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O Brasil e um dos países com a menor remuneração salarial, segundo um estudo da

Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para a


Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). De forma resumida, um relatório feito pela
Comissão Especial (CNE/CEB) se constatou que: “o número de jovens interessados em
ingressar na carreira do magistério é cada vez menor em decorrência dos baixos salários, das
condições inadequadas de ensino, e da ausência de uma perspectiva motivadora de formação
continuada associada a um plano de carreira atraente”. (verificar xx)

Fernandez (2018, p. 217) afirma que “nos últimos anos houve uma expansão
significativa no número de estudantes no Ensino Médio sem a devida expansão na formação
de professores”, ou seja, o número de alunos aumentou, mas o número de professores não
acompanhou por não ser uma profissão valorizada no país. Assim há pouca atratividade para
essa carreira, especialmente nas disciplinas de química, física e matemática. Em lugares onde
a valorização social dos professores é grande há muitos interessados em se tornarem
professores e a qualidade acompanha esse interesse, no Brasil a profissão não atrai jovens
talentosos e a sociedade não valoriza quem quer seguir na profissão.

Em uma pesquisa realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e


Desenvolvimento Econômico) revelou que “dos jovens de 15 anos que estão cursando o
ensino médio, apenas 2% têm a pretensão de ingressar na carreira docente.” (JORNAL
ESTADÃO, 2018). Paulo Freire critica o status social que é atribuído aos professores,
afirmando que:

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas,


ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus
filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar
é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem
sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e
responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua
apaixonada pelo seu trabalho. (FREIRE, s/d; ARAUJO E PURIFICAÇÃO, 2021).

Ratier e Salla (2010) mostraram que apesar da boa intenção das políticas de incentivo
ao aumento de vagas nas universidades, cresce cada vez mais os números de cursos de
licenciatura fechados por falta de candidatos no Brasil. Em 2018, ao questionar um jovem que
está cursando o Ensino Médio sobre a possibilidade de ele entrar na universidade para tornar-
se professor, na maioria dos casos a resposta será negativa. Um estudo realizado em 2018 pela
Fundação Victor Civita, encomendada pela revista Nova Escola mostrou que “a profissão
docente não é considerada uma opção atraente pelos estudantes do Ensino Médio. Segundo a
sondagem, só 2% desejam cursar Pedagogia ou Licenciaturas”.

Segundo Belo e colaboradores (2019), a dificuldade no aprendizado de química


implica também no fato de esta exigir conhecimentos de outras disciplinas das exatas, como a
matemática e física. A ausência de profissionais qualificados, uma metodologia usada de
forma incorreta ou os laboratórios com falta de materiais para uso de aulas práticas, refletirão
nos alunos do ensino superior, pois, como não tem uma base sólida certamente nas
universidades esses alunos desenvolverão algumas limitações. Entretanto, os alunos que
responderam não gostar da disciplina apresentam alguns motivos como: insatisfação com a
metodologia usada pelo professor por não conseguir transmitir os conteúdos, a não
identificação com a disciplina por não assimilar desde o ensino médio relacionando ser um
dos fatores responsável pela sua dificuldade na matéria.

Nessa perspectiva, retrata-se que a disciplina de química quando não é ensinada de


maneira objetiva e de acordo com a realidade, faz com o ensino se torne fragmentado e
descontextualizado, uma vez que a prioridade é apenas as fórmulas, equações, cálculos, isso
torna a disciplina decorativa, com a visão ligada apenas a símbolos, transmitida apenas com o
recurso o livro e quadro (Lima & Cunha, 2011).

REFERÊNCIAS

BELO, Taciane Nascimento; LEITE, Luísa Beatriz Paixão; MEOTTI, Paula Regina Melo. As
dificuldades de aprendizagem de química: um estudo feito com alunos da Universidade
Federal do Amazonas. Scientia Naturalis, v. 1, n. 3, 2019.

DE ARAÚJO, Sidnei Ferreira; PURIFICAÇÃO, Marcelo Máximo. SER PROFESSOR:


VOCAÇÃO OU FALTA DE OPÇÃO? Os motivos que envolvem a escassez de jovens na
profissão docente no Brasil. Revista Científica Novas Configurações–Diálogos Plurais, v.
2, n. 1, p. 11-18, 2021.

FERNANDEZ, Carmen. Formação de professores de Química no Brasil e no mundo. Estudos


Avançados, v. 32, p. 205-224, 2018.

RUIZ, Antonio Ibañez; RAMOS, Mozart Neves; HINGEL, Murílo. ESCASSEZ DE


PROFESSORES NO ENSINO MÉDIO: PROPOSTAS ESTRUTURAIS E
EMERGENCIAIS. Relatório produzido pela Comissão Especial instituída para estudar
medidas que visem superar o déficit docente no Ensino Médio (CNE/CEB). 2017.

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