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APROXIMANDO-SE DO TRONO DA GRAÇA

Hebreus 4.14-16

“ 14 Tendo, pois, Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que adentrou
os céus, conservemos firmes a nossa confissão.15 Porque não temos sumo
sacerdote que não possa se compadecer das nossas fraquezas; pelo contrário, ele
foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.16 Portanto,
aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia
e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno.” (NAA)

2
S
e eu perguntar onde está o seu Deus, você conseguiria
me mostrá-lo, apontando fisicamente onde ele se
encontra? Parece óbvio que nenhum de nós pode
fazer isto, já que “Deus é espírito” (Jo 4.24) e não está
materialmente manifesto, mas presente pelo Espírito Santo.
No entanto, isto nem sempre foi claro para aqueles que
perseguiam a fé. Os primeiros cristãos, no início da formação
da igreja, eram acusados de serem ateus, uma vez que
não possuíam qualquer deus visível sendo adorado e se
recusavam a se prostrar aos ídolos e ao imperador.
O historiador cristão Larry Hurtado diz que nos primeiros
séculos, os cristãos não tinham santuários ou templos, nem
altares nem imagens, nem ritos de sacrifício ou sacerdócio
e que, por isso, era estranho para o povo daquele tempo, tão
focado em ritualística, ver uma religião cheia de devoção,
mas sem imagens a quem se devotar. Cristãos eram
acusados de ateísmo porque eles não adoravam os deuses e
suas imagens em seu tempo.
Esta cultura greco-romana era muito diferente da cultura
judaica. A fé do Antigo Testamento, anterior ao cristianismo,
era cheia de ritualística, imagens e artifícios. Eles possuíam
a arca da aliança, um templo suntuoso a Jeová, as tábuas
da lei, o cajado de Arão e sacerdotes paramentados que
ministravam diante de Deus de acordo com instruções muito
minuciosas e específicas. Eu quero chamar atenção para um
ponto particular que Larry Hurtado diz sobre o cristianismo
primitivo: eles não tinham sacerdotes. O judaísmo possuía
sacerdotes que iam diante de Deus para adorar e levar as
orações e sacrifícios de seu povo. Isto era muito caro a
todo crente de origem judaica, e representava o modo como
Jeová desejava ser adorado. Agora, no entanto, os judeus
que estavam recebendo esta carta estavam saindo de uma
religião de ritualística e seguindo um tipo de fé muito menos
ritual que a fé judaica.
Se você comparar, por exemplo, o livro de Levítico com
as cartas de Paulo, as coisas parecem muito diferentes.
A ritualística do Antigo Testamento era muito detalhada.
Você tinha o lado para o qual o sangue do cordeiro tinha
que escorrer, em qual orelha o sangue ia ser aspergido, por
qual lado o sacerdote passaria, e quanto, e onde. Tudo era
muito bem descrito. No Novo Testamento, essa ritualística se
perde. Sim, temos alguns rituais. A ceia é um tipo de ritual, o
batismo é um tipo de ritual, mas não seguimos o mesmo tipo
de manifestação física de fé dos judeus.
Nisto tudo, o judaísmo possuía vários elementos que o
cristianismo parecia não possuir, e um destes elementos
era os sacerdotes. As igrejas possuíam seus presbíteros
que pastoreavam os irmãos, mas as semelhanças com
a função sacerdotal são mínimas. A liderança espiritual
judaica representava os homens diante de Deus em caráter
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de mediação, o que é muito diferente do período do Novo
Testamento. Por isso que é perigoso achar que pastores
são uma continuação do ministério sacerdotal. Um pastor
não representa o homem diante de Deus, um pastor não é
aquele que leva os pecados dos homens a Deus para que
sejam perdoados e expiados. Não é o pastor que guia os
sacrifícios para os perdões de pecado. Não levamos a Deus
os sacrifícios dos irmãos, porque isso já foi feito em Cristo.
Os pastores são outra coisa, muito mais humilde, muito mais
simples do que eram os sacerdotes no Antigo Testamento.
Os pastores de uma igreja não são sacerdotes da igreja, já
que o cristianismo fala do sacerdócio universal de todos
os crentes. Agora, todos nós somos sacerdotes porque
todos temos acesso a Deus. Pastores são professores e
cuidadores, não intermediários entre homens e Deus.
um tipo híbrido de judaísmo – do tipo que aceita algo do
cristianismo, mas continua fundamentalmente judeu.
O texto de Hebreus 4.14-16 é uma espécie de transição entre
o capítulo 4 e o capítulo 5 da epístola e apresenta Jesus
como um sacerdote superior que estava sendo ignorado
pelos judeus. O objetivo do texto é nos levar a Deus com
confiança em períodos de luta, e em três movimentos. O
primeiro movimento está no verso 14, e fala onde nosso
sumo sacerdote está. O segundo movimento está no
versículo 15, e fala sobre onde este grande sumo sacerdote
esteve. O terceiro movimento está no versículo 16, e fala
para onde nós iremos com esse sumo sacerdote. Três
movimentos, três versículos, incontáveis manifestações da
graça.

Assim como os cristãos eram acusados pelo mundo

caído de não terem seus deuses, já que eles não eram
vistos, os cristãos eram acusados pelo povo judeu de não
possuírem sacerdotes que ministrassem e levassem a Deus
o sacrifício pelos pecados, porque eles também não eram
vistos. Não havia ninguém na igreja indo diretamente a
Deus para mostrar a expiação e para fazer com que Deus
fosse bondoso e estivesse a favor da igreja. Os judeus não
entendiam que Cristo já era esse grande sumo sacerdote que
nos representa diante do pai. Estes cristãos, então, estavam
sendo tentados e perseguidos pelos judeus a voltarem a

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ONDE ELE ESTÁ:
Há um sacerdote nos céus,
então continue firme
O
primeiro movimento está no verso 14, e fala onde
nosso sacerdote está. A epístola nos encoraja
dizendo que como há um sacerdote nos céus, nós
podemos continuar firmes: “Tendo, pois, Jesus, o Filho de
Deus, como grande sumo sacerdote que adentrou os céus,
conservemos firmes a nossa confissão”. O verso 14 começa
nos relembrando que temos um grande sumo sacerdote na
figura do Senhor Jesus Cristo. O que isto significa?
Se você tem algum domínio sobre o Antigo Testamento,
você sabe o que o sumo sacerdote fazia. George H. Guthrie
nos explica que na Antiga Aliança, “a posição do sumo
sacerdote era preeminente; ele supervisionava a adoração
ritual de Deus e funcionou como o principal representante
entre a nação e o Senhor”, de modo que “[e]mbora o sumo
sacerdote partilhasse de vários deveres com os outros
sacerdotes, apenas ele entrava no Lugar Santíssimo no Dia
Anual da Expiação (Lv 16: 1-25)”. Assim, quando no dia anual
da expiação havia aquela grande celebração para expiar os
pecados de Israel, como é descrito em Levítico 16, o sumo
sacerdote era o único que entrava no Lugar Santíssimo.
Ninguém poderia entrar lá além dele.
Então, em primeiro lugar, Jesus é nosso grande sumo
sacerdote porque é o principal representante dos homens
a Deus, assim como o sumo sacerdote o era. Nós temos
alguém que entra no Lugar Santíssimo para a nossa
salvação. Em segundo lugar, ele é o nosso grande sumo
sacerdote porque é o responsável pelo nosso dia de
expiação. Os nossos pecados não são perdoados por outro,
senão pelo próprio Senhor Jesus levando os nossos pecados
a Deus e recebendo da sua ira em nosso lugar para que,
então, nós possamos ser perdoados.
Jesus, no entanto, é o “grande” sumo sacerdote, acima
de qualquer outro – e isso não pode ser negligenciado. A
epístola aos Hebreus está nos mostrando como o sacerdócio
de Jesus é superior aos sacerdócios do Antigo Testamento.
Os homens da Antiga Aliança possuíam outro homem como
eles que entrava em um certo espaço geográfico diante de
Deus para levar os pecados do povo para a expiação. Jesus,
como nosso sumo sacerdote, cumpre exatamente essa
função e a expande, indo diante do próprio Deus nos céus
para levar a expiação de nossos pecados. Ele não é um sumo
sacerdote comum. Nenhum outro sumo sacerdote do Antigo
Testamento chegou perto de fazer o que Cristo fez, porque
naquele tempo havia homens comuns, também dotados de
pecado, também falhos e frágeis, que iam diante de Deus
também para levar os próprios pecados para que Deus os
perdoasse. Anualmente eles tinham que deixar o sacrifício
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para que Deus perdoasse o povo. Jesus é nosso grande
sumo sacerdote, em terceiro lugar, porque foi, de uma vez
por todas e sem necessidade de repetição, como um homem
limpo, diante de Deus para nos representar e nos trazer
perdão.
Em quarto lugar, ele é o grande sumo sacerdote porque
também é filho de Deus, posição que nenhum sumo
sacerdote já chegou a ter. É o que diz o texto: “Tendo, pois,
Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote”. O
nosso sacerdote não é mais simplesmente um homem
particularmente consagrado do Reino de Israel. Às vezes,
quando escolhemos pessoas para o campo missionário ou
para o ministério na igreja local, procuramos os melhores
homens. Tentamos encontrar, geralmente, pessoas na igreja
que se dediquem um pouco mais que a média, que esteja um
pouco mais focado naquele ministério.
Jesus não é simplesmente o melhor de um grupo. Jesus
não foi alguém que passou quatro anos no seminário. Jesus
não é alguém que simplesmente calhou de ter estudado
mais, de ter dominado mais as palavras. Jesus foi o homem
perfeito, o próprio filho de Deus e, sendo o tal, vai diante de
Deus por nós. Não é mais um homem tão pecador como nós
somos diante de Deus pedindo pelos seus iguais. Agora é um
homem santo, é o Deus justo, é o filho do próprio Deus diante
do Senhor pedindo por aqueles que ele se fez igual e que se
colocou em nosso lugar.
Em quinto lugar, ele é o grande sumo sacerdote Filho de Deus
que entrou nos céus. Veja só: “Tendo, pois, Jesus, o Filho de
Deus, como grande sumo sacerdote que adentrou os céus”.
O antigo sumo sacerdote, no dia da expiação, atravessava
um véu que separava o Lugar Santíssimo. Hoje, nós temos
um Cristo que atravessa os céus em ressurreição. Isso é um
símbolo da própria ressurreição de Cristo. Ele vai até o céu
como grande sumo sacerdote.
São cinco verdades maravilhosas, que cobram pelo menos
duas posturas de nossa parte. Primeiro, devemos lembrar
que há alguém por nós diante de Deus como representante.
Quando esquecemos isto, vivemos um tipo de deísmo
cristão. O deísmo é um tipo de visão de Deus que acredita
em um criador que se afastou. Algo como Deus ter dado o
pontapé inicial, colocado as engrenagens para girar e então
ter ido embora. Nesta teologia, não temos para quem orar,
não existem intervenções miraculosas, não temos nenhum
relacionamento com a divindade. Deus já se foi. Ele existe,
mas não está mais se importando conosco. Como cristãos,
podemos acabar vivendo como deístas. Pensamos que
Jesus veio, fez seus milagres, morreu na cruz, ressuscitou e
foi embora, sem se importar mais conosco. Agora é cada um
por si e Deus por ninguém.
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No entanto, não foi isto que aconteceu. Jesus não
simplesmente voltou para casa celestial, mas voltou como
nosso grande sumo sacerdote. Ele voltou como intercessor,
como quem está diante de Deus exercendo um ministério e
um ofício. Jesus não está no céu em uma longa hibernação,
esperando a sua volta em um cochilo. Não vai surgir um
anjo no último dia com um alarme lembrando o Cristo que
chegou a hora do retorno. Ele está nos céus trabalhando por
nós neste momento – hoje, agora! Como sumo sacerdote,
está intercedendo, levando a Deus as nossas causas, agindo
como alguém que está no Santo dos Santos pedindo ao Pai
pelo perdão dos nossos pecados.
Alguns cargos em empresa só são conquistados se você
possuir alguém que interceda por você. É o famoso Q.I.,
“quem indique”. Eu já perdi e já ganhei oportunidade
de trabalho baseado em quem eu conhecia ou não em
comparação com os contatos dos meus concorrentes. Nosso
consolo em vida é saber que temos um peixe grande ao lado
de Deus. Você conhece o filho do dono, e você está em uma
seleção que ninguém vai entrar por mérito. Alguém vai te
colocar para dentro. Você tem o Deus vivo que morreu na
cruz no seu lugar como grande sumo sacerdote ao lado do
Pai, intercedendo por você. Não temos como estar diante de
Deus com medo, porque não estamos indo para uma batalha
que é ganha com esforço. Estamos indo para entrevista de
emprego na empresa do nosso pai, e ele nos quer com ele.
Ele morreu por nós, ele nos atrai, ele intercede por nós e nos
manterá ao seu lado por todos os dias de seu ministério.
Em segundo lugar, devemos lutar diariamente para guardar
firme a nossa confissão de fé. Se um por lado temos uma
postura encorajada, por outro existe uma postura firme de
ação cristã. O consolo vem com uma ordem. O texto diz que
nós devemos nos apegar a uma confissão. O fato dele ter
morrido em nosso lugar e estar diante de Deus agora como
sumo sacerdote faz com que confirmemos e confessemos
com firmeza essa verdade sobre o Cristo. “Tendo, pois,
Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que
adentrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão”.
Você precisa conservar a confissão com firmeza. “Confissão”
aqui não é confissão de pecados, mas a confissão de crença.
É crer em Cristo Jesus como Senhor, como intercessor e
como nosso grande sumo sacerdote. Essa mesma palavra
de confissão é usada no Novo Testamento para falar daquilo
que acreditamos de fato como cristãos. A mesma palavra
grega é usada quando Paulo desafia os cristãos a “guardar
os ensinamentos” que foram entregues pela pregação do
evangelho (2 Tessalonicenses 2:15), ao mesmo tempo que o
herege em Colossenses 2:19 “perdeu a conexão” ou “não se
apega” ao Cabeça que é Cristo.
Guardar firme a confissão de Cristo como Senhor significava
não retornar aos meios antigos de simbolizar a redenção
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comuns ao judaísmo. Para estes cristãos majoritariamente
judeus, eles precisam de sacrifícios sacerdotais. Se você
veio de uma família judaica, talvez você tenha enfrentado
esta mesma batalha. Guardar a confissão com firmeza é
lembrar que temos um novo sacerdote muito maior que os
sacerdotes do Antigo Testamento, então nós não precisamos
voltar aos símbolos antigos.
Agora, nem todos de nós somos convertidos do judaísmo.
Dependendo de nossa tradição familiar, os seus meios
antigos de simbolizar a redenção são variados e podemos
se sentados de muitas formas a voltar a eles. Você talvez
tenha vindo de uma família católico-romana que precisou de
penitência dos padres, ou talvez de uma família espiritualista
que encontrava alento em óleos e cristais. Talvez você veio
de uma família kardecista e teve que receber passes, ou
de uma família do baixo espiritismo e precisou de banhos
de purificação. Você tinha meios passados de redenção, e
podem convidá-lo a isto constantemente, como acontecia
com estes irmãos judeus. Não é que te convidem a
abandonar cabalmente o cristianismo, mas só que você
adicione estas práticas antigas que fizeram parte da sua
vida em tempos remotos, como acontecia com estes irmãos,
tentados a seguir um sincretismo entre cristianismo e
judaísmo.
Os judeus que receberam a carta aos hebreus não estavam
simplesmente tentando voltar para o judaísmo. Eles queriam
criar um tipo de amálgama entre judaísmo e cristianismo.
Eles queriam ter ainda um pé lá e um pé aqui, um pé no
Sinai e um pé no Calvário. E o que o autor da epístola está
dizendo é que não dá para juntar as duas coisas. Não dá
para você viver nas práticas e rituais do Antigo Testamento,
de sacrifícios de sacerdotes, e encontrar o grande sumo
sacerdote acima de todos os outros. Temos que manter firme
a nossa confissão, a crença de que Jesus é o nosso único,
novo e suficiente sumo sacerdote. Você deve guardar essa
confissão porque ela é poderosa, porque ela é real. E essa é a
confissão que faz a sua vida ser próxima da vida de Deus.
É notável que os judeus possuíam símbolos de redenção que
faziam sentido, considerando que foram dados por Deus por
um momento. Eles eram redimidos pela fé no Cristo Jesus
que viria, e isso era simbolizado através dos sacrifícios do
sacerdote. Isso foi dado por Deus, e mesmo assim o autor
da epístola está dizendo que eles não precisavam voltar para
isso. Imagine então o que seria se voltarmos para os meios
de redenção que nos foram vendidos pela nossa família, pela
nossa cultura e por falsas religiões que, muitas vezes, fazem
parte da nossa vida ainda?
Infelizmente, nós somos muito capazes de sermos
sincréticos mesmo em boas igrejas. A criança chega na
igreja com uma pulseirinha enrolada no braço, e você
8
pergunta para mãe: “Que fofinho, o que é isso?”. “Ah, pastor, desse sumo sacerdote, desse grande sumo sacerdote que
é para proteger do quebrante e do mau olhado!”. Vários intercede por nós diariamente.
cristãos acreditam ainda em signos e mapas astrais.
Senhoras tentam descobrir o sexo dos bebês de suas
filhas usando simpatias como o cozimento de coração de
frango. Às vezes, mesmo estando na igreja, conseguimos
nos apropriar de certos mitos, comportamentos religiosos
contrários aos planos de redenção do Senhor, acreditando
que essas coisas têm algum peso de piedade.

Essa ideia de se apegar à confissão, de guardar firme a

confissão, é a ideia de você manter a sua fé e manter o seu
coração naquilo que a Palavra diz, manter sua fé e o seu
coração naquilo que Jesus é. Você tem que manter a sua
confissão quando for difícil. É quando zombam de você
na faculdade, quando te ameaçam no trabalho, quando te
humilham na família. É nestes momentos que você precisa
se apegar à confissão de que Cristo Jesus é o Senhor sobre
sua vida, que ele é teu intercessor, que ele é o teu sacerdote,
que ele é Deus que morreu pelos seus pecados. Essa é a
confissão com a qual a gente se apega. Essa é a confissão
com a qual a gente se lança e essa é a confissão que a gente
tem que guardar todo dia. Todos os dias somos convidados
a abandonar a nossa confissão, e todos os dias temos que
nos agarrar a ela com força e com vigor. Apenas agarrados
a confissão de quem é Jesus que nós temos força para
continuarmos firmes debaixo da graça desse sacerdote,

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ONDE ELE ESTEVE: andava em ambientes especiais, talvez fosse visto como
O sacerdote passou por aqui, alguém de aura mística, superior e especial. Os homens
comuns, por outro lado, tendem à fragilidade. Se imersos
então ele se compadece
em culturas onde o líder religioso está desconectado da

O
vida dos leigos, não encontramos quem se compadeçam de
segundo movimento não é sobre onde o sacerdote nós apropriadamente. Jesus, no entanto, sendo o próprio
está (ao lado de Deus, nos céus, intercedendo por Deus, estando em uma esfera de existência completamente
nós), mas sobre onde o sacerdote esteve. O texto inalcançável à nossa mente, compadece-se de nós.
diz que esse sacerdote passou por aqui, e que porque ele
esteve aqui, ele é um sacerdote que se compadece de uma
William L. Lane nos diz que o termo grego para “compadecer”
forma especial. Isso está no versículo 15: “Porque não temos
é muito mais existencial do que psicológico. Literalmente,
sumo sacerdote que não possa se compadecer das nossas
ele “sente junto” em sua própria existência. Ele sente
fraquezas; pelo contrário, ele foi tentado em todas as coisas,
conosco, passando pela mesma dor que passamos. Ele está
à nossa semelhança, mas sem pecado”. Temos um sacerdote
do nosso lado no sofrimento. Nenhuma passagem bíblica
que se compadece de nossas fraquezas porque ele passou
fala disto com mais clareza que Romanos 8. O texto fala
por aqui e viveu a mesma vida que nós, sem cair no pecado.
de um gemido da natureza, porque a natureza foi posta à
Existem três elementos importantes de averiguarmos
inutilidade por causa do pecado; fala de um gemido que
neste versículo. Primeiro, que nosso sumo sacerdote se
é nosso, porque ainda vivemos nesse mundo cheio de
compadece das nossas fraquezas; segundo, que ele foi
pecado, de erro e de engano; e fala de um gemido do Espírito
tentado em todas as coisas, à nossa semelhança; e terceiro,
Santo, porque ele sofre conosco em oração. É normal nós
que ele continuou sem pecado mesmo após passar por
gemermos, é esquisito o planeta Terra gemer, mas Deus
tantas tentações.
gemer em sofrimento por nós é completamente absurdo.
O próprio Deus, visto como o ser impassível que em nada é
Em primeiro lugar, o verso 15 nos lembra que, diferente surpreendido, é alguém que geme em nosso lado, no meio do
dos sacerdotes humanos, o grande sumo sacerdote se nosso sofrimento. Ele sente conosco, ele se compadece.
compadece de cada uma de nossas fraquezas. Um sacerdote
usava roupas especiais, tinha um vocabulário especial,
É normal que todos nós gostemos de empatia. Ter alguém

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que “sinta conosco”, que queira se colocar no nosso lugar,
faz com que as dores sejam diminuídas pelo anestésico da
amizade. No entanto, isto nem sempre acontece no nível que
sentimos precisar. As pessoas podem nos ouvir de forma
preguiçosa, podem nos dar atenção por um tempo menor do
que gostaríamos, e acabamos tristes pelo som abafado de
um coração atrofiado. Isto é até comum, e quando estamos
emocionalmente estáveis, lidamos com isso com boa dose
de naturalidade. Entendemos que os outros não podem viver
em função de nós e seguimos a vida gratos pelas doses de
empatia que recebemos de amigos, igreja e família.
No entanto, quando algo tira a força emocional
que geralmente temos, o anseio por empatia fica
descompensado, como tudo que diz respeito a nossas
necessidades emocionais. Então, começa um esforço por
tentar fazer com que as pessoas sintam o que você está
sentindo, porque você precisa daquela empatia em doses
mais elevadas. Você se pega fazendo um drama que nunca
foi típico da sua personalidade, começa a tentar chamar
atenção exagerando as próprias dores, e relata as coisas
com exagerada profundidade, com conclusões apocalípticas
e quase teatrais, esperando que a outra pessoa sofra com
você aquele sofrimento. É uma tentativa exagerada de levar
os outros a chorarem o seu choro, tentando desfibrilar o
coração que você julga não bater forte o bastante em seu
favor.
O problema é que este tipo de carência emocional raramente
é curado por correspondência emocional, mas sim por
fortalecimento espiritual dos músculos morais. Não é de
mais empatia que você precisa, de uma qualidade diferente
de empatia que seja poderosa o suficiente para transformar
o seu interior. Quando não procuramos o Deus empático,
sucumbimos. E em nosso naufrágio emocional, continuamos
bebendo água do oceano. Então você nunca acha que as
pessoas entendem de verdade o tamanho do seu sofrimento.
Então você precisa repetir a história, com mais ênfase, para
ver se te ouvem de verdade, para ver se sofrem o tanto que
você acredita que precisam sofrer para que você se sinta
correspondido. Mas a correspondência nunca vem, porque o
problema não é falta de empatia. O problema é que você se
tornou um poço sem fundo.
A empatia é fundamental, e chorar com quem chora
é mandamento. Mas quando nos colocamos como
merecedores deste tipo de correspondência, é quando essa
correspondência vai se tornar insuficiente. É aí que vem a
maravilha do livro de Hebreus: temos um sumo sacerdote
total e plenamente empático, que sente conosco o nosso
sofrimento. Em tempos de descontrole emocional, o choro
empático dos irmãos tende a ser insuficiente para nos dar a
paz da correspondência e do amor. Se você não se apegar à
empatia de Cristo, você só vai cansar e sobrecarregar quem
te ama, porque você está cobrando deles algo que só Jesus
11
como grande sumo sacerdote pode nos dar.
Podemos celebrar o forte alento de um Deus que não está
longe de nossa dor e dificuldade. Quando você chora,
há um espírito chorando ao teu lado; quando você está
desesperado, há um Cristo em espírito que sente o teu
desespero; quando você acha que não há mais esperança,
que não há mais solução, que não há mais salvação, o
próprio Espírito Santo está lá, rodeado da sua dor, sentindo
com você a desgraça do teu coração, porque ele se
compadece, porque ele sente junto. Temos um sacerdote que
sente.
Eu não consigo me compadecer desse jeito como pastor de
uma igreja. Irmãos contam seus pecados e compartilham
dificuldades, e eu tenho dificuldade de saber como me
envolver no nível correto. Às vezes me envolvo ao ponto de
não conseguir auxiliar objetivamente quem sofre, às vezes
me envolvo de menos e não demonstro a empatia que Cristo
espera de mim como pastor. Uma coisa que eu sempre
tento fazer na minha vida enquanto pastor é tentar entender
o quanto eu preciso me envolver emocionalmente. Alguns
professores no seminário nos ensinam que nunca devemos
nos envolver demais com os problemas dos irmãos da
igreja. Já ouvi isso muitas vezes. Porque, senão, a gente não
aguenta uma semana de pastorado.
Cristo, como perfeito pastor e sacerdote, entra no
nosso sofrimento de forma perfeita e se entrega em
compadecimento santo. Jesus é aquele que, diante de
nossas batalhas, não tem reservas em se entregar. Nós
precisamos ter algum nível de reserva porque somos
emocionalmente limitados, mas Deus, como alguém infinito
e vazio de limitações emocionais, pode se entregar e se
envolver em nossos problemas, dificuldades e tentações todo
o tempo e estar disponível como sumo sacerdote para nos
ouvir e para nos levar diante de Deus ininterruptamente.
Em segundo lugar, percebemos pelo verso 15 que essa
empatia está relacionada a Jesus ter sido tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, e vencido. É sempre útil
que encontremos pessoas que passaram pelas mesmas
dificuldades que nós e sobreviveram na fé para contar a
história. Eu sempre tento ajudar aconselhados a conhecerem
pessoas que lutaram e venceram os mesmos pecados e lutas
que eles enfrentam agora, e a experiência que eu tenho de
pastorado é que isso sempre é muito útil. Dizer para alguém
que ele pode vencer aquele pecado ou sobreviver àquele
problema é ótimo, mas apontar para um caso concreto na
realidade é excelente. É por isso que o exemplo de Jesus é
tão magnífico. Podemos olhar para ele e sermos consolados
pela sua perfeição em semelhança de nossa fraqueza.
O versículo 15 nos diz que esta empatia presente se dá
12
por Cristo ter sido tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança. Quando Cristo veio à terra, ele veio como
um homem comum, semelhante a nós, e conheceu nossa
humanidade. Sua família era comum, sua cidade era comum,
até o seu nome era comum (“Jesus” significa “Josué”,
um nome comum em sua época). No entanto, apesar da
semelhante, Jesus é diferente de nós acerca do sofrimento.
Ele passou por aqui, viveu as nossas fraquezas, sendo
tentado em todas as coisas, mas sem pecado. Ele passa pelo
sofrimento e pela tentação de uma forma que a gente, muitas
vezes, falha em passar.
O homem comum, falhos e pecador, quando sofre, raramente
fica mais empáticos. Às vezes, achamos que o sofrimento vai
fazer com que tenhamos um olhar mais bondoso com aquele
que também sofre, mas isso geralmente é falso. O homem
sem Deus, ou mesmo o cristão lutando contra os seus
pecados comuns, quando sofre, geralmente se torna mais
insensível e cínico.
Eu lutei muito com isso na minha vida, e ainda continuo
lutando. Desde o fim da adolescência eu sofro com dor
crônica no corpo. Antes dos tratamentos que me permitem
viver normalmente hoje, as dores eram diárias e intensas.
E sabe o que acontecia? Ninguém podia reclamar de dor
para mim. Se alguém me dissesse que tinha uma dorzinha
na perna e que por isso estava incapaz de fazer algo, eu
chamava atenção a quanto eu sofria de dores excruciantes
diariamente e não podia parar de trabalhar. Ninguém podia
dizer nada porque o meu sofrimento era maior do que o
sofrimento de todo mundo – pelo menos, na minha cabeça.
Pais tendem a ser impacientes com as dificuldades dos filhos
quando estes vivem vidas muito mais fáceis, proporcionadas
justamente pelo esforço dos pais ao longo da vida.
Psicologicamente, é normal considerarmos nosso sofrimento
como maior que o sofrimento de todo o mundo reunido.
Nossas dores são um grande redemoinho em que cada um
é próprio epicentro, e nossa dor tem que fazer o mundo girar
em torno de cada um de nós. Nós sentimos nossa própria
dor de forma natural, mas a dor do outro só podemos sentir
através de um esforço de empatia. Pecadores e ególatras,
tendemos a desprezar o outro quando passamos pelos
mesmos desafios e perdas – tendemos até a competir
sobre quem tem mais desgraça na vida, e nas rodinhas de
amigos não podemos ouvir um lamento sem querer chorar
mais alto. Jesus não é falho como nós, e passando por cada
uma de nossas lutas contra o pecado, abre o coração em
compadecimento. Temos muito o que aprender com o Cristo,
e muito o que louvar pela superioridade de sua obra de
intercessão.
Se crescermos à imagem desse cristo, devemos praticar
coisas melhores. O esperado para cristãos redimidos é que o
sofrimento nos torne mais empáticos. Nos primeiros anos do
13
meu ministério pastoral, eu tinha dificuldade em aconselhar
pessoas que lutavam contra instabilidades emocionais. Eu
nunca tratei mal quem vivia em depressão ou em crises de
ansiedade, mas no fundo, no fundo, eu achava essa galera
fraca. Eu entendia que questões biológicas poderiam gerar
distúrbios comportamentais, mas em casos de depressão
por trauma ou de ansiedade por estresse, eu tendia a um
julgamento interno quanto ao esforço destas pessoas em
resolver seus conflitos. Faltava, com certeza, empatia. Deus
me deu mais maturidade para entender os sentimentos
dos outros e lidar melhor com irmãos em fraqueza quando
eu mesmo tive uma crise de estresse que me deixou
emocionalmente descompensado em meu ministério por um
período curto, mas bem intenso. Quando passei por aquilo
que julgava fraqueza, acabei me percebendo mais paciente
e amoroso com pessoas em instabilidade emocional. A
empatia veio por Deus me colocar no mesmo lugar. Eu não
podia mais olhar de cima para baixo, e me vangloriar sem
perceber de ser forte e estável. Foi como se Deus dissesse:
“Sim, eles são fracos, mas você também pode ser”. Eu
aprendi a empatia sofrendo do mesmo modo.
Em terceiro lugar, o verso 15 nos diz que ele continuou sem
pecado mesmo após passar por tantas tentações. Como
verdadeiro homem, não poderia ser diferente. O pecado
nos separa daquilo que realmente somos, já que fomos
criados para a perfeição de santidade. O pecado é um
desfigurar da verdadeira humanidade. Ao não pecar, Jesus
representa a humanidade de forma muito melhor do que se
tivesse nadado até o fundo de nossa lama moral. Ao passar
pelas nossas tentações sem passar pelas nossas quedas,
Cristo mostra o que realmente significa ser um homem.
Os teólogos tendem a concordar que o pecado não é uma
condição essencial à humanidade, mas acidental, e que por
isso Jesus pode ser verdadeiramente humano sem pecar.
Sua natureza divina o teria impedido de qualquer predileção
ao pecado, mas ele não precisou apelas a atributos divinos
para permanecer santo. Em sua humanidade, ele resistiu a
qualquer tentação do mal moral. É diante disto que o teólogo
sistemático Millard Erickson diz que a “nossa humanidade
não é o padrão pelo qual devamos medi-lo. A humanidade
dele, verdadeira e não alterada, é o padrão pelo qual devemos
ser medidos”.
Jesus é aquele que foi tentado em cada uma das coisas
que nós fomos tentados, e sendo tentado, não caiu, e sendo
tentado em tudo que você já foi tentado, esteve firme. Ele não
desejou o pecado, e por isso se tornou um sumo sacerdote
perfeito, porque ele possui a experiência de ser tentado
que nós possuímos, mas não possui a experiência de cair
que nós possuímos. E ele se compadece e nos leva diante
de Deus como alguém perfeito que se compadece e sente
junto as nossas fraquezas. O termo grega para “fraqueza”
neste texto tem um amplo aspecto de significados e fala
14
de dificuldades de forma geral. Fraqueza física, fraqueza ele faz é se compadecer, e isso eu não consigo fazer como
social, vulnerabilidade acerca do pecado e, em tudo isso, ele faz, você não consegue fazer como ele faz. Temos que
nós temos um Deus que se compadece. Ele sente tua dor lutar todos os dias diante de Deus para que ele nos dê graça
no corpo, porque ele foi um homem de dores. Ele sente a tua para transmitir aos outros, e Cristo é aquele que passou pelo
fraqueza social, porque ele não foi um homem abastado na mesmo que nós – passou por desafios muito piores, até – e
Galileia. Ele sente a tua vulnerabilidade ao pecado, porque sente conosco, em compadecimento, todos os dias.
ele foi tentado também, mas sendo tentado, nunca cedeu.
Temos um grande sumo sacerdote porque temos alguém que
esteve aqui, que calçou os teus sapatos, que pisou nos teus
caminhos, e conseguiu ser perfeito sem pecado. Ele sabe o
que você está passando, ele sente o que você está sentindo
e ele está disponível para te ajudar, para te dar força e para te
colocar diante de Deus.

Jesus sofreu passando pelos mesmos problemas que nós,

mas de forma santa. Jesus foi tentado em todas as coisas,
com o pecado tentando atraí-lo. O próprio diabo chegou
diante dele no deserto e usou a Palavra contra ele. Veja bem,
o próprio diabo. Eu não preciso de tudo isso para pecar,
basta um satanásinho de quinta e já é muita coisa, mas o
próprio diabo chega diante do Senhor tentando convencê-
lo aa pecado. Ele sofre conosco, sofre nossas tentações e
sofre morte de cruz. Ele sofreu mais do que todos nós, e foi
tentado mais do que todos nós juntos, e mesmo assim viveu
pleno e perfeito de uma forma que nós não vivemos. E o
que ele faz não é passar na nossa cara, não é competir com
nossa desgraça, não nos olhar de cima para baixo. O que

15
ONDE NÓS DEVEMOS ESTAR: ela sabia que isso era muito perigoso. Ela chega a dizer que
Se aproxime com confiança, poderia perecer diante desta atitude.

então receba graça e ajuda

Talvez você nunca entrou em uma sala do trono, mas já estar
diante de alguém que causa medo. Você teve que ir diante
Esse é o terceiro movimento. Não é mais um movimento
do seu patrão para reclamar de alguma coisa ou pedir um
do sacerdote em si, mas é um movimento que o sacerdote
aumento, e você já começa a diarreia 9 horas da manhã
opera em nós. Está no verso 16: “Portanto, aproximemo-
por causa de uma reunião que será uma da tarde, e vai
nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos
tremendo de medo. Eu tinha um professor na pós-graduação
misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento
em economia que me matava de medo. Ele era muito duro
oportuno”. Uma vez que temos um grande sumo sacerdote
com os alunos e excessivamente áspero com dúvidas que
que está diante de Deus intercedendo por nós e que já
ele suspeitasse minimamente que não eram sinceras. Por
passou por aqui, viveu como nós, foi tentado ao pecado e não
tudo, falava palavrão; a tudo xingava; nada estava bom aos
cedeu em nada, devemos nos aproximar confiantemente do
seus olhos. Eu tinha medo de mostrar meu trabalho para
trono gracioso de Deus.
ele porque mesmo com todo o meu esforço intelectual, tudo
estava horrível. Ele riscava tudo o que eu escrevia. Valia à
O texto diz que devemos nos aproximar de um trono. O pena estar com ele porque era um intelectual brilhante que
que o autor da epístola não nos diz, mas pressupõe que enriqueceu meu progresso acadêmico, mesmo assim era
seus leitores sabem, é que isso é muito perigoso. Quem uma vergonha, uma humilhação. Eu tinha que entregar um
conhecia as monarquias do antigo Israel, sabia que ir documento para ele e chegava assustado.
diante de um rei era jogar roleta russa. Se você não fosse
chamado pelo próprio rei e ele não apontasse para você o
Deus não é exageradamente duro, nem grosso com seus
cetro, concedendo o direito de ali estar, você seria morto
filhos, mas seu trono é do tipo que dá medo a quem se
pela audácia de estar diante do soberano sem autorização.
aproxima. O trono de Deus sempre é descrito com termos
Lembre-se do capítulo 4 do livro de Ester. Quando intenta
muitos fortes, porque um trono real é uma coisa assustadora.
se aproximar do trono do rei Assuero, Ester pede um jejum a
Salmo 89, Ezequiel 1 e Apocalipse 4 descrevem o trono de
todo o povo judeu e a todas as suas amigas de corte porque
Deus não como um trono de graça, mas como um trono

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de justiça, um trono de retidão, um trono de julgamento e
um trono de ira. Você tem que ter medo de se aproximar
deste trono. Raios saem dele. Foi assustador quando Deus
apareceu, com um pequeno vislumbre da sua glória, ao
povo de Israel. Uma montanha fumegou com sua presença.
Você consegue imaginar uma montanha inteira vermelha,
como brasa viva, tremendo diante de uma fagulha da glória
deste trono? Vendo aquilo, o povo clamou: “Pelo amor de
Deus, Moisés, fala tu com Deus porque se formos falar
com esse Deus, vamos morrer!”, porque o povo estava
assustado diante da glória, do poder, da retidão e da justiça
que emanava desse trono. Seria loucura o autor aos hebreus
dizer que devemos nos aproximar desse trono, se não fosse
nosso grande sumo sacerdote. Este trono poderoso se
converte em torno de graça quando nosso sacerdote está a
seu lado.
Este é um trono de onde emana graça. O que isso significa?
Geralmente não pensamos muito sobre os conceitos de
graça e de misericórdia. “Misericórdia” é quando você não
recebe algo ruim que você merecia. Quando Deus não te
dá o castigo que você merece, isto é misericórdia. “Graça”
é algo equivalente a isso, mas de forma positiva. A graça
é você receber algo bom que você não merecia. Você não
merecia bençãos, mas Deus o dá mesmo assim. Esse trono
emana graça, ou seja, esse trono nos dá coisas boas que
nós não merecemos. Este é justamente um trono que nos dá
salvação, é um trono que nos dá vida eterna. Podemos nos
aproximar deste trono. Temos um Deus que é bondoso que
está assentado sobre um mar de bondade imerecida. De
seu trono, jorra graça, salvação, perdão e esperança todos
os dias, porque há um Cristo intercedendo por nós ao lado
desse trono.
Por ser um trono de graça, não nos aproximamos dele
temendo a morte, como seria natural a pecadores diante
do trono de um rei soberano. O texto diz que devemos nos
aproximar deste trono com confiança. Você imagina ir
diante desse trono tremendo, de cabeça baixa, assustado,
sem saber se vai vir ira, se vai vir juízo, se vai vir a força de
Deus contra a sua vida. Deus nos convida, no entanto, a
nos aproximar “do trono da graça com confiança”. A gente
não temos que ter medo, ainda que tenhamos respeito
e solenidade. A palavra grega para confiança significa
literalmente “sem medo”. Podemos nos achegar a esse
trono convictos de que estaremos diante do nosso Senhor e
salvador. Você não tem que ir a Deus com medo. Você não
tem que orar assustado e tímido. Você tem que se aproximar
de Deus com confiança, crente que aquilo que Cristo fez no
seu lugar é o bastante.
Paramos de olhar para Cristo com confiança quando só
temos olhos para a gravidade do nosso pecado. Não que
contemplar nossos próprios erros seja opcional na vida
17
cristã. É fundamental que vivamos em autoanálise, mas
todas as vezes que contemplamos nossos erros, precisamos
calibrar nossa fé com olhos fixos na obra salvadora de Cristo.
Podemos pecar por focar em nossos pecados e esquecer
da obra do perdão. Se vivermos assim, secamos a alma e
perdemos a coragem de nos aproximar. Fugimos de Deus, e
achamos que podemos nos esconder dele, como Adão e Jó.
Fugimos de Deus, quando deveríamos fugir para Deus – para
seu trono de graça. O salário do pecado não arrependido é a
morte, mas o pecado perdoado pede aproximação do trono,
não fuga envergonhada.
Ao nos aproximar de Deus, contamos nossas dificuldades
e pedimos perdão para que ele nos receba, e podemos ter
confiança nisso porque quando chegarmos diante dele,
fracos, frágeis, pecadores, cheios de defeitos e de pecados,
merecedores da ira e do juízo, haverá alguém em pé do lado
do rei que irá sussurrar ao seu ouvido: “Esse é meu! Eu morri
por ele. Esse faz parte do meu povo. Esse será recebido”.
Há um sacerdote no céu intercedendo por nós. Podemos
ter medo de entrar nesta sala do trono por causa do nosso
pecado, mas podemos ter confiança por causa da santidade
e da intercessão de Cristo.
Ele morreu por você, ele intercede por você, ele pede por
você e você pode se aproximar dele, você pode se aproximar
dessa graça que emana do trono. Você não tem que ter
vergonha do Senhor. Você pode ter confiança na obra de
Jesus. Se você olha exclusivamente para o seu pecado, você
retrocede, porque nunca terá forças para chegar a Deus. Mas
se você olhar para o seu pecado e para a sua falha, sim, mas
depois disso olhar para a grandeza daquele que perdoa os
pecados, que perdoa os seus erros, que intercede por você,
você atravessa o véu que Cristo abriu por nós. Em todos os
evangelhos onde o véu rasga de alto a baixo com a morte
de Jesus, a primeira coisa que acontece é a conversão de
um gentio. O rasgar do véu mostra Deus saindo ao alcance
de todos os povos assim como alcançava o povo judeu,
mas também representa a ideia de que podemos entrar com
confiança nesse trono.
Você já sentiu a humilhação de saber que existem círculos
sociais onde você não pode entrar, que se você tentar passar
pela porta, o segurança vai te enxotar para fora? Existem
muitos lugares que eu não tenho como estar. Há grupos de
amigos que não me consideram bem-vindo, e círculos de
amizade que não tenho como participar. Em uma destas
conferências famosas, um pregador de renome me convidou
para sentar-se à mesa dos preletores, e estive rodeado de
todos os meus heróis. Os grandes homens, e eu. Este tipo de
situação costuma balançar nosso orgulho pessoal. Era um
grupo seleto, exclusivo e selecionado. Então eles se reúnem
para orar antes do evento, e eu sou convidado novamente.
Estamos lá, de mãos dadas, os grandes e eu – convidado por
18
um destes preletores. Eu já estava me sentindo absorvendo
toda unção sobrenatural do ambiente. Até que o presidente
do ministério avisa: “quando acabar o evento, teremos uma
reunião com o conselho e os preletores, e nenhum convidado
é permitido. Você então seca como um balão de festa infantil.
Você já deve ter passado por isso. Você pode ter tentado
entrar em certos círculos acadêmicos e não conseguiu, você
tentou amizade com aquela pessoa e não te colocaram na
roda. Às vezes, você se sente pequeno por muito menos.
Às vezes, não te colocaram no grupo do Whatzapp e você
está mal, sentindo-se excluído. Você vê a foto no stories do
Instagram, e está lá aquelas sete pessoas da igreja comendo
juntas enquanto você está em casa, para baixo, lambendo
suas próprias feridas porque se sentiu por fora.
Apesar disto tudo, eu e você somos convidados a entrar
no salão real do Rei do universo. Somos convidados para
participar de um ambiente que todos os reis, que todos os
líderes, que todos os milionários, que todos os donos, que
todos os poderosos sonhariam em estar, e só entrarão se
estiverem debaixo da intercessão do grande sumo sacerdote.
Nós somos convidados para algo muito mais importante
do que qualquer cúpula extraordinária dessa terra. Você é
convidado para estar do lado do Rei, você é convidado para
estar perto do trono do Senhor do universo – não por causa
dos seus méritos, mas porque nós nos aproximaremos
daquele que vai nos ver e vai dizer: “Esse é meu! Eu morri por
esse!”.
Durante a tentação do pecado, a gente tem que parar de
fugir de Deus e fugir para Deus. Nós temos que parar de
ficar com autocomiseração e entender que nós já somos
amados e recebidos por aquele que importa. Pararmos de
vivermos emocionalmente frágeis, porque o mundo não dá
aquilo que queríamos, porque as pessoas não correspondem
aos sentimentos, porque as pessoas não suprem vontades
e necessidades que nós mesmos inventamos em nosso
próprio coração. E entendermos que nós já temos tudo que
nós precisamos, que nós já temos tudo que, no fim das
contas, importa. Nós temos a intercessão do grande sumo
sacerdote. Se temos isso, o que é que falta? Nós precisamos
ir diariamente a esse trono de graça porque quando nos
aproximamos desse trono, nós encontramos duas coisas
muito importantes.
Primeiro, nós encontramos misericórdia. Ele não nos dá
aquilo de mal que a gente merece. É isso que você recebe
quando se aproxima de Deus com confiança, guardando sua
confissão nesse grande sumo sacerdote, ou seja, crendo em
Cristo Jesus. E isso é um absurdo porque o nosso pecado
merece punição, mas é maravilhoso porque o nosso pecado
foi punido em Cristo Jesus. Aquele que intercede por nós
é aquele que sofreu no nosso lugar. Nós o colocamos na
19
dificuldade. Nós o estávamos matando na cruz. Foi o nosso
pecado que fez ele morrer. E ele não se vinga de nós. Pelo
contrário, ele se coloca diante do Pai pedindo para que
alcancemos perdão, para que o Pai seja misericordioso
conosco e transmitindo para nós a capacidade de ser
perdoado por Deus.
Nós encontramos misericórdia. É isso que você sente
quando se aproxima de Deus? Ou você ainda vive uma
religião de medo? Ou você ainda vive uma religião onde
você acredita que quando você chegar perto de Deus, por
causa do seu pecado, você vai ser excluído? Você crê que
ele vai te jogar na cara, vai te humilhar, vai te rejeitar e então
você não consegue orar, você não consegue procurá-lo,
você não consegue confessar os seus erros. Você sente
que se você contar muito, um Deus mau pesará a mão
sobre a sua cabeça. O texto diz que quando guardamos a
confissão nesse sumo sacerdote e nos aproximamos do
trono da graça, o que Deus nos dá é misericórdia. Quando
você peca, quando você está frágil, quando você está sendo
confrontado pelas suas próprias fraquezas, é em Deus que
você encontra misericórdia, não é em mais pecado. Não é
no mundo, não é fugindo, não é largando a igreja, não é em
autoaperfeiçoamento, mas é unicamente correndo para
o trono da graça, porque é no trono da graça que abunda
misericórdia. Corra para Deus, não corra de Deus. Corra para
o Senhor, não do Senhor.
Em segundo lugar, nesse trono de graça nós temos graça
para a ajuda. É quase redundante, mas temos um Deus que
não só nos perdoa, limpa e não leva em conta os erros, mas
que socorre, que dá uma graça que nós não merecemos, um
favor que não é pelo nosso mérito. Ele nos ajuda. Deus não
diz apenas: “tudo bem, deixa para lá”. Deus te transforma,
dá força para ser outra pessoa, dá força para mudar. Ele não
simplesmente perdoa o teu pecado, ele te ajuda a abandonar
o pecado. Não existe na cruz e no trono da graça apenas
força para o perdão, mas também força para mudança. Você
pode dizer não para o pecado porque há força para você
abandonar os velhos hábitos pecaminosos que você carrega
por anos, há força para transformar o teu coração em áreas
que você imagina que já são inescapáveis. A espada da
Palavra vai lá dentro e transforma tudo porque do trono da
graça emana força para ajuda.
Você quer vencer o seu pecado, meu irmão? É para Deus
que você corre! Você quer vencer seus maus hábitos? É para
Deus que você vai! Às vezes, a gente gasta muito tempo
tentando ensinar as pessoas a se cercarem de meios para
não pecarem. O cara tem problema com pornografia e instala
um aplicativo que proíbe a entrar em sites adultos. A pessoa
tem problema com gastar demais, é muito gananciosa, e
a gente ajuda a usar um aplicativo, uma planilha para ver
se ajuda nos gastos etc. Tudo isso é útil, é até um tanto
fundamental. O problema é que antes de qualquer coisa,
20
precisa existir uma aproximação do trono da graça, porque
só lá temos ajuda sobrenatural para nossa transformação.
Não adianta se cercar de ferramentas e instrumentos para
vencer o pecado se você não se aproximar com toda a
sua força daquele trono de onde emana ajuda. Você pode
procurar o pastor, pode procurar a terapia, pode procurar
remédio, você pode procurar conselho, você pode procurar
alguém que te dê uma força, você pode procurar o que for.
Se você não se aproximar do trono da graça, você vai perder
o local de onde emana a verdadeira ajuda transformadora
de Deus. É do trono da graça que vem força para a sua
mudança.
É no trono da graça que você é mudado em tempo oportuno.
É o que o texto diz. “[...] sempre em tempo oportuno”. Deus
é aquele que chega na hora certa, com perdão gracioso. É
quando você mais precisa que ele estará lá, quando você
tiver mais necessidade, quando você tiver mais afundado no
pecado, quando você tiver mais precisando de força. O que
é que você está esperando para se aproximar de Deus? O
que é que você está esperando para desistir de lutar sozinho
para começar a lutar a guerra de Deus? O que é que você
está esperando para abandonar os outros mediadores? Para
abandonar as ideias que você tem aprendido na sua vida
que você precisa de ajuda e de outras mediações, de um
sacerdote, de um profeta, de um santo a quem você é devoto
e que isso vai ser o caminho pelo qual Deus vai lhe ajudar e
lhe perdoar?
O que é que você está esperando para entender que você não
precisa de vergonha e de culpa? Que não é a vergonha que
vai te perdoar, que não é o sentimento de culpa pelo jeito que
você viveu a sua vida que vai fazer Deus olhar para você com
um pouco mais de pena? O que é que você está esperando
para entender que as coisas que você viveu, os sofrimentos
que você recebeu, as desgraças que recaíram sobre você, os
seus maus hábitos, os seus maus comportamentos da sua
vida não definem mais o seu relacionamento com Deus? Que
agora o seu relacionamento com Deus é definido por aquilo
que Jesus fez e pelo fato de que ele está intercedendo por
você todo dia?
O que é que falta para entendermos que não precisamos
mais da ritualística do Antigo Testamento? Que a gente
não precisa mais ser impressionados pela ritualística
do catolicismo, das missas em latim, e que os mais de
novecentos movimentos da missa tridentina são inúteis para
nos aproximar de Deus? Que as chamadas high churchs, as
igrejas que têm todo aquele cerimonial bonito e rituais de
purificação, nos trazem sentimento de elevação e solenidade,
mas que não trazem Deus mais para perto?
O que vai trazer você para perto de Deus é o fato de que há
um Cristo que está lá, que esteve aqui e que nos leva para
perto dele.
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