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Gênero textual: estatuto

Proposta textual: individual


Número de aulas sugerido: 6

lereproduzirestatuto
Material do professor

Habilidades da BNCC desenvolvidas neste projeto: EF69LP20; EF69LP22; EF69LP23;


EF69LP24; EF69LP25; EF69LP26; EF69LP27; EF67LP15; EF67LP19.

SOBRE O PROJETO
#lereproduzir é uma solução digital na qual os alunos têm a possibilidade de exercitar todo o ciclo pe-
dagógico da produção de textos, que envolve leitura, compreensão, planejamento, produção, correção,
reescrita e publicação.
A hashtag no nome remete ao compartilhamento e à interatividade, cada vez mais presentes na vida co-
tidiana por meio da tecnologia. Porém, é preciso compreender que a interatividade não está relacionada
apenas à tecnologia, visto que o diálogo em si é um processo interativo e ininterrupto, e sua presença é
constante nas práticas sociais e cotidianas.
Dessa forma, os objetivos deste projeto são: conhecer e estudar os gêneros textuais de maneira apro-
fundada e contextualizada; trocar experiências e conhecimento; exercitar a escrita; e elaborar textos que
atendam às características dos gêneros e cumpram sua função social por meio do compartilhamento.

IMPORTÂNCIA DO GÊNERO ESTATUTO


Os estatutos são essenciais para a convivência em sociedade. Ao propor o estudo desse gênero, este
projeto objetiva promover a consciência e valorização dos direitos e a formação de uma ética da res-
ponsabilidade (o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho). Portanto, dominar a leitura
e entender esse gênero é uma forma de participar da vida pública ativamente, uma vez que é por meio
deles que conhecemos os direitos e os deveres como cidadãos, em todas as esferas de atuação.

Limeart/Shutterstock
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lereproduzirestatuto

GÊNERO ESTATUTO: O QUE É?


O estatuto é um gênero textual de caráter normativo que estabelece as normas de determinadas cama-
das sociais, que podem ser uma instituição pública, uma empresa, uma parcela da sociedade ou qual-
quer coletividade em geral. Por se tratar de uma norma, pressupõe-se que todas as pessoas envolvidas
devem acatá-la.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
Os estatutos são organizados para evitar ambiguidades ou generalizações, fazendo com que cada nor-
ma seja encontrada e especificamente citada.
Leia a seguir um trecho do Estatuto da Cidade e perceba como é organizada a estrutura do texto e as
normas de ordem pública e de interesse social.

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001.
Regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelece diretri-
zes gerais da política urbana e dá outras
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DIRETRIZES GERAIS
Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os arts.
182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto
nesta Lei.

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Os artigos são divididos em
parágrafos (§). Até o nono, usa-se
Parágrafo único. Para todos os efeitos, número ordinal; a partir do déci-
esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, mo, cardinal. Se houver apenas
um parágrafo correspondente ao
estabelece normas de ordem pública e in-
artigo, aparece “parágrafo único”.
teresse social que regulam o uso da pro-
priedade urbana em prol do bem coletivo,
da segurança e do bem-estar dos cida-
dãos, bem como do equilíbrio ambiental.
Art. 2º A política urbana tem por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das fun-
ções sociais da cidade e da propriedade
urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:
Os incisos são subdivisões do
I – garantia do direito a cidades sustentá- parágrafo e são representados
veis, entendido como o direito à terra urba- por números romanos.
na, à moradia, ao saneamento ambiental,
à infraestrutura urbana, ao transporte e
aos serviços públicos, ao trabalho e ao la-
zer, para as presentes e futuras gerações;
II – gestão democrática por meio da par-
ticipação da população e de associações
representativas dos vários segmentos da
comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e
projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a ini-
ciativa privada e os demais setores da so-
ciedade no processo de urbanização, em
atendimento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento
das cidades, da distribuição espacial da
população e das atividades econômicas
do Município e do território sob sua área
de influência, de modo a evitar e corrigir as
distorções do crescimento urbano e seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente;
V – oferta de equipamentos urbanos e co-
munitários, transporte e serviços públicos

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adequados aos interesses e necessidades
da população e às características locais;
VI – ordenação e controle do uso do solo,
de forma a evitar:
As alíneas são subdivisões dos
a) a utilização inadequada dos imóveis incisos e são representadas por
urbanos; letras minúsculas.

b) a proximidade de usos incompatíveis ou


inconvenientes; O fecho é o encerramento da pro-
posição no qual apresenta o local
c) o parcelamento do solo, a edificação ou
e data de sua apresentação, além
o uso excessivos ou inadequados em rela- de estabelecer uma relação entre
ção à infraestrutura urbana; a data de promulgação e as datas
da Declaração da Independência
[...] e Proclamação da República.
Brasília, 10 de julho de 2001; 180º  da
Independência e 113º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Assinatura do responsável em
sancionar a lei.
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Lei
nº 10.257, 10 de julho de 2001. Regulamenta
os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
estabelece diretrizes gerais da política urbana e
dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 11 jul. 2001. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/
l10257.htm Acesso em: 26 mar. 2021.

LINGUAGEM
Por seu caráter de legitimidade e autoridade, os estatutos precisam ser muito claros e objetivos
para não gerar interpretações equivocadas; por isso sua linguagem é bastante descritiva. Apesar
da presença de verbos no futuro do presente do indicativo (será) e no infinitivo (evitar), o tempo e
modo verbal que predomina nesse gênero é o presente do indicativo (estabelece). Os textos nor-
mativos – como os estatutos – precisam ser atemporais, ou seja, as normas devem valer também
no período posterior à sua publicação, por isso o uso desse verbo é muito comum.

MEIOS DE CIRCULAÇÃO
Os textos normativos oficiais, como o Estatuto da Cidade, por exemplo, costumam circular nos
sites oficiais do governo.
Outros estatutos normalmente são divulgados pelos órgãos competentes. Por exemplo, o estatu-
to do grêmio estudantil (órgão que representa os estudantes da escola) pode circular de maneira
digital no site da escola ou de maneira impressa, e assim por diante.

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CONHECENDO: ESTATUTO I
Esta etapa tem por objetivo conhecer um exemplo de um estatuto e explorar suas
especificidades. O texto escolhido é um trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O texto pode ser projetado em sala. Outra opção é fazer os alunos pesquisarem o texto integral
dessa lei em sites oficiais. Pergunte a eles se conhecem ou já ouviram algo a respeito do ECA. Caso
os alunos não tenham conhecimento do estatuto, pergunte-lhes sobre o que acreditam se tratar esse
documento e se acreditam que o estatuto descreve apenas regras ou se descreve direitos também.
A Unicef (https://www.unicef.org/brazil/campanha-estatuto-crianca-adolescente-30-anos)
disponibiliza alguns materiais facilitadores, como vídeo, flashcards e uma história em quadrinhos
em comemoração aos 30 anos do ECA.
Peça aos aluno que leiam o estatuto prestando atenção na estrutura do gênero, como capítulo,
alínea, parágrafo etc.

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CONHECENDO: ESTATUTO I
Leia a seguir um trecho da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, também conhecida como Lei do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:
Título I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
[...]
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais ine-
rentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e faci-
lidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social, em condições de liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças
e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo,
raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvol-
vimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade
em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016).
[…]

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Título II
Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante
a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desen-
volvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas
de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição ade-
quada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento
pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vincula-
ção, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o
parto, garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
de 2016)
[...]
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.
FERNANDO COLLOR

Fonte: BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em:
12 mar. 2021.

COMPREENDENDO O TEXTO I
1) Identifique o objetivo das partes a seguir considerando especificamente o texto citado.
a) Título. b) Capítulo. c) Artigo.
2) O ECA pertence à esfera municipal, estadual ou federal? Justifique.
3) Entre os Títulos I e II, há o símbolo “[…]”. O que ele indica?
4) Indique pelo menos um trecho descritivo, ou seja, que explique o objeto da lei.
5) Os parágrafos buscam fornecer informações complementares sobre o artigo a que
pertencem. Qual é a informação fornecida pelo parágrafo único do ECA e qual seu
objetivo?

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COMPREENDENDO O TEXTO I
1)

a) Indicar a área específica dos artigos listados. Nesse caso, são as disposições
preliminares, ou seja, as informações iniciais sobre a lei e seu objeto; e os direitos
fundamentais das crianças e dos adolescentes.

b) Indicar que, entre os direitos fundamentais, esses artigos dizem respeito à vida e à
saúde.

c) Cada artigo é uma regra específica da lei. Nesse caso, estabelecem os direitos das
crianças e dos adolescentes.

2) O ECA pertence à esfera federal, pois foi sancionado pelo presidente da República
em exercício naquela época. É possível observar isso logo no início quando consta “O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA”.

3) Esse símbolo indica que partes do texto foram suprimidas na citação. Os alunos poderão
perceber pelo fato de que os artigos 4, 5 e 6 não estão presentes no texto citado, embora
existam no original.

4) “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade...” – trecho que
explicita o que se entende por “criança” e “adolescente”.
[...] “todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal
de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local
de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em
que vivem.“ – trecho que explicita que, independentemente da situação, todas as crianças
e adolescentes estão protegidos por essa lei, cobrindo possíveis hipóteses que pudessem
levar à exclusão.

5) O parágrafo único fornece informações complementares sobre o que se entende por


“todas as crianças”, explicitando que, independentemente da situação, todas as crianças
e adolescentes estão protegidos por essa lei, cobrindo possíveis hipóteses sobre sua
exclusão.

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CONHECENDO: ESTATUTO II
Nesta etapa, informe aos alunos que eles lerão um trecho do Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Essa é a denominação da Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015, que busca assegurar e
promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e à cidadania.
Inicie a aula perguntando se os alunos têm proximidade com alguma pessoa que tenha algum
tipo de deficiência, seja visual, motora, auditiva, entre outras. Caso sim, pergunte-os se essa pessoa
já relatou em algum momento alguma dificuldade que tenha passado, seja de locomoção devido
a calçadas irregulares, seja falta de piso tátil etc. É possível que algum aluno na própria sala tenha
algum tipo de deficiência. Esse é um momento importante para o debate e a reflexão da turma,
que pode, diante da seriedade e importância do tema, ajudar a encontrar soluções para os colegas
com deficiência na própria escola.
Em seguida, peça aos alunos que façam uma leitura atenta da página seguinte do estatuto.
É possível também, caso haja a disponibilidade na escola, projetar o texto para que toda a turma
visualize.

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CONHECENDO: ESTATUTO II
Leia a seguir um trecho do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Preste atenção nas informações
que o estatuto apresenta, além de sua estrutura.

Presidência da República
Secretaria-Geral
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015

Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com


Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta


e eu sanciono a seguinte Lei:
LIVRO I
PARTE GERAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto
da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso
Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, em con-
formidade com o procedimento previsto no  § 3º do art. 5º da Constituição da
República Federativa do Brasil, em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo,
desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo  Decreto nº 6.949, de 25 de
agosto de 2009, data de início de sua vigência no plano interno.
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de lon-
go prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na so-
ciedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada
por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:      

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I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;


II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
(Vide Lei nº 13.846, de 2019) (Vide Lei nº 14.126, de 2021)
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segu-
rança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias,
bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público
ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida;
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a
serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto
específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência
ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade
de vida e inclusão social;
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite
ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercí-
cio de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com seguran-
ça, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados
abertos ao público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitu-
de ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento
de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de
tecnologia da informação;

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e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudi-


quem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições
e oportunidades com as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com
deficiência às tecnologias;
[...]
Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Independência e 127º da República.
DILMA ROUSSEF

Fonte: BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.146, 06 de julho de 2015. Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 07 jul. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm Acesso em: 26 mar. 2021.

COMPREENDENDO O TEXTO II
1) Qual é o objetivo do Estatuto da Pessoa com Deficiência?
2) Segundo o estatuto, o que se entende por pessoa com deficiência? Onde é possível
encontrar essa informação?
3) No artigo 3º, inciso IV, há algumas informações acerca das barreiras que podem dificultar
a acessibilidade de pessoas com deficiência. Com base nessa informação, responda: por
que o inciso IV foi subdividido em alíneas?
4) Em sua opinião, por que é importante que os direitos representados nesse estatuto sejam
respeitados? Justifique a sua resposta.
5) De acordo com sua percepção, qual outro direito poderia ser inserido nesse estatuto?

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COMPREENDENDO O TEXTO II
1) É possível verificar, no Art. 1º, que a instituição da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência) tem o objetivo
de assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e à
cidadania.

2) Segundo o estatuto, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas. É possível encontrar essa informação
no Art. 1º, parágrafo único.

3) As alíneas têm o objetivo de especificar as informações presente nos incisos. No caso


do inciso IV, há informações acerca das barreiras que podem dificultar a acessibilidade
de pessoas com deficiência, e, nas alíneas, há as especificações de quais barreiras
estão sendo consideradas no estatuto: urbanísticas, arquitetônicas, nos transportes, nas
comunicações, atitudinais e tecnológicas.

4) Resposta pessoal. De acordo com o próprio estatuto, é necessário visar a inclusão social
e a cidadania de pessoas com deficiência, a fim de promover condições de igualdade. É
possível apresentar aos alunos, a caráter de complemento do estatuto, a Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988, Art. 5º, que informa que“ Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”; ou seja, todas as pessoas,
independente de suas condições, têm o mesmo direito.

5) Resposta pessoal. Informe aos alunos que o estatuto lido se trata apenas de um trecho,
pois a supressão está indicada pelo símbolo “[...]”, ou seja, há continuação. Porém,
oriente-os a não pesquisar nesse momento o estatuto completo, e sim sugerir a inserção
de algum direito com base no que eles leram no trecho apresentado.

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PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO
Com base no que foi estudado até o momento, os alunos deverão esboçar o estatuto de um grêmio
estudantil. É esse documento que garante a organização do grêmio, pois determina seus objetivos
e finalidades, o processo eleitoral, os direitos e deveres de seus membros, entre outros.

Como inspiração para a atividade, assistam a alguns vídeos que explicam o papel dos grê-
mios estudantis na escola:
https://www.educacao.sp.gov.br/gremio-estudantil
https://www.educacao.sp.gov.br/entenda-o-papel-dos-gremios-estudantis-nas-escolas-
-da-rede-e-tire-todas-suas-duvidas/
http://www.escoladigital.aluno.pr.gov.br/gremio_estudantil
Alguns modelos de estatuto podem ser utilizados também:
http://www.alunos.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/gremio_estudantil/modelo_estatuto_gre-
mio_novo.pdf
http://www.educacaoadistancia.camara.leg.br/car tilhas/car tilha_gremio/modelos/
MODELO_DE_ESTATUTO_DE_GREMIO_ESTUDANTIL.pdf

Caso já exista um grêmio estudantil na escola, sugere-se a leitura do regimento e um debate com a
turma para aprimorar o texto. Cada aluno poderia propor emendas ao regimento existente, acres-
centando tópicos de interesse.
Se não houver grêmio estudantil na escola, mas sua existência estiver prevista e autorizada em re-
gimento, sugere-se que os alunos elaborem um documento que possa ser utilizado por um grêmio
de fato. A escola poderia mobilizar a eleição das chapas, e os alunos da turma poderiam propor
uma candidatura se houver interesse.
Para a produção textual, sugerem-se as seguintes etapas:

• Discussão com a turma – quais são as atribuições de um grêmio? Pode-se pesquisar na inter-
net ou no regimento da própria escola.
• Levantamento de possíveis pontos e propostas viáveis de acordo com a realidade da escola.
• Organizar as propostas em categorias para compor as seções (cargos, eleições, participação
em assembleias etc.).
• Organização dos cargos a serem ocupados pelos integrantes do grêmio (presidente do grê-
mio, diretor cultural, diretor de esportes, diretor de sustentabilidade, diretor editorial para um
jornal da escola etc.).
• Delimitadas as seções, os alunos podem ser separados em grupos menores, de acordo com
o interesse, para discutir pontualmente as atribuições de cada cargo e as ideias e regras para
cada seção.

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Material do professor

A troca de ideias será coletiva, porém a produção do estatuto será individual. Para isso, pode-se
solicitar ao aluno que escreva pelo menos a seção inicial com a delimitação das atribuições do
grêmio e das funções de um dos cargos. Dependendo da quantidade de ideias levantadas, cada
aluno pode ficar responsável por uma seção diferente, compondo assim o estatuto completo no
final da atividade.
É importante conscientizar os alunos de que esse estatuto é um esboço que pode ajudar a, pos-
teriormente, construir um definitivo, visto que um estatuto oficial de escola deve compreender as
previsões do próprio regimento escolar e a participação de toda a escola. É um bom início para que
eles comecem a pensar sobre como atuar mais ativamente na organização escolar.

PRIMEIRA CORREÇÃO
O quadro a seguir vai auxiliá-lo a corrigir a produção dos alunos. Marque os itens já concluídos, os
que ainda devem ser cumpridos e os que precisam melhorar.

Estatuto Sim Não Observações

O aluno delimitou as atribuições do


grêmio?

O aluno delimitou atribuições para um dos


cargos?

O aluno elaborou regras para pelo menos


uma seção?

O aluno propôs regras e normas factíveis


dentro do que foi proposto e debatido em
aula?

O aluno usou estruturas verbais ade-


quadas a esse gênero (presente do indi-
cativo, infinitivo e futuro do presente do
indicativo)?

O aluno subdividiu os artigos para propor


descrições e explicações?

O aluno utilizou subdivisões (parágra-


fos, incisos, alíneas) com sua estrutura
adequada?

O aluno usou a norma-padrão da língua


portuguesa?

O aluno mostrou-se respeitoso com o


destinatário?

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Material do professor

REESCRITA
Neste momento o professor deve fornecer ao aluno um retorno de sua primeira produção, direcio-
nando-o para a reescrita. No feedback, oriente-o na produção de um texto coeso e coerente.
É importante auxiliá-lo com a linguagem, pois objetividade e clareza são características importan-
tes do gênero. Também deve haver certo nível de argumentação, evitando-se a mera proibição e,
por vezes, explicando-se as causas. Além disso, é fundamental que o conteúdo se adeque à reali-
dade da escola. Deve-se auxiliá-lo também a inserir partes explicativas e descritivas que prevejam
problemas hipotéticos, abrangendo-os no estatuto.
Além disso, é importante verificar se o texto respeita a norma-padrão da Língua Portuguesa.
Portanto, auxilie o aluno a identificar desvios gramaticais e escolhas lexicais. Uma sugestão é ter
momentos de revisão por pares, em que um aluno revisa o texto do outro.

SEGUNDA CORREÇÃO
O quadro a seguir vai auxiliá-lo a verificar a segunda produção dos alunos. Marque os itens já con-
cluídos, os que ainda devem ser cumpridos e os que precisam melhorar.

Estatuto Sim Não Observações

O aluno complementou as seções com


as partes faltantes indicadas na primeira
correção?

O aluno adequou a linguagem de acordo


com eventuais apontamentos da primeira
correção?

O aluno solucionou eventuais desvios gra-


maticais apontados na primeira correção?

O aluno aprofundou as partes descritivas


e explicativas de acordo com eventuais
apontamentos da primeira correção?

A segunda correção consiste essencialmente em verificar se os apontamentos feitos na primeira


foram solucionados.

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Material do professor

PUBLICAÇÃO
O estudo da linguagem como atividade comunicativa não se compromete apenas com a forma ou
a classificação de palavras, textos e enunciações, mas também com um campo interativo, formado
por gêneros de diferentes esferas da atividade humana. Dessa forma, a linguagem é elemento
fundamental na interação entre sujeitos situados social e historicamente.
O sujeito constitui-se na linguagem e pela linguagem, por meio da interlocução que estabelece
com o outro. É justamente este o objetivo do material: fazer com que as produções não se encer-
rem no aluno sem cumprir seu real propósito, que é circular em sociedade e influenciar produções
de outros alunos.
Textos normativos são textos públicos, e todas as pessoas envolvidas na comunidade devem ter
acesso a eles. Após a compilação das normativas, sugere-se construir um documento único, revi-
sado pela turma, que possa ser enviado aos demais alunos da escola como proposta para criar o
grêmio ou, em outra hipótese, para a atual direção do grêmio, com propostas de melhoria.
Esse documento composto coletivamente pode ser enviado por e-mail aos demais estudantes ou
divulgado num edital, que pode ser publicado no jornal/site da escola ou fixado no mural, ao lado
dos outros avisos oficiais.
Outra proposta de divulgação é organizar uma assembleia em que os alunos apresentem pro-
postas ao restante do corpo estudantil. Assim, seria possível debater sobre a criação/melhoria do
estatuto do grêmio com o auxílio dos demais alunos.
Ressalta-se novamente que a proposta é criar um documento preliminar, que fomente a discussão
e abra caminho para propostas definitivas. Dessa forma, espera-se despertar no aluno o interesse
em participar da comunidade escolar de maneira mais ativa.

Merfin/Shutterstock

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