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Ricardo Reis

Ricardo Reis é um dos heterónimos de Fernando Pessoa, nascido no


Porto em 1887.Licenciou-se em medicina mas nunca chegou a exercer
a profissão, exilou-se mais tarde no Brasil por sua própria decisão, uma
vez que era um admirador acérrimo do regime monárquico. Foi
educado num colégio de Jesuítas que lhe transmitiu o gosto pelo
Classicismo. É o representante de toda a sabedoria do passado.

Na obra de Ricardo Reis é percetível a perturbação que sente pela


passagem inevitável do tempo que o conduz para uma morte certa. Este
tormento leva-o a escolher viver uma vida tranquila, serena, longe de
compromissos que o podem fazer sofrer.
Deste modo, perante a efemeridade da vida e a iminência da morte Reis
refugia-se no "carpe diem" uma perspetiva da filosofia epicurista que
defende o aproveitamento de cada momento presente sem pensar no
futuro e no passado.
Contudo, esse aproveitamento deve ser contido e disciplinado numa
clara aceitação das leis do Destino, este que é inalterável-Estoicismo.
Reis repudia o esforço humano uma vez que o nosso destino está
traçado e o fruto daquilo que foi conquistado não nos acompanhará no
momento fatal, na morte. Defende assim a contenção dos impulsos, das
paixões e "exige" a intelectualização das emoções.

Reis vive assim uma vida de moderação, de aceitação pelo seu destino e
de indiferença, uma vez que procura manter-se longe de coisas que o
façam criar laços afetivos. Deste modo, a morte não será tão dolorosa.

O epicurismo é uma filosofia datada de 371-270 A.C, criado pelo filósofo


Epicuro. O epicurismo defende a busca da felicidade através da
tranquilidade, ou seja, a felicidade apenas é alcançada através de um
estado de ataraxia, estado esse que se caracteriza pela ausência de
perturbações e pela serenidade.
No mesmo âmbito, a contenção dos prazeres é também exigida numa
clara tentativa de fugir à dor.

Busca da felicidade relativa


moderação dos prazeres
fuga à dor
estado de ataraxia

Semelhante ao epicurismo, o estoicismo é uma filosofia de vida


caracterizada pela indiferença face às emoções. Alheia à dor, ao prazer, à
tristeza, à alegria, num incontestável estado de apatia. O estoicismo
defende a aceitação das leis do Destino uma vez que este é inalterável,
dada a predefinição de tudo. Verifica-se assim nesta filosofia uma
renuncia voluntária aos sentimentos /compromissos, pois não vale a
pena lutar como algo irremissível.

Aceitação das leis do destino


Abdica de lutar
Indiferença face às paixões e à dor(apatia)
Autodisciplina

Na poesia de Ricardo Reis é percetível a constante preocupação com a


passagem do tempo. Esta preocupação deve-se ao facto de a passagem
do tempo simbolizar a chegada da morte. São então contidas/os as/os
emoções e compromissos excessivas/os de modo a não sofrer quando o
momento fatal chegar.
O poeta tem consciência da efemeridade da vida e da inalteração da
morte, deste modo defende a vivencia e aproveitamento do momento
presente sem nunca questionar o futuro e o passado.
A poesia de Reis caracteriza-se por um epicurismo triste uma vez que o
poeta busca a felicidade relativa mas adotando um estado de
ataraxia(tranquilidade; serenidade; ausência de preocupações)porém tal
não se veio a verificar denotando a impossibilidade de o alcançar.

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