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Você pode estar se perguntando por que realizamos essa classificação? Devemos
ter em mente durante o atendimento que dependendo da ocorrência, lactentes e crianças
deverão ter um atendimento diferenciado. No geral, adolescentes e adultos são tratados
com as mesmas técnicas ou procedimentos.
A seguir, veremos as definições dos sinais vitais e dos sinais diagnósticos mais
comuns. Sua observação adequada será imprescindível em um primeiro atendimento.
ESTADO DE CONSCIÊNCIA
Normalmente, uma pessoa está alerta, orientada e responde aos estímulos verbais
e físicos. Qualquer alteração deste estado pode ser indicativo de doença ou trauma. O
estado de consciência é provavelmente o sinal isolado mais seguro na avaliação do
sistema nervoso de uma pessoa. Uma alteração no estado de consciência de uma pessoa
pode ser caracterizada por uma leve confusão mental até um coma profundo. Para aferir
o estado de consciência você deve realizar a avaliação de respostas lógicas, tais como:
nome, idade, local de moradia, entre outros.
RESPIRAÇÃO
A frequência respiratória deve ser avaliada por meio da observação dos
movimentos respiratórios de expansão e relaxamento do tórax e abdômen, verificando
velocidade e profundidade dos movimentos respiratórios.
Quando normal ocorre de maneira fácil, sem esforço e sem dor. A frequência (mais
rápida ou mais lenta) pode variar bastante e a amplitude também (mais superficial ou
mais profunda). Acompanhe a seguir o guia para aferir a respiração, observando que mrm
refere-se a movimentos respiratórios por minuto.
MOVIMENTOS
PÚBLICO
RESPIRATÓRIOS / MIN
Fonte: CBMSC
<ATENÇÃO> Lembre-se que nas pessoas negras, a cor azulada (que indica baixa
concentração de oxigênio no sangue) poderá ser notada nos lábios, ao redor da
fossas nasais e nas unhas.
PULSAÇÃO
É a expansão e o relaxamento das paredes das artérias devido à propagação de
uma onda de sangue ejetada pela contração do coração.
As alterações na frequência e no volume do pulso representam dados importantes
nos primeiros socorros. Um pulso rápido e fraco geralmente é resultado de um estado de
choque por perda sanguínea. Isso caracteriza o choque hemorrágico, um dos tipos de
choque hipovolêmico. A ausência de pulso pode significar, por exemplo, um vaso
sanguíneo bloqueado ou lesado ou que o coração parou de funcionar (parada cardíaca).
Deve ser avaliado por meio da palpação do pulso carotídeo em adultos/crianças e
do pulso braquial em lactentes, utilizando a polpa digital dos dedos indicador e médio. A
avaliação deste parâmetro deve levar em conta a velocidade (frequência de batidas) e a
qualidade (intensidade) da pulsação identificada.
<GLOSSÁRIO> O choque hipovolêmico é a condição clínica que resulta da
eventual perda de sangue e/ou fluidos do corpo superior a 20%. Também é conhecido por
choque hemorrágico.
PÚBLICO BATIMENTOS/MIN
Fonte: CBMSC.
PRESSÃO ARTERIAL
Pode ser conceituada como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as
paredes internas das artérias. A Pressão Arterial (PA) é medida em dois níveis, a PA
sistólica e a PA diastólica. A PA sistólica está relacionada à grande circulação, ou seja, ao
envio de sangue para as mais diversas e extremas partes do corpo. A PA diastólica está
relacionada à pequena circulação, ou seja, ao envio de sangue do coração para o
pulmão, onde ocorre o processo de troca gasosa denominado hematose. Temos, então,
que a pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco.
Crianças e Aproximadamente
80 + 2 por idade (aprox.)
adolescentes 2/3 da PAS
<ATENÇÃO> Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia, praticou
exercícios físicos há pelo menos 60 minutos, ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos
ou se fumou nos 30 minutos anteriores. Não conversar durante a mensuração.
Figura X - Esfigmomanômetro e estetoscópio
Fonte: CBMSC
A Pressão arterial deve ser aferida por meio do método auscultatório, em que é
utilizado um esfigmomanômetro e um estetoscópio, da seguinte forma:
1) Colocar o estetoscópio em volta do seu pescoço, posicionar o paciente sentado
ou deitado confortavelmente, remover as vestes do braço que utilizará para aferir a PA.
Posicionar o braço do paciente com a palma da mão voltada para cima, cotovelo
levemente fletido para que fique no mesmo nível do coração. (lembre-se que você deve
explicar o procedimento ao paciente antes da execução).
2) Escolher um manguito de tamanho adequado, localizar a artéria braquial
palpando-a para determinar o correto posicionamento do manguito e envolvê-lo na parte
superior do braço do paciente, dois e meio centímetros acima da fossa cubital do
paciente. O centro do manguito deve ser colocado sobre a artéria braquial, sem deixar
folgas, ajustando o mais firme possível.
3) Posicionar a polpa digital dos dedos indicador e médio sobre a artéria radial com
leve pressão (suficiente para palpar o pulso radial).
4) Fechar a válvula e inflar o manguito rapidamente. Mantendo a palpação da
artéria radial. Inflar o manguito 30 mmHg além do nível estimado da pressão sistólica ou
até o desaparecimento do pulso, ou seja, deixou de ser palpado. Casos de trauma inflar o
manguito diretamente até 180 mmHg.
5) Colocar a extremidade final do estetoscópio (olivas) em seus ouvidos e
posicionar a campânula ou diafragma do estetoscópio suavemente sobre a artéria
braquial, sem compressão excessiva.
6) Abrir lentamente a válvula para que a pressão do aparelho seja liberada. A
pressão deverá cair numa velocidade de três a cinco mmHg por segundo.
7) Escutar atentamente e registrar o valor indicado no manômetro, no momento do
primeiro som (esta é a PA sistólica, ou seja, a que marca a contração do músculo
cardíaco).
8) Deixar que o manguito continue esvaziando, mantendo uma velocidade
constante. Escutar e registrar o valor no momento do desaparecimento do som (esta é a
PA diastólica, relaxamento do músculo cardíaco). Deixar o restante do ar sair do manguito
(recomendamos manter o esfigmomanômetro no mesmo lugar para facilitar uma nova
aferição após um minuto caso necessário).
9) Registrar o horário, a extremidade utilizada para realizar a aferição, a posição do
paciente (deitado ou sentado) e a PA observada.
10) Se não tiver certeza da leitura, esvazie completamente o manguito, espere pelo
menos um minuto e tente novamente (aferições repetidas, no mesmo braço, sem intervalo
de tempo, poderão indicar leituras falsas).
TEMPERATURA
É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano. A
temperatura normal de uma pessoa geralmente fica entre 36,5 e 37,0 graus Celsius. A
pele é responsável, em grande parte, pela regulação da temperatura corporal, irradiando
o calor através dos vasos sanguíneos subcutâneos e evaporando água sob forma de
suor. Em um atendimento de emergência muitas vezes não é possível utilizar
termômetros, mas podemos realizar uma verificação da temperatura relativa da pele
colocando o dorso da mão sobre a pele da vítima (na testa, tórax ou abdômen) para
estimar a temperatura relativa da pele pelo tato.
A variação de temperatura do corpo de adultos (estado térmico - temperatura em
°C) se dá do seguinte modo:
A temperatura deve ser verificada por meio da colocação do dorso da mão nua
sobre a pele do paciente (preferencialmente na testa), ou por meio de termômetro. O
socorrista estima a temperatura relativa da pele pelo tato. Convém recordar que a pele é a
grande responsável pela regulação da temperatura e poderá apresentar-se normal,
quente ou fria, úmida ou seca. Com relação a coloração, a pele poderá estar normal,
pálida, cianótica ou ruborizada.
● Uma pele pálida, branca, indica circulação insuficiente e é vista geralmente
nas vítimas de choque hipovolêmico ou com infarto agudo do miocárdio.
● Na pele ruborizada poderá haver uma cor levemente rosada no
envenenamento por monóxido de carbono (CO) e vermelha na insolação.
● Uma cor azulada é observada na insuficiência cardíaca, na obstrução de
vias aéreas e também em alguns casos de envenenamento.
PUPILAS
As pupilas podem variar em tamanho, simetria e resposta à luz. Em condições
normais, as pupilas devem apresentar o mesmo diâmetro e possuir contornos regulares,
no entanto é possível determinar alterações de estado observando a mudança de
normalidade nas pupilas, como por exemplo:
● pupilas contraídas podem indicar lesão no Sistema Nervoso Central ou uso de
drogas;
● pupilas assimétricas podem ser indícios de traumatismo cranioencefálico (TCE) ou
acidente vascular cerebral (AVC);
● pupilas dilatadas podem ocorrer em caso de pouca luz, anóxia (falta de oxigênio)
ou hipóxia (pouco oxigênio), inconsciência, estado de choque, hemorragia, parada
cardíaca ou traumatismo cranioencefálico.
<GLOSSÁRIO> Acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como
derrame cerebral, é a doença neurológica que mais frequentemente acomete o sistema
nervoso e é a principal causa de incapacidades físicas e mentais. Ele ocorre quando o
suprimento de sangue para uma parte do cérebro é interrompido subitamente (AVC
isquêmico) ou quando um vaso sangüíneo no cérebro rompe, extravasando seu conteúdo
e dando origem a um hematoma, ou coágulo, que provoca sofrimento no tecido cerebral
(AVC hemorrágico). O AVC isquêmico é o mais comum e representa cerca de 85% dos
casos de derrames. Já o AVC hemorrágico, embora menos comum, apresenta maior
mortalidade.
Figura x - Exemplos de estado das pupilas
<ATENÇÃO> Lembre-se que as pupilas devem ser observadas contra a luz, de uma fonte
lateral ou à luz ambiente, preferencialmente em ambiente escurecido.
RECAPITULANDO
Nesta lição você aprendeu como é importante conhecer os sinais e sintomas de um
paciente e a maneira de interpretar o que se toma como sinais diagnósticos, pois eles
poderão nos dar uma melhor interpretação do possível trauma ou emergência clínica que
o paciente pode ter ou estar sofrendo.
Logo, é muito importante saber reconhecer e conhecer os métodos manuais e
eletrônicos de se avaliar os pacientes e descobrir qual seu sinal diagnóstico.
AVALIAÇÃO DA LIÇÃO
1. Descreva com suas palavras o conceito de sinais e sintomas:
Sinais: __________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Sintomas: _______________________________________________________________
________________________________________________________________________
2. Quais os sinais diagnósticos normais de adultos?
FR: ___________________________________________________________________
FC: ___________________________________________________________________
PA: ___________________________________________________________________
ºC: ___________________________________________________________
3. Quais os sinais diagnósticos normais de lactentes?
FR: ___________________________________________________________________
FC: ___________________________________________________________________
4. Quais os sinais diagnósticos normais de crianças?
FR: ___________________________________________________________________
FC: ___________________________________________________________________
5. Como detectar pele cianótica em pessoas negras?
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Referências
● Corpo de Bombeiro Militar de Santa Catarina. Manual de capacitação em atendimento básico a emergências /
Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Organizado por Jorge Artur Cameu Júnior -- Florianópolis,
2020. Disponível em: https://ensinovirtual.cbm.sc.gov.br/pluginfile.php/58930/course/section/131/
Manual%20capacitac%CC%A7a%CC%83o%20CBAE%20-%20revisado.pdf. Acesso em: 07 mar. 2022
ROTINA DE ATENDIMENTO EM SITUAÇÕES
DE TRAUMA E CASOS CLÍNICOS
Emergências de trauma
O trauma caracteriza um amplo rol de lesões causadas por uma força externa
devido a acidentes, violência ou auto-agressão. Entre as causas mais comuns de trauma
de maior gravidade estão os acidentes veiculares, os atropelamentos, os ferimentos por
arma de fogo e por arma branca, as quedas de altura, as queimaduras, os afogamentos e
a agressão interpessoal.
A maneira como o corpo humano troca energia com o mecanismo de lesão durante
um acidente é determinante na compreensão dos mecanismos de trauma e na
determinação das possíveis lesões apresentadas pelo paciente. Dessa forma, um trauma
pode ser categorizado de acordo com o mecanismo de lesão que o causa: trauma
fechado, trauma aberto ou a combinação de ambos.
Os dois tipos de trauma – fechados e abertos- criam cavidades temporárias ou
permanentes, forçando os tecidos a deslocarem-se para fora de sua posição normal.
No trauma fechado, também chamado de contuso, as lesões poderão ser
produzidas por compressão ou pela desaceleração dos tecidos abaixo da pele, porém não
existe perda da continuidade na superfície, ou seja, a pele continua intacta. Estes
ferimentos podem variar o grau de lesão abaixo da pele até lesões severas em órgãos
internos.
Já no trauma aberto, as lesões são produzidas pelo rompimento ou pela
separação dos tecidos, ocorrendo uma perda de continuidade da superfície cutânea, ou
seja, a pele fica aberta ao ambiente externo. Estes ferimentos podem variar desde uma
simples escoriação à uma amputação, e independente da gravidade do ferimento, todos
os curativos são dirigidos para o controle de hemorragias e a prevenção de
contaminações. As principais lesões abertas conhecidas são:
● abrasões ou escoriações - ferimento leve em que as camadas mais
superficiais da pele são raspadas, deixando a região em carne viva.
● ferimentos incisos - corte bem definido feito por um material cortante.
● lacerações - ruptura irregular causada por esmagamento ou dilaceração;
● ferimentos penetrantes ou perfurantes - ferimento que apresenta uma
pequena abertura ao ambiente externo.
● avulsões – perda de tecido moles de forma violenta;
● amputações – perda de todo o membro ou parte dele;
● eviscerações – exposição das vísceras através do ferimento aberto.
Ao longo do manual, serão apresentados os mais diversos tipos de traumas
encontrados no APH, com o respectivo atendimento adequado para cada situação.
Emergências clínicas
As emergências clínicas são estados graves de saúde que não foram causados por
nenhum fator externo e são, normalmente, consequências de doenças pré-existentes,
cuja causa não inclui violência sobre a vítima. Caso o paciente esteja se sentindo mal ou
apresentando sinais vitais atípicos, deve-se assumir que ele está tendo uma emergência
clínica.
As emergências clínicas podem ser de diversos tipos, como respiratórias (ex.:
asma), cardíacas (ex.: infarto), neurológicas (ex.: síncope), entre outras (ex.: diabetes).
Cada uma delas apresenta características específicas que devem ser conhecidas pelo
socorrista, bem como o respectivo tratamento deve ser empregado. Na lição 11 serão
abordadas as principais emergências clínicas encontradas no ambiente pré-hospitalar.
DIMENSIONAMENTO DA CENA
Independente se a emergência é clínica ou de trauma, o dimensionamento da cena
deve ser realizado pelos socorristas logo que cheguem à cena, sendo uma forma de
estabelecer prioridades, como garantir a segurança de todos os envolvidos, a análise
dos riscos presentes, a identificação da quantidade de vítimas e do mecanismo da lesão,
servindo como parâmetros para decidir sobre a necessidade ou não de acionar recursos
adicionais. Somente após o dimensionamento da cena é que o processo de avaliação e
atendimento pode ser direcionado especificamente ao paciente.
Durante esta etapa, deve-se também avaliar a biomecânica do trauma (se for
uma situação de trauma). A capacidade de avaliar o cenário de um acidente, identificando
os mecanismos físicos ou as forças que atuaram na produção de lesões nas vítimas
constitui uma habilidade importante para qualquer socorrista, pois propiciará que ele
identifique lesões potenciais, associadas ao padrão de transferência de energia em
determinadas situações, mesmo que o paciente não apresente sinais externos evidentes
de trauma.
Abordagem do paciente
Ao estabelecer contato visual com o paciente, sem aproximar-se ainda, o socorrista
deve ser capaz de formar uma impressão geral deste, definindo previamente sua
responsividade e identificando evidências de hemorragias graves e comprometimentos de
vias aéreas, respiração e circulação. Essas informações levantadas de maneira
antecipada já servem como parâmetro para o socorrista traçar o seu plano de ação
mental, conforme abordado na lição sobre o pensamento crítico.
Já no momento da abordagem, caso o paciente tenha sido identificado como
inconsciente durante a formação da impressão geral, o socorrista deve realizar estímulos
verbais e dolorosos (nesta sequência) para despertar nele alguma ação responsiva. Se
mesmo após os estímulos, o paciente não apresentar nenhuma resposta, deve ser tratado
como irresponsivo.
<LEMBRE-SE> O mnemônico AVDI é utilizado para descrever o nível de consciência do
paciente e estabelecer o seu grau de responsividade, sendo A (alerta), V (responde a
estímulos verbais), D (responde a estímulos dolorosos) e I (irresponsivo).
<ATENÇÃO> Não se deve confundir o nível de consciência/responsividade do paciente
com a sua função neurológica, que é avaliado pela Escala de Coma de Glasgow.
Se o indivíduo já estiver alerta ou responder aos estímulos, o socorrista deve
apresentar-se como profissional do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e
oferecer atendimento. Caso seja dado o consentimento, pode-se questionar por exemplo
“o que aconteceu?”, no caso de trauma, ou “qual a sua queixa principal?”, no caso de
emergência clínica, observando se o paciente se sente confortável em responder e se a
resposta dada será coerente e explicada com frases completas, o que denota que suas
vias aéreas estão pérvias, sua função respiratória é suficiente para aguentar o discurso,
sua perfusão cerebral está adequada e sua função neurológica está razoável. Ou seja,
provavelmente, não há condições imediatas que ameacem a vida.
No caso de o paciente responder inadequadamente ao questionamento ou se
estiver irresponsivo, deve-se proceder com uma avaliação pormenorizada de todos estes
parâmetros de forma a identificar problemas graves que possam estar ameaçando a sua
vida.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
O foco da avaliação primária é a rápida identificação de condições que possam
resultar na perda da vida e a imediata intervenção para solucioná-las, quais sejam o
controle de hemorragias externas graves, a manutenção da permeabilidade das vias
aéreas, o controle adequado da ventilação e da oxigenação, e a manutenção da perfusão
e da função neurológica. Estes cuidados servem para proteger a habilidade do organismo
em manter uma oxigenação satisfatória, bem como a capacidade das hemácias em levar
oxigênio até os tecidos, prevenindo o choque e, consequentemente, evitando a morte.
Cumpre salientar que, embora a ordem da avaliação primária seja ensinada de
maneira sequencial, muitos dos seus passos podem ser realizados de maneira
simultânea, ou ainda, enquanto um socorrista realiza a avaliação de um parâmetro, o
outro realiza a intervenção necessária, otimizando o atendimento e reduzindo o tempo em
cena.
No atendimento de trauma, a sequência a ser adotada na avaliação primária é a
mesma preconizada pelo manual PHTLS:
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
A avaliação secundária é um exame mais detalhado realizado somente após o
manejo de todas as condições que ameaçavam a vida do paciente. O objetivo desta
avaliação é a identificação de lesões ou problemas não observados durante a avaliação
primária. Considerando que a avaliação primária foi realizada de maneira adequada, os
achados clínicos identificados durante a avaliação secundária serão apenas problemas
leves, como lesões menores ou problemas médicos que, se não tratados, poderão
proporcionar algum agravo ao paciente em certo momento.
De forma a manter reduzida e objetiva a sequência da avaliação secundária, o
socorrista deve realizar a aferição dos sinais vitais, a entrevista e o exame físico em
sequência, seguindo esta mesma ordem para pacientes de trauma e clínicos.
Entrevista
Após a aferição dos sinais vitais, o próximo passo da avaliação secundária é a
entrevista, uma etapa em que se busca obter informações importantes e dados relevantes
sobre o paciente a fim de se formar um breve histórico que deverá ser documentado na
ficha de APH e repassado posteriormente à unidade hospitalar responsável pela
continuidade do atendimento.
Vocês já devem ter percebido que a utilização de mnemônicos no campo da saúde
é uma constante e auxilia sobremaneira o socorrista na memorização de processos
importantes. Assim, para a realização da entrevista em traumas, adota-se o mnemônico
SAMPLE, exemplificado abaixo com perguntas objetivas e diretas que podem ser
realizadas pelo socorrista.
● (S)intomas: qual sua principal queixa? Está sentindo dor? Tem alguma
dificuldade para respirar? Está sentindo tontura ou fraqueza?
Exame Físico
O exame físico é a última etapa da avaliação secundária, sendo uma avaliação
necessária para identificar as lesões ou indícios de problemas médicos de menor
gravidade que não foram constatados durante a avaliação primária, executando as
intervenções necessárias, como imobilizações de membros e curativos em geral.
Se o paciente estiver com nível de consciência alterado ou for vítima de trauma
significativo, o exame físico deve ser detalhado, compreendendo uma avaliação completa
da cabeça aos pés (exame céfalo-caudal). Por outro lado, ao atender um paciente clínico
ou vítima de trauma localizado com adequado nível de consciência, o exame físico pode
ser dirigido a sua queixa principal ou à lesão evidente, tornando o exame detalhado
opcional.
Durante a realização do exame físico, o socorrista deve utilizar a abordagem “ver,
ouvir e sentir”, de forma a assegurar a obtenção de todas as informações possíveis
durante sua avaliação.
AVALIAÇÃO DA LIÇÃO
1. Descreva o conceito de dimensionamento da cena
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2. Descreva o conceito e os passos da avaliação primária
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3. Descreva o conceito e os passos da avaliação secundária
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Referências
● Campbell, John E. Alson, Roy L. ITLS - For emergency care providers. 8 ed. London: Pearson Education, 2016.
417 p.
● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. AMLS - Atendimento pré-hospitalar
às emergências clínicas. 2. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2018. 488 p.
● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS - Atendimento pré-hospitalar
ao traumatizado. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020. 762 p.
● O’ KEFFE, Mickael F. Emergency Care. New Jersey, 8 Ed., BRADY, 1998.
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Oxigênio
O oxigênio, imprescindível para a vida, é um gás inodoro, incolor, e sozinho não é
combustível, entretanto, é alimentador da combustão e reage violentamente com
materiais combustíveis. Ele está presente no ar ambiente num teor de aproximadamente
21%. Na medicina é largamente utilizado numa concentração de 100%.
Oxigênio medicinal:
O ar atmosférico fornece 21% de oxigênio ao paciente. Isto é suficiente para suprir
as necessidades da pessoa na vida diária. Desde que as vias aéreas estejam
funcionando apropriadamente, há bastante oxigênio para ser absorvido pelo sangue,
enquanto o coração e os vasos sanguíneos se encarregam de distribuir o sangue a todos
os tecidos do corpo. Quando um destes fatores falha, uma concentração maior de
oxigênio deve ser oferecida, para que possa alcançar todos os tecidos do corpo.
% DE OXIGÊNIO
DISPOSITIVOS FLUXO USO ESPECIAL
OFERECIDO
1 – 6 LPM 24% - 44%
1 LPM 24%
2 LPM 28% Maioria dos casos clínicos e pacientes
CATÉTER NASAL 3 LPM 32% com DPOC (1 ou 2 LPM) com baixas
4 LPM 36% concentrações.
5 LPM 40%
6 LPM 44%
Cânula Orofaríngea
Tubo plástico de forma curva que se adapta na superfície da língua do paciente. Os
tipos mais comuns de cânulas orofaríngeas utilizados no APH são as chamadas cânulas
de Guedel e cânulas de Berman. O primeiro é do tipo tubular e a segunda possui canais
ao longo de suas laterais. As cânulas orofaríngeas são acessórios que mantém a língua
afastada da parede posterior da faringe. As cânulas facilitam a aspiração e evitam que o
paciente morda.
Figura X - Cânula de Guedel e Berman respectivamente
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Aspirador Portátil
Aparelho utilizado para aspirar líquidos através de sucção. Composto pelo
aspirador, um frasco coletor e um tubo aspirador.
Figura X - Aspirador portátil manual
Fonte: CBMSC
Outros:
Cateter nasal, máscara facial com ou sem reservatório de O2, etc..
Aspiração
Habitualmente, os socorristas usavam o posicionamento do corpo do paciente e
seus dedos protegidos com luvas e compressas de gaze para limpar sangue, muco e
outros fluídos corpóreos das vias aéreas. Recentes recomendações indicam que as
equipes de socorristas devam aspirar as vias aéreas utilizando equipamentos de sucção,
tais como aspiradores portáteis ou fixos, no interior dos veículos de emergência.
Técnica de aspiração
● Inspecionar e preparar o equipamento;
● Posicionar adequadamente o paciente;
● Abrir a boca do paciente utilizando a técnica dos dedos cruzados;
● Inserir o cateter rígido na boca até atingir a faringe e iniciar a aspiração;
● Proceder a aspiração por cerca de quinze segundos e voltar a oxigenar.
● Repetir a técnica até desobstruir completamente as vias aéreas.
<LEMBRE-SE> Nunca aspire por mais de 15 segundos por vez!!!
Fonte: CBMSC
Frasco Umidificador
Copo confeccionado em plástico, onde circula o oxigênio para ser umidificado. Este
acessório é completado normalmente com água limpa ou soro fisiológico. Possui,
normalmente, capacidade de 300 ml.
Figura X - Copo umidificador de O2
Fonte: CBMSC
Frasco Aspirador
Copo confeccionado em vidro, destina-se a aspirar e coletar secreções através de
vácuo produzido pela passagem de oxigênio por um ejetor tipo venturi, normalmente
acoplado à tampa do frasco. Possui capacidade de 500 ml.
Fonte: CBMSC
Mangueiras e Máscara Facial Sem Reinalação
Tubo flexível confeccionado em silicone com aproximadamente 1,5m. É acoplado
ao equipamento e conduz o oxigênio até um cotovelo onde está conectada uma máscara
facial que permite a administração de O2 à vítima.
A máscara é utilizada para oferecer concentrações mais elevadas de oxigênio.
Assegure-se de inflar o reservatório antes de colocar a máscara na face do paciente.
Faça isso obstruindo com seu dedo a saída de ar da máscara. O fluxo mínimo, quando se
usa esta máscara é de 10 lpm.
Figura X - Mangueira e máscara sem reinalação
Fonte: CBMSC
Cateter Nasal
Oferece oxigênio pelas narinas do paciente através de duas cânulas plásticas.
Utilizada para oferecer baixas concentrações de oxigênio. Recomenda-se um fluxo
máximo de 6 lpm, pois além dessa quantidade o equipamento torna-se desconfortável ao
paciente.
Figura X - Catéter nasal
Fonte: CBMSC
Preparação do equipamento portátil de oxigenoterapia
Sistema circulatório
É um dos sistemas essenciais para assegurar a chegada de quantidades
suficientes de oxigênio para as células do corpo, ao mesmo tempo que remove produtos
residuais como o dióxido de carbono, dessa forma a lesão traumática envolvendo o
sistema circulatório também pode afetar o fornecimento de oxigênio para as células do
corpo.
Pulso
O pulso é mais facilmente palpável nos locais onde artérias calibrosas estão
posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro. Os pulsos mais comumente
usados são: carotídeo, braquial, femoral, radial, dorsal do pé e tibial posterior conforme
vimos na lição 1.
Sangue
A Composição do sangue: O sangue é formado por 2 partes: plasma (líquido
aquoso que contém sais, proteínas, etc) e os elementos figurados (células do sangue:
hemácias ou glóbulos vermelhos, leucócitos ou glóbulos brancos e as plaquetas ou
trombócitos). Funções do sangue: Transportar oxigênio e nutrientes para as células e
trazer para os pulmões o dióxido de carbono.
HEMORRAGIAS
Você certamente já ouviu falar em hemorragias, correto? Mas você sabia que
dependendo da localização do sangramento, uma hemorragia pode ser classificada em
interna ou externa?
Para iniciarmos nossa conversa, vamos compreender o termo hemorragia, ou
sangramento, o qual diz respeito a uma perda de sangue do sistema circulatório em
virtude da ruptura de alguma estrutura vascular (veia, artéria ou capilar). É importante
frisar que a gravidade de uma hemorragia vai depender basicamente da quantidade e da
velocidade com que o sangue é perdido.
Vamos ver em que as hemorragias internas e internas se assemelham e
diferenciam?
Em uma hemorragia interna, o sangramento não é visível, ou seja, o sangue
extravasado dos vasos sanguíneos fica acumulado em alguma cavidade. Por conta dessa
dificuldade em se identificar uma hemorragia interna, esta é uma situação bem grave que
pode provocar um choque hipovolêmico e levar a vítima à morte. O mais importante para
o socorrista do atendimento pré-hospitalar básico é a suspeição de uma possível
hemorragia interna, para que seja feita uma correta decisão na prioridade de transporte
do paciente.
Por outro lado, em uma hemorragia externa, o sangramento é facilmente
identificado ao se olhar para o ferimento por onde o sangue está saindo. Este tipo de
hemorragia pode apresentar-se ainda de maneiras distintas de acordo com o tipo de vaso
sanguíneo que foi lesionado:
a) Hemorragia capilar: causada por abrasões que acabam lesionando os
capilares situados sob a pele. O sangue sai lentamente por estes vasos menores, sendo
que sua coloração é menos viva que na hemorragia arterial. É um tipo de hemorragia que
geralmente não é letal.
b) Hemorragia venosa: causada pela laceração de uma veia, situada em camadas
mais profundas do tecido epitelial. O sangue sai lento e contínuo na cor vermelha escura,
e o sangramento pode ser controlado normalmente por pressão direta. É um tipo de
hemorragia que normalmente não é letal, a não ser que atinja uma veia importante ou que
o tratamento seja demorado demais.
c) Hemorragia arterial: causada pela laceração de uma artéria. Geralmente é
caracterizada pela saída de sangue pulsátil de coloração vermelho vivo, ou então pode
também se apresentar como um vazamento rápido e contínuo através de um ferimento.
Esse é o tipo de sangramento mais preocupante e difícil de se controlar.
Uma hemorragia grave, que não seja controlada em tempo hábil, pode fazer com
que o paciente entre em estado de choque hipovolêmico. Por este motivo, o controle das
hemorragias externas graves deve ser realizado logo no início do atendimento a uma
vítima de trauma, pois o risco de morte associado ao choque hipovolêmico é
extremamente elevado, conforme abordado na lição 12.
Um paciente com hemorragia externa pode apresentar agitação, palidez, sudorese
intensa, pele fria, pulso acelerado (taquicardia), respiração rápida (taquipnéia), pressão
baixa (hipotensão), perfusão inadequada (mais de 2 segundos), sede, fraqueza e pressão
diastólica não mensurável.
Curativo compressivo
O curativo compressivo consiste basicamente em um rolo de atadura ou maço de
gaze bem enrolado e compactado, colocado diretamente sobre o ferimento, e depois
envolto firmemente por uma atadura, de preferência elástica, o que vai manter a pressão
sobre o ferimento e conter o sangramento
Existem ainda opções comerciais previamente construídas para realizar a mesma
função de pressão, como a bandagem israelense.
Torniquete
O torniquete é um dispositivo de constrição ou compressão utilizado para controlar
o fluxo sanguíneo, arterial e venoso, numa porção de uma extremidade por um período de
tempo. Ele deve ser aplicado tão logo se observe que a pressão manual e o curativo
compressivo não estão sendo suficientes para controlar a hemorragia (não se deve haver
sequência no controle de hemorragias, e sim a correta identificação de lesões que
oferecem risco de morte, ou seja, por exemplo, um corte grande na artéria femoral não
adiantará pressão direta, curativo compressivo e somente após o torniquete, isso não
funcionará. O torniquete tem que ser aplicado de imediato, e na hipótese de falta de
torniquete, o preenchimento da lesão e compressão direta), ou tão logo que o socorrista
perceba que esta é a única opção viável para o caso em questão (ex.:: amputação de
membro com sangramento ativo).
Há uma relação direta entre a quantidade de pressão exigida para controlar uma
hemorragia e o tamanho do membro. Logo, para obter o controle da hemorragia, um
torniquete deverá ser colocado com mais pressão em uma perna do que em um braço.
Sua utilização deve ser conforme abaixo:
1. Como a aplicação do torniquete gera dor, avise o paciente sobre o procedimento e
a possibilidade de gerar dor.
2. Aplique o torniquete bem próximo e acima do local da lesão hemorrágica, de forma
a impedir a comunicação arterial entre o coração e a lesão. A aplicação deve ser
firme o suficiente para bloquear o fluxo arterial e venoso e impedir o pulso distal.
3. Tenha certeza de que o dispositivo de rotação do torniquete ficou firme, sem
possibilidade de soltar.
4. Anote a data e o horário da aplicação em local visível.
5. Uma vez aplicado, mantenha o local do torniquete descoberto, permitindo assim
sua fácil visualização e monitoramento.
Choque Hipovolêmico
Em vítimas de trauma, é o tipo de choque mais comumente encontrado, sendo sua
causa primária a hemorrágica, ou seja, a perda de volume sanguíneo, comprometendo a
capacidade de absorção de oxigênio pelas células. Essa perda de volume diminui o
líquido circulante, mas o reservatório mantém seu tamanho normal, causando um
desequilíbrio no sistema. Também pode ser causado pela perda de outros fluidos de
modo intenso como em vômitos e diarreias, porém de pouca incidência em traumas.
Como visto anteriormente, a perda sanguínea provoca um estímulo que faz com que o
coração aumente a força e a frequência das contrações, e os vasos se contraiam para
adequarem-se ao volume de sangue restante. Devido a essa vasoconstrição, o organismo
passa a priorizar a oferta de oxigênio para os órgãos mais importantes, em detrimento dos
demais.
Nos momentos iniciais da perda sanguínea, o organismo é capaz de compensar a
redução de volume com alguns mecanismos fisiológicos como o aumento da frequência
cardíaca e da pressão sanguínea, situação esta que caracteriza um choque
compensado.
Todavia, quando o sistema não consegue mais compensar o volume perdido,
mesmo após adotar o aumento do ritmo cardíaco e a vasoconstrição, a pressão arterial do
paciente cairá, lenta ou vertiginosamente, dependendo da velocidade da perda de
volume. Esse estágio de diminuição repentina da pressão arterial marca a evolução do
quadro para um choque descompensado, que é extremamente grave e sinaliza o risco
iminente de morte. Sem uma resposta rápida e adequada, tanto no ambiente pré
hospitalar como após a entrada no hospital, o choque se tornará irreversível e levará a
morte.
Choque Distributivo
Também conhecido como choque vasogênico, é causado pelo aumento do
reservatório ou dilatação dos vasos, sem que haja um aumento do volume sanguíneo. Em
pacientes de trauma, está geralmente associado a lesões de medula espinhal. Tal
condição causará um hipotensão neurogênica, ou seja, hipotensão sem a presença
de taquicardia, o que é um grande diferencial e indicativo de prognóstico em relação ao
choque hipovolêmico. Assim como a ausência de taquicardia, outros sinais poderão
diferenciar os tipos de choque.
Ainda podemos enquadrar na categoria do choque distributivo:
● choque anafilático: causado por contato com agente alérgico e provocando uma
reação sever;
● choque séptico: falência circulatória aguda causada por agente infeccioso;
● choque respiratório: causado devido a falência do sistema respiratório.
Choque Cardiogênico
Ele é dividido em duas causas: intrínseca, ou seja, resultado de um dano direto ao
coração, e extrínseca, resultado de um problema externo ao coração mas que interfere
diretamente em seu funcionamento.
Podemos destacar como causas intrínsecas: dano ao músculo cardíaco, que pode
ser qualquer lesão direta que altere o funcionamento normal do coração e pode causar
uma contusão cardíaca. Ou uma ruptura valvar, que pode resultar em regurgitação valvar
aguda que desenvolverá uma insuficiência cardíaca congestiva, manifestada por edema
pulmonar e posterior choque.
Entre as causas extrínsecas estão o tamponamento cardíaco, que é quando o
líquido presente no saco pericárdico impede que o coração se encha por completo
durante sua fase de relaxamento do ciclo cardíaco e o pneumotórax hipertensivo, que é
causado quando um dos lados da cavidade torácica se enche de ar e não permite a
completa expansão do pulmão. Ambas condições serão tratadas com mais detalhes na
lição 6 (avaliação e manejo de trauma torácico).
Recapitulando
Nesta lição, você aprendeu a primeira etapa da avaliação primária, que é o controle
de hemorragias externas graves. Apresentamos o conceito de hemorragia, os tipos de
hemorragia (interna e externa) e os principais indicativos (agitação, palidez, sudorese
intensa, pele fria, taquicardia, taquipneia, hipotensão etc.). Além disso, você ainda
aprendeu a diferenciar hemorragia capilar, venosa e arterial.
Em seguida, foi apresentado a você as quatro principais formas de contenção de
hemorragias externas: pressão manual direta, curativo compressivo, torniquete e gaze
com agente hemostático. Não se esqueça que o principal fator de controle de
hemorragias é o uso correto de curativos e a aplicação de pressão direta no local.
Você viu também que a utilização do torniquete só se dá quando não é viável, ou
não se mostraram efetivos, a pressão direta e o curativo compressivo.
Também, foram apresentadas a você as principais manobras manuais que podem
ser realizadas para desobstruir as vias aéreas, tanto em vítima de traumas como em
casos clínicos. Além disso, você viu também que a aspiração é um procedimento que
pode ser realizado para remover fluidos que estejam obstruindo as vias aéreas.
Conheceu um pouco mais sobre os tipos de choque que ocorrem em ocorrências
de trauma, destacando-se o choque hipovolêmico, em que há a perda de volume
sanguíneo, comprometendo a capacidade de absorção de oxigênio pelas células. Bem
como, pode compreender como identificar uma situação de choque e o seu manejo
adequado.
Por fim, apresentamos que a rápida identificação e manejo do paciente vítima de
choque traumático será essencial na determinação do desfecho do caso.
Avaliação da lição
1. Defina hemorragia e cite os 3 tipos de hemorragias externas:
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2. Cite 5 sinais ou sintomas que um paciente com hemorragia pode apresentar:
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3. Cite as 4 formas de contenção de hemorragias externas:
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4. Indique uma situação em que o torniquete deve ser utilizado:
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Referências
● American College of Surgeons (ACS). Stop the bleed: save a life. Surgical Specialists of Colorado, 2017.
Disponível em: https://ssoc.com/stop-the-bleed/. Acesso em: 12 mar. 2021.
● FURST, John. What are the different types of bleeding in first aid? First aid for free, 2017. Disponível em:
https://www.firstaidforfree.com/what-are-the-different-types-of-bleeding-in-first-aid/. Acesso em: 11 mar. 2021.
● Fonte: HEALTH, Adam. Bleeding. Healthing.ca, 2019. Disponível em: https://www.healthing.ca/injury/bleeding.
Acesso em: 10 mar. 2021.
● UNITED STATES DEPARTMENT OF HOMELAND SECURITY. Wound packing essentials. American Medical
Response (AMR), 2017. Disponível em:
https://www.amr.net/about/medicine/stopthebleed/stb-wound-packing-applying-tourniquet.pdf. Acesso em: 11
mar. 2021.
● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS: Prehospital Trauma Life
Support. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020.
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REVISÃO DA ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório compreende o nariz, a boca, a faringe, a laringe, a epiglote,
a traqueia, a árvore brônquica, os pulmões e os músculos respiratórios.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-respiratorio
Acesso em 08-03-2022
Sinais da Respiração
Vítima que respira:
● O peito e o abdômen se elevam e abaixam bilateralmente conforme a vítima inspira
ou expira o ar;
● O socorrista pode sentir e ouvir o ar saindo pela boca e o nariz do paciente de
forma harmônica;
Ventilação de Resgate
O ar atmosférico possui cerca de 21% de oxigênio. Dos 21% inalados,
aproximadamente 5% são utilizados pelo corpo e os 16% restantes são exalados,
quantidade suficiente para manter viva uma vítima durante as manobra de ventilação de
resgate.
As técnicas de ventilação de suporte são: Boca-a-boca; Boca-máscara;
Boca-boca-nariz, e Boca-estoma.
Fonte: CBMSC
CONCEITO DE OVACE
É a obstrução súbita das VA superiores causada por corpo estranho. A OVACE
(Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho) em adultos geralmente ocorre durante a
ingestão de alimentos e, em crianças, durante a alimentação ou a recreação (sugando
objetos pequenos) e em lactentes com leite materno.
Tipos de Obstruções
Existem dois modos de obstrução, a leve, quando ainda há passagem de ar pelas
vias aéreas, ou seja, a pessoa consegue respirar, embora com muita dificuldade, e a
obstrução grave, na qual a obstrução é total e a pessoa não consegue respirar. Há
algumas maneiras com as quais a pessoa pode se obstruir:
● Obstrução pela língua;
● Obstrução pela epiglote;
● Obstrução por corpos estranhos;
● Obstrução por danos aos tecidos;
● Obstrução por patologias (enfermidades)
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Referências
● First Aid - CPR - infant - series.
<https://ssl.adam.com/content.aspx?productid=617&pid=3&gid=100216&site=makatimed.adam.com&login
=MAKA1603> Acesso em 09/03/2022
● CPR - child 1 to 8 years old - series - Chest compressions: MedlinePlus Medical Encyclopedia
<https://medlineplus.gov/ency/presentations/100215_2.htm> Acesso em 09/03/2022
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PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
Quantas vezes você já ouviu falar de parada cardiorrespiratória (PCR)? Muitas,
não é mesmo? Em que consiste uma PCR? A parada cardiorrespiratória pode ser definida
como uma cessação súbita e inesperada da função cardíaca, comprometendo
diretamente a circulação sistêmica e estando associada à ausência total de respiração.
Apesar de haver disparidades no registro de dados no Brasil, estima-se que a quantidade
de PCR Extra-Hospitalar (PCREH) gire em torno de 100 mil ocorrências anuais,
caracterizando, portanto, um sério problema de saúde pública.
O surgimento de uma PCR pode ser repentino ou sequencial a outros sintomas, de
forma que, se as medidas adequadas não forem tomadas a tempo, pode ser uma
situação fatal.
Deve-se ter em mente que a ocorrência de uma parada cardiorrespiratória
comumente está associada a doenças cardiovasculares prévias, contudo, pode ser
resultante também de um trauma, um choque circulatório, um choque séptico, entre
outras condições graves.
Como a parada cardiorrespiratória interrompe simultaneamente a circulação
sanguínea e a hematose (troca gasosa), a pior complicação decorrente desta condição é
a hipóxia (saturação de oxigênio menor que 94%). Isso se deve ao fato de o cérebro não
suportar a falta de oxigenação, geralmente, por períodos maiores do que cinco minutos, o
que pode ocasionar graves lesões cerebrais. A depender da demora para reverter esta
situação, o paciente pode apresentar sequelas irreversíveis ou, inclusive, morte cerebral.
Apesar dos avanços recentes, menos de 40% dos adultos recebem ressuscitação
cardiopulmonar (RCP) precoce iniciada por leigos e menos de 12% têm um Desfibrilador
Externo Automático (DEA) aplicado antes da chegada dos socorristas. Segundo a
American Heart Association (AHA), cada minuto de demora para início da RCP
corresponde a uma queda de 10% nas chances de sobrevida do paciente. Ressalta-se
que a RCP imediatamente iniciada por alguém próximo pode dobrar, ou até triplicar, as
chances de sobrevida.
O sucesso e/ou a efetividade na recuperação de uma parada cardiorrespiratória
depende de uma série de intervenções pré e intra hospitalares. Se uma dessas ações for
negligenciada, retardada ou esquecida, a recuperação da vítima poderá não acontecer. A
partir disso, a AHA criou o conceito da Cadeia da Sobrevivência (acionamento precoce,
RCP de alta qualidade, desfibrilação, ressuscitação avançada, cuidados pós-PCR e
recuperação), sendo uma metáfora para informar a respeito da importância da
interdependência de cada uma dessas ações.
Figura XX - Cadeia de Sobrevivência
Identificação da PCR
Ao sofrer com uma parada cardiorrespiratória, o indivíduo apresenta alguns sinais
típicos que devem ser prontamente identificados pelo socorrista como cianose,
inconsciência, ausência de pulso central e ausência de movimentos respiratórios.
Compressões torácicas
Você deve estar se perguntando: como devo proceder nas compressões torácicas?
Antes de mais nada, é importante estar atento aos principais aspectos a serem
observados nas compressões torácicas, são eles:
● superfície de apoio;
● exposição do tórax;
● posicionamento das mãos;
● frequência, profundidade;
● retorno do tórax a cada compressão; e
● interrupção mínima.
Antes de iniciar as manobras de compressão, o socorrista deve inicialmente
posicionar o paciente em decúbito dorsal sobre uma superfície de apoio rígida (ex.: chão,
prancha rígida etc.) e realizar a exposição do tórax, afastando ou cortando as suas
vestes.
Posteriormente, em adultos e crianças, deve-se colocar a região hipotenar de uma
mão sobre a metade inferior do esterno e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a.
Estende-se os braços e os mantenha cerca de 90º em relação ao tórax do paciente.No
caso de crianças pequenas, para reduzir a força utilizada, pode-se utilizar apenas uma
das mãos. Em bebês, deve-se posicionar perpendicularmente ao tórax 2 dedos (médio e
anelar) logo abaixo da linha intermamilar.
<DESTAQUE ATENÇÃO> Nunca se deve tentar aliviar a distensão gástrica com pressão
manual sobre a parte superior do abdômen do paciente. Esta ação por si só poderá
causar episódio de vômito inesperado. <DESTAQUE ATENÇÃO>
Em virtude dos riscos presentes durante a realização das ventilações (ex.: vômito,
broncoaspiração, infecções etc.), não é recomendado o procedimento de ventilação boca
a boca, devendo o socorrista utilizar dispositivos que proporcionem uma barreira
adequada de segurança, como a máscara portátil de RCP (1 socorrista) e a
bolsa-válvula-máscara (2 socorristas). Dessa forma, caso o socorrista não possua
nenhum destes dispositivos na cena e não se sinta seguro para realizar as ventilações
sem proteção, ele pode optar por executar compressões contínuas até a chegada de
algum deles.
Desfibrilação
Durante uma PCR, os batimentos cardíacos passam a ser regidos por um ritmo em
que não é possível garantir um débito cardíaco mínimo capaz de proporcionar uma
perfusão adequada dos órgãos e, consequentemente, não permitindo a identificação do
pulso central de um indivíduo. Os quatro ritmos cardíacos diferentes que ocorrem na
parada cardiorrespiratória são:
1. Assistolia: interrupção da atividade elétrica e ausência de ritmo cardíaco.
2. Atividade elétrica sem pulso (AESP): presença de atividade elétrica normal no
miocárdio sem resposta eficaz dos movimentos de contração.
3. Taquicardia ventricular sem pulso (TV): sucessão acelerada de contrações
ectópicas ventriculares.
4. Fibrilação ventricular (FV): contração irregular e descoordenada do coração
em virtude de uma atividade caótica das fibras miocárdicas.
Avaliação da lição
1. Cite os itens da cadeia de sobrevivência da AHA:
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2. Descreva os 4 sinais típicos de PCR:
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3. Identifique os 2 ritmos chocáveis pelo DEA:
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4. Opere corretamente um DEA. (atividade prática)
Referências
● American Heart Association. Diretrizes da AHA 2015, 2017 e 2019 e 2020 para RCP e ACE.
● ATENDIMENTO pré-hospitalar ao traumatizado: PHTLS. 9. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2020.
● DIMAVE. Novidades Physio control. Dimave Equipamentos Médicos, 2016. Disponível em:
https://blog.dimave.com.br/physio-control/. Acesso em: 06 jul. 2021.
● ILCOR. 2017 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care
Science With Treatment Recommendations Summary. Circulation. 2017;136:e424–e440.
● Olasveengen et al. Adult Basic Life Support 2020: International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation
and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment Recommendations. Circulation. 2020;142(suppl
1):S41–S91. DOI: 10.1161/CIR.0000000000000892
● Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados
Cardiovasculares de Emergência. Arq. Bras. Cardiol. vol.113 no.3 São Paulo Sept. 2019 Epub Oct 10, 2019.
● Zandomenighi, RC, Martins, EAP. Análise epidemiológica dos atendimentos de parada cardiorrespiratória. Rev
enferm UFPE on line., Recife, 12(7):1912-22, jul., 2018.
● Diretrizes de 2020 da American HearŁ AssociaŁion (AHA) para ressusciŁação cardiopulmonar (RCP). Editor da
versão em português: Hélio Penna Guimarães, MD, PhD, FAHA. Acesso em 22 de março de 2022 em
<<https://22brasil.com/wp-content/uploads/2021/02/Atualizacao-Associacao-Americana-do-Coracao-2020-PT-P
DF-22Brasil-Treinamentos-em-PDF.pdf>>
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE), DE PESCOÇO E
FACE, TORÁCICO, ABDOMINAL E PÉLVICO
Uma vítima de trauma cranioencefálico (TCE) pode sofrer diversos tipos de danos,
que incluem lesões no couro cabeludo, na face, no crânio e no cérebro. Tendo em vista
essa multiplicidade de lesões possíveis, o socorrista deve estar plenamente capacitado
para identificar corretamente e tratar cada um desses agravos. Vamos aprender sobre
cada um deles?
LESÕES FACIAIS
As lesões faciais podem compreender desde um trauma de tecido mole de menor
gravidade (exemplo: corte na pálpebra), até um trauma severo associado ao
comprometimento das vias aéreas ou choque hipovolêmico.
O comprometimento das vias aéreas pode ocorrer por conta de lesões estruturais
ou alterações anatômicas resultantes do trauma ou da presença de líquidos ou objetos
estranhos. Essas alterações estruturais podem incluir deformidades dos ossos da face,
fraturas ou contusões sofridas pelos tecidos.
Como a cabeça tem uma alta concentração de vasos sanguíneos, as lesões nesta
área muitas vezes levam a um sangramento importante, possibilitando que sangue e
coágulos formados possam prejudicar a permeabilidade das vias aéreas. A ingestão de
sangue associada ao trauma cranioencefálico em si podem induzir o paciente ao vômito,
levando também ao bloqueio das vias aéreas. Além disso, traumas faciais podem
ocasionar fraturas, amolecimento ou queda dos dentes na luz das vias aéreas,
obstruindo-as. Ainda, se houver objetos transfixados na bochecha que apresentem risco
de obstrução das vias aéreas, eles devem ser removidos se possível.
Em adição às fraturas nos ossos da face, o trauma facial costuma estar associado
a danos nas estruturas da órbita e do globo ocular, como resultado direto da lesão.
Embora a lesão ocular em si não seja comum, deve ser considerada sempre que houver
trauma facial, pois o tratamento adequado da lesão ocular aumenta a taxa de salvação da
visão do paciente.
FRATURAS DE CRÂNIO
Uma fratura em crânio pode ser classificada em aberta ou fechada, dependendo
basicamente da região atingida e da intensidade do trauma sofrido.
Em uma fratura de crânio aberta, o socorrista pode observar que os ossos
cranianos estão quebrados e afundados (deformados), servindo como uma porta de
entrada para microorganismos e sujeitando o paciente à ocorrência posterior de
meningite. Se a camada dura-máter for lacerada no trauma, partes do tecido cerebral ou
líquido cefalorraquidiano podem extravasar através do ferimento.
Uma fratura de crânio fechada pode ocorrer com ou sem afundamento, o que é
identificado visualmente ou por meio de um exame cuidadoso de palpação. Mesmo não
havendo afundamento, existe um alto risco de haver hematomas intracranianos, que
ocupam espaço ali e tendem a aumentar a pressão intracraniana (PIC). Paralelamente, se
houver o afundamento no crânio, como ocorre diretamente a diminuição do espaço
intracraniano, a PIC acaba também se elevando.
Adicionalmente, existe ainda o caso de fratura de base de crânio, em que o
trauma lesiona o osso temporal da cabeça e pode, inclusive, danificar as meninges e
possibilitar o vazamento de sangue e líquido cefalorraquidiano através do ferimento ou
por orelhas e nariz. Nessa situação, o paciente pode apresentar tardiamente alguns sinais
característicos, como equimose e edema periorbital (Sinal do Guaxinim) e equimose
retroauricular (Sinal de Battle).
Pneumotórax
Conforme já apontado, o pneumotórax é uma situação extremamente grave que,
se não corrigida, pode levar o paciente à morte em pouco tempo. Nele, o ar presente no
interior do espaço pleural acaba por comprimir o pulmão do lado lesionado, vindo este a
colapsar. Ele está presente em cerca de 20% das lesões torácicas graves e pode ser
classificado em: simples, aberto e hipertensivo.
Um pneumotórax simples, conhecido também como pneumotórax fechado,
ocorre quando há entrada de ar no espaço pleural sem atingir a integridade da caixa
torácica. É uma situação comum em traumas fechados que fraturam as costelas, fazendo
com que o osso fraturado lesione, por penetração, as membranas pleurais e o pulmão, o
que permite a passagem de ar do pulmão para o espaço pleural.
Já o pneumotórax aberto, chamado também de ferida torácica aspirativa, ocorre
comumente em lesões penetrantes por armas de fogo e armas brancas, e raramente em
traumas contusos. Nesta situação, é garantida uma comunicação entre o ambiente
externo e a cavidade torácica, permitindo a entrada de ar também pelo ferimento para o
espaço pleural.
Por fim, o pneumotórax hipertensivo é uma situação que evolui diretamente do
pneumotórax simples, em que ocorre a entrada contínua de ar no espaço pleural e não
ocorre a saída, como no pneumotórax aberto. Nesse caso, o excesso de ar aumenta a
pressão intratorácica, comprometendo a capacidade ventilatória e o retorno venoso ao
coração (caracterizado pela distensão da veia do pescoço). O agravamento contínuo
dessa situação pode fazer com que o mediastino seja empurrado no sentido contrário à
lesão, levando, inclusive, ao desvio da traqueia.
Essa tríade de pulmão em colapso, movimento do mediastino e respiração ineficaz
é o início de uma rápida deterioração do paciente e inabilidade da vítima em manter a
oxigenação. Essa situação leva rapidamente o paciente a uma condição de choque
obstrutivo e, consequentemente, à morte.
Considerando as particularidades de cada um dos tipos de pneumotórax, o
socorrista vai se deparar com um paciente apresentando dor torácica, dispneia
importante, desconforto respiratório, taquicardia, hipotensão, elevação do hemitórax sem
movimento respiratório e, tardiamente, cianose.
Ao lidar com este tipo de vítima, o socorrista deve inicialmente tamponar o local do
ferimento, usando a própria mão protegida por luvas, cobrir o ferimento com um curativo
oclusivo valvulado (selo de tórax) ou fazer um curativo oclusivo com plástico ou papel
alumínio (curativo de três pontas), o que vai bloquear a entrada de ar na inspiração mas
permitir a sua saída na expiração. Se houver um segundo ferimento na caixa torácica
(exemplo: saída de projétil), deve-se cobrir o ferimento com um curativo oclusivo fechado.
Finalmente, ministrar oxigênio suplementar a 15 litros/minuto e conduzir o paciente para o
hospital com urgência.
Hemotórax
Esta situação caracteriza-se pelo acúmulo de sangue no espaço pleural, devido a
uma descontinuidade da membrana pleural associada a alguma hemorragia próxima à
abertura na pleura. A fisiopatologia desta condição é semelhante ao pneumotórax, sendo
que, em vez de ar, ocorre acúmulo de fluido no espaço pleural.
É importante frisar que o espaço pleural pode comportar cerca de 3 litros de
sangue antes de colapsar o pulmão. Aliás, vale lembrar que, em média, um adulto possui
cerca de 5 litros de sangue circulante, ou seja, uma perda de sangue dessa magnitude
leva inevitavelmente a um quadro de choque hipovolêmico antes dos efeitos prejudiciais à
respiração da vítima.
Ao se deparar com um paciente com hemotórax, o socorrista deve notar sinais
como dor no peito, respiração curta e sinais de choque (taquicardia, taquipneia, confusão,
palidez e hipotensão).
Ao identificar um hemotórax na vítima, o socorrista deve fornecer-lhe oxigênio em
alta concentração (15 litros/minuto), monitorar e prevenir o estado de choque, e
transportá-la com urgência para o hospital. Caso haja pneumotórax associado, proceder
conforme protocolo específico de pneumotórax.
Tamponamento cardíaco
O tamponamento cardíaco ocorre quando um ferimento no coração permite a
entrada de fluidos, normalmente sangue, que se acumulam entre o pericárdio e o músculo
cardíaco, sendo similar ao que ocorre em um pneumotórax. Esta é uma situação que
acontece com mais frequência no ferimento penetrante do tórax, mas pode acontecer
também em contusões torácicas mais graves.
Como o pericárdio não é elástico, o sangue acumulado ali rapidamente aumenta a
pressão sobre o coração, impedindo o retorno venoso e reduzindo o débito cardíaco e a
pressão arterial. A cada batimento, o coração pode bombear mais sangue para o
pericárdio até o ponto de ficar impedido de realizar novas contrações, resultando em um
choque cardiogênico e, posteriormente, em uma situação grave conhecida por atividade
elétrica sem pulso (AESP).
Um paciente com tamponamento cardíaco pode apresentar distensão jugular,
hipotensão, sinais de choque e/ou atividade elétrica sem pulso, situação indicada pelo
desfibrilador automático (DEA) ao não indicar o choque. A fim de suspeitar da ocorrência
de tamponamento cardíaco, o socorrista deve aliar a identificação desses achados com o
mecanismo e a localização da lesão.
Os procedimentos a serem adotados pelo socorrista no atendimento pré-hospitalar
são o suporte ventilatório e de oxigenação, e a prevenção do choque.
Ferimentos no pescoço
Estes tipos de ferimentos ocorrem por traumas abertos de pescoço, geralmente
provocados por armas brancas, armas de fogo ou em traumas ocorridos em acidentes de
trânsito etc.
Nestes casos, o socorrista pode se deparar com um paciente visivelmente agitado
ou torporoso devido ao trauma. O tratamento adequado deve ser a realização de curativo
oclusivo compressivo sobre o ferimento, cuidando para não diminuir a capacidade
respiratória ou interromper a circulação no pescoço. Deve-se fornecer oxigênio em alta
concentração (15 litros/minutos) e, se necessário, aspirar as vias aéreas e ventilar com
pressão positiva via bolsa-válvula-máscara.
Tórax instável
O tórax instável é uma condição que ocorre quando duas ou mais costelas de um
mesmo hemitórax estão quebradas em dois ou mais pontos. O segmento instável
comprometido se movimenta ao contrário do restante da caixa torácica durante a
inspiração e a expiração, caracterizando uma condição conhecida como respiração
paradoxal. Enquanto o tórax se expande, o segmento comprometido se retrai e, quando a
caixa torácica se contrai, o segmento se eleva.
A respiração paradoxal prejudica a capacidade ventilatória da vítima, sendo mais
grave quanto maior for a dimensão do segmento instável. Adicionalmente, a dor sentida
nessa situação é maior e compromete mais ainda a respiração, podendo gerar um quadro
de hipóxia, observável pelo oxímetro de pulso ou cianose do paciente.
Ao atender um paciente com essa condição, o socorrista deve basicamente
oferecer suporte ventilatório com oxigênio a 15 litros/minuto, monitorando constantemente
sua oximetria de pulso. Caso necessário, pode-se fazer uso de ventilação positiva com
bolsa-válvula-máscara para o caso de baixa saturação de oxigênio. Por fim, realizar o
transporte imediato da vítima para o ambiente hospitalar.
Contusão Pulmonar
Quando ocorre a aplicação de uma força à parede torácica, esta energia é
transmitida aos pulmões, lesionando-os e gerando uma hemorragia nesse tecido. O
sangue proveniente dessa hemorragia acaba entrando no espaço alveolar, prejudicando a
troca gasosa, configurando uma contusão pulmonar. Se não tratado devidamente, o
estado de uma vítima de contusão pulmonar pode deteriorar para uma insuficiência
respiratória nas primeiras 24 horas após a lesão.
A contusão pulmonar pode ocorrer sem fraturas de arcos costais ou tórax instável.
Contudo, esta é a lesão torácica potencialmente letal mais comum em adultos portadores
de fraturas de arcos costais.
Uma vítima acometida por uma contusão pulmonar pode não apresentar
comprometimento respiratório num primeiro momento. Todavia, um aumento da taxa
ventilatória (taquipneia) é normalmente o primeiro indício de que a condição do paciente
está se deteriorando devido a uma contusão pulmonar.
Ao se deparar com essa situação, o socorrista deve voltar os esforços para garantir
suporte ventilatório e oxigenação à vítima (15 litros/minuto). Deve-se ainda monitorar a
oximetria de pulso a fim de averiguar a necessidade de ventilação positiva por
bolsa-válvula-máscara. Por fim, conduzir imediatamente o paciente ao hospital.
Contusão cardíaca
Esta condição normalmente ocorre em acidentes de trânsito com violento impacto
frontal. Inicialmente o osso esterno, comprimido no volante do veículo, pressiona o
coração frontalmente, enquanto a coluna vertebral pressiona-o por trás. Esta compressão
pode resultar em lesões generalizadas no músculo miocárdico, conhecida por contusão
do músculo cardíaco, além de ruptura das câmaras cardíacas, dissecção e/ou trombose
das artérias coronárias ou laceração valvular.
Numa situação como esta, o paciente pode apresentar dor torácica, respiração
curta, palpitações, ritmos cardíacos anormais (fibrilação ventricular e taquicardia
ventricular), sinais de choque cardiogênico, insuficiência cardíaca congestiva e
tamponamento cardíaco. É comum ainda que ocorra a fratura das costelas ao redor do
esterno, caracterizando uma situação conhecida por esterno instável, em que este
movimenta-se paradoxalmente durante a respiração.
Ao atender uma vítima em que haja suspeita de contusão cardíaca, o socorrista
deve imediatamente manter suporte ventilatório e de oxigenação (15 litros/minuto), e
transportá-la com urgência ao hospital.
Empalamento
Esta situação ocorre quando há algum objeto cravado (faca, vergalhão, vidro etc)
em alguma região do corpo da vítima, sendo que, dependendo da localização deste, o
socorrista deve suspeitar dos possíveis órgãos atingidos.
Ao se deparar com um paciente com objeto cravado, o socorrista não deve
movimentá-lo ou tentar removê-lo. A partir daí, deve-se buscar estabilizar o objeto no local
do ferimento, por meio do uso de ataduras ainda enroladas, fixadas nas laterais do objeto
com uso de outras ataduras ou esparadrapos. No caso de hemorragia presente, deve-se
realizar o controle do sangramento com pressão manual direta e curativos compressivos
nas laterais do objeto, sem jamais fazer pressão que, de alguma forma, possa empurrar o
objeto empalado. Neste caso, não se deve realizar palpação no restante do abdômen ou
pelve, já que existe o risco de agravar a lesão. Por fim, oferecer apoio emocional,
principalmente se o objeto estiver visível ao paciente.
Eviscerações
Nesta lesão, parte do intestino ou outro órgão abdominal é deslocado através de
um ferimento aberto e se projeta para fora da cavidade abdominal. O tratamento deve
ater-se em evitar mais danos aos tecidos expostos.
Ao se deparar com uma evisceração, o socorrista não deve tentar recolocar o
tecido eviscerado para dentro do abdômen, deixando as vísceras conforme foram
encontradas e cobrindo-as com curativo limpo ou estéril que tenha sido umedecido em
solução fisiológica. Periodicamente, deve-se umidificar o curativo para evitar
ressecamento dos órgãos expostos. Por cima do curativo úmido, podem ainda ser
colocados curativos grandes, secos ou oclusivos, de forma a manter a temperatura do
tecido lesionado. Por fim, fornecer apoio psicológico e realizar o transporte com urgência
para o hospital.
FRATURA DE PELVE
A pelve é um osso forte e difícil de fraturar, ou seja, para que ocorra uma fratura, é
necessário que haja um grande desprendimento de energia no trauma sofrido,
normalmente um trauma contuso. Dessa forma, o socorrista também deve estar atento a
lesões associadas, como traumatismo cranioencefálico, fraturas em ossos longos, lesões
torácicas etc.
A fratura de pelve pode ocasionar uma grande hemorragia, tendo perda média de,
no mínimo, 1000mL, considerando apenas a lesão óssea isolada. O quadro pode ainda
estar agravado por lesões a órgãos, vasos e tecidos subjacentes.
A fratura mais grave que pode ocorrer na pelve é denominada “livro aberto”, um
tipo de fratura do anel pélvico, que está diretamente associada a um aumento no volume
da pelve, sendo possível alocar uma grande quantidade de sangue no caso de uma
hemorragia intra-abdominal. Nestes casos, em virtude do volume aumentado e da
presença tecidual reduzida, capaz de realizar a contenção do sangramento, vítimas com
esse tipo de trauma podem vir a apresentar choque hipovolêmico e necessitam de
intervenção cirúrgica para redução do volume pélvico e melhora da condição
hemodinâmica.
Ao constatar a presença de instabilidade e sensibilidade, o socorrista pode utilizar
medidas capazes de reduzir o volume pélvico, na tentativa de estabilizar
hemodinamicamente o paciente, seja por meio da aplicação de uma cinta pélvica ou de
lençol. Em ambos os casos, o socorrista pode ainda providenciar a amarração dos dois
membros inferiores, de forma a proporcionar mais estabilidade à região pélvica.
Recapitulando
Nesta lição, você aprendeu sobre o escalpelamento, foram abordadas as lesões
oculares e orbitais, em que basicamente, o socorrista deve colocar curativo protetor sobre
o olho lesionado, sem pressionar demasiadamente, tampar o outro olho e transportar
imediatamente a vítima para o hospital como deficiente visual.
Nas fraturas de ossos faciais, vimos que a vítima pode apresentar afundamento na
região lesionada, assimetria facial e desalinhamento dos dentes. Deve-se cuidar para não
haver obstrução das vias aéreas e para não pressionar demais no momento de colocar
curativos. Já em relação às fraturas cranianas, você conseguiu assimilar que elas podem
ter afundamento ou não, sendo que, em qualquer caso, favorecem o aumento da pressão
intracraniana, causando lesões cerebrais associadas.
Você compreendeu também os principais conceitos relacionados à lesão cerebral,
como concussão, contusão, lesão cerebral primária e secundária. Por fim, foi apresentado
a você o tratamento para o trauma cranioencefálico em geral, levando em consideração
as particularidades de cada caso apresentado.
Você conheceu as principais lesões penetrantes e contusas no trauma torácico.
Você deve ter percebido que a maioria das situações descritas são extremamente graves
e necessitam intervenção e transporte imediatos ao hospital.
Você aprendeu que, nas lesões penetrantes que atingem o pulmão, normalmente
ocorre a laceração do tecido pulmonar e das membranas pleurais, permitindo a entrada
de ar no espaço pleural e gerando uma condição conhecida por pneumotórax. Já nas
lesões penetrantes que atingem o coração, pode ocorrer a entrada de sangue no
pericárdio, comprometendo gradativamente a capacidade de bombeamento do coração,
causando uma situação denominada tamponamento cardíaco.
Por outro lado, os traumas contusos no tórax proporcionam fraturas nos arcos
costais, podendo gerar ainda uma situação conhecida por tórax instável, em que duas ou
mais costelas de um mesmo hemitórax são fraturadas em mais de um local, criando um
segmento instável que movimenta-se paradoxalmente durante a respiração.
Adicionalmente, você aprendeu sobre as lesões penetrantes e contusas que
causam trauma abdominal, incluindo os possíveis órgãos atingidos, os principais sinais e
sintomas apresentados pela vítima e os procedimentos iniciais que devem ser adotados
nesta situação.
Falamos sobre o empalamento, situação em que existe um objeto encravado na
vítima. Neste caso, o foco do socorrista é a estabilização do objeto, evitando o
agravamento da lesão. Nunca se deve tentar remover o objeto e deve-se cuidar para não
manipular excessivamente o paciente e agravar os danos internos.
Posteriormente, foram abordados os aspectos essenciais para ser possível
identificar e aplicar o adequado tratamento ao evisceramento. Lembre-se, não se deve
tentar repor as vísceras para dentro da cavidade abdominal e a manutenção da umidade
do tecido eviscerado é de extrema importância.
Por fim, você compreendeu de que forma acontece a fratura de pelve,
principalmente aquela denominada “livro aberto”, bem como os procedimentos
relacionados para estabilizar esta região e prevenir o agravamento da hemorragia
associada.
Avaliação da Lição
1. Cite as duas situações em que pode acontecer um escalpelamento:
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2. Descreva o tratamento pré-hospitalar para olho enucleado:
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3. Cite os dois sinais indicativos de lesão de base de crânio:
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4. Diferencie concussão de contusão:
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5. Diferencie lesão cerebral primária de secundária:
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6. Descreva como ocorre um pneumotórax simples e um aberto:
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7. Cite 2 sinais tardios indicativos de pneumotórax hipertensivo:
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8. Explique como um curativo oclusivo evita o agravamento do pneumotórax:
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9. Cite 3 órgãos que podem ser lesionados em um trauma abdominal ou pélvico:
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10. Descreva o tratamento pré-hospitalar para um empalamento:
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11. Descreva o tratamento pré-hospitalar para uma evisceração:
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Referências
● COMITÊ DE TRAUMA DO COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES. Suporte avançado de vida no
trauma: ATLS. 8. ed. [Chicago: s.n.], 2012.
● CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA. Manual de atendimento pré-hospitalar do Curso
de Formação de Soldados. 3. ed. Florianópolis, 2018.
● HEALTH JADE TEAM. Battle sign. Health Jade, 2019. Disponível em: https://healthjade.net/battle-sign.
Acesso em: 10 mar. 2021.
● Man's eye hanging out after car accident. Documenting Reality, 2019. Disponível em:
https://www.documentingreality.com/forum/f149/mans-eye-hanging-out-after-car-accident-156296/. Acesso em:
10 mar. 2021.
● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS: Prehospital Trauma Life
Support. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020.
● Primary Repair of Facial Soft Tissue Injuries. Pocket Dentistry, [2018?]. Disponível em:
https://pocketdentistry.com/primary-repair-of-facial-soft-tissue-injuries. Acesso em: 10 mar. 2021.
● Sensitivity analysis of skull fractures in the human head. Windpact, 2021. Disponível em:
https://windpact.com/sensitivity-analysis-skull-fractures. Acesso em: 10 mar. 2021.
● AMARAL, Dalton Hespanhol. O Pericárdio. Licardio, 2009. Disponível em:
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● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS: Prehospital Trauma Life
Support. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020.
● PINHEIRO, Pedro. Pneumotórax: o que é, sintomas e tratamento. MD.Saúde, 2021. Disponível em:
https://www.mdsaude.com/pneumologia/pneumotorax. Acesso em: 10 mar. 2021.
● AMARAKONE, Keith. Seat belt injuries. Don’t forget the bubble, [2020?]. Disponível em:
https://dontforgetthebubbles.com/seat-belt-injuries/. Acesso em: 10 mar. 2021.
● Abdominal exploration: Series. Lima Memorial: Health system, 2021. Disponível
em:https://www.limamemorial.org/health-library/HIE%20Multimedia-TextOnly/3/100049. Acesso em: 10 mar.
2021.
● BUSATO, Thiago Sampaio. Fraturas da Pelve e do Acetábulo. 2014. Disponível em:
https://medicinadoquadril.com.br/site/fraturas-da-pelve-e-do-acetabulo/. Acesso em: 05 jul. 2021.
● LICO, Maria Aparecida de Almeida. Anatomia abdominal - Os sistemas digestório, urinário e reprodutor.
Educação UOL, 20??. Disponível em:
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/anatomia-abdominal-os-sistemas-digestorio-urinario-e-reprodut
or.htm. Acesso em: 06 jul. 2021.
● LIMMER, Daniel; O’KEEFE, Michael; DICKINSON, Edward. Emergency Care. 12. ed. London: Pearson
Education, 2012.
● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS: Prehospital Trauma Life
Support. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020.
● PAOLI, Andrea. Gestione del trauma del bacino in ambiente extra-ospedaliero: luci ed ombre. Hems
association, 2016. Disponível em:
https://emspedia.emergency-live.com/en/content/italiano-individuazione-e-gestione-del-trauma-del-bacino-in-am
bito-extraospedaliero/. Acesso em: 11 mar. 2021.
CURSO DE BOMBEIRO COMUNITÁRIO - CBC
Total de Pontuação
Item LISTA DE CHECAGEM
Pontos Obtida
1 Avaliação da segurança 5
2 Utilizou EPI 5
Busque sinais de dificuldade respiratória, **(3) tosse ineficiente
3 ou (3) ausência de choro. (4) Confirme sinais de obstrução 10
severa ou completa das vias aéreas
Confirmada a obstrução das vias aéreas total, inicie as manobras
de desobstrução promovendo (5) 5 golpes entre as escápulas
4 10
(tapotagem) e, em seguida, (5) executando 5 compressões
torácicas
Continue repetindo o passo 4 até ocorrer a completa
5 10
desobstrução ou o paciente perder a consciência
6 Perdeu a consciência, posicione a vítima deitada sobre o solo. 10
Abra as vias aéreas *(A), inspecione a boca. Caso visualize o 10
7
corpo estranho, tente removê-lo com o dedo mínimo
(3) Promova uma ventilação lenta *(B) 1 segundo. Se o ar não
8 10
passa (4) reposicione a cabeça da vítima e (3) ventile novamente
Se a vítima continua com as vias aéreas obstruídas, execute 30
9 10
compressões torácicas *(C)
Se a vítima continua com as vias aéreas obstruídas, repita os
10 5
passos 7 a 9 até ocorrer a completa desobstrução.
(5) Após o 5º ciclo (mais ou menos dois minutos), se não houver
11 10
sucesso (5) acione o serviço de emergência médica (193)
Se a vítima está respirando ou se reassume efetivamente a
respiração, (2) cheque pulso braquial e (3) coloque-a na posição
12 5
de recuperação e inicie seu transporte para o hospital com
monitoramento constante.
TOTAL DE PONTOS OBTIDOS PELO ALUNO 100
Obs: * Airway (vias aéreas), Breathing (respiração) e Circulation (pulso)
** Pontos fracionados para determinados procedimentos.
TRAUMA NA COLUNA VERTEBRAL
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
Fonte: CBMSC
.
Fonte: CBMSC
11. A cabeça do paciente é fixa com o uso de um coxim (fixador universal de
cabeça) para evitar os movimentos laterais. Caso sua organização não disponha de um
equipamento próprio, improvise os coxins com sacos de areia (sacos de areia é
extremamente perigoso) de 15 por 30 cm ou toalhas dobradas em rolo e esparadrapo.
12. Após a colocação da manta térmica, finalmente, os socorristas fixam o paciente
na prancha com tirantes.
Figura XX - Colocação de tirantes
Fonte: CBMSC
● Tirante superior: deve englobar a prancha e o tórax do paciente, logo abaixo dos
ombros (no atendimento de mulheres, fixe os tirantes acima ou abaixo dos seios);
● Tirante do meio: deve ser colocado na região da pelve, os braços devem ficar ao
longo do corpo com o tirante passando sobre os punhos do paciente;
Total de Pontuação
Item LISTA DE CHECAGEM
Pontos Obtida
1 Avaliação da segurança da cena 5
7 Localização correta 5
13 **(5) Após o 5º ciclo (um ciclo = 30x2) (5) cheque pulso carotídeo 10
Se não houver pulso presente, continue com 5 ciclos de 30 x 2,
14 5
iniciando pelas compressões torácicas
**Se a vítima está respirando ou se reassume efetivamente a
15 respiração e tem (5) pulsação (pulso carotídeo) e não há 10
suspeita de trauma, (5) coloque-o na posição de recuperação
TOTAL DE PONTOS OBTIDOS PELO ALUNO 100
Obs: * Airway (vias aéreas), Breathing (respiração) e Circulation (pulso)
** Pontos fracionados para determinados procedimentos.
AVALIAÇÃO E MANEJO DO TRAUMA EM EXTREMIDADES
Você sabia que algumas lesões, se não tratadas adequadamente, podem causar
perdas na qualidade de vida das vítimas? Isso se dá em razão de problemas relacionados
à capacidade locomotora. Vamos aprofundar este tema?
As lesões musculoesqueléticas em extremidades, embora muito comum em
vítimas com trauma, raramente ameaçam a vida a curto prazo. Todavia, o trauma
esquelético pode ser potencialmente fatal quando produz perdas sanguíneas significativas
(hemorragias), seja externa ou internamente às extremidades.
Nesta lição, trataremos especificamente das estruturas que compõem o esqueleto
apendicular, especificamente dos membros superiores e inferiores, estes responsáveis
pela mobilidade e sustentação do corpo, e onde temos uma quantidade significativa de
estruturas ósseas, músculos, vasos sanguíneos, tendões e ligamentos.
Dependendo do mecanismo de lesão, estas estruturas corpóreas podem
apresentar diversos tipos de lesões que necessitam de tratamentos específicos. Nesta
lição em particular, vamos tratar das principais lesões musculoesqueléticas, o entorse, a
luxação e a fratura, além de alguns casos específicos como a síndrome
compartimental, a mutilação de extremidade, as amputações, e a síndrome do
esmagamento.
Entorse
Luxação
Fratura
Imobilização de extremidades
Entorses, luxações e fraturas devem ser tratadas com imobilizações provisórias
por meio do uso de talas. O objetivo principal da imobilização é reduzir a movimentação
do membro lesado, reduzir a dor e estabilizar os fragmentos ósseos presentes.
Para o caso de uma fratura, a primeira consideração antes da imobilização é
controlar hemorragias e prevenir o choque. Antes do início da imobilização, o membro
lesado deve ser reposicionado em posição anatômica normal, incluindo o uso delicado de
leve tração, se necessário, para alinhar a extremidade até seu comprimento normal.
Todavia, se durante o reposicionamento para a posição anatômica normal, existir
resistência por parte do paciente, o membro deve ser imobilizado na posição em que se
encontra. Este alinhamento possui o objetivo de controlar a dor, facilitar a imobilização,
estabilizar a fratura e melhorar a perfusão e a circulação.
Para realizar a imobilização efetiva de qualquer osso longo em extremidade, é
necessário que o socorrista se atente para imobilizar o membro inteiro, imobilizando as
articulações e os osso acima (proximal) e abaixo (distal) da fratura.
Há vários tipos de talas para a imobilização e a escolha da tala adequada vai
depender do seu tamanho, se consegue ela neutralizar a mobilidade de uma articulação
acima e um abaixo da fratura. Existem ainda alguns pontos adicionais importantes a se
lembrar antes da aplicação de talas:
1. Utilizar acolchoamento em talas rígidas, para evitar movimentação do membro e
garantir um certo conforto ao paciente;
2. Remover adornos (joias, braceletes, pulseiras e outros) para que estes objetos não
prejudiquem a circulação;
3. Avaliar sempre, antes e depois da imobilização, as funções neurais e circulatória
distais (pulso, perfusão, motricidade e sensibilidade);
4. Após a imobilização, considerar a elevação da extremidade, se possível, para
reduzir o edema e o latejamento.
SÍNDROME COMPARTIMENTAL
A síndrome compartimental é uma condição em que o suprimento de sangue para
uma extremidade é comprometido pelo aumento da pressão dentro do membro.
Os músculos das extremidades são envolvidos pela fáscia, um tecido gigantesco
que cobre e interpenetra cada músculo, osso, nervo, artéria e veia. A fáscia forma
numerosos compartimentos nas extremidades nas quais os músculos estão contidos e,
por ter mínima elasticidade, qualquer coisa que aumente a pressão dentro dos
compartimentos pode resultar em uma síndrome compartimental.
As duas causas mais comuns de síndrome compartimental são hemorragia interna
a um membro e o edema de terceiro espaço. A primeira ocorre normalmente por uma
fratura ou lesão vascular na extremidade, enquanto o edema de terceiro espaço ocorre
quando o fluxo sanguíneo no músculo atingido está diminuído ou ausente, e este fluxo é
restabelecido subitamente.
Uma vítima com síndrome compartimental apresenta dor intensa e alteração na
sensibilidade da extremidade, podendo estar aumentada, reduzida ou até mesmo
ausente. A dor é descrita como desproporcional em relação à dor da lesão sofrida e é
aumentada até com uma movimentação simples, como mexer os dedos nas
extremidades. Paralelamente, a diminuição do fluxo sanguíneo nas extremidades pode
refletir em sensação de dormência. Há ainda sinais tardios clássicos que indicam a
suspeita de síndrome compartimental, como a ausência de pulso, palidez e paralisia nas
extremidades.
Diante de uma vítima com síndrome compartimental, o socorrista deve aplicar
apenas manobras básicas de suporte de vida, removendo quaisquer curativos ou talas
apertadas na extremidade lesionada e transportá-la imediatamente ao hospital,
reavaliando constantemente a perfusão distal para monitorar a evolução do quadro. Não
se deve elevar o membro na tentativa de reduzir o inchaço, visto que a gravidade pode
aumentar mais ainda a pressão interna. O ideal é manter a extremidade no nível do
coração.
EXTREMIDADE MUTILADA
Uma extremidade mutilada é uma lesão complexa resultante da transferência de
alta energia, na qual ocorrem danos significativos em vários segmentos, como pele,
músculos, tendões, ossos, vasos sanguíneos e nervos. Esta situação é comum em
acidentes de trânsito em alta velocidade envolvendo colisão ou atropelamento por carros
e motos. A maioria dos casos de mutilação de extremidades envolve fraturas abertas e
graves, e nem sempre é possível a recuperação do membro lesionado.
Ao se deparar com uma vítima com extremidade lesionada, o socorrista pode
encontrá-la em choque devido à perda sanguínea excessiva ou às hemorragias internas
decorrentes dos mecanismos de trauma que causaram a lesão. Dessa forma, na maioria
das vezes, faz-se necessário o uso de um torniquete para cessar o sangramento e adotar
procedimentos para prevenir o choque. Se as condições do paciente permitirem, a
extremidade lesionada deve ser imobilizada e deve-se conduzi-lo com urgência ao
hospital.
AMPUTAÇÕES
A amputação é o processo de separação de uma extremidade da sua parte
proximal, podendo ser total, com desprendimento completo do membro, ou parcial, com
manutenção de certa continuidade tecidual. Este tipo de lesão é comum em acidentes
envolvendo arma de fogo e arma branca, vindo a atingir principalmente dedos, mãos e
pés.
Ao ocorrer uma amputação total, após uma perda significativa de sangue, o
organismo desenvolve uma resposta conhecida por vasoconstrição reflexa, fazendo com
que os vasos sanguíneos se retraem e se contraiam, parando a hemorragia. Esta
resposta não é comum em uma separação parcial, de forma que não é criada a
vasoconstrição e o sangue continua extravasando pela lesão.
Durante o atendimento de um paciente com amputação, o socorrista deve
inicialmente controlar qualquer hemorragia grave presente e prevenir o choque,
finalizando com um curativo limpo e estéril sobre o coto.
Feito isto, deve-se cuidar da extremidade amputada, limpando-a delicadamente
com solução de soro e envolvendo-a em gaze estéril umedecida com soro. Por fim,
colocá-la em um saco plástico ou recipiente, rotulando-o e colocando-o em um recipiente
com gelo triturado para transporte junto ao paciente. Deve-se ter em mente que o
transporte do paciente não deve ser atrasado pela procura da parte amputada. Além
disso, a unidade hospitalar que receber este paciente deve ser comunicada de forma
antecipada à chegada do paciente amputado.
SÍNDROME DE ESMAGAMENTO
Uma extremidade esmagada por um trauma pode gerar uma situação denominada
rabdomiólise, uma grave condição que está associada a uma lesão muscular na
extremidade afetada e consequente liberação do conteúdo intracelular, incluindo potássio
e mioglobina em excesso. É comum ocorrer esta síndrome em pessoas que fiquem
presas em estruturas colapsadas (desabamentos e desmoronamentos), colisão de
automóveis e encarceramento em máquinas e equipamentos.
No momento em que o membro é esmagado, a rabdomiólise ocorre, porém o
objeto que o está esmagando mantém o conteúdo intracelular preso no interior desta
extremidade. Quando o objeto é removido, ocorre o restabelecimento da perfusão
sanguínea e as elevadas quantidades de potássio e mioglobina são liberadas na
circulação. Níveis elevados de potássio podem resultar em arritmias cardíacas
potencialmente fatais, enquanto a mioglobina livre em excesso poderá produzir
insuficiência renal.
Para suspeitar de uma síndrome de esmagamento, o socorrista deve identificar as
seguintes situações:
- Aprisionamento por um período prolongado;
- Lesão traumática da massa muscular;
- Comprometimento da circulação na área lesada.
Recapitulando
Nesta lição você aprendeu a identificar e tratar as principais lesões
musculoesqueléticas: entorse, luxação e fratura. A imobilização é indicada em todos
esses casos como forma de reduzir a movimentação do membro lesado, reduzir a dor e
estabilizar os fragmentos ósseos presentes (no caso das fraturas).
Outro assunto abordado foi a síndrome compartimental, situação em que ocorre o
comprometimento da circulação em um membro por causa do aumento da pressão
interna a este membro.
Você aprendeu ainda sobre as extremidades mutiladas e a amputação, situações
graves em que o socorrista deve controlar hemorragias graves com urgência, prevenir o
choque e transportar o paciente ao hospital imediatamente.
Por fim, foi abordada a síndrome de esmagamento, uma condição gerada pela
rabdomiólise, que é a liberação do conteúdo celular (potássio e mioglobina em excesso)
após a lesão dos músculos, vindo a ingressar na corrente sanguínea e causar danos no
organismo com um todo (arritmia e insuficiência renal).
Avaliação da lição
Referências
CAVINATO, Leonardo. Luxação no ombro. Dr. Leonardo Cavinato, 2015. Disponível em:
http://www.dornoombro.com/problemascomuns/luxacao-ombro. Acesso em: 10 mar. 2021.
MANTOVANI, Mário. Suporte Básico e avançado de vida no trauma. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.
MIRA, William. Sistema de Sustentação. Quero bolsa, 2019. Disponível em:
https://querobolsa.com.br/enem/biologia/sistema-de-sustentacao. Acesso em: 06 jul. 2021.
NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL. PHTLS: Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado.
Tradução André Garcia Islabão et al. 9. ed. São Paulo: Artmed, 2020.
SANTOS, Vanessa dos. Fraturas. Brasil escola, [2021?]. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/fraturas.htm. Acesso em: 10 mar. 2021.
SILVEIRA, Márcio Rogério Borges. O que é fáscia e para que serve? Dr Márcio Silveira, 2020. Disponível em:
https://drmarciosilveira.com/pacientes/wiki/o-que-e-fascia-e-para-que-server/. Acesso em: 06 jul. 2021.
TAVARES, Ricardo Antonio. Síndrome Compartimental Aguda. Curso de Aperfeiçoamento em Ortopedia e
Traumatologia - Universidade de São Paulo. [20??]. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5875706/mod_resource/content/1/Texto%20S%C3%ADndrome%20do%20Com
partimento.pdf. Acesso em: 09 mar 2021.
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Nem só de trauma vive o socorrista, não é mesmo? Nesta lição daremos início às
emergências clínicas, condições graves de saúde que não foram causadas por nenhum
fator externo e, normalmente, estão associadas a doenças pré-existentes. Começaremos
com as emergências respiratórias.
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
Insuficiência Respiratória é uma alteração no padrão respiratório acompanhada de
dispneia, essa alteração ocorre quando a troca gasosa está inadequada, resultando em
uma incapacidade de manter os níveis arteriais normais de oxigênio e dióxido de carbono.
A dispneia é definida como dificuldade para respirar, podendo ser percebida por um
esforço respiratório aumentado como a bradipnéia (respiração lenta) e a taquipnéia
(respiração rápida). Pode estar presente em qualquer enfermidade que causa
comprometimento do sistema respiratório, direta ou indiretamente (por exemplo doença
cardíaca) e em doenças que interferem na regulação da respiração em qualquer nível (ex.:
doenças do sistema nervoso central, acidose metabólica, doenças musculares difusas que
diminuem a força da musculatura da respiração).
Um paciente com insuficiência respiratória pode apresentar dificuldade respiratória,
sensação de cansaço, ansiedade ou agitação, sons atípicos durante a respiração, tosse,
cianose, formigamento e contratura muscular nas extremidades, dispneia de origem
psicogênica (causada por fatores emocionais) e redução do nível de consciência.
Ao se deparar com um paciente apresentando esta condição, o socorrista deve:
- transmitir segurança ao paciente;
- afrouxar suas roupas;
- posicionar o paciente na maca articulada, sem prancha rígida, em decúbito dorsal
com a cabeceira elevada;
- administrar oxigênio;
- monitorar a vítima com oxímetro de pulso;
- observar se ocorre redução do nível de saturação de oxigênio (<94%) ou
rebaixamento do nível de consciência. Nestes casos, transporte o paciente imediatamente
para o hospital ou solicite apoio da unidade de suporte avançado de vida.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)
É uma doença pulmonar inflamatória e crônica que causa obstrução do fluxo de ar
dos pulmões. É causada pela exposição a longo prazo a gases irritantes ou partículas.
Pessoas com DPOC possuem maior risco de desenvolver doenças cardíacas, câncer de
pulmão e uma variedade de outras comorbidades.
Enfisema Pulmonar e Bronquite Crônica são as duas condições mais comuns que
contribuem para a DPOC.
Bronquite é a inflamação dos brônquios, canais que conduzem o ar inalado até os
alvéolos pulmonares. Ela se instala quando os minúsculos cílios que revestem o interior
dos brônquios param de eliminar o muco presente nas vias respiratórias. Esse acúmulo de
secreção faz com que eles fiquem permanentemente inflamados e contraídos, provocando
principalmente tosse.
A bronquite pode ser aguda ou crônica. A diferença consiste na duração e
agravamento das crises, que são mais curtas (uma ou duas semanas) na bronquite
aguda, enquanto, na crônica, não desaparecem, pioram pela manhã e se manifestam por
três meses ou mais durante pelo menos dois anos consecutivos.
O Enfisema Pulmonar é uma irritação respiratória crônica, de lenta evolução, quase
sempre causada pelo tabagismo, embora outros agentes (poeira, poluentes, vapores
químicos) também possam provocá-lo. No enfisema, os alvéolos transformam-se em
grandes sacos cheios de ar que dificultam o contato do ar com o sangue, uma vez que foi
destruído o tecido por onde passavam os vasos. Alguns fatores hereditários também
podem contribuir para o aparecimento do enfisema.
A maioria dos portadores de DPOC, com o manejo adequado, pode obter um bom
controle dos sintomas e qualidade de vida, assim como reduzir o risco de outras
condições associadas.
Um paciente acometido por DPOC pode apresenta falta de ar, especialmente
durante atividades físicas, chiado e aperto no peito, tosse crônica que pode produzir muco
(expectoração), lábios ou leitos das unhas cianóticos, infecções respiratórias frequentes,
falta de energia, perda de peso não intencional e inchaço nos tornozelos, pés ou pernas.
Além disso, pessoas com DPOC também são propensas a episódios chamados de
exacerbações, durante os quais seus sintomas se tornam piores do que o normal na
variação diária e persistem por vários dias.
O tratamento pré-hospitalar a este tipo de paciente envolve:
- transmitir segurança ao paciente;
- afrouxar as roupas;
- posicionar o paciente na maca articulada, sem prancha rígida, em decúbito dorsal
com a cabeceira elevada;
- administrar oxigênio;
- monitorar a vítima com oxímetro de pulso;
- observar se ocorre redução do nível de Saturação de Oxigênio (>90%) ou
rebaixamento do nível de consciência, nestes casos solicite apoio da unidade de suporte
avançado de vida.
ASMA
A asma é uma doença inflamatória crônica, resultante de uma interação entre
genética, exposição ambiental a alérgenos irritantes, e outros fatores específicos que
levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas.
A principal característica da asma é a inflamação brônquica, que está presente em
todos os pacientes asmáticos, inclusive naqueles com asma de início recente, nas formas
leves da doença e mesmo entre os assintomáticos.
Para atingir os pulmões, o ar passa por um tubo que começa na garganta, chamado
traqueia. Em sua base, a traqueia se divide em dois condutos menores, os brônquios,
cada um desembocando em um dos pulmões. Os brônquios, por sua vez, subdividem-se
em ramos com tamanho progressivamente menores. Os menores deles, existentes aos
milhões nas extremidades dessa "árvore", chamam-se bronquíolos. Cada bronquíolo
termina numa minúscula bolsa, chamada alvéolo. E é exatamente nos alvéolos, que
ocorre a troca de gases: o sangue absorve oxigênio e elimina gás carbônico no ar que,
agora, percorrerá o caminho inverso – dos alvéolos, passando pelos brônquios e pela
traqueia, até o nariz e a boca, e daí para fora do corpo.
Num surto asmático, todo esse mecanismo funciona mal devido ao estreitamento
dos brônquios, causado pela contração da musculatura das paredes desses condutos
(broncoespasmo) e, também, pelo aumento na produção de secreção (escarro) pelos
pulmões.
Nas paredes brônquicas dos asmáticos existem células que, sob estímulo de
diversos agentes, podem provocar a inflamação e o consequente o bronco-espasmo.
Quando perpetuada, a inflamação torna os brônquios ainda mais sensíveis, agravando o
curso da doença.
Os sintomas mais comuns da asma são a falta de ar (dispnéia), tosse persistente e
chiado no peito. A sensação de aperto no peito, ao acordar, pode significar uma
manifestação da chamada asma noturna. A intensidade e a frequência dos sintomas
variam de pessoa para pessoa, e ficam mais intensos nas chamadas crises asmáticas.
A tosse, às vezes, é o único sintoma da asma, principalmente em crianças, e
geralmente piora à noite. Ela também pode se agravar e, nesse caso, até ser seguida de
vômito, após atividades físicas mais intensas ou no caso de alguma infecção.
Para tratar um paciente com asma, o socorrista deve:
- transmitir segurança ao paciente;
- afrouxar as roupas;
- posicionar o paciente na maca articulada, sem prancha rígida, em decúbito dorsal
com a cabeceira elevada;
- administrar oxigênio;
- monitorar a vítima com oxímetro de pulso;
- observar se ocorre redução do nível de Saturação de Oxigênio (>90%) ou
rebaixamento do nível de consciência, nestes casos solicite apoio da unidade de suporte
avançado de vida;
- se o paciente possuir prescrição de broncodilatador, questionar se já fez uso no
intuito de resolver o problema, caso não tenha usado, orientá-lo a fazer o uso conforme
prescrição.
Recapitulando
Nesta lição você aprendeu um pouco mais sobre o atendimento pré-hospitalar do
CBMSC para as Emergências Clínicas Respiratórias como a Insuficiência Respiratória, a
asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Conheceu um pouco mais sobre os sinais e sintomas, aprendeu a diferenciar essas
emergências clínicas respiratórias, bem como a adotar os procedimentos protocolares
para o correto atendimento dessas ocorrências.
Estudou um pouco mais a anatomia do sistema respiratório, a fim de melhor
compreender as enfermidades mais comuns que afetam esse sistema.
Você aprendeu um pouco mais sobre Emergências Clínicas Cardiovasculares que
envolvem a Síndrome Coronariana Aguda, o Infarto do Miocárdio, o Acidente Vascular
Cerebral, a Angina de Peito e a Hipertensão Arterial Sistêmica.
Conheceu um pouco mais sobre os sinais e sintomas dessas emergências clínicas
e o atendimento pré-hospitalar do CBMSC para cada uma dessas ocorrências e revisou o
sistema cardiovascular.
Por fim, você compreendeu que quanto maior o tempo utilizado para o atendimento
dessas ocorrências, maiores podem ser as sequelas decorrentes dessa demora. Por isso,
reforçamos que os sinais e sintomas dessas comorbidades sejam de rápida identificação
pelo socorrista, a fim de otimizar o tempo em ocorrência e permitir rápido transporte para
unidade de saúde referência ou solicitação de serviço avançado móvel de saúde para
apoio.
Avaliação da lição
1. Cite as Emergências Clínicas Respiratórias estudadas nesta lição:
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2. Descreva os sinais e sintomas da Insuficiência Respiratória:
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3. Descreva o tratamento pré-hospitalar dos pacientes portadores de Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC):
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4. Cite as duas enfermidades mais comuns relacionadas à Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica (DPOC):
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5. Descreva o tratamento de um paciente com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
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Referências
● American Heart Association. Diretrizes da AHA 2015, 2017 e 2019 e 2020 para RCP e ACE.
● Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados
Cardiovasculares de Emergência. Arq. Bras. Cardiol. vol.113 no.3 São Paulo Sept. 2019 Epub Oct 10, 2019.
EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS
Quando um socorrista for avaliar ou tratar um paciente pediátrico (criança ou
bebê), poderá, a princípio, sentir-se despreparado, não sabendo como iniciar sua
atuação.
Psicologicamente, as crianças em geral temem pessoas estranhas e situações
novas e desconhecidas. No atendimento à criança consciente que sofreu algum tipo de
trauma, o profissional deve ser gentil, paciente e carinhoso, procurando transmitir-lhe
confiança e tranquilidade. Dessa forma, o socorrista pode estabelecer um vínculo com a
criança, que se torna colaborativa, diminuindo a tensão e favorecendo o atendimento.
Lembre-se que uma situação de emergência é uma nova e assustadora
experiência para qualquer criança, e será ainda maior se os pais ou responsáveis não
estiverem presentes. Por isso, pais ou conhecidos da criança devem permanecer juntos,
exceto quando, por desconforto emocional, atrapalhem a condução do atendimento.
Criança de 1 a 2 anos 22 a 37
Pré-escolar de 3 a 5 anos 20 a 28
Adolescente de 12 a 15 anos 12 a 20
Fonte: PHTLS (2019).
Sistema cardiovascular
Quanto menores forem os pacientes, menores também serão seus volumes
sanguíneos. Fique atento, pois um paciente recém-nascido poderá apresentar um
volume de sangue inferior a 350 mL (o equivalente a uma xícara e meia de sangue), e
sendo assim, qualquer perda sanguínea, por menor que seja, representará uma
emergência grave. Uma criança poderá apresentar, dependendo do seu tamanho, um
volume sanguíneo variável entre meio litro a 2 litros de sangue.
A hipotensão arterial significante só se manifesta após perda de, pelo menos,
30% do volume sanguíneo, normalmente associado a hemorragias externas ou internas.
Os quadros abaixo trazem as principais informações relativas à frequência cardíaca e à
pressão arterial em pacientes pediátricos.
Paciente acordado
Grupo
(BPM)
Criança 98 a 140
Pré-escolar 80 a 120
Idade escolar 75 a 118
Adolescente 60 a 100
Fonte: PHTLS
Lactente 67 a 84 35 a 53 > 60
Por outro lado, em vez de memorizar todos os dados da tabela acima, existem
fórmulas padronizadas que podem auxiliar o socorrista a estimar alguns achados clínicos
importantes em pacientes pediátricos, conforme abaixo:
Cabeça e pescoço
A cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada que seu corpo. Em
geral, o corpo irá equilibrar-se com o tamanho de sua cabeça, a partir do quarto ano de
vida. Antes disto, a cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada que seu
corpo sendo constantemente projetada para frente, como a "ponta de uma lança",
principalmente em situações diversas.
Por este motivo, o traumatismo crânio encefálico (TCE) é frequente nessa idade.
Neste caso, deve-se cuidar com hemorragia dos vasos do couro cabeludo em crianças
pequenas, pois podem levar à perda sanguínea importante e ao choque.
Após um TCE, as manifestações de vômito na criança não indicam,
necessariamente, hipertensão intracraniana. A convulsão pós TCE também não sinaliza
gravidade (exceto se for de repetição). As crianças menores de 3 anos são mais sensíveis
ao TCE, apresentando, em função disso, um pior prognóstico.
Tórax e abdome
O socorrista poderá avaliar melhor a respiração dos pacientes pediátricos
observando os movimentos respiratórios no abdome, pois durante a respiração, as
crianças usam mais o diafragma, assim os movimentos respiratórios são mais facilmente
observáveis nessa região (abdome), que no tórax.
Devemos considerar também que a caixa torácica das crianças é mais elástica,
assim, no caso de uma respiração forçada, produzida por uma situação de dificuldade ou
insuficiência respiratória, o uso de todos os músculos do tórax (entre as costelas), sobre o
esterno e ao redor do pescoço e ombros, ficará bem evidente.
Da mesma forma que nos adultos, traumas no abdome podem resultar em dor,
distensão e rigidez. Os músculos abdominais não são tão bem desenvolvidos como nos
adultos e oferecem pouca proteção. Os órgãos abdominais, de forma especial o fígado e
o baço, são bem grandes para o tamanho da cavidade e, portanto, mais vulneráveis a um
trauma.
Pelve
Tal qual nos adultos, as crianças poderão perder quantidades consideráveis de
sangue dentro da cavidade pélvica, como resultado de um trauma grave nesta região. É
recomendável que os socorristas permaneçam monitorando constantemente os sinais
vitais dos pacientes para identificarem a presença de sinais de choque hipovolêmico.
Extremidades
Como já vimos anteriormente, os ossos das crianças são menos desenvolvidos e
consequentemente mais flexíveis que os dos adultos. Dessa forma, enquanto os ossos
de adultos normalmente fraturam numa situação de trauma, os ossos de crianças
dobram e lascam antes de fraturar.
A parede torácica é bastante flexível, por isso fraturas de costelas são raras, mas
quando presentes indicam trauma violento. Lesões internas (pulmões, coração, grandes
vasos) são frequentes, mesmo na ausência de fraturas. O socorrista deverá suspeitar de
fraturas sempre que, ao avaliar uma extremidade, encontrarem sinais e sintomas tais
como: dor, edema e deformações.
Colisão de automóvel - Sem cinto: múltiplos traumas (incluindo tórax e abdome), lesões em
(passageiro) cabeça e pescoço, escalpelamento e lacerações faciais
- Com cinto: lesões em tórax e abdome e fraturas na região sacrolombar
da coluna vertebral
Os pacientes cegos
Pessoas que nascem privadas da visão são cegos congênitos, no entanto, existe
também a cegueira adquirida que é aquela devida a uma doença ou acidente ocorrido ao
longo da vida. Quando uma pessoa cega se envolve em um acidente, sua capacidade de
orientação se altera e por isso é muito importante que o socorrista lhe explique o que
houve e o faça entender o que aconteceu antes de iniciar o atendimento.
O paciente idoso
Infelizmente, grande parte da população tende a pensar que as capacidades de
uma pessoa se medem de acordo com sua idade cronológica, entretanto, existem
pessoas que ainda não completaram 65 anos e já apresentam sinais de senilidade, são
doentes crônicos e apresentam completa dependência. Por outro lado, existem também
pessoas de 70, 80 e até 90 anos que se mantêm ativas, capazes e em bom estado de
saúde.
No desempenho de suas funções, socorristas serão chamados para atender
pacientes idosos de uma ou outra categoria. Nessas oportunidades, quando o paciente se
mostrar consciente, atento e interessado, atenda-o da mesma forma como faria com outro
paciente adulto. Se, pelo contrário, o paciente pelo envelhecimento apresentar perda de
memória ou desorientação em relação ao tempo-espaço-pessoa, sem dúvida, você terá
dificuldades de interação com o mesmo. De qualquer forma, a chave do sucesso na
interação com pessoas idosas é a paciência.
Recapitulando
Nessa lição estudamos as principais emergências pediátricas atendidas pelo
CBMSC. É importante que o socorrista consiga diferenciar os sinais vitais para cada
categoria de pacientes pediátricos.
Foi possível identificar as diferenças anatômicas e fisiológicas apresentadas pelos
pacientes pediátricos. A estratégia de se utilizar um objeto de transição como que permita
dialogar com o paciente pediátrico e obter informações que possibilitem identificar a
queixa principal. Por fim, sobre os pacientes pediátricos foram apresentados os padrões
de lesão esperados para diferentes tipos de trauma e as características do abuso de
crianças.
Depois entramos na lição de pacientes com necessidades especiais e descobrimos
que podem ser pacientes com diversos tipos de dificuldades, sejam elas visuais, auditivas,
de fala, físicas, mentais, relacionados à idade e com alterações de comportamento.
Após saber o tratamento de cada um dos tipos de pacientes especiais
apresentados, descobrimos que normalmente, os pacientes com alterações de
comportamento são os que podem apresentar mais perigos ao socorrista e que devem ser
tratados com a maior cautela possível.
Avaliação da lição
1. Diferencie as categorias utilizadas para distinguir os pacientes pediátricos.
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2. Identifique as diferenças anatômicas e fisiológicas dos pacientes pediátricos.
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3. Identifique corretamente o padrão de lesões esperado em um determinado tipo de
trauma.
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4. Cite três características que indicam o abuso de crianças.
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5. Cite três tipos de pacientes com necessidades especiais.
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6. Cite os maiores cuidados que devemos ter ao atender pacientes com distúrbio de
comportamento.
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PARTO EMERGENCIAL
TRABALHO DE PARTO
Antes de efetuar qualquer procedimento, o socorrista deverá realizar uma entrevista
com a parturiente e/ou acompanhante, extraindo o maior número de dados possíveis,
conhecer as particularidades da parturiente e determinar em que fase do trabalho de parto
ela se encontra. Com esses dados o socorrista poderá decidir a melhor conduta a tomar e
informar ao SEM.
Ao realizar a entrevista devemos abordar os seguintes aspectos:
● Qual o seu nome e idade?
● Qual a idade gestacional?
● Você realizou exame pré-natal? Qual o nome do seu médico? O que o médico diz
da sua gravidez? Ele espera parto normal ou há alguma complicação prevista?
● Existe algum problema de saúde prévio e gestacional?
● É o primeiro filho? (Se for primigesta, o trabalho de parto poderá demorar cerca
de 16 horas. O tempo de trabalho de parto será mais curto a cada parto
subsequente).
● Como está a movimentação fetal?
● Em que horas iniciaram as contrações?
● Já houve a ruptura da bolsa? Houve perda vaginal (líquidos ou sangramento)?
Qual horário de rompimento, quantidade de líquido, a cor do líquido?
● Sente pressão na pelve, vontade de evacuar ou sente o bebê saindo pela
vagina?
● Qual a frequência das contrações e duração?
O socorrista deve avaliar as contrações analisando o tempo de duração e o tempo
entre uma contração e outra. Quanto mais curto o intervalo, mais próximo está do parto.
Finalmente, o socorrista deverá pedir à parturiente para realizar uma avaliação
visual. Deve realizar a procura dos seguintes sinais: abaulamento perineal (apagamento
dos grandes lábios, espaço entre vagina e ânus abaulado), protrusão de anus, presença
de fezes, presença de partes fetais, presença de líquidos ou sangue.
Se, após a entrevista e exame físico, o socorrista verificar que o parto é iminente,
deverá atuar conforme os itens abaixo:
1. Assegure a privacidade da parturiente, escolha um local apropriado (o melhor local
é a própria casa, ambiente aquecido e com mais espaço e privacidade).
2. Explique à mãe o que fará e como irá fazê-lo. Procure tranquilizá-la recordando
que o que está acontecendo é normal. Peça para que após cada contração relaxe,
pois isto facilitará o nascimento.
3. Posicione a parturiente para o parto emergencial. Sugira que a mulher encontre a
posição que a deixe mais confortável, desde que o socorrista consiga visualizar o
nascimento do bebê. A posição ginecológica (joelhos flexionados e bem separados
e os pés apoiados sobre a superfície que está deitada), apesar de oferecer melhor
visualização, poderá agregar mais riscos de complicações. As posições
verticalizadas (cócoras, quatro apoios, semi-sentada 45º) são as que mais
favorecem o nascimento fisiológico.
4. Caso a posição ginecológica seja confortável para a parturiente, coloque uma
almofada debaixo da cabeça ou mantenha a cabeceira da maca elevada,
observando os seus movimentos respiratórios.
5. Prepare o kit obstétrico e seu EPI (luvas estéreis, óculos, máscara e avental),
mantenha todo material necessário à mão.
6. Deixe à disposição lençóis, toalhas e cobertores limpos e secos. Coloque próximo
a abertura da vagina um lençol limpo.
7. Sinta as contrações colocando a palma da mão sobre o abdômen da paciente,
acima do umbigo.
8. Tente visualizar a parte superior da cabeça do bebê (coroamento).
9. Apoie a cabeça do bebê, colocando a mão logo abaixo da mesma com os dedos
bem separados. Apenas sustente o segmento cefálico, ajudando com a outra mão,
não tente puxá-lo.
10. Se o cordão estiver envolvendo o pescoço do bebê, libere-o com muito cuidado,
passando o cordão pela frente da face, e caso não seja possível, aguarde o
nascimento e desenrole o bebê com cuidado.
11. Geralmente a cabeça do bebê apresenta-se com a face voltada para baixo e logo
gira para a direita ou à esquerda. Aguarde o nascimento do bebê amparando-o.
12. Após o nascimento do bebê se a parturiente estiver verticalizada deite-a em uma
superfície limpa, seca e confortável.
13. Coloque o bebê sobre o abdome da mãe imediatamente após o nascimento.
Aqueça o bebê, dando ênfase ao pólo cefálico. Após, cubra mãe e bebê com panos
limpos, até que o bebê consiga manter uma temperatura corporal de 36,5 a 37,5ºC
(avaliar temperatura do bebê pelas costas ou tórax, caso não tenha termômetro).
14. O clampeamento do cordão deve ser realizado somente após todos os cuidados
com mãe e bebê e após este parar de pulsar (não deve ser uma urgência da
equipe).
<LEMBRE-SE> Além de possibilitar o contato pele a pele, sempre que possível o
socorrista deve estimular a amamentação precoce. Este procedimento além de
fortalecer o vínculo mãe e filho ainda estimula a contração uterina e diminui o risco
de sangramento excessivo.
Recapitulando
Nesta lição você aprendeu um pouco mais sobre o atendimento pré-hospitalar para
casos em que a guarnição se depara com ocorrência de parto emergencial.
Conheceu um pouco mais sobre a anatomia da mulher grávida e conceitos de
termos que serão utilizados com frequência em ocorrências desta natureza. Foram
apresentadas as fases do trabalho de parto e a conduta que deve ser adotada pelos
socorristas para atuar de forma colaborativa com a parturiente, permitindo o protagonismo
da mulher e que o parto ocorra de forma segura.
Após, foram repassados os procedimentos de tratamento pré hospitalar com o
recém nascido e os cuidados com a parturiente.
Avaliação da lição
1. Identifique as fases do trabalho de parto.
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2. Descreva os primeiros cuidados dados ao recém nascido.
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Limpeza e Desinfecção
Os microorganismos presentes no interior dos veículos de emergência
(equipamentos, materiais contaminados, superfícies e/ou o próprio paciente) podem ser
facilmente transmitidos, seja por contato direto ou por contato com uma superfície
contaminada, como já citado. Ao levarmos tudo isso em conta, os procedimentos de
limpeza e desinfecção mostram-se de vital importância na prevenção da contaminação,
seja dos profissionais, seja dos próximos pacientes que serão atendidos na viatura.
<ATENÇÃO> Lembre-se de sempre considerar que qualquer material não lavado está
contaminado.
Limpeza
A limpeza é o processo de retirada de sujidades e matéria orgânica, de artigos ou
superfícies, utilizando fricção mecânica com água, sabão com esponja, pano ou escovas,
em local apropriado para este fim (pia, recipiente, rampa de lavação).
Desinfecção
A desinfecção é o processo de destruição total ou parcial de microrganismos, de
artigos ou superfícies. Pode ser feita através de processos físicos (fricção) e/ou químicos,
com produtos desinfetantes, álcool, detergentes biológicos, etc. A desinfecção dos
equipamentos e das viaturas divide-se em duas formas: Concorrente e Terminal.
a) Desinfecção Concorrente envolve os procedimentos realizados após cada
atendimento, que de modo geral é aplicado somente aos materiais e superfícies que
tiveram contato direto com o paciente.
b) Desinfecção Terminal abrange os procedimentos realizados de forma
completa, em todas as superfícies e materiais expostos, sempre que houver a suspeita de
atendimento a paciente com doença infecto contagiosa, situações adversas como
respingos de sangue, vômito, liberação de esfíncter. Também deve ser realizada de forma
periódica/preventiva, através de um cronograma, preferencialmente semanal. Durante sua
realização, o veículo deverá ser retirado do trem de socorro (viatura fica baixada), de
forma a permitir que todos os procedimentos sejam realizados de forma completa.
Normalmente, o tempo necessário para a desinfecção completa é de duas a três horas.
As superfícies fixas (piso, parede, teto, portas, janelas, mobiliários e demais
instalações) não representam grande risco de contaminação quando não houver
atendimento de paciente com suspeita de doença infecto contagiosa, não houver
respingos ou deposição de material orgânico. De forma a adotar um processo racional na
limpeza da viatura, deve-se utilizar a seguinte sequência para desinfecção terminal:
1. De cima para baixo: Teto > Paredes internas > Piso.
2. De dentro para fora: Parte dianteira > Parte traseira.
E para garantir a limpeza correta, deve-se proceder da seguinte forma:
- Remover excessos de sujidade, com panos velhos ou papel toalha. Desprezar o
pano ou papel em saco de lixo contaminante;
- Aplicar o agente desinfetante nos locais onde houver respingos ou deposição de
materiais e deixar agir por pelo menos 10 minutos;
- Remover o agente desinfetante com panos velhos ou papel toalha e
posteriormente descartar em saco de lixo contaminante;
- Lavar e esfregar com água e sabão neutro;
- Enxugar com panos limpos;
- Limpar, desinfetar e mudar o lado do colchão da maca retrátil. Trocar os lençóis e
fronhas a cada uso.
- Após concluídos os procedimentos, manter abertas portas e janelas para a
ventilação e entrada de luz solar.
É importante enfatizar que no processo de construção da viatura, esta deve
permitir que o seu interior seja lavado com bastante água, sem permitir com que esta se
acumule embaixo do mobiliário.
Recapitulando
Nesta lição você aprendeu um pouco mais sobre limpeza e desinfecção,
entendendo como deve ser a maneira de realizá-las.
Desse modo, chegamos ao término do aprendizado sobre atendimento
pré-hospitalar. É claro que, o tema ainda é bem extenso, porém você deve praticar o
aprendizado e buscar maiores conhecimentos nos manuais que tratam do assunto.
Avaliação da lição
1. Descreva corretamente os procedimentos de limpeza concorrente e terminal utilizados
no ASU
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Referências
● NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS - Atendimento pré-hospitalar
ao traumatizado. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020. 762 p.
● SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU) DE SANTA CATARINA. Manual de
Desinfecção e Biossegurança. Florianópolis, 2006. Disponível em:
https://www.docsity.com/pt/manual-de-desinfeccao-de-artigos-no-atendimento-movel-de-urgencia/4715215/.
Acesso em: 30 set. 2020.
● ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE (OPAS). Higienização correta das mãos é fundamental
para garantir segurança do paciente. OPAS Brasil, 2016. Disponível em:
● https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5077:higienizacao-correta-das-maos
-e-fundamental-para-garantir-seguranca-do-paciente&Itemid=812. Acesso em: 10 mar. 2021