentes ao com portam ento do sujeito.

Os eventos físico s podem vir antes ou após um


com portam ento. Os eventos que ocorrem antes
de um com portam ento são denominados de
eventos antecedentes. Os eventos que ocorrem
após um com portam ento são denominados de
eventos conseqüentes.

As relações entre o com portam ento e os eventos físicos ficam mais claras
quando se transcreve os dados em três colunas: eventos antecedentes,
com portamentos do sujeito e eventos conseqüentes.
Ao transcrever nossos exemplos, terem os:

1'.ventos C om portam entos Eventos


antecedentes do sujeito conseqüentes

5 acende a luz 0 ambiente se ilumina.


ou
S apaga a luz. 0 ambiente escurece.

S pega o telefone.
Som do telefone.
5 diz: “ alô” .

A fx)rta bate e S se levanta.


w fccha. S tranca a porta.

8]
EVENTOS SOCIAIS

São os com portam entos das outras pessoas presentes no ambiente. O


com portam ento do sujeito é aquele que eu estou analisando, os com portam entos .
das outras pessoas presentes são uma das circunstâncias que podem afetar o
com portam ento do sujeito.
Essa simultaneidade de com portam entos, emitidos pelo sujeito e outras
pessoas presentes, bem como sua rapidez e interdependência, produzem uma
situação de observação extremamente complexa. Devido a isso, o registro de
eventos sociais requer uma atenção especial. R azão pela qual estabelecemos, a
seguir, alguns critérios que orientem o leitor na seleção dos eventos sociais a
serem registrados.
Em geral, o observador registra os eventos sociais (com portam entos das
outrao pessoas presentes no ambiente):

1. Q uando a pessoa emite um com portam ento em relação ao sujeito ou ao grupo


do qual o sujeito faz parte. Vejamos dois exemplos:

a) S, segurando pacotes, passa em frente a um a loja. Um dos pacotes cai no j


chão.
Um vendedor da loja pega o pacote / d iz:- “Oi moço, o Sr. deixou cair este (
pacote”.
S vira-se,
anda em direção ao vendedor, pega o pacote/ d iz :- “Muito obrigado”.
b) S está no tanque de areia cavocando um buraco, juntam ente com outras i
três crianças.
A professora se aproxima do grupoI diz: - "Quem quer ouvir uma estória?”
S e as crianças gritam : - “ Eu. eu. eu...’'
No primeiro exemplo, o com portam ento do vendedor foi registrado porque
foi dirigido ao sujeito; no segundo exemplo, o com portam ento da professora foi
registrado porque foi dirigido ao grupo do qual o sujeito faz parte.
2. Quando a pessoa apresenta um com portam ento em relação a um objeto que
pertence ou está relacionado ao sujeito observado. Vejamos os exemplos:
a) S escreve no caderno.
J pega a borracha de S.
S diz: “ Devolva logo” .
J balança afirmativamente a cabeça.
b) S, na pia, lava a louça do almoço.
P pega um prato âo escorredor.
Nesses exemplos os com portam entos das pessoas J t P foram registrados porque
os mesmos foram dirigidos a objetos pertencentes (no primeiro exemplo) ou que
se relacionavam (no segundo exemplo) ao sujeito observado.
3. Q uando o sujeito observado emite um com portam ento em relação a uma
pessoa ou grupo de pessoas.
Por exemplo:
a) S olha em direção a J.
J passa no corredor.
b) S anda em direção a um grupo de crianças.
As crianças pulam amarelinha.

82
Eventos antecedentes C om portam entos do sujeito Eventos conseqüentes

l.b. £ está no tanque de areia,


cavocando um buraco
com outras três crianças.
A professora se
aproxima do
grupo/ diz: - “Quem
quer ouvir uma
estória?“ . S e as outras crianças
g rita m :-“ Eu, eu, eu . . .”

2.a.
S escreve no caderno
J pega a borracha de S„
S d i z : - “ Devolva logo”. J balança
afirmativamente a
cabeça.
3.a.
J passa no corredor. S olha em direção a J.
3.b.
Um grupo de crianças S anda em direção
pula amarelinha. às crianças.

Os eventos am bientais (físicos e sociais)


constituem-se em eventos antecedentes e
conseqüentes aos com portam entos do sujeito.

Convém lem brar que algumas vezes ocorrem m udanças no ambiente, ou


e s tecontém aspectos que, de fato, parecem não alterar o modo de agir das
pessoas presentes nesse ambiente. O utras características ou m udanças
ambientais, contudo, parecem ter um a relação funciona! com o comportamento,
l ima análise com portam ental com pleta envolve uma tentativa de identificação
dos eventos que têm uma relação funcional com o com portam ento porque são
eventos que, ocorrendo antes do com portam ento, propiciam ou dificultam a
ocorrência desse com portam ento; ou que, seguindo ao com portam ento, alteram
a s condições ambientais em que a pessoa se encontra e, a curto prazo, alteram a
«rqíiência de com portam entos que poderiam se seguir.
Nesses exemplos, o com portam ento de J e do grupo de crianças foi
registrado porque o sujeito apresentou um com portam ento em relação aos
mesmos.

Eventos sociais são os com portam entos das


outras pessoas presentes no ambiente. Os
eventos sociais podem ocorrer antes ou após um
com portam ento do sujeito.

Tam bém as relações entre os eventos sociais e os com portam entos do sujeito
são melhor analisados ao se transcrever os dados em três colunas: eventos
antecedentes, com portam entos do sujeito e eventos conseqüentes. A o transcrever
os exemplos citados, teremos:

Eventos C om portam entos Eventos


antecedentes do sujeito conseqüentes

l,a. S segurando pacotes


passa em frente
a um a loja. Um dos pacotes
cai no chão.
Um vendedor da loja
pega o pacote/ diz:
- “Oi, moço, o Sr.
deixou cair este pacote”.
S vira-se.
S anda em direção
ao vendedor.
S pega o pacote/ diz:
- “ Muito obrigado” .

N o exemplo l.a. o evento físico “pacote cair no chão” constitui-se num


evento conseqüente ao com portam ento de S “passar em frente da loja, segurando
pacotes”. O evento social “o vendedor pegar o pacote” e “dizer: - Oi, moço...”
constitui-se num evento antecedente aos comportamentos de S “virar-se”, “ andar
em direção ao vendedor”, “pegar o pacote e dizer: - Muito obrigado”.
No exemplo 2.a., o evento social “J pega a borracha de S ” constitui-se num
evento antecedente ao com portam ento de S dizer: - “Devolva logo”; enquanto o
evento social “J balança afirm ativam ente a cabeça” constitui-se num evento
conseqüente a este com portam ento de S.
N os demais exemplos (l.b ., 3.a. e 3.b.), os eventos sociais constituem-se em
eventos antecedentes aos com portam entos do sujeito.
Observe que o exemplo 2.b. não foi transcrito para a folha de análise. Isto
ocorreu pelo fato de o relato não fornecer elementos para se estabelecer relações
entre o evento social UP pega um prato do escorredor” e os com portam entos do
sujeito.

83
Eventos antecedentes Com portam entos do sujeito Eventos conseqüentes.

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Relações funcionais:

2) S joga areia para cima. A areia cai em M, irmã de S. M chora. A mãe de S dá


um tapa na m ão de S. S chora.

Eventos antecedentes C om portam entos do sujeito Eventos conseqüentes.

i - . - r . .......

c.

Relações funcionais:


Questões de estudo
1) Explique porque é necessário registrar os eventos físicos e sociais.
2) Defina eventos físicos e eventos sociais.
3) Dê um exemplo de um evento físico que anteceda ao com portam ento do
sujeito.
4) Dê um exemplo de um evento social que anteceda ao com portam ento do
sujeito.
5) Dê um exemplo de um evento físico que se segue ao com portam ento do sujeito.
6) Dê um exemplo de um evento social que se segue ao com portam ento do
sujeito.
7) Explique as situações em que o observador deveria registrar os eventos sociais.
8) Explique o modo de representar as relações entre os eventos am bientais e os
com portam entos do sujeito.

Exercício de estudo
D am os, a seguir, dois relatos de observação. Você deve identificar os
eventos físicos e sociais existentes em cada relato e estabelecer a relação desses
eventos com os com portam entos do sujeito. Transcreva o relato em três colunas.
Proceda da seguinte maneira:
o inicialmente, comece identificando e sublinhando os eventos ambientais
(físicos e sociais) existentes no relato;
© a seguir, identifique os com portam entos do sujeito que estão relacionados
aos eventos ambientais sublinhados;
© transcreva, então, os com portam entos do sujeito e eventos ambientais nas
colunas apropriadas para a análise;
© coloque entre parênteses, após cada evento ambiental, as siglas EF e E S
quando se tratar, respectivamente, de um evento físico ou de um evento
social; e
© finalmente, complete a análise descrevendo as relações funcionais que
supõe existir entre os eventos ambientais e com parlam entais relatados.
F aça isso no espaço apropriado que é dado a seguir.

1) S volta da escola carregando os livros a tiracolo, presos oor um cinto. A


mãe de S encontra-se no portão.5 corre em direção à m5e. A mãe sorri. Neste
momento, a presilha que prende os livros se abre e os livros caem no chão.
UNIDADE 8
OS EVENTOS AMBIENTAIS
EM QUE O
COMPORTAMENTO SE INSERE IS

A o final d a unidade o leitor deverá ser capaz de:


© R egistrar continuam ente, em linguagem científica, seqüências de
m udanças de eventos
® Identificar, no registro efetuado, os eventos físicos e sociais e estabelecer
a relação destes eventos com os com portam entos do sujeito

© Instruções p ara a atividade p rá tic a de observação e análise


® Protocolo de observação
© Foíhas de análise

© Ler as in stru ç õ e s para a atividade prática


© O b se rv a r e registrar eventos com portam entais e am bientais
© A nalisar os reg istro s
instruções p a ra a a tiv id a d e p rática
d e o b servação e a n álise
A atividade consistira:
a) do registro dos com portam entos e eventos ambientais que ocorrem numa
situação; e
b) da análise dos registros efetuados.
O objetivo desta atividade é o de identificar eventos físicos e sociais e
estabelecer a relação destes eventos com os com portam entos do sujeito.
Para realizar a atividade proposta, você utilizará o protocolo de observação
e as folhas de análise que acom panham estas instruções.

P AR TE A — Registro dos comportamentos do sujeito e eventos ambientais

Você deverá observar e simultaneamente registrar seqüências de m udanças


de eventos, isto é, os com portam entos do sujeito (com portam entos motores e
expressões faciais) e os eventos ambientais (eventos físicos e sociais) que ocorrem
num a situação.
Ao term inar esta parte, transcreva os registros efetuados para as folhas de
análise.

PA RTE B — Análise dos registros efetuados

As três primeiras folhas de análise contêm três colunas: eventos ambientais


antecedentes; com portam entos do sujeito; e eventos ambientais conseqüentes.
Proceda com o na Unidade 7:

1) identifique e sublinhe os eventos ambientais (eventos físicos e eventos sociais)


registrados;
i
2) a seguir, identifique os com portam entos do sujeito que estão relacionados aos
eventos ambientais sublinhados;

3) transcreva, então, os com portam entos do sujeito e os eventos ambientais nas


colunas apropriadas da folha de análise;

4) identifique se o evento é físico ou social, colocando as siglas EF (evento físico)


ou ES (evento social), entre parênteses, após cada evento ambiental; e

88
FIGURA 12.3 Comportamento 2
FIGURA 12.2 Comportamento
5) finalmente, complete sua análise, descrevendo as relações funcionais que você
supõe existir entre os eventos ambientais e com portam entais registrados. Faça
isso na quarta folha de análise.

Instruções para o registro feito com o uso de projeção de filme

Você assistirá a projeção de um filme. O filme apresentará o ambiente e


posteriormente a seqüência de eventos a ser registrada. O aparecimento das
palavras “ Registro C ontínuo” m arca o início da cena de observação.
Ao term inar a projeção, preencha o item 8 do protocolo - relato do
ambiente social. Identifique no relato as outras pessoas que apareceram na
situação e a atividade geral que ocorreu.

Observação. Após a kitura destas instruções, e antes de inidar o exercício


de observação, você deve preencher os itens 1 a 7 do protocolo. Com relação aos
itens 5, 6 e 7, visando a facüitação de sua tarefa, seu professor lhe fornecerá as
informações necessárias a respeito do sujeito e do ambiente físico. Tendo
preenchido estes itens, aguarde o início da projeção do fúme.
*.!•

r:
►í;
!;
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO

1) Nome do o b serva d o r:___________


2) Objetivo da observação:_________

i 3) D ata da ob servação:__
4) H orário da observação:
5) D iagram a da situação:
6) R elato do ambiente físico:

7) D escrição do sujeito observado:

8) R elato do ambiente social:


9) Técnica de registro contínuo:
folha de analise

o
T3
<S
UNIDADE 9
A DEFINIÇÃO CIENTIFICA

objetivos
Ao final da unidade o leitor deverá ser capaz de:
© D ada um a definição, identificar se a linguagem em pregada é objetiva,
clara, precisa e direta; se a definição é explícita e com pleta; e se só inclui
elem entos que lhe são pertinentes

o Texto com exercício de estudo: “ A definição de eventos


com portam entais e am bientais”
® Questões de estudo

© Ler o texto “ A definição de eventos com portam entais e am bientais’' e


resolver o exercício de estudo que o acom panha
© Re sponder as questões de estudo
® P articipar de um a discussão sobre os exercícios e questões de estudo
® Resolver o exercício de avaliação

99
A d e fin içã o d e eventos
com portam entais e am b ientais

Vimos, nas unidades anteriores, que o uso da linguagem científica nos


relatos de observação, permite a com unicação e elimina as divergências entre os
observadores com relação à interpretação dos eventos observados. A
com preensão exata de um relato, entretanto, só é obtida se o observador definir
estes eventos.
A definição é condição indispensável para que dois ou mais observadores
concordem quanto a ocorrência e características de um determ inado evento.
P ara exemplificar melhor a im portância da definição faremos um exercício,
seguindo sugestão de H all1.

E X E R C ÍC IO 1

São apresentadas dez fotos na Figura 9.1. Observe cada uma, procurando
identificar aquelas que representam o com portam ento “levantar a m ão’'. Escreva,
no espaço existente para a resposta, as letras correspondentes às fotos que
representam o com portam ento “ levantar a m ão” .
R esposta:

Analisarem os as respostas dadas no exercício. Alguns de vocês podem


achar que todas as fotos representam o com portam ento “ levantar a m ão” ; alguns
dirão que unicamente as fotos b e c, ou outras com binações, tais como: b, c, h e j;
ou a, b, c, d e e; ou g, e, i etc., representam este com portam ento. De certa forma,
qualquer uma das respostas é válida, uma vez que está baseada na opinião
pessoal de cada um, acerca do que vem a ser “ levantar a m ão” .
P ara haver consenso, isto é, concordância entre nós, seria necessário
definirmos antes o com portam ento “ levantar a m ão” .
Se definirmos o com portam ento “ levantar a m ão” como “colocar a mão
acima do om bro , estando a mesma afastada da cabeça e a palm a da mão
aproxim adam ente no mesmo plano que o antebraço” (definição n9 1), todos
concordarem os que apenas as fotos b t c representam este com portam ento.

1. Robert V. Hall. Modificação do comportamento: a mensuração do comportamento.


São Paulo: EPU/EDUSP, 1975, v. 1.
Se dermos, entretanto, uma definição diferente para o comportamento,
outras respostas seriam aceitas. Então vejamos:
Definição n ? 2: “deslocar a mão para cima, estando a mesma afastada da
cabeça e a palm a da mão aproxim adam ente no mesmo plano que o antebraço” ;
Definição n ç 3: “ colocar a palm a da mão acima do om bro om bro” ;
Definição n? 4: flexionar a mão ou os dedos para cim a” ;
Definição n9 5: “ mover uma ou mais estruturas do membro superior (braço,
antebraço, mão ou dedos) para cim a” .

De acordo com a definição 2: as fotos b, c, h e j representam “levantar a


m ão” ; seguindo-se a definição 3, as fotos a, b, c, d e e\ de acordo com a definição
4, as fotos g e z; e adotando-se a definição 5 todas as fotos representam o
com portam ento em questão.
A definição identifica o evento que está sendo observado e,
conseqüentemente, garante a com unicação e facilita a com preensão deste evento.
A im portância principal da definição é permitir que as pessoas interessadas
em um certo conjunto de fenômenos sejam perfeitamente capazes de
compreenderem-se umas às outras e identificar o fenômeno em discussão.
Segundo Bijou, Peterson e A ult2 “o problema principal na definição de
eventos é estabelecer um critério ou critérios, de forma que dois ou mais
observadores possam concordar sobre sua ocorrência” . Por exemplo, se se deseja
registrar o núm ero de vezes que um a criança bate em outra, os critérios que
distinguem o com portam ento “b ater” do com portam ento “ encostar & m ão” ou
“em purrar” deve ser claram ente especificados.
Definir um evento é descrever as características através das quais o
observador identifica o evento, isto é, enunciar os atributos e qualidades próprias
e exclusivas de um evento de modo a caracterizá-lo e distingui-lo de outros. Por
exemplo:
1) Batida de porta: “ quando a porta encostar no batente, produzindo ruido” .
2) Falas dirigidas ao sujeito “quando um a outra pessoa falar e simultaneamente
olhar na direção do sujeito observado ou chamá-lo pelo nom e”.
3) Chutar pedra: “ fietir e estender a perna de modo a produzir contato do sapato
ou do pé com a pedra” .
As duas primeiras definições são de eventos ambientais. A primeira é de um
evento físico e a segunda, de um evento social. A terceira definição é de um evento
comportam ental.
Através destas definições é possível distinguir os eventos observados, isto é,
distinguir um a “batida de po rta” de um “encostar de p o rta” , na medida em que a
primeira inclui a produção de ruído. O mesmo acontece com o evento social
“falas dirigidas ao sujeito” , c com o evento com portam ental “ chutar pedras” .
Através da definição, o observador é capaz de identificar os elementos que
caracterizam o evento observado.
} Sidney W. Bijou, Robert F. Peterson e Marion H. Ault. A method to integrate
descriptive and experimental field studies aí the levei of dat2 and empirical concepts
Applied B e h a v io r Analysis, 1968, 1, 1980.
J o u rn a l o f

10J
Segundo C unha3, o im portante num a definição “é que se procure descrever
um fenômeno de modo que ele seja, não referido apenas, mas colocado sob os
olhos de outra pessoa exatam ente como foi visto, ouvido, tocado, enfim,
observado”. ________________________ ______________________
D çfinir é descrever as características através
das quais o observador identifica o evento. A
dçfinição garante a com unicação e fa c ilita a
compreensão dos eventos observados.

Colocada a importância da definição, você deve aprender como elaborá-la. Para


isso, existem alguns cuidados a serem tom ados.

a) LIN G U A G E M C IE N T ÍF IC A

A definição deve ser feita em linguagem científica, isto é, num a linguagem


objetiva, clara e precisa (veja Unidade 2).

b) FO R M A D IRETA

A definição deve ser feita de forma direta ou afirmativa . isto é, deve indicar
as características do objeto ou do com portam ento, evitando-se o erro comum de
dizer o que ele não é.
Exemplo: definir “ ficar em pé” por “ deixar de estar sentada”.
Com o você pode observar, esta definição indica o que a pessoa não está
fazendo. Neste sentido, além de contrariar o item b, viola também as
características de clareza e precisão (item a), uma vez que não se especifica o que
o sujeito faz ou como ele se encontra quando “ deixa de estar sentado”.

E X E R C ÍC IO 2
D am os a seguir, duas definições que estão erradas. Os erros estão
relacionados aos cuidados que o observador deve ter ao definir, a saber: ser
objetivo, claro, preciso e direto. Identifique e explique, no espaço existente após a
definição, os erros cometidos.
1) Proximidade física: “quando um a pessoa se encontra não muito distante do
sujeito” .

3. Walter Hugo A. Cunha. Alguns princípios de categorização, descrição e análise do


comportamento. Ciência e Cultura, 1976, 28, 18.
2) A rranhar: “friccionar a ponta da unha sobre o corpo da outra pessoa para
produzir ferimento” .

Vamos verificar as respostas dadas. A definição de proximidade física n ão é


precisa. Para ser precisa ela deveria fornecer a medida da distância máxima que
poderia existir entre a pessoa e o sujeito. Por exemplo: “ quando a pessoa se
encontra a menos de dois metros do sujeito ”. A definição de arranhar, por sua
vez, não é objetiva. A expressão “ para produzir ferimentos” atribui uma
finalidade à ação. Ao invés de interpretar os motivos para a ação, a definição deve
especificar o resultado da mesma, isto é, o tipo de ferimento produzido. Por
exemplo, “ friccionar a ponta da unha sobre o corpo da o utra pessoa, produzindo
um sulco na pele”.
c) E X P L ÍC IT A E C O M PL E T A
Além dos cuidados salientados no itens a e b, a definição deve ser explícita e
completa. Isto é, deve especificar as características que identificam o evento
observado. Por exemplo, seria incom pleta a seguinte definição de morder:
“ aproxim ação entre si das arcadas dentárias superior e inferior”, pois não se faz
referência à presença de um objeto entre os dentes. U m a definição de morder,
mais completa e explícita, é dada por Vieira4 - “ M order: estando a boca aberta,
consiste na aproxim ação entre si das arcadas dentárias superior e inferior, de tal
forma que um objeto é mantido preso entre os dentes” .

d) E L E M E N T O S PE R T IN E N T E S
Incluir som ente elementos pertinentes , que constituam características
intrínsecas, ao fenômeno ou objeto que está sendo defmido. As propriedades
definidoras de um evento são os elementos fundam entais, cujas presenças
identificam o evento, distinguindo-o de outro. Por exemplo, se definíssemos
“balançar chocalho” como: “estando a criança no berço com um chocalho entre
as mãos, consiste em flexionar sucessivam ente a m ão que segura o chocalho, de
forma a deslocar o chocalho alternadam ente no espaço, produzindo ou não o som
dos guizos”, estaríam os incluindo na definição um aspecto nào essencial ao
com portam ento de balançar chocalho, a localização da criança no berço. Tal
iocalização pode ocorrer em algum as ocasiões, mas não é peculiar ao
com portam ento “ balançar chocalho” .

4. Telma Antônia M. Vieira. Elaboração de um catálogo de categorias de


comportamento: uma contribuição para o estudo etológico do homem. Dissertação de
Mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 1975,
p. 31.
105
E X E R C ÍC IO 3
V erifique os erros com etidos nas seguintes definições. O s erro s estão
relacionados aos cuidados que o o bservador deve ter ao definir, a saber: ser
objetivo, claro, preciso e d ireto; cuidar p ara que a definição seja explícita e
co m pleta e só inclua elem entos pertinentes. Identifique e explique, no espaço
existente após a definição, os erros com etidos.
3) A b o to a r: “ atritar o b otão através da c a sa ” .

4) D o rm ir: “ tira r um a so n e ca” .

5) A n d ar: “ m udar a posição no espaço por meio de m ovim entos altern ad o s de


pernas e b alanço de braços.

V ejam os os erros. A definição de a b o to ar (definição 3) n ão está com pleta.


F alta especificar o que acontece q uando o b otão é atritad o . isto é, a o co rrên cia da
ju n ç ão das partes do tecido que contêm , respectivam ente, casa e b o tão . U m a
definição com pleta de ab o to ar poderia ser “ atritar o b o tão atrav és da casa,
produzindo a junção das partes de tecido que contêm, respectivamente, casa e
botão-.
A definição de dorm ir não é clara nem explícita. Ela é um a definição
circular: ao invés de descrever os atributos do co m p o rtam en to , fornece um
sinónim o do term o dorm ir. A definição deveria descrever as características do
evento observado, isto é, deveria referir-se ao fechamento dos olhos, a alteração
no ritmo respiratório, etc.
A definição de andar (últim a definição) inclui um elem ento n ão pertinente,
“ o b alanço de b raç o s” . B alanço de braços não é um asp ecto essencial p ara que se
afirm e que alguém está a an d a r; é um aspecto circun stan cial, que p o d erá oco rrer
em d eterm inadas ocasiões, m as n ão ca racteriza o andar.
5. Definição adaptada de Cecília G. Batista. Catálogo de comportamentos motores
observados durante uma situação de refeição. Dissertação de Mestrado apresentada ao
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1978, p. 94.

106
Ao definirmos eventos comportamentais e
ambientais, devemos ser: objetivos, claros,
precisos e diretos; devemos cuidar para que a
definição seja explicita e completa e só inclua
elementos que lhe sejam pertinentes.

1) O que é definir?
2) Explique a im p o rtân cia, em ciência, de um a boa definição.
3) Explique o que vem a ser um a linguagem objetiva, clara e precisa.
4) P or que a definição de “ ficar em pé” , com o “ deixar de estar se n ta d a ” , é um a
definição que contém erro?
5) Explique o u tro s cuidados que devem ser tom ados ao elab o rar um a definição.
6) D efina o seguinte evento c o m p o rta m e n ta l: P entear cabelos.
UNIDADE 1 0
DEFINIÇÕES MORFOLÓGICAS
E FUNCIONAIS DO
COMPORTAMENTO-I

Ao final da unidade o leitor deverá ser capaz de:


® Identificar se uma definição é morfológica, funciona! ou apresenta estes
dois aspectos
© Diferenciar os aspectos morfológicos e funcionais de uma definição

material
® Texto com exercício de estudo: “Às maneiras de definir um
com portamento”
• Questões de estudo

atividades
© L e r o texto “Á s maneiras de se definir um com portam ento” e resolver o
exercício d e estudo que o acompanha
© R e s p o n d e r às questões d e estudo
© P a r tic ip a r d e u m a d is c u s s ã o sobre o exercício e questões de estudo
© R e s o lv e r o e x e rc íc io d e a v a lia ç ã o

IOV
A s m aneiras d e se d e fi nir
um co m p o rtam en to
N a U nidade 9 m ostram os a im portância de um a definição e identificam os as
principais características que um a definição deve atender. N esta unidade, verem os
as diferentes m aneiras de se definir com portam ento.
A o analisar um co m portam ento, há basicam ente dois aspectos a serem
co n sid erados: o m orfológico e o funcional.
M orfologia diz respeito à form a do co m portam en to , isto ê, à p o stu ra,
ap arên cia e m ovim entos ap resentados pela pessoa. F u n ção diz respeito às
m odificações ou efeitos produzidos pelo co m p o rtam en to no am biente. Por
exem plo, q uando você relata que M está com os om bros caídos, e pálida, ou que
m ove a cab eça lateralm ente p ara a direita, você está focalizando os aspectos
m orfológicos dos co m portam entos apresentados por M (um a p o stu ra: om bros
caídos; um a aparência pálida; e urn m ovim ento: m ove a cab eça lateralm ente p a i;1
a direita). Q u an d o diz que M aproxim a-se da janela, ou que M abre a bolsa, você
está en fatizando os aspectos funcionais dos com p o rtam en to s, isto é, os efeitos
produzidos no am biente (proxim idade da ja n ela e bolsa ab erta, re sp e c tiv a m e n te )^
As definições com portam entais podem focalizar asp ecto s m orfológicos,
asp ectos funcionais, ou am bos. As que dão ênfase à descrição da fo rm a do
co m p o rtam en to serão denom inadas de definições morfológicas'; e aquelas que
enfatizam o efeito produzido no am biente, de definições funcionais. C h am arem o s
de mistas, as que incluem ta n to aspectos m orfológicos com o funcionais.
V ejam os alguns exem plos de definição de co m p o rtam en to :
Beijar: “ estando os lábios ju n to s, projetados p ara frente, num a form a
arred o n d ad a e franzida, consiste em en c o n ta r ou n ão os lábios num a
superfície e inspirar o ar pela boca, estalan d o os láb io s2” .
M a rc ar gol: “ quando um a bola, ch u tad a por um jo g a d o r, p en etrar entre as
trav es” .
A tirar: “ estando um objeto preso entre os dedos, consiste em estender o
antebraço ab ru p tam en te e, sim ultaneam ente, abrir a m ão,
produzindo o lançam ento do objeto p ara longe do c o rp o 3” .

1. A d efinição m orfológica requer, em geral, especificações b a sta n te com plexas. O nível


de esp ecificação que vam o s re q u ere r, e n tre ta n to , é bem sim ples. E xem plos de
d escriçõ es ‘m orfológicos m ais e la b o ra d a s e so fisticad as p o d em ser e n c o n tra d o s no
artigo de C u n h a que descreve um c u rso de o b se rv aç ã o científica, m in istra d o a pós-
g ra d u a d o s de Psicologia. (W alte r H u g o A. C u n h a . A c e rc a de um c u rso p ó s-g ra d u a d o
d e stin a d o ao treino d a o b se rv aç ã o científica no d om ínio d a s ciências do
co m p o rta m e n to . Ciência e Cultura , 1974, 26, 846 -8 5 3 .)
2. D efin ição a d a p ta d a de C ecília G . B atista. Catálogo de comportamentos motores
observados durante uma situação de refeição. D isse rta ç ã o de M e stra d o a p re se n ta d a ao
In stitu to de P sicologia d a U n iv ersid ad e de São P aulo. São P aulo, 1978, p. 64.
3. Idem, p. 66.

110
A definição de “ beijar" é um a definição m orfologica na m ed:da em que
descreve a p o stu ra dos lábios (lábios ju n to s, projetados p ara frente, num a fo rm a
arred o n d ad a e franzida) e os m ovim entos que ocorrem (inspiração do ar pela
boca. estalando os labios); e a definição de “ m arcar gol” , por o utro lado, é um a
definição funcional. N ela não se teve a p reocupação de identificar os asp ecto s
m orfológicos (partes do corpo que executam o m ovim ento, nem o m ovim ento que
ocorre), m as apenas de descrever o efeito do co m p o rtam en to de chutar, “ a bola
p en etrar entre as trav e s” . A definição de " a tir a r ” é co n sid erad a um a definição
m ista, pois focaliza ta n to aspectos m orfológicos (extensão a b ru p ta de an teb raç o e
ab ertu ra d a m ão), com o aspectos funcionais (lançam entos do objeto p ara longe
do corpo).
A escolha do tipo de definição a ser utilizado depende do objetivo do estudo
observacional. Em geral, qu an d o a o bservação visa a seleção ou avaliação de
pessoas, definições funcionais são suficientes. E ntretan to , q u an d o a o b serv ação
visa o treinam ento da pessoa, é necessário especificar tam b ém a m orfologia do
co m p o rtam ento.
Se o objetivo é a seleção ou avaliação profissional, b a s ta verificar se o efeito
desejado foi obtido, ou m elhor, se a ta re fa foi feita de ac o rd o com os critérios
estabelecidos. P or exem plo, posso avaliar a eficiência de um pedreiro, verificando
o p ro d u to do seu trabalho. N este caso, o co m p o rtam en to do pedreiro de
“ construir p a re d e s” será definido funcionalm ente, descrevendo-se os efeitos do
m esm o (tijolos sobrepostos, unidos e alinhados). E n treta n to , se o objetivo for o
trein am ento do pedreiro, será necessário recorrer a definições que descrevam n ão
só o efeito, m as tam bem as p o stu ras e m ovim entos que ele ap resen ta ao co n stru ir
a parede, na seqüência em que estes m ovim entos e p o stu ras ocorrem . N este caso,
será necessário descrever a form a com o ele pega a pá. com o alisa o cim ento,
com o coloca o tijolo, etc.
A d escrição da m orfologia do com p o rtam en to e especialm ente im p o rtan te
no caso de tra ta m e n to ou recu p eração de pessoas com deficiências de n atu reza
física. Por exem plo, quando o psicólogo trab a lh a na rec u p eraçã o de um a crian ça
com lesão cerebral, a evolução do trab alh o , isto e, a m u d a n ça de critério p ara
requerer dela novos co m p o rtam en to s, vai depender de peq u en as alterações na
form a do co m p o rtam e n to (no m odo pelo qual a criança co lo ca o pé ao an d ar, no
seu jogo de pern as e coxas etc, ou na seqüência em que estes m ovim entos
ocorrem ). N este caso, p ara p oder ac o m p a n h ar o prog resso da criança, o
psicólogo deve recorer a definições que identifiquem e diferenciem cad a um a
destas pequenas alterações.

O objetivo do estudo observacional determina o


tipo de definição a ser utilizado.

Existem , en tretan to , co m p o rtam e n to s que são m ais facilm ente descritos, ou


em term os m orfológicos ou em term os funcionais. Em geral, quando o
co m p o rtam e n to não produz m u d a n ça s perceptíveis no am biente externo, a
definição m orfológica é mais ad e q u ad a . Exem plos de co m p o rtam en to s
com patíveis com definições quase que exclusivam ente m orfológicas: m udanças dc
expressão facial (sorrir, enrugar a testa, franzir as sob ran celh as etc) e m u d an ças
de po stu ra (curvar-se, encolher-se, inclinar a cabeça etc).
L em bram os, contudo, que essas m udanças de expressão facial e de p ostura,
freqüentem ente ocorrem no contexto de um a interação social. N este caso, as
definições funcionais ou m istas seriam m ais adequad as.
P o r o u tro lado, q u ando os aspectos m orfológicos consistirem basicam ente
de m ovim enitos de difícil identificação e observ ação , a definição funcional é
preferível. P or exem plo, nas vocalizações - tais com o falar, ca n ta r, m u rm u rar etc
- a fo rm a dos com p o rtam en to s n ão é acessível à o b serv ação direta, pois os
m ovim entos, em sua m aioria, se processam a nível interno. N este caso, a
definição deverá focalizar, preferencialm ente, os aspectos funcionais destes
co m p o rtam e n to s, ou seja, os sons p ro d u zid o s4’'.

E X E R C ÍC IO D E A N Á L IS E D E D E F IN IÇ Õ E S

V erifique se as definições ap resen tad as a seguir são m orfológicas, funcionais


ou m istas. Justifique sua resposta.
1) C h u ta r bola: “ fletir a p erna e estendê-la rapidam en te, p ro d u zin d o co n tato dos
pés com a bola e o deslocam ento da m e sm a ".
R e s p o s ta :----------------------------------------- ---------------------------------------------------------
Justificativa:

2) P ressio n ar a b arra: “ qualquer deslocam ento da b arra que seja ac o m p an h ado


do clique característico do aparelho".
R e s p o s ta :--------------------------------------------------------------------------------------------------
Justificativa:

3) E sp etar com garfo: “ introduzir os dentes de um garfo no alim ento, ficando os


dentes do garfo total ou parcialm ente envolvidos pelo alim ento5"
R e s p o s t a : --------------------------------------------------------------------- :---------------------------
Ju stificativa: —

4) F ech a r a boca: “ estando o lábio superior afastad o do labio inferior, m over os


lábios de form a a dim inuir a distância
m eia entre eles. em relação à posição
a n te r io r ^
J VV v, < 1 X ■
'•
R esposta:
Ju stificativa:

4. N o c a so especifico da fo niatria e da fo n oaudiologia, o p ró p ric objetivo do trab a lh o


d e te rm in a a necessidade de um a d esc riç ão m orfo lo g icas (m o v im en to de lingua. laringe,
c o rd a s vocais), por m ais difícil que ela seja.
D efinição a d a p ta d a de C ecilia G . B atista, o b ia c ita d a, p. 105.
D efinição a d a p ta d a de Cecília G. B atista, o b ra c ita d a, p. 95.

112
r -
V am os ver se você acertou?
A prim eira definição e m ista. Ela focaliza tanto os asp ecto s m orfológicos
(flexão seguida de extensão da perna), com o os funcionais (estabelecim ento de
co n tato dos pés com a bola e d eslocam ento da bola de sua posição).
A segunda e a terceira definição são exclusivam ente funcionais, na
m edida em que se lim itam a descrever os efeitos dos co m p o rtam en to s (na
segunda, o deslocam ento e p ro d u çã o do clique da b a rra ; e na terceira, a
in tro d u ção e envolvim ento do garfo no alimento). A fo rm a destes
co m p o rtam entos, isto é, com o a b a rra é pressionada, ou com o o garfo e
m anipulado (p o stu ras e m ovim entos) é um elem ento ausente nas definições
dois a três.
A q u a rta é um a definição m orfológica. Ela focaliza exclusivam ente as
alterações na fo rm a do co m p o rtam e n to (m ovim ento dos lábios e dim inuição
da distância entre eles),._-__ - .......- ....... .......- .............. -------------------- ^
R esum indo, definições m orfológicas focalizam a p o stu ra, aparência e
m ovim entos ap resen tad o s pela p essoa; definições funcionais salientam os
efeitos p rod u zid o s peio co m p o rtam e n to no am biente; e definições m istas
focalizam am bos~Tsío é: aspectos m orfológicos e asp ecto s funcionais.
*"■— -Nar-práticà, você pode seguir a seguinte “dica". P ara diferenciar um a
definição m orfológica de um a funcional, verifique se o referencial utilizado na
definição é o sujeito ou o am biente externo. As definições m orfológicas
descrevem o que o co rre com o sujeito (m ovim entos, p o stu ras, aparências),
tendo com o referencial o próprio sujeito. Isto é, um m ovim ento de b raço e
descrito com o um a flexão que resulta num determ inado ângulo de ab ertu ra do
braço em relação ao corpo do individuo. As defnições funcionais refcrem -se a
efeitos p ro duzidos no am biente físico e social (alteração no estado, ou posição
ou localização de objetos ou p essoas; p rodução de sons ou ruídos): ou nas
reiações que o sujeito m antem com este am biente (na lo calização ou posição
do sujeito ou de um a parte de seu corpo). Exemplo de alterações em objetos e
pessoas seria "J abre a po rta e e m p u rra C para fo ra " (neste caso, os
com p o rtam e n to s de J produzem , respectivam ente, um a m u d a n ça na posição
da p o rta e na localização de C). C om o exem plo de alteraç ão nas relações que
o sujeito m antém com o am biente físico, tem os: "J estende o b raço em direção
a m açan eta da porta... J sai da s a la ” . 'N e ste exem plo, os efeitos produzidos
são, prim eiro, um a m u dança na posição do braço em relação a porta. e.
depois, um a m ud an ça na localização de J).

LLl
Q u e s tõ e s de estudo
1) E xplique as características:
a) de um a “ definição m orfológica" do com p o rtam en to :
b) de um a “ definição funcional" do co m p o rtam e n to ; e
c) do que é cham ad o um a “ definição m ista".

2) Dê um exem plo de com o o objetivo de um estudo d eterm ina o tipo de


definição a ser utilizada. Justifique.

3) Indique, nos exem plos abaixo, que tipo de definição seria m ais provavelm ente
usada. Justifique sua escolha.
E ncolher-se.
C a n ta r.
F ra n zir as sobrancelhas.
A brir os olhos.
S u ssu rra r.

114
UNIDADE 11
MORFOLÓGICAS
D E F IN IÇ Õ E S
E FUNCIONAIS DO
COMPORTAMENTO- II

Ao final da unidade o leitor deverá ser capaz de:


® Descrever aspectos morfológicos e aspectos funcionais do
comportamento

material
© Texto com exercício de estudo: “ Morfologia e função do
com portamento”

atividades
® Ler o texto “Morfologia e função do com portamento”, e resolver
exercício de estudo que o acompanha
® Participar de uma discussão sobre o exercício de estudo
® Resolver o exercício de avaliação
M o rfo lo g ia e função
do com portam ento

V im os, n a unidade anterior, que as definições m orfológicas focalizam a


form a do com po rtam en to , isto é, as p o stu ras, ap arên cias e m ovim entos
ap resen tad o s pela pessoa. E que as definições funcionais enfatizam as
m odificações produzidas pela pesso a no am biente.
V im os tam bém que ao elab o rar u m a definição m orfológica, devem os utilizar,
com o referencial, o próprio co rp o da pessoa. Q uer dizer, ao descrever um
m ovim ento, devem os indicai- a direção e sentido do m esm or to m an d o cc;no
referência as partes do co rp o (cabeça, tronco, pés etc.), ou suas regiões (regic.o
cen tral; regiões laterais: direita e esquerda; região an terio r e região posterior). P or
exem plo, ao descrever os co m p o rtam en to s de um g in asta fazen d o exercícios
ab d om inais eu diria: “ d o b ra o tro n co no sentido p ó stero -an terio r de fo rm a a
ap ro x im ar a cabeça dos jo e lh o s” .
N a definição funcionai, em geral, é feito o inverso. O referencial utilizado é o
am biente externo (am biente físico e social) e n ão o p ró p rio sujeito. P o r exem plo,
descrevo funcionalm ente o co m p o rtam en to de ap ro x im ação entre d u as pessoas,
d izendo: “ S está a um a d istância igual ou inferior a um m etro de Ap\ N este caso,
A' é o m eu ponto de referência.
A tenção! A descrição “ / / tira o chapéu da cab eça e o colo ca sobre a m e sa”
é um a d escrição funcional. “ C o lo car o chapéu sobre a m e sa” é, obviam ente,
funcional, assim com o tirar o chapéu da cabeça. V eja bem , o fato de eu descrever
o co m p o rtam e n to em relação à cab eça de H não to m a m orfológica a d escrição , já
que n ão focalizei os m ovim entos e p o stu ras envolvidos nesse .gesto. A c co n trário ,
descrevi um efeito (o chapéu ficou fora da cab eça) p ro d u zid o no am biente
externo, pelo co m portam ento de H; houve um a m u d a n ça n a posição relativa de
um a p arte do corpo de H (cabeça) e no am biente externo (chapéu).
A té aqui você analisou várias definições, classificando-as de aco rd o com os
asp ectos m orfológicos e funcionais. É evidente, con tudo, que ao o b se rv a d o r não
b asta identificar definições. N a realidade, ele deve elab o rá-las com base em suas
p ró prias observações. A presen tam o s, a seguir, ilustrações à guisa de exercício.
V ocê deve descrever as sita ações ap resen tad as n as ilustrações.
FIGURA 11.1 A mesura
E X E R C ÍC IO D E A N Á L IS E D E D E F IN IÇ Õ E S :

1. O bserve a F igura 11.1. E la consiste em um co n ju n to de três fotografia


C a d a u m a (fotos a, b t c) m o stra um m om ento diferente do co m p o rtam e n to que
está sendo ilustrado. A pós observar a figura, descrev a os asp ecto s m orfológicos
do c o m p o rtam e n to em questão. T ente elab o rar a descrição sob fo rm a de um a
definição.
1.1. D efinição m orfológica do com p o rtam en to (F ig u ra 11.1 A m esura)

V ejam os se você acertou. A F igura 11.1 m o stra um a m en in a fazendo


um a m esu ra. N a foto a, ela está com o corpo ereto; na foto b, a m enina está
com a região superior do tro n co obliquam ente inclinada, no sentido póstero-
an terio r; e na foto c, a inclinação da região superio r do tro n co é m ais
p ro n u n cia d a, apresentando-se perpendicular à região inferior.
U m a definição que enfatizasse os aspectos m orfológicos deveria
d escrever as p o stu ras do corpo e o m ovim ento executado. P o r se tra ta r de
fotos, o que vem os na seqüência é um a sucessão de p o stu ras. N este caso, o
m ovim ento deve ser inferido. E você acertou quer te n h a d escrito as três
p o stu ras do corpo, quer te n h a descrito a p o stu ra inicial do corpo e inferido o
m ovim ento executado.
P o rta n to , poderíam os dizer que a F igura 11.1 m o stra o co m p o rtam en to
de “ fazer um a m e su ra” e defini-lo com o: “ estan d o u m a p esso a em pé. com o
co rp o ereto, consiste em m over a região superior do tro n c o no sentido
p ó ste ro -a n terio r” .
S ão ap resen tad as o u tra s d uas figuras p a ra serem analisadas. Proceda de
ac o rd o com as instruções d ad a s anteriorm ente.

1.2. D efinição m orfológica do co m p o rtam en to


(F ig u ra 11.2 O adeus)
1.3. D efinição m orfológica do co m p o rtam e n to
(F ig ura 11.3 A s palm as)

2. O bserve as próxim as figuras. N elas foi incluída m ais um a foto. A foto d


m o stra o m om ento final d a seqüência, após a o co rrên c ia do co m p o rtam en to .
D escreva, no espaço existente ap ó s c a d a figura, os asp ecto s funcionais. T ente
elab o rar su a descrição, de form a que ela se assem elhe a um a definição do
co m p o rtam e n to reproduzido n a seqüência.

2.1. D efinição funcional do co m p o rtam e n to


(F ig u ra 11.4 M ingau de b an a n a)

V am os conferir! A F igura 11.4 m o stra um a b a n a n a sendo am assad a. N a


loto a, a m ão de alguém está seguran d o um garfo e este está sobre um a das
extrem idades de um a banana. N as fotos b e c. a m ão de alguém continua
segurando o garfo, estando este intro d u zid o na b anan a. N a foto d vem os um a
m assa p asto sa. RECXl" CC; I
U m a definição que focalizasse os aspectos funcionais do co m p o rtam en to
reproduzido na F ig u ra 11.4 deveria focalizar o co n tato d o garfo com o alim ento,
nssim com o a alteraç ão na form a da b an a n a, ao invés de focalizar n p o siu ra tia
m ão e dos dedos ao segurar o garfo e os m ovim entos realizad o s ( i i p t t l í i s
FIGURA 11.4 Minguau de banana
m orfológicos). P or exemplo. B atista 1 definiu “ am assa r'’' co m o : “ a tritar o garfo
co n tra o alim ento, produzindo um alim ento m ais p asto so ou fracio n ad o do que
antes de ser a m a ssa d o ” .
A nalise, ag o ra, as duas figuras apresen tad as a seguir, e defina
funcionalm ente os com po rtam en to s nelas representados.

2.2. D efinição funcional do co m p o rtam e n to


(F ig u ra 11.5 O refrigerante)

2.3. D efinição funcional do co m p o rtam e n to


(F ig u ra 11.6 Econom ize água)

3. C om as próxim as figuras você deverá te n ta r ela b o ra r um a definição


m ista, isto é, u m a definição que inclua aspectos m orfológicos e funcionais do
co m p o rtam en to .

3.1. D efinição m ista do co m p o rtam en to


(F ig u ra 11.7 F aze r recortes)

1. Cecília G. Batista. Catálogo de comportamentos motores observados durante uma


situação de refeição. D issertação de M estrado apresentada ao Instituto de Psicologia
da U niversidade de São Paulo. São Paulo, 1978, p. 61.
en

FIGURA 12.4 Comportamento


FIGURA 12.5 Comportamento
FIGURA 11.7 Fazer recortes
Vejam os com o você se saiu! À F ig u ra 11.7 m ostra o co m p o rtam en to
“ co rta r com te so u ra ’'. N a foto a, a m ão esquerda de alguém segura um a folha de
papel intato, enqu an to a m ão direita segura um a tesou ra. Os dedos estão
flexionados, sendo que o polegar e o indicador estão introduzidos nos orifícios da
tesoura. A s lâm inas d a teso u ra estão ab e rtas e o papel está entre as lâm inas. N a
foto b,a m ão esquerda de alguém co n tin u a segurando o papel, e os dedos d a m ão
direita continuam flexionados com o polegar e o in dicad o r introduzidos nos
orifícios da tesoura. A s lâm inas da te so u ra estão fechadas e o papel está entre as
lâm inas e parcialm ente secionado. N a foto c, a p o stu ra e p osição da m ão e dos
dedos co ntin u a a m esm a. A s lâm inas d a teso u ra estão ab ertas, sendo que a
teso u ra av ançou a 1/3 no papel. A foto d m o stra o papel dividido em d uas p artes
distintas.
U m a definição m ista do co m p o rtam en to “ co rtar com te so u ra ” focalizaria
ta n to aspectos m orfológicos (p o stu ra dos dedos e m ovim entos realizados), com o
aspectos funcionais (efeito destes m ovim entos sobre as lâm inas da teso u ra e sobre
o papei). A definição de “ co rta r com te so u ra " ap resen tad a a seguir é um exem plo
de definição m ista: “ estando os dedos de um a das m ãos flexionados, com o
poiegar e o indicador introduzidos nos orifícios da teso u ra, consiste em elevar e,
altern ad am ente, abaixar o polegar de fo rm a a p roduzir a ap ro x im ação das d uas
lâm inas até que elas se atritem , dividindo o objeto em d u as p a rte s” (definição
a d a p ta d a de B atista 2). P oderíam os com pletar a descrição do co m p o rtam en to
reproduzido pela F ig u ra 11.7, dizendo que “ após o atrito d as lâm inas, a m ão que
segura a te so u ra se desloca, av a n ça n d o a tesoura no papel e que, após o avanço
da teso u ra, os m ovim entos do polegar (de elevar e abaixar) se repetem , até dividir
o papel em d uas partes d istin tas” .
O bserve novam ente duas das figuras já ap resen tad as, F ig u ra 11.3 (As
palm as) e F ig u ra 11.5 (O refrigerante). A nteriorm ente você definiu, ou
m orfologicam ente (F igura 11.3 A s palm as) ou funcionalm ente (F igura 11.5 O
refrigerante), os com po rtam en to s nelas representados. A g o ra, deve elab o rar um a
definição m ista do com p o rtam en to ilustrado em cad a u m a das figuras.

3.2. D efinição m ista do co m p o rtam en to


(Figura 11.3 A s palm as)

2. Cecília G. B atista, obra citada, p. 61.

127
3.3. D efinição m ista do com p o rtam en to
(F ig u ra 11.5 O refrigerante)

P o r últim o, observe a F ig u ra 11.8 A p atin aç ão . A p ó s o b serv ar os aspectos


m orfológicos e funcionais do co m p o rtam e n to ilu strad o n a figura, ap resen te um a
definição m ista deste co m portam ento.
FIGURA 11.8 A patinaçao
UNIDADE 12
O PROBLEMA DA
CLASSIFICAÇAO D E
COMPORT AMENTOS -1
objetivos
A o fin al d a u n id a d e o le ito r d e v e r á se r c a p a z d e :
© A g r u p a r o s c o m p o r ta m e n to s em c la s s e s e id e n tific a r o s e le m e n to s
u tiliz a d o s c o m o c rité rio p a r a a c la s s ific a ç ã o

material
® T e x to : “ A g ru p a m e n to d o s c o m p o r ta m e n to s e m c la s s e s ”
• E x e rc íc io d e e s tu d o

atividades
® L er o te x to “ A g ru p a m e n to d o s c o m p o r ta m e n to s e m c la s s e s ”
© R e s o lv e r o e x e rc íc io d e e s tu d o
® P a r tic ip a r d e u m a d is c u s s ã o s o b re o te x to e s o b r e o e x e rc íc io d e e s tu d o
® R e s o lv e r o e x e rc íc io d e a v a lia ç ã o
A g ru p a m e n to dos
com portam entos em classe

P a ra conhecer um organism o, p a ra estudá-lo, é n ecessário p a s sa r algum as


h o ras em co n tato com ele, observ an d o e registrando seus co m p o rtam en to s. N o
início, os co m p o rtam en to s parecem ser infinitam ente variáveis. E n tretan to , após
o b serv açõ es repetidas, p assa-se a perceber sem elhanças com relação à m orfologia
e/o u fu n ção do co m portam ento.
A p artir das sem elhanças, e tam bém das diferenças, e n c o n trad a s entre os
co m p o rtam e n to s, o observ ad o r, num a segunda etap a de trab a lh o , p assa a
classificar estes com p o rtam en to s. A classificação é u m a fo rm a de o rg an izar os
d ad o s disponíveis. Ela visa estabelecer ordem , coerência e u n iform idade entre os
eventos observados.
O s critérios ad o tad o s p a ra a classificação são os m esm os utilizados p ara
definir o com p o rtam en to , ou seja: 1) sua m orfologia; 2) sua fu n ção ; ou 3) am bos.
E assim com o nas definições, a escolha do critério de classificação depende do
objetivo de trab a lh o do observador. (Se você tem dúvidas, consulte n o v am en te as
U nidades 10 e 11.)

1 - A G R U P A M E N T O S P E L A M O R F O L O G IA
O s co m portam entos que apresentam sem elhanças no m ovim ento, e/ou
p o stu ra, e/ou aparência podem ser agrupados segundo essas sem elhanças, tal
ag ru p a m en to será dito “ m orfológico” (pela m orfologia).
V am os ao exemplo. O s com po rtam en to s: “ ap a g ar com a b o rra c h a ” , “ riscar
com a c a n e ta ” e “ lixar a u n h a ” apresentam sem elhanças m orfológicas. N os três, a
p o stu ra dos dedos que prendem o objeto (b o rrach a, can eta e lixa) é sem elhante:
“ os dedos estão flexionados” ; e os m ovim entos que o co rrem tam b ém são
sem elhantes: “ m ovim entos do an teb raço e/ou m ão em vai-e-vem ” . O fato de estes
três co m p o rtam en to s ap resentarem certas sem elhanças com relação à m orfologia
perm ite que eles sejam colocados n u m a m esm a classe, a qual denom inarem os de
“ fric cio n ar” . Pense em outros com po rtam en to s que poderiam ser incluídos nesta
classe.
E videntem ente que, dependendo dos objetivos, essa classe poderia ser
subdividida em m uitas ou tras. N este caso eu po d eria levar em co n ta as diferenças
no ritm o ou na força dos m ovim entos com que a p essoa apaga, risca ou lixa.

132
C onvém salientar que os co m p o rtam en to s analisados acim a, além das
sem elhanças m orfológicas, apresen tam tam bém um a sem elhança com relação à
função, um a vez que produzem o deslocam ento de um objeto sobre um a
superfície.
A u tilização de critérios exclusivam ente m orfológicos o co rre, em geral,
q u ando o interesse é o de identificar e descrever as p róprias p o stu ras, ap arên cias e
m ovim entos apresentados.
P od em os lem brar aqui um a o casião em que ag ru p a m en to s m orfológicos se
m o strariam particu larm en te úteis. V ejam os. Se precisássem o s estu d ar o
fun cio n am ento de um a determ in ad a p arte do corpo que critério u tilizaríam o s?
O bviam ente, o critério m orfológico. S uponham os que o objetivo do m eu estudo
fosse “ identificar po r que os operário s de um a d eterm in ad a fábrica ap resen tam
d eform ações de p o stu ra após um ce rto tem po de tra b a lh o ” . N este caso,
incia lm ente eu poderia descrever, u sa n d o um a classificação m orfológica, os
p ro b lem as de p o stu ra encontrados. P osteriorm ente, eu iria verificar as ca u sa s
destes p ro b lem as. P oderia, por exem plo, classificar m orfologicam ente tam b ém as
p o stu ras que os o p erário s exibem d u ran te o trab a lh o , verificando se estas seriam
a s cau sas d as deform ações de p o stu ra.

2 - A G R U P A M E N T O S P E L A F U N C IO N A L ID A D E

São ag ru p a m en to s que têm co m o referencial as m odificações p ro d u zid as no


am biente. P o r exem plo, ao p re p a ra r a te rra p a ra o plantio, um lav rad o r pode
ap re sen ta r diferentes tipos de co m p o rtam en to , tais com o: “ p a ssa r o tr a to r ” ,
“ p assar o a ra d o anim al” ou “ ca v ar com a enxada ou e n x a d ã o ” . T o d o s estes
co m p o rtam e n to s, em b o ra sejam m orfologicam ente diferentes, apresentam alguns
efeitos co m uns, tais com o “ sulcos n a te rra e revolvim ento d a m esm a” . E sta
sem elhança com relação à função d o s co m p o rtam en to s perm ite que eles sejam
ag ru p ad o s n u m a m esm a classe, a qual denom inarem os “ su lcar a te rra ” .
O ag ru p a m en to pela função é escolhido q u an d o estam o s interessados em
an alisar a o co rrên c ia de determ inado efeito do co m p o rtam e n to sobre o am biente.
F req ü en tem ente, este é o tipo de ag ru p a m en to utilizado ao se realizar um a análise
funcional d o co m p o rtam en to , isto é, das condições que antecedem e sucedem o
co m p o rtam e n to e das relações deste com estas condições (M illenson ', F erster,
C u lb ertso n e B oren 2; Bijou e B aer 3).
A ex pressão “ to c ar a c a m p a in h a ” refere-se a um a v ariedade de
co m p o rtam en to s que produzem o to q u e da cam p ain h a, e que podem ap re sen ta r
variações de d u raç ao e força, ou m esm o de p o stu ra, ou de p artes do co rp o
envolvidas. V ariações estas que, a p e sa r de existirem , não são co n sid erad as, u m a
vez que o critério é o efeito pro d u zid o . D o m esm o m odo podem os nos referir “ a
d iscar o telefone” com o um a classe de co m p o rtam en to s que p roduzem o giro do
disco do telefone. N esta classe são incluídos “ discar com o dedo in d ic ad o r” ,
“discar com o lápis” , “ discar d e p re ssa ” , “ discar d e v a g a r” etc.

í. J. R. M iliensoa. Princípios de análise do comportamento. Brasília: C oordenada, 1975.


2. Charles B. Ferster, Stuart C ulbertson e M ary C. P. Boren. Princípios do
comportamento. São Paulo: H U C IT E C /E D U S P , 1977.
3. Sidney W. Bijou c Donald M. Baer. O desenvolvimento da criança: uma análise
compor lam entai. São Paulo: EPU , 1980.
3 - AGRUPAMENTOS PELA MORFOLOGIA E FUNÇÃO

O s ag rupam entos pela m orfologia e função obedecem a um critério duplo. O


critério duplo consiste n a identificação de sem elhanças na fo rm a e no efeito dos
co m portam entos.
Q u an d o necessitam os da inform ação acerca de com o um d ad o efeito é
p ro d uzido, recorrem os ao critério duplo. P or exem plo, se quiserm os sab er com o
um la v ra d o r “ sulca a te rra ” terem os que considerar as diferenças n a m orfologia
dos co m p o rtam en to s que produzem este efeito e, provavelm ente, colocar os
co m p o rtam en to s “ p assar o tra to r” , “ p assar o a ra d o an im al” e “ ca v a r com a
en x ada ou e n x a d ão ” em classes diferentes. A o classificar os co m p o rtam en to s, os
etólogos, em geral, utilizam critérios duplos ou critérios m orfológicos e, m ais
raram ente, os funcionais (C arth y 4, H u tt e H u t t 5, C u n h a 6).
V ejam os um exem plo de ag rupam ento duplo. A F ig u ra 12.1 ilu stra três
co m portam entos.
O s três com po rtam en to s representados na F ig u ra 12.1 ap resen tam
sem elhanças ta n to na form a (posturas e m ovim entos), com o no efeito p roduzido
no am biente, podendo ser agrupados n um a m esm a classe, a qual denom inarem os
“ co rta r alim ento com fa c a ” .
Identifique as sem elhanças existentes entre os co m p o rtam e n to s n esta figura,
P a ra facilitar a identificação das sem elhanças na morfologia., tente visualizar as
fotografias sem objetos e in strum entos envolvidos, isto é, sem o pão. cebola ou
c a rn e , e sem a faca. E screva suas respostas nos espaços ap ro p riad o s.

A - S em elhanças com relação à função:

B - S em elhanças com relação à m orfologia:

4. John D. C arthy. O estudo do comportamento. São Paulo: N acio n al/E D U S P , 1969.


5. Sidney J. H utt e Corine H utt. Observação direta e medida do comportamento. São
Paulo: E P U /E D U S P , 1974.
6. W alter H ugo A. Cunha. A lguns princípios de categorização, descrição e análise do
com portam ento. Ciência e Cultura, 1976, 2.8, 15-24.

134
FIGURA 12.1 Comportamento 1

FIGURA 12.1 C om po r t a m e n t o 3
D o p o n to de vista das sem elhanças funcionais, podem os dizer que nos três
casos o corre a “ introdução e deslocam ento da faca no objeto (pão, carn e oik
cebola), de form a a produzir a divisão do m esm o” . C o m p are, ag o ra, su a resp o sta
com esta descrição funcional.
N u m a descrição das sem elhanças m orfológicas, diríam os que, n as fotos, as
pessoas apresentam o dedo indicador da m ão direita estendido e os d ed o s m édio,
an u lar e m ínim o flexionados, com a falange e falangeta v o ltad as p a ra d en tro ;
en q u a n to que n a m ão esquerda, os dedos, na m aioria das fotos, estao
ap ro x im ad am en te estendidos e unidos, com exceção do poleg ar que se en c o n tra
afa stad o dos dem ais. F ocalizaríam os, tam bém , os m ovim entos que o co rrem ,
dizendo que o antebraço e a m ão direita se deslocam p a ra frente e p a ra trá s; e
que, e n q u a n to isso, a m ão esq u erd a se m antém p raticam en te imóvel. V erifique se
a sua d escrição contém esses elem entos.

Amplitude do agrupamento

E m geral, é o objetivo do trab a lh o que determ in a a esco lh a do critério de


classificação. É im portante co n sid erar o problem a d a esco lh a do critério po rq u e
ele influirá n a am plitude do ag ru p am en to a ser form ado. D e aco rd o com o critério
utilizado, u m a classe inclurá um núm ero m aior ou m enor de co m p o rtam en to s,
isto é, ela será mais abrangente ou m ais restrita. C ritérios exclusivam ente
m orfológicos, ou exclusivam ente funcionais têm um a ab ran g ên cia m aior d o que
critérios duplos.
V oltem os a analisar o trab a lh o de um lavrador. V am os co n sid erar que, ao
p rep a ra r a te rra p ara o plantio, ele pod erá ap re sen ta r um dos seguintes
c o m p o rtam e n to s: 1) capinar com a en x ad a; 2) ca v ar com a en x ad a ou en x ad ão ;
3) ca p in ar com a cap inadeira; 4) lavrar com o arado.
Se ad o tássem o s o critério funcional, pod eríam o s fo rm ar d uas classes de
co m p o rtam e n to , as quais seriam d enom inadas “ lim par a te rr a ” e “ su lcar a te rra ” .
N a prim eira classe, incluriam os os co m p o rtam en to s 1 e 3 (ca p in ar com a en x ad a
e com a capin ad eira) e n a segunda, os co m p o rtam e n to s 2 e 4 (cav ar com a en x ad a
ou en x ad ão e lavrar com o arado). Se utilizássem os o critério m orfológico,
p o d eríam os fo rm ar tam bém d u as classes, as quais d eno m in aríam o s “ p re p a ra r a
terra u sa n d o instrum entos m a n u a is” e “ p re p a ra r a te rra, u san d o eq u ip am en to s
m ovidos por tra ç ã o ” . N este caso, estaríam o s co n sid eran d o as diferenças
m orfológicas existentes no uso de in strum entos m an u ais (en x ad a e en x ad ão ) e na
utilização de equipam entos m ovido por tra ç ã o (tra to r ou tra ç ã o anim al). N a
prim eira classe, incluriam os os co m p o rtam e n to s 1 e 2 (capina, com a e n x a d a e
ca v ar com a en xada e enxadão); e na segunda, os com portam entos 3 e 4 (capinar
com a c a p in a d eira e lavrar com o arado). F inalm ente, se ad o tássem o s o critério
duplo, isto é, se considerássem os o efeito e a m orfologia, co lo caríam o s c a d a um
destes co m p o rtam e n to s em classes distintas.
A am plitude do ag rupam ento é tam bém influenciada pelo g rau de
especificidade do critério ado tad o , isto é, pelo rigor com que eu aplico um critério.
O g rau de especificidade, por sua vez, depende dos objetivos do estudo
observacional e das conveniências do observador.
N o exem plo anterior, o agru p am en to m orfológico “ p re p a ra r a terra u san d o
equipam entos m ovidos por tra ç ã o ” inclui ta n to o uso de tra to r co m o o uso de
traç ão anim al. U m m aior rigor no critério colocará o uso de tra to r e de tra ç ã o
anim al em classes distintas, um a vez que existem diferenças entre o
co m p o rtam en to de “ dirigir um tr a to r ” e o com p o rtam en to de “ conduzir um
anim al” .
U tilizando o critério m orfológico, um o bservador p o d erá classificar os
co m p o rtam en to s “ a n d a r d ev a g ar” , “ a n d a r d ep re ssa” e “ a n d a r em ritm o n o rm a l”
em um a única classe, na m edida que estes com p o rtam en to s apresentam
sem elhanças n a fo rm a (deslocam entos alternados dos m em bros inferiores, que se
p rocessa d a seguinte m aneira: q u an d o a coxa e perna de um dos m em bros é
estendida verticalm ente, a coxa do o u tro m em bro é flexionada p a ra frente;
con co m itante ao m ovim ento da coxa. a perna co rrespon d en te é flexionada e em
seguida estendida). Se o observ ad o r, en tretan to , for m ais específico e co n sid erar,
além das p artes do corpo envolvidas e da form a geral dos m ovim entos, tam bém
as diferenças existentes no ritm o, fo rça e am plitude dos m ovim entos, classificará
estes co m p o rtam e n to s em classes distintas.
Os co m p o rtam en to s “ m o rd er a p o n ta do lápis” , “ m o rd er u m a m a ç ã ” e
“ m o rd er um colega” apresentam sem elhanças ta n to na form a (ap ro x im ação das
arcad as d en tárias superior e inferior) com o no efeito p ro d u zid o (objeto
com prim ido entre os dentes), podendo ser ag ru p ad o s num a única classe. N o
entanto, se fossem considerados os fatores m otivacionais envolvidos, poderíam o s
classificar estes co m portam entos em três classes funcionalm ente distintas.
“ M order a p o n ta do lápis” poderia ser classificado com o um tique, “ m o rd er um a
m açã", com o um com p o rtam en to de alim entação, e “ m o rd er um colega” , com o
um co m p o rtam en to de agressão. D o m esm o m odo: se fôssem os m ais específicos
qu an to à m orfologia, poderíam os distinguir variações na ab e rtu ra ou na fo rça do
fecham ento d a arc a d a dentária, bem com o outros aspecto s m orfológicos
subsidiários, com o retração ou n ão dos lábios.

Os agrupam entos poderão ser am plos ou


restritos. A am plitude do agrupam ento depende
j do critério utilizado e do grau de especificidade
considerado.

Como proceder ao classificar os comportamentos?


'f-

Existem algum as regras básicas para o agru p am en to dos co m p o rtam en to s,


que podem n o rtea r o seu trab alh o .
I 9) As classes form adas devem ser m utuam ente exclusivas, isto é. n ão deve
o co rrer sobreposição de classes. C a d a co m portam ento deve perten cer a apenas
um a das classes. Por exem plo, provavelm ente ninguém colocaria, q u alquer que
fosse o critério utilizado, os co m p o rtam en to s “ a n d a r” e “ co m er” com o
pertencentes a um a m esm a classe. C ontudo, é frequente en co n trarm o s
classificações com o: classe 1 ~ an d a r: classe 2 - com er: classe 3 - dirigir-se ao
arm ário da cozinha. É provável, neste caso. que as classes 1 e 3 ou 2 e 3 estejam
so brepostas. Isso seria evitado possivelm ente com a elim inação da classe 3 ou
com a sua tran sfo rm ação em subclasse, da classe 1 ou 2.

139
2 9) T o d o s os co m p o rtam e n to s o bservados e reg istrad o s devem ser
classificados, não im p o rtan d o que p a ra isso se criem classes com um único
elem ento com p o rtam en tal. E m o u tra s palavras, o observ ad o r pode e deve definir
ta n ta s classes q u an tas forem n ecessárias p ara que seu trab a lh o fique com pleto.
3?) O o b serv ad o r deve ser coerente com o critério utilizado, isto é, se
o p to u pelo critério m orfológico deve utilizá-lo exclusivam ente, e o g rau de
especificidade deve ser o m esm o p ara to d as as classes.
O ideal seria que estas três reg ras fossem utilizadas por todos. N o tam o s,
co n tu d o , q ue em alguns estudos, elas nem sem pre são seguidas, especialm ente a
terceira. A lgum as vezes, o n ão seguim ento da 3- regra é justificável. P o r exem plo,
se o objetivo do trab a lh o for descrever as form as de in te raçã o social en tre um a
crian ça e su a m ãe, e se os recursos e tem po disponíveis p a ra realização do
tra b a lh o são lim itados, não há p o r que aplicar critérios rig o ro so s, ex trem am en te
específicos n a classificação de co m p o rtam e n to s que n ão estejam d iretam en te
relacio n ados ao objetivo. N este caso, é com um que se use um critério duplo
(m orfológico e funcional) b astan te específico p a ra os co m p o rtam e n to s de
in teração. P orém , q u an to aos dem ais co m p o rtam e n to s (com o os que oco rrem na
ausência d a m ãe, ou que, o co rren d o em sua p resença n ão rep resen tam in teração )
é adm issível u sa r um a classificação m ais am pla e geral.

Exercício de estudo
A nalise as q u atro figuras ap resen ta d as (F iguras 12.2; 12.3; 12.4 e 12.5). As
fotos a. b e c de cad a figura representam diferentes m om entos de um
co m p o rtam en to . A o analisar as figuras, p rocure identificar as sem elhanças
existentes entre os co m p o rtam en to s ilustrados (sem elhanças na form a e/o u no
efeito produzido).
A seguir, agrupe os q u a tro co m p o rtam e n to s em classes. U se. em prim eiro
lugar o critério funcional, depois o m orfológico, e, po r últim o, o critério duplo.
Atenção! A o utilizar um determ inado critério, especifique q u an tas classes
foram fo rm a d as e descreva as características de cad a classe.
P ara descrever as características de cad a classe:
a) identifique os com p o rtam en to s incluídos, ou seja. liste os co m p o rtam e n to s que
você incluiu em cad a classe;
b) descreva as sem elhanças existentes entre os co m p o rtam e n to s incluídos na
classe, de aco rd o com o critério ad o tad o ;
c) se a classe for form ada por um único co m p o rtam e n to , descreva as
características deste co m p o rtam e n to ;
d) verifique se todos os co m p o rtam en to s foram incluídos; e
e) verifique se não há sobreposição de classes.

140
1. A g ru p am en to s pela funcionalidade.

L l. Q u an tid ad e de ciasses fo rm a d as

1.2. D escrição d as ciasses:


A g ru p am en to s pela m orfologia.

2.1. Q uan tid ad e d e 'c la sse s form adas:

2.2. D escrição das classes:


A g ru p am en to s pela m orfologia e função (duplos).

3.1. Q u an tid ad e de classes fo rm a d a s :___________

3.2. D escrição das c la s s e s :______________________


UNIDADE 13
O PROBLEMA D A
CLASSIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS-II
o b jetivos
Ao final da unidade o leitor deverá ser capaz de:
© Definir classes de comportamento pela morfologia e/ou função

material
© Texto: “A definição de classes de comportamento”
© Exercício de esíudo

atividades
© L e r o texto “A definição de classes de com portamento”
© Resolver o exercício de estudo
® P a r tic ip a r d e uma discussão sobre o exercício de estudo
® R e s o lv e r o exercício de avaliação
A d e fin iç ã o d e classes
d e com portam ento

D issem os anteriorm ente que ao definir um evento devem os descrever as


caracteristicas através das quais o ob serv ad o r identifica esse evento.
C o n seq ü entem ente, p a ra definir um a classe de co m p o rtam e n to s devem os,
tam b ém , descrever as características dos co m p o rtam e n to s que fo rm am esta
classe.
O s cu idados a serem to m a d o s, com relação à definição de classes de
co m p o rtam e n to são, p o rtan to , iguais àqueles to m a d o s q u an d o da definição de
eventos com po rtam en tais particulares. O u seja, definições de classes de
co m p o rtam e n to devem :
1) O bedecer aos critérios especificados p a ra um a linguagem cientifica
(objetividade, clareza e p recisão);
2) Ser expressas na form a direta e afirm ativa;
3) Ser explícitas e com pletas; e
4) Incluir som ente elem entos que lhes sejam p e r ti n e n te j^
E m b o ra esses requisitos já tenham sido discutidos na U nidade 9, seria
im p o rta n te reto m ar, de m aneira m ais apro fu n d ad a, a análise do que vem a ser
um a definição “ explicita e co m p leta” , tendo em vista as especificidades do
ag ru p a m en to dos co m p o rtam en to s em classes.
V im os que os critérios de um ag ru p am en to baseiam -se nas sem elhanças
entre os co m p o rtam en to s incluídos nesse ag ru p a m e n to 1. P o rta n to , u m a definição
de classe p a ra ser explicita deveria focalizar as sem elhan ças existentes no aspecto
co n sid erad o com o critério p a ra o agrupam ento. A lém disso, essas sem elhanças
deveriam ser descritas na seqüência natural em que ocorrem .
P o r exem plo, num ag ru p a m en to m orfológico, u m a definição que focalizasse
as sem elhanças na form a dos co m p o rtam en to s seria explícita. A ssim , um a
definição explícita do agru p am en to m orfológico, que inclui os co m p o rtam en to s:
“ ap a g ar com a b o rra c h a ” , “ risca r com a c a n e ta ” e “ lixar a u n h a ” , deveria
focalizar a p o stu ra dos dedos que seguram o objeto (b o rrac h a, c a n eta e lixa); e os
m ovim entos que ocorrem . D o m esm o m odo, num ag ru p a m en to que obedecesse a
critérios funcionais, um a definição explícita focalizaria os efeitos com uns
p ro d u zid os pelos com portam entos. A definição do ag ru p am en to funcional, qtT5— J
inclui os co m p o rtam en to s: “ p assar o tra to r” , “ p assar o a ra d o an im al” e “ cavar

1. Sc você e n c o n tra r dificuldade em lem b ra r os c ritério s de a g ru p a m e n to , releia a


U n id a d e 12.

150
com a en xada ou en x a d ão ” , deveria focalizar o efeito com um p roduzido, “ sulcos
na terra e revolvim ento da m esm a” . P or outro lado, e ain d a do m esm o m odo,
num ag ru pam ento duplo, a definição focalizaria as sem elhanças na form a e no
efeito dos com portam entos. A ssim , a definição do ag rupam en to duplo, que inclui
os co m p o rtam en to s “ cortão p ã o ” , “ c o rta r cebola” e “ co rta r ca rn e ” , deveria
descrever a p o stu ra dos dedos que seguram a faca e a p o stu ra dos dedos que
seguram os objetos (pão, cebola e carne), os m ovim entos que ocorrem e o efeito
produzido na seqüência natural em que os eventos ocorrem .
U m a definição completa focalizaria todas as sem elhanças existentes entre os
co m p o rtam en to s, ou seja, além de focalizar as sem elhanças relativas ao critério
utilizado, a definição descreveria tam bém as sem elhanças referentes às condições
necessárias p a ra que o co m p o rtam en to ocorra. O u seja, a definição do
ag ru p am ento m orfológico dos co m p o rtam en to s “ ap a g ar com a b o rra c h a ” ,
“ riscar com a c a n e ta ” e “ lixar a u n h a ” deveria referir-se ao fato de que o objeto
(b o rrach a, can eta e lixa) está preso entre os dedos da pessoa, e que um a p arte do
objeto está em co n tato com um a superfície. N o ag ru p am en to funcional dos
co m p o rtam en to s “ p assar o tr a to r ” , “ p a ssa r o ara d o an im al” e “ cav ar com a
enxada ou en x a d ão ” , a definição deveria referir-se ao uso de instrum entos. E no
ag ru p am ento duplo dos co m p o rtam en to s “ co rta r p ã o ” , “ c o rta r ceb o la” , “ co rta r
c a rn e ” , a definição deveria referir-se ao fato da faca estar entre os dedos de um a
m ão, e o objeto (pão, cebola e carne) estar apoiado sobre um a superfície e
im obilizado pela o u tra m ão.
Além disso, um a definição com pleta especificaria tam b ém a unidade de
análise considerada^JU nidade de análise são os critérios utilizados pelo
observ ad o r p a ra delim itar o início e o fim de um co m p o rtam e n to ou seqüência
co m p o rtam ental. S ua explicitação se faz necessária qu an d o se q uer q u an tificar os
co m p o rtam entos, pois a precisão n a contagem dos eventos depende desta
explicitação.
P o rta n to , as definições das classes de co m p o rtam en to só estariam com pletas
se ac rescentássem os a inform ação referente à unidade de análise. Por exem plo, a
definição do ag ru p am en to “ co rta r p ã o ” , “ co rtar c a rn e ” , “ co rta r ceb o la” , estaria
com pleta se especificássem os que “ u m a unidade inicia q u an d o o co rre o
deslocam ento do an teb raço e d a m ão, e term ina q u an d o : a) é interrom pido o
co n tato d a faca com o objeto (pão, cebola, carne) ou, b) o co rre um a in terru p ção
na seqüência de m ovim entos que produzem o corte, in te rru p ç ão esta de 10 ou
m ais seg u ndos” .
Em geral, a identificação do início da prim eira unidade é feita a p artir da
identificação do evento co m p o rtam en tal e das condições necessárias p ara su a
ocorrência. A identificação do início d as unidades subseqüentes é feita a p artir,
obviam ente, do térm ino das unidades anteriores.
A delim itação da unidade de análise possibilita a quan tificação precisa dos
co m p o rtam en to s. Se não tivéssem os estabelecido a unidade de análise na
definição d a classe descrita anteriormente, e o sujeito, ap ó s ter produzido um
co rte no p ão (sem porém separá-lo em partes distintas) levantasse a faca e,
im ediatam ente após, voltasse a introduzi-la no corte existente, certam ente os
observ ad o res ficariam em dúvida se o sujeito havia co rta d o um a ou duas vezes o
pão. Pela especificação da unidade a ser considerada, fica claro que, neste caso,
existiriam dois cortes, isto é, d u as unidades.
A ex a ta delim itação da unidade de análise é arb itrária, ela v aria em função
das conveniências do observ ad o r (facilidades no registro) e dos objetivos do
estu d o observacional. A ssim , ao invés da unidade de análise estabelecida
an terio rm en te, poderíam os ter definido o térm ino d a unidade de corte pela
“ o co rrên c ia d a divisão do objeto em duas p arte s d istin tas” . N esta caso, a
o co rrên c ia do co m p o rtam e n to só seria co n ta d a q u an d o o objeto fosse
co m p letam en te seccionado, n ão im p o rtan to o n úm ero de in terru p çõ es nos
m o v im entos, ou no co n tato d a faca com o objeto.
Um últim o cuidado a ser to m a d o com relação ao p ro b lem a de definição de
classes, diz respeito à denominação a ser d ad a à classe. É im p o rta n te atribuir
nom es às classes analisad as, pois isso facilita o processo de co m u n icação , bem
com o su a referência posterior, elim inando a repetição co n stan te de su a definição.
S egundo C u n h a 2, o nom e ad o tad o deverá ser o que m ais p ro n ta e
o b jetiv am ente evoque a definição da classe. N o exem plo an alisado, a
d en o m in aç ão “ c o rta r alim ento com fa c a ” é ap ro p riad a , um a vez que sugere ao
leitor a a ç ã o que está sendo definida.
R esum indo os cu idados que um observ ad o r deve to m a r ao definir um a
classe, pod eríam o s dizer que:

A o definir um a classe de com portam entos o


observador deverá:
— Id entificar as condições necessárias à
ocorrência dos com portam entos, quando
estas condições existirem ;
— Descrever os eventos na seqüência em que
ocorrem , isto é, do estado inicial ao fin a l;
— Id entificar a unidade de análise que está
sendo considerada; e
— A tribuir um a denom inação à classe .

P a ra verificar até que p o n to o que foi dito n esta unidade foi ap ren d id o por
você, seria conveniente que relesse o texto referente à U n id ad e 12, “ A g ru p am en to
dos co m p o rtam e n to s em classe” , e tentasse identificar se os cuidados
m en cio n ad o s n a U nidade 9, bem com o nesta, estão sendo levados em conta.
E xistem três exem plos, no texto da U nidade 12, que contêm descrições de
ag ru p a m en to s. E ssas descrições poderiam , agora, ser reelaboradas por você, sob
a fo rm a de um a definição de classe com p o rtam en tal. F a ç a isso em folhas à parte.
C o m o definir é um a ta re fa com plexa e difícil, e a fim de que você n ão om ita
nen h u m item , fornecem os abaixo um p a d rã o p a ra orientá-lo na fo rm a de
ap re sen ta r definições. Isto é, após analisar as descrições dos ag ru p am en to s,
segundo os critérios e cuidados já m encionados, sugerim os que tra n sc re v a o
resu ltad o de sua análise do seguinte m odo:

2. Walter Hugo A, Cunha. Alguns princípios de categorização, descrição e análise do


comportamento. Ciência e Cultura, 1976. 28, 15-24.

152
1) C ritério de agrupam ento e exem plo de co m portam ento s incluídos na classe;
' 2) D en o m inação da classe;
3) D escrição das condições;
4) D escrição dos eventos em sua seqüência; e
5) D escrição d a unidade de análise.
A pós realizar esta tarefa, co m p are suas definições com as que ap resen tam o s
a seguir:

EX EM PLO 1

Agrupamento pela morfologia

C o m p o rta m e n to s incluídos: “ ap a g ar com a b o rra c h a ” , “ riscar com a


c a n eta” e “ lixar a u n h a ” (conform e proposto n a U nidad e 12).

Denominação-. F riccionar.
Condição: E stando os dedos de um a das m ãos flexionados ao red o r de um
objeto de m odo a prendê-lo, e um a p arte do objeto em co n tato
com um a superfície;
Eventos em
sua seqüência : consiste em m over o antebraço e/ou a m ão, que prende o objeto,
em vai-e-vem.
Unidade de
análise : A unidade inicia q u an d o inicia o m ovim ento do an teb raço e/o u
d a m ão, e term ina qu an d o ocorre: a) u m a in terru p ção m aio r do
que 10 segundos, n a seqüência dos m ovim en to s; ou b) p erd a de
co n tato do objeto com a superfície; ou c) perda de co n tato d a
m ão com o objeto.

EX EM PLO 2

Agrupamento pela funcionalidade

C o m p o rta m e n to s incluídos: “ p a ssa r o tra to r” , “ p assar o arad o an im al” e


“ cavar com a en xada ou en x a d ã o ” (conform e p ro p o sto na U nidade 12).

Denominação : S ulcar a terra.


Condição: A través de um in strum ento (arad o , en x ad a ou enxadão);
Eventos em
sua seqüência : p roduzir sulcos e/o u revolver a terra.
Unidade de
análise : U m a unidade o co rre q uando acontece m u d an ça de c a rre ad o r
(fileira), ou q u an d o o co rre u m a in te rru p ç ão d a tarefa igual ou
superior a cinco m inutos.
C o m o pode ver, a identificação da unidade de análise em ag ru p am en to s
exclusivam ente funcionais é bem m ais simples de que nos agrupam entos
m orfológicos, pois b asta identificar o térm ino do efeito co m p o rtam en tal definido
com o critério.
EX EM PLO 3

Agrupamento pela morfologia e função

C o m p o rta m e n to s incluídos: “ c o rta r p ã o ” , “ c o rta r ceb o la5' e “ c o rta r ca rn e”


(co n fo rm e F ig u ra 12.1 d a U nidade 12).
Denominação : C o rta r alim ento com faca.
Condição : E stan d o os dedos de u m a d as m ão s sobre um objeto (pão,
cebola, carne), que se en c o n tra ap o iad o n u m a superfície, de
form a a prendê-lo e im obilizá-lo, e, n a o u tra m ão, estan d o o
polegar e in d icad o r estendidos, e os dedos m édio, an u lar e
m íi.im o flexionados ao red o r do cabo de um a faca;
Eventos em
sua seqüência: consiste em deslocar o an teb raç o e a m ão que seg u ra a faca
p a ra frente e p a ra trás, introd u zin d o e deslo can d o a faca no
objeto, de fo rm a a p roduzir a divisão do objeto.
Unidade de
análise : U m a unidade inicia qu an d o o co rre o deslocam ento do
an teb raço e da m ão, e term ina q u an d o : a) é in terro m p id o o
co n tato d a faca com o objeto (pão, cebola, carne), ou b) ocorre
um a in terru p ção n a seqüência de m ovim entos que pro d u zem o
corte, in te rru p ç ão esta de 10 ou m ais segundos.
C o m p a ra n d o os três exem plos, verificam os que, no Exem plo 2, o tem po
estabelecido com o critério de térm ino de unidade é superior ao tem po estabelecido
nos o u tro s (Exem plos í e 3). V ocê pod erá se p erg u n ta r o p o rq u ê d esta diferença.
E bom le m b rar que q uando se usa critérios tem porais (que se baseiam n a d u raç ão
total ou na p au sa dos co m p o rtam en to s) eles devem ser escolhidos com certo
cu id ad o . E m b o ra seja arb itrá ria , a escolha do critério deverá levar em co n ta a
d u ra ç ã o m édia dos co m p o rtam en to s. A ssim , co m p o rtam e n to s que têm um a
d u ra ç ã o breve requerem critérios m ais restritos, e co m p o rtam e n to s de longa
d u ra ç ã o , critérios m ais am plos. E sta foi a raz ão p orqu e escolhem os 10 segundos
com o critério de p au sa p a ra as classes “ friccio n ar” e “ c o rta r alim ento com fa c a ”,
e cinco m inutos p ara a classe “ sulcar a te rra ” .

E xercício
O exercício'de estudo que irem os realizar te rá com o base a U nidade 12. O u
seja. você irá analisar as F ig u ras 12.2 C o m p o rta m e n to 1; 12.3 C o m p o rta m e n to
2; 12.4 C o m p o rta m e n to 3 e 12.5 C o m p o rta m e n to 4 do exercício de estudo da
U nidade 12.
O b ed eça o p a d rã o ad o tad o :

C ritério de ag rupam ento e exem plo de co m p o rtam en to s incluídos na classe;


D en o m in aç ão d a classe;
D escrição d as condições;
D escrição dos eventos em sua seqüência; e
D escrição d a unidade de análise.

154
1) Considere a F ig u ra 12.2 C o m p o rta m e n to 1 e a F ig u ra 12.5 C o m p o rtam en to
4. U sando o critério m orfológico, defina a classe que contém o
co m p o rtam ento 1 e o co m p o rtam e n to 4.

2) C onsidere, ag o ra, a F igura 12.2 C o m p o rta m e n to 1, a F ig u ra 12.3


C o m p o rta m e n to 2 e a F ig u ra 12.4 C o m p o rtam en to 3. U san d o o critério
funcional, defina a classe que contém os co m p o rtam en to s 1, 2 e 3.
3) F in alm ente, analise a F ig u ra 12.3 C o m p o rta m e n to 2 e a F ig u ra 12.4
C o m p o rta m e n to 3. U san d o o critério duplo, defina m orfológica e
funcionalm ente a classe que contém os co m p o rtam e n to s 2 e 3.

156
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